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1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 Construindo um futuro sustentável: cooperação e tecnologias na educação ambiental Building a sustainable future: cooperation and technologies in environmental education Construyendo un futuro sostenible: cooperación y tecnologías en educación ambiental DOI: 10.55905/revconv.17n.6-173 Originals received: 05/10/2024 Acceptance for publication: 05/31/2024 Jéssica da Cruz Chagas Mestre em Ensino de Ciências e Matemática Instituição: Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Endereço: Manaus - Amazonas, Brasil E-mail: chagas.jdc@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3374-946X Rafael de Lima Erazo Doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia Instituição: Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Endereço: Manaus - Amazonas, Brasil E-mail: rafael_erazo2000@yahoo.com.br Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6841-1717 Maria Simone da Silva Rocha Mestranda em Ciências da Educação Instituição: Universidad Autónoma de Asunción Endereço: Assunção - Paraguai E-mail: mariasimonerocha1@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5080-0944 Sharlene Raquel Printes Ferreira Mestre em Ciências da Educação Instituição: Universidad del Sol (UNADES) Endereço: San Lorenzo - Paraguai E-mail: sharlene_raquel@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/ 0009-0005-0737-6048 2 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 Dione Magaly Gama dos Santos Marth Mestre em Ciências da Educação Instituição: Universidad del Sol (UNADES) Endereço: San Lorenzo - Paraguai E-mail: dioneadriano1@gmail.com Mônica Cristina Gama dos Santos Doutora em Ciências da Educação Instituição: Universidad del Sol (UNADES) Endereço: San Lorenzo - Paraguai E-mail: monica.gama1976@gmail.com Hianca Souza Duarte Especialista em Metodologia do Ensino de Biologia e Química Instituição: Faculdade Souza (FASOUZA) Endereço: Ipatinga - Minas Gerais, Brasil E-mail: hiancaduarte@gmail.com Alexandre Raimundo Reis Pereira Especialista em Metodologia do Ensino em Geografia Instituição: Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI) Endereço: Manaus - Amazonas, Brasil E-mail: alexandre-sma@hotmail.com RESUMO A Educação Ambiental é uma das principais ferramentas existentes para a sensibilização e capacitação da população em geral sobre os problemas ambientais. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar as contribuições e desafios do uso da técnica de Investigação em Grupo na promoção do processo de ensino-aprendizagem de Educação Ambiental em alunos de uma escola pública de Manaus-AM. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, baseada em um Estudo de Caso que foi desenvolvida com estudantes do 6º ano da Escola Estadual Letício de Campos Dantas. O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisas do Estado do Amazonas (FAPEAM) através do Programa Ciência na Escola (PCE). A metodologia foi dividida em seis etapas: I) Pesquisa Bibliográfica; II) Diagnóstico; III) Reflexão; IV) Criação; V) Socialização; VI) Avaliação. Foram formados 6 grupos onde cada um criou um Projeto de Investigação e produziu um vídeo sobre os temas: Abandono de animais, Queimadas, Biopirataria, Poluição, Poluição das águas; e Desmatamento. Tais temas transversais geraram discussões pertinentes sobre a importância da Educação Ambiental nas escolas, bem como prováveis soluções para estes problemas ambientais. Algumas dificuldades também foram encontradas como falta de acesso à internet e às tecnologias como o celular ou computador, além da pouca habilidade com o uso de aplicativos de edição de vídeos. Todavia, é possível afirmar que as contribuições ao aprendizado desses alunos acerca das questões ambientais superaram as adversidades. Palavras-chave: temas transversais, cooperação, tecnologias, sustentabilidade. 3 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 ABSTRACT Environmental Education is one of the main existing tools for raising awareness and training the general population on environmental problems. Therefore, the objective of this study was to evaluate the contributions and challenges of using the Group Research technique in promoting the teaching-learning process of Environmental Education among students at a public school in Manaus-AM. This was a qualitative research, based on a Case Study that was developed with 6th year students at Letício de Campos Dantas State School. The study was funded by the Amazonas State Research Support Foundation (FAPEAM) through the Science at School Program (PCE). The methodology was divided into six stages: I) Bibliographic Research; II) Diagnosis; III) Reflection; IV) Creation; V) Socialization; VI) Assessment. 