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Implementação de Políticas de Irrigação

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1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-24, 2024 
 
 jan. 2021 
Projetos públicos de irrigação: uma análise da implementação de políticas 
públicas de irrigação pela CODEVASF no semiárido Pernambucano 
 
Public irrigation projects: an analysis of the implementation of public 
irrigation policies by CODEVASF in the semi-arid region of Pernambuco 
 
Proyectos públicos de irrigación: un análisis de la implementación de 
políticas públicas de irrigación por parte de la CODEVASF en la región 
semiárida de Pernambuco 
 
DOI: 10.55905/revconv.17n.6-286 
 
Originals received: 05/17/2024 
Acceptance for publication: 06/07/2024 
 
Jaques José da Silva Souza 
Mestrando em Administração Pública 
Instituição: Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) 
Endereço: Petrolina – Pernambuco, Brasil 
E-mail: jaques.souza@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0009-0006-2800-6916 
 
Willames Franklin Rodrigues Coelho 
Mestrando em Administração Pública 
Instituição: Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) 
Endereço: Petrolina – Pernambuco, Brasil 
E-mail: willames.franklin@univasf.edu.br 
Orcid: https://orcid.org/0009-0008-3268-7579 
 
Cleidir Bispo Rodrigues 
Mestrando em Administração Pública 
Instituição: Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) 
Endereço: Juazeiro – Bahia, Brasil 
E-mail: cleidirbr@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0009-0006-8152-0594 
 
Elijalma Augusto Beserra 
Doutorando em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial 
Instituição: Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) 
Endereço: Petrolina – Pernambuco, Brasil 
E-mail: elijalma@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6445-347X 
 
RESUMO 
Este estudo objetiva reunir e apresentar um conjunto diversificado de contribuições teóricas e 
empíricas sobre a implementação de políticas públicas, especialmente no que diz respeito à 
mailto:willames.franklin@univasf.edu.br
https://orcid.org/0000-0001-6445-347X
 
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agricultura irrigada no Semiárido pernambucano. Tendo como premissa a atuação da estatal, 
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), 
responsável pela implantação de Projetos Públicos de Irrigação (PPI), reconhecendo sua 
dimensão e relevância no corolário de um dos polos de fruticultura irrigada mais dinâmico e bem-
sucedido do Brasil. A abordagem metodológica lançou mão do método analítico-dedutivo, por 
meio de pesquisa bibliográfica, alicerçada nos autores Carlos Faria e Gabriela Lotta, especialistas 
e referências basilares nessa seara. Complementarmente, se apresentaram contribuições de 
autores contemporâneos que abordam a importância e pertinência da temática e fazem um resgate 
histórico da atuação estatal no território. A pesquisa evidenciou que, enquanto beneficiária de 
vultosos investimentos públicos nas últimas décadas, a Codevasf tem promovido a implantação 
da agricultura irrigada na região e contribuído decisivamente para a consolidação do dinamismo 
econômico local e consequente desenvolvimento nacional. Outrossim, foi identificada a 
necessidade de mais trabalhos acadêmicos sobre o tema, dada a extensão do campo analisado, o 
qual apresenta escassez de produção científica. 
 
Palavras-chave: Codevasf, implementação de políticas públicas, contribuições teóricas, 
agricultura irrigada, projetos públicos de irrigação. 
 
ABSTRACT 
This study aims to bring together and present a diverse set of theoretical and empirical 
contributions on the implementation of public policies, especially with regard to irrigated 
agriculture in the semi-arid region of Pernambuco. The activities of the Companhia de 
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a government company 
responsible for implementing Public Irrigation Projects (PPI), are recognized for their size and 
relevance in the corollary of one of the most important irrigated, dynamic and successful fruit 
growing centers in Brazil. The methodological approach used an analytical-deductive method, 
through bibliographical research, based on the authors Carlos Faria and Gabriela Lotta, experts 
and key references in this area. In addition, contributions from contemporary authors were 
presented, which address the importance and relevance of the theme and provide a historical 
review of state action in the territory. The research showed that, as a beneficiary of huge public 
investments in recent decades, Codevasf has promoted the implementation of irrigated 
agriculture in the region and contributed decisively to the consolidation of local economic 
dynamism and consequent national development. Furthermore, the need for more academic work 
on the topic was identified, due to the extension of the field analyzed, which presents a lack of 
scientific production. 
 
Keywords: Codevasf, implementation of public policies, theoretical contributions, irrigated 
agriculture, public irrigation projects. 
 
RESUMEN 
Este estudio tiene como objetivo reunir y presentar un conjunto diverso de contribuciones 
teóricas y empíricas sobre la implementación de políticas públicas, especialmente en lo que 
respecta a la agricultura irrigada en la región semiárida de Pernambuco. Las actividades de la 
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), empresa 
gubernamental responsable de implementar Proyectos Públicos de Irrigación (PPI), son 
reconocidas por su dimensión y relevancia en el corolario de uno de los más dinámicos e exitosos 
centros de agricultura irrigada en Brasil. El enfoque metodológico utilizó un método analítico-
 
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deductivo, a través de una investigación bibliográfica, basada en los autores Carlos Faria y 
Gabriela Lotta, expertos y referentes clave en esta área. Además, se presentaron aportes de 
autores contemporáneos, que abordan la importancia y relevancia del tema y brindan una revisión 
histórica de la acción estatal en el territorio. La investigación mostró que, como beneficiaria de 
enormes inversiones públicas en las últimas décadas, Codevasf ha promovido la implementación 
de la agricultura de irrigación en la región y ha contribuido decisivamente a la consolidación del 
dinamismo económico local y el consecuente desarrollo nacional. Además, se identificó la 
necesidad de mayor trabajo académico sobre el tema, debido a la extensión del campo analizado, 
que presenta falta de producción científica. 
 
Palabras clave: Codevasf, implementación de políticas públicas, aportes teóricos, agricultura de 
irrigación, proyectos públicos de irrigación. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A realização de um estudo científico requer o uso de métodos e técnicas capazes de 
auxiliar na sistematização e organização do conhecimento de forma segura. Dessa forma, 
conhecer as literaturas que versam sobre a temática que se pretende investigar contribui de forma 
ímpar para novos estudos. 