6 groups were formed where each created a Research Project and produced a video on the themes: Animal abandonment, Burnings, Biopiracy, Pollution, Water Pollution; and Deforestation. Such cross-cutting themes generated pertinent discussions about the importance of Environmental Education in schools, as well as probable solutions to these environmental problems. Some difficulties were also encountered, such as lack of access to the internet and technologies such as cell phones or computers, in addition to poor ability to use video editing applications. However, it is possible to affirm that the contributions to these students' learning about environmental issues overcame adversities. Keywords: cross-cutting themes, cooperation, technologies, sustainability. RESUMEN La Educación Ambiental es una de las principales herramientas existentes para sensibilizar y formar a la población en general sobre los problemas ambientales. Por lo tanto, el objetivo de este estudio fue evaluar las contribuciones y desafíos del uso de la técnica de Investigación Grupal en la promoción del proceso de enseñanza-aprendizaje de la Educación Ambiental entre estudiantes de una escuela pública de Manaus-AM. Se trató de una investigación cualitativa, basada en un Estudio de Caso que se desarrolló con estudiantes de 6º año de la Escuela Estatal Letício de Campos Dantas. El estudio fue financiado por la Fundación de Apoyo a la Investigación del Estado de Amazonas (FAPEAM) a través del Programa Ciencia en la Escuela (PCE). La metodología se dividió en seis etapas: I) Investigación Bibliográfica; II) Diagnóstico; III) Reflexión; IV) Creación; V) Socialización; VI) Evaluación. Se formaron 6 grupos donde cada uno creó un Proyecto de Investigación y produjo un video sobre los temas: Abandono de animales, Quemas, Biopiratería, Contaminación, Contaminación del Agua; y Deforestación. Tales temas transversales generaron discusiones pertinentes sobre la importancia de la Educación Ambiental en las escuelas, así como sobre probables soluciones a estos problemas ambientales. También se encontraron algunas dificultades, como la falta de acceso a Internet y a tecnologías como teléfonos móviles o computadoras, además de poca capacidad para utilizar aplicaciones de edición de vídeo. Sin embargo, es posible afirmar que los aportes al aprendizaje de estos estudiantes sobre temas ambientales superaron las adversidades. Palabras clave: temas transversales, cooperación, tecnologías, sostenibilidad. 4 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 1 INTRODUÇÃO O atual modelo de desenvolvimento econômico pode ser associado à graves problemas ambientais, com impactos diretos na qualidade de vida e na própria sobrevivência da espécie humana. Isto é um fato, parte da população mundial tem se mostrado ciente disso, porém, não tem sido suficiente para deter o processo de degradação em curso. Segundo BernardoToro, um dos mais importantes filósofos contemporâneos, o cuidado não é uma opção, ou aprendemos a cuidar [uns dos outros, do meio ambiente, etc.] ou perecemos. Para ele, precisamos de um novo paradigma para a educação: o do cuidado, pois a construção de sociedades sustentáveis passa não só pelo debate sobre mudanças climáticas, mas também sobre valores e atitudes, envolvendo questões como direitos humanos, ética e cidadania (Toro, 2019). Na Base Nacional Curricular Comum (2018, p. 10), o tema aparece entre as competências gerais como: “Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários”. Para tanto, é imprescindível que eles sejam progressivamente estimulados e apoiados no planejamento e na realização cooperativa de atividades investigativas, bem como no compartilhamento dos resultados dessas investigações. Isso pressupõe organizar as situações de aprendizagem partindo de questões que sejam desafiadoras, estimulem o interesse e a curiosidade científica dos alunos. Além de possibilitar definir problemas, levantar questões, analisar e representar resultados, comunicar conclusões e propor intervenções. Dessa forma, o processo investigativo deve ser entendido como elemento central na formação dos estudantes (Brasil, 2018). Para Piaget (1998), o método do trabalho em grupo consiste na organização de certo número de estudantes para resolver um problema, realizar uma pesquisa, fazer experiências, relatórios ou outros. O verdadeiro trabalho em grupo é intrinsecamente ativo e corresponde a ideais de formação do pensamento individual: o grupo é, ao mesmo tempo, motivador e mecanismo de controle. A vivência do trabalho em grupo propicia o debate, a verificação sob diferentes aspectos, a coordenação de diferentes pontos de vista, a crítica mútua, a aprendizagem, a responsabilidade e a liberdade, o que se traduz como autonomia e disciplina livre de coerções (Giacomazzo, 2009). 5 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 Além disso, segundo Firmiano (2011), a Aprendizagem Cooperativa apresenta cinco características primordiais: Interdependência positiva (o trabalho de cada elemento beneficia o grupo e o trabalho do grupo beneficia cada elemento); Responsabilidade individual e de grupo (cada aluno é responsável por fazer sua parte no trabalho, que é decidida em grupo); Interação estimuladora (tarefas com objetivos comuns, ajudar aos colegas e motivar); Competências sociais (liderança, escuta ativa, comunicação e resolução de conflitos); Avaliação do grupo (os elementos do grupo analisam o cumprimento dos objetivos estabelecidos a partir das regras definidas). Algumas das principais técnicas de aprendizagem cooperativa são: Jigsaw (quebra- cabeças); Controvérsia Acadêmica e Investigação em Grupo. Esta última, segundo Castro e Menezes (2012, p. 141), é um método em que os estudantes trabalham em pequenos grupos para examinar, experimentar e compreender temas centrais de estudo. Nesse contexto, é possível evidenciar que tem um grande apelo trabalhar essa técnica, pois além de buscar uma questão de aprendizado dos alunos é possível enxergar como ocorre a socialização entre eles, bem como cada aluno vai se destacar nos trabalhos propostos. Castro e Menezes (2012, p. 141) destacam ainda quatro componentes essenciais à Investigação em Grupo: Investigação (é o componente mais geral do modelo, refere-se aos procedimentos para organizar a aprendizagem como um processo de investigação); Interação (é a d dimensão social ou interpessoal do processo de aprendizagem, define como ocorre a comunicação entre os membros organizados em pequenos grupos); Interpretação (é o esforço individual para atribuir significado à informação adquirida no processo de investigação ocorrido em pequenos grupos); e Motivação Intrínseca (refere-se ao envolvimento emocional do estudante no que está sendo estudado e na tentativa de buscar novos conhecimentos). Oliveira (2015, p. 45) diz que a investigação em grupo é uma forma de envolver os alunos ativamente nas suas aprendizagens e o grupo pode, cooperativamente, escolher o tema a ser tratado e planificar a sua ação. Para Firmiano (2011, p. 32) o método se baseia na premissa de que tanto no contexto social como no processo intelectual a cooperação é extremamente necessária. Castro e Menezes (2012, p. 141) afirmam que a Investigação em Grupo é projetada para lidar com todas as habilidades dos estudantes e promover experiências relevantes ao processo de aprendizagem cooperativa. Ademais, diferentes autores como Silva e Correia (2014, p.5) defendem que a introdução 6 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 das “[...] tecnologias para o ambiente educativo pode tornar o processo de ensino e aprendizagem mais prazeroso, mais chamativo e significativo para aquele que aprende e mais dinâmico para aquele que educa”. Para Freire (1967), as tecnologias podem contribuir para uma concepção progressista na formação de um sujeito reflexivo e consciente, constituindo-se de um meio para sua mudança e libertação. Neste contexto, o uso de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC’s) oferece muitas oportunidades para o aluno trabalhar a sua autonomia, curiosidade e criatividade, ao mesmo tempo em que se torna um elemento de motivação e colaboração. Além do mais, dispositivos móveis como Smartphones, Tablets e Notebooks utilizam plataformas abertas, o que possibilita a implementação de aplicativos educacionais com potencial de expansão e replicação em diversos locais (Batista; Freitas, 2018). Considerando o exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar as contribuições e desafios do uso da técnica de Investigação em Grupo na promoção do processo de ensino-aprendizagem de Educação Ambiental em alunos de uma escola pública da cidade de Manaus-AM. 2 METODOLOGIA O estudo possuiu uma abordagem qualitativa, pois se fundamentou “em uma perspectiva interpretativa centrada no entendimento do significado das ações de seres vivos, principalmente dos humanos e suas instituições” (Hernández-Sampieri, 2013, p. 34). Por se tratar de um método que visa compreender fenômenos sociais complexos, preservando as características holísticas e significativas dos eventos da vida real foi realizado um Estudo de Caso como estratégia metodológica abrangente, conforme escrita por Yin (2005), por acreditar que essa estratégia possibilita a investigação do contexto e a obtenção de respostas às questões que cernem o estudo. O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisas do Estado do Amazonas (FAPEAM) através do Programa Ciência na Escola (PCE) e desenvolvido com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental (Anos Finais) da Escola Estadual Letício de Campos Dantas, localizada na zona norte da cidade de Manaus-AM. A pesquisa foi conduzida de forma híbrida, em respeito às normas de combate a COVID- 19. Assim, as atividades presenciais se restringiram à palestra, avaliações e socialização, respeitando o distanciamento social, enquanto as reuniões em grupo foram predominantemente 7 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 à distância, por meio de grupos de WhatsApp administrados e coordenados pela professora. Sendo assim, as atividades foram desenvolvidas em seis etapas: a) Pesquisa bibliográfica – a respeito da Educação Ambiental, sua importância para a sociedade e os principais problemas ambientais da atualidade. O objetivo era fornecer subsídios necessários para que os alunos se familiarizassem com a temática e pudessem elaborar seus Projetos de Investigação em Grupo; b) Diagnóstico – umteste individual com o objetivo de verificar os conhecimentos prévios dos alunos acerca da temática central, além de características essenciais dos sujeitos, tais como: acesso à internet, uso de tecnologias, trabalho em grupo, entre outras; c) Reflexão – consistiu em uma palestra realizada pela professora acerca da Educação Ambiental e da Aprendizagem Cooperativa, em especial, a técnica de Investigação em Grupo. Em seguida, os alunos formaram grupos de até 5 integrantes. A partir disso, os grupos refletiram sobre os problemas ambientais que fazem parte da sua realidade, presentes nas suas comunidades, e criaram um Projeto de Investigação em Grupo considerando os seguintes tópicos: tema, objetivo, integrantes, função na equipe, métodos, materiais e resultados esperados; d) Criação – respeitando as particularidades da Investigação em Grupo, os alunos investigaram sobre o tema que escolheram e produziram um vídeo apresentando os resultados; e) Socialização – os vídeos foram socializados em sala de aula, para que todos pudessem apreciar o trabalho dos colegas e discutir os tópicos levantados. Uma forma de incentivo utilizada, foi a realização de uma votação para eleger os melhores vídeos, seguida de premiações pelo esforço e dedicação de todos; f) Avaliação – um teste final para verificar os conhecimentos adquiridos pelos alunos acerca da Educação Ambiental, incluindo perguntas sobre o desenvolvimento e aceitação do estudo. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo foi aplicado de setembro a outubro de 2021, com 30 alunos com idade entre 11- 12 anos, sendo 17 (57%) do sexo masculino e 13 (43%) do sexo feminino. Com o intuito de 8 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 salvaguardar suas identidades, os alunos receberam um código de A1-30. O resultado do questionário inicial demonstra que 21 alunos (70%) não sabiam explicar o que é a Educação Ambiental e sua importância para a sociedade. Destes, 18 alunos (86%) não conseguiram citar um exemplo de problema ambiental e opinar sobre possíveis soluções. Isso demonstra a importância da Educação Ambiental nas escolas, pois, segundo Marcatto (2002), em muitos casos, os residentes de um determinado local são, ao mesmo tempo, causadores e vítimas de parte dos problemas ambientais. São também essas pessoas que convivem diariamente com o problema então são, provavelmente, os maiores interessados em resolvê-los. Portanto, preocupar- se com o ambiente e conhecer os problemas associados é fundamental. Com relação ao uso de tecnologias digitais, apenas 2 alunos (7%) alegaram não possuir acesso, portanto, necessitaram de maior suporte, enquanto os demais afirmaram que utilizam tais ferramentas diariamente. Dentre as principais atividades realizadas com esses recursos estão: redes sociais (86%), jogos (73%), plataformas de streaming (40%) e estudo (17%). Esse resultado não é surpreendente tendo em vista que esse público pode ser chamado de “nativos digitais”, termo adotado por Palfrey e Gasser (2011), no livro Nascidos na Era Digital, e refere- se àqueles que tem habilidade para usar as tecnologias digitais e se relacionam através das novas mídias. Porém, a pouca importância que dão aos estudos reflete a falta de acompanhamento dos pais em relação às atividades que os filhos realizam online. Os resultados obtidos evidenciam uma discrepância entre a preferência declarada pelos alunos pelo trabalho em grupo e a prática observada. A maioria (77%) expressa uma inclinação positiva em relação aos projetos colaborativos, destacando a possibilidade de dividir equitativamente as tarefas. No entanto, uma parcela significativa manifesta uma preferência por trabalhos individuais, atribuindo tal escolha à percepção de falta de comprometimento por parte de alguns colegas. Essa dicotomia entre as preferências dos alunos e a realidade da dinâmica de trabalho em grupo aponta para uma questão mais profunda: a falta de efetiva colaboração e cooperação. Ao invés de compartilhar ideias, recursos e esforços, parece haver uma tendência predominante para que os estudantes ajam de forma independente, assumindo integralmente a responsabilidade pelas suas próprias contribuições. Este cenário contradiz o princípio fundamental da aprendizagem cooperativa, conforme delineado por Pinho et al. (2013), que enfatiza a importância da interação entre os membros do grupo para facilitar a compreensão do conteúdo e 9 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 promover uma aprendizagem mais significativa. Portanto, torna-se necessário não apenas reconhecer a importância teórica e pedagógica da aprendizagem cooperativa, mas também implementar estratégias eficazes para fomentar uma verdadeira colaboração entre os alunos. Isso pode envolver a adoção de abordagens de ensino mais orientadas para o trabalho em equipe, a promoção de um ambiente de confiança e respeito mútuo, e a criação de incentivos para a participação ativa e engajada de todos os membros do grupo. Somente assim será possível transformar a retórica da cooperação em prática efetiva, maximizando o potencial de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes. Sendo assim, é evidente que a cooperação não é fácil de ser implementada na escola. Para isso, é necessário romper com o modelo tradicional de ensino e aprendizagem, conteúdista e focado na divisão de tarefas. Porém, o desafio foi lançado e seis grupos foram formados. Cada um elaborou o Projeto de Investigação em Grupo a partir do tema de interesse (Quadro 1). Quadro 1: Projetos de Investigação em grupo. Legenda: Descrição dos Projetos de Investigação em grupo desenvolvidos pelos alunos, incluindo funções de cada um, objetivos e recursos utilizados. Fonte: Elaborado pelos autores. 10 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 Diante da constatação de que a cooperação não é uma prática automática na escola, é encorajador observar que o desafio de promover a cooperação entre os alunos foi aceito, conforme evidenciado pelos Projetos de Investigação em Grupo sobre temas de interesse mútuo. Essa iniciativa demonstra um primeiro passo rumo a uma abordagem mais colaborativa e centrada no aluno, que valoriza a exploração conjunta de ideias e a construção coletiva de conhecimento. Cada grupo, ao escolher um tema de investigação, tem a oportunidade de desenvolver habilidades essenciais, como comunicação eficaz, resolução de problemas em conjunto e compartilhamento de responsabilidades. Além disso, ao se engajarem em um processo de investigação coletiva, os alunos são incentivados a pensar de forma crítica e criativa, ampliando sua compreensão sobre o tema escolhido e fortalecendo seus laços interpessoais. Assim, dentre os 6 vídeos produzidos, um se destacou pela criatividade e empenho dos alunos envolvidos. O grupo fez um ótimo trabalho de edição utilizando vídeo produzido por eles, imagens da internet e um trecho de uma matéria do Domingo Espetacular, da Rede Record, que mostra uma operação de guerra de agentes federais do Ibama que buscam prender caçadores ilegais de animais na floresta amazônica (Figura 1). Figura 1: Prints do vídeo sobre Biopirataria. Legenda: as imagens representam trechos do vídeo desenvolvido pelos alunos. Fonte: os autores. É interessante ver como os alunos conseguiram integrar diferentes recursos para criar um 11 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 vídeo tão impactante. A utilização de materiais próprios, imagens da internet e até mesmo trechos de uma matéria jornalística demonstra uma habilidade notável em pesquisa e seleção de conteúdo relevante. Além disso, abordar um tema como a preservação ambiental e a atuaçãodos agentes do Ibama na Amazônia certamente desperta a atenção do público e promove reflexões importantes sobre a conservação da natureza e o combate aos crimes ambientais. Esse tipo de abordagem não apenas estimula o pensamento crítico dos alunos, mas também os engaja em questões sociais relevantes, contribuindo para uma formação mais completa e consciente. Os demais grupos obtiveram um resultado satisfatório, embora tivessem dificuldade com a edição dos vídeos, uso de imagens poluídas, sem foco, textos grandes, transições rápidas, músicas fora de contexto, áudio baixo, entre outros. Contudo, os grupos conseguiram transmitir as informações pertinentes, de forma criativa, superando as adversidades e merecem reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Todos os vídeos podem ser encontrados no blog Educação Ambiental na Escola1. Quanto ao questionário final, todos demonstraram conhecimento satisfatório sobre o que é a Educação Ambiental e sua importância para a sociedade, além de saberem citar exemplos de problemas ambientais e soluções. O A3 afirmou que “a educação ambiental é muito importante porque precisamos cuidar do planeta”. Em consonância, o A7 ressaltou que “se não cuidarmos do planeta vamos todos morrer”, enquanto o A8 lembrou que “a gente não joga lixo no chão em casa senão tem que limpar”. O A21 defendeu a educação ambiental na escola afirmando que “a escola é o lugar ideal para apender”. Já o A4 disse que não é necessário porque “todos sabem que não devem jogar lixo na rua, no igarapé, nem derrubar árvore, fazer queimadas, mas fazem mesmo assim”. O A30 lembrou que “as pessoas fazem tudo por dinheiro e não se importam com o ambiente”. Quanto aos problemas ambientais e soluções, foram citados: poluição (83%), desmatamento (73%), queimadas (66%), extinção de espécies (60%), biopirataria (56%), aquecimento global (33%), e outros. O A3 ressaltou que “a única forma de acabar com esses problemas é conscientizar a população”. Para o A21 “é preciso colocar o planeta em primeiro lugar, educar as pessoas e reciclar”. Já o A4 disse que “é difícil porque as pessoas preferem o dinheiro então seria necessário deixar o dinheiro de lado”. Todos esses comentários são pertinentes, pois demonstram que esses alunos possuem uma 1 Blog Educação Ambiental na Escola, disponível no link: https://jessicachagas9.wixsite.com/website https://jessicachagas9.wixsite.com/website 12 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 boa visão da situação atual, seja ela otimista ou pessimista. O importante foi deixar claro, posteriormente, que existe a obrigação ética e moral de fazer o que é certo, afinal o pensamento individualista tem causados sérios prejuízos ao ambiente. É necessário que todos comecem a pensar nos interesses coletivos em primeiro lugar. Ademais, todos afirmaram que gostaram do projeto e desejavam conhecer outras técnicas de aprendizagem cooperativa, apesar das dificuldades. O A3 disse que adorou o projeto porque “nunca tinha feito um trabalho assim”. O A4 disse que gostou “do desafio de fazer um vídeo”. O A2 “Gostaria que a professora fizesse mais trabalhos assim”. Já o A18 ressaltou que teve “muita dificuldade em fazer esse trabalho porque o grupo não estava ajudando muito”. O A24 também relatou problemas com o trabalho cooperativo, “os colegas não ligavam muito para o trabalho, tinha que ficar cobrando então fiz quase tudo sozinho”. O A17 lembrou que “foi difícil, não tenho celular, nem internet”. Esse resultado demonstra que alguns alunos encontraram dificuldades em se adaptar à técnica de investigação em grupo. Os grupos 4 e 5 relataram problemas de relacionamento devido à falta de comprometimento e responsabilidade por parte de 4 alunos (13%) participantes da pesquisa. Isso pode ser considerado positivo, pois era esperado um número maior tendo em vista que eles nunca haviam realizado um trabalho cooperativo antes. Contudo, apesar das dificuldades, após a intervenção da professora, todos conseguiram realizar suas funções e concluir o trabalho. Segundo Pinho et al. (2013) as principais vantagens para utilizar-se da aprendizagem cooperativa e que também foram observadas nesse estudo são: aumento no rendimento acadêmico, ganho na autoestima dos alunos e melhoria das suas competências sociais como responsabilidade, autonomia e relações interpessoais. Além de corroborar com esses resultados, Chagas e Castro (2023) ainda destacaram a liderança, a escuta ativa, a comunicação e a negociação para a resolução de conflitos como características determinantes para a superação de problemas que contribuem de forma significativa para o sucesso individual e consequentemente do grupo. Nesse sentido, além do conhecimento adquirido e compartilhado, a cooperação auxilia os alunos a desenvolver habilidades interpessoais que vão além da vida acadêmica (Teixeira; Reis, 2012). Pereira e Sanches (2013) destacam ainda que, além de tudo isso, fortalece-se o sentimento de pertencimento ao espaço estudantil, pois a cooperação incentiva uma interação mais próxima 13 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 entre os membros e não há a figura do detentor do conhecimento, uma vez que todos os participantes têm igual importância para a construção do conhecimento. Entretanto, Pinho et al. (2013) relata que é possível citar algumas dificuldades para a implementação da cooperação em sala de aula e que também foram observadas nesse estudo: demanda de tempo, demanda de recursos, individualismo e extensão dos programas de ensino. Esses problemas certamente influenciaram a qualidade dos vídeos, considerando que os grupos mais problemáticos produziram vídeos com mais aspectos negativos do que os outros. Segundo Chagas e Castro (2023, p.20), essa dificuldade em realizar trabalhos cooperativos “poderia estar relacionada ao próprio cotidiano escolar que utiliza mecanismos tradicionais e vê o professor como o único e principal agente ativo do processo”. Dessa forma, a abordagem convencional é vista como algo “cômodo” tanto para professores quanto para alunos, pois estabelece uma dinâmica na qual o docente detém o controle total do ensino e da aprendizagem, enquanto os alunos assumem um papel mais passivo e receptivo. Romper com essa visão, portanto, torna-se um grande desafio, pois exige uma mudança de paradigma tanto por parte dos educadores quanto dos estudantes. É necessário promover uma cultura escolar que valorize a colaboração, a autonomia e a participação ativa dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, proporcionando oportunidades para que desenvolvam habilidades de trabalho em equipe, pensamento crítico e resolução de problemas de forma colaborativa. Essa transformação requer não apenas uma reestruturação dos métodos de ensino, mas também uma mudança na mentalidade de toda a comunidade escolar, reconhecendo o potencial dos estudantes como agentes ativos de sua própria aprendizagem e construtores do conhecimento coletivo. Para Pujolás (2001) o educando será responsável pela tarefa que lhe foi atribuída quando utilizar e desenvolver corretamente um conjunto de competências sociais de modo que: todos os estudantes se conheçam e confiem uns nos outros; dentro do grupo haja um diálogo aberto, direto; todos os estudantes do grupo respeitem as diferenças individuais e apoiem uns aos outros; resolvam de forma construtiva os eventuais conflitos que surjam. Os estudantes não nascem com estas competências sociais, nem elas surgem espontaneamente. Elas têm de ser ensinadas e trabalhadas de forma correta e sistemática de modo a permitir aos educandos a sua aquisição e consequente utilização no trabalho em grupo. Quanto maior for o nível das competências sociais atingidas porcada estudante, maior será o rendimento e aproveitamento do grupo cooperativo. 14 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados obtidos fornecem uma visão abrangente das contribuições significativas desse estudo para o aprendizado dos alunos em relação às questões ambientais, destacando como essas contribuições foram capazes de transcender as adversidades enfrentadas. Essa análise não só evidencia a importância fundamental desse tipo de abordagem para a formação cidadã-crítica dos estudantes, mas também ressalta sua relevância em um contexto mais amplo de educação e engajamento cívico. É realmente impressionante constatar que inicialmente cerca de 70% dessas crianças não tinham conhecimento sobre o que é Educação Ambiental ou sequer conseguiam citar um problema ambiental, revelando assim uma lacuna significativa tanto no âmbito familiar quanto no escolar em relação à conscientização ambiental. No entanto, por meio deste trabalho, foi possível não apenas observar o avanço substancial desses alunos na aquisição de conhecimentos sobre a temática, mas também testemunhar o desenvolvimento progressivo de habilidades interpessoais fundamentais para além do ambiente acadêmico. Tais habilidades não apenas enriquecem o repertório cognitivo dos alunos, mas também os capacitam para enfrentar desafios complexos e se envolver de forma ativa e construtiva na resolução de problemas ambientais e sociais em suas comunidades. Esta evolução, portanto, não deve ser subestimada, pois não apenas fortalece o indivíduo, mas também contribui para o fortalecimento coletivo de uma sociedade mais consciente e responsável. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pelo apoio financeiro ao projeto através do Programa Ciência na Escola (PCE). 15 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 jan. 2021 REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília – DF, 2018. BATISTA, S. A.; FREITAS, C. C. G. O uso da tecnologia na educação: um debate a partir da alternativa da tecnologia social. Revista Tecnologia e Sociedade. v. 14, n. 30, p. 121- 135, jan./abr. 2018. CASTRO, A.; MENEZES, C. Aprendizagem colaborativa com suporte computacional. In: PIMENTEL, M. e FUKS, H. Sistema Colaborativos. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2012. p. 135-153. 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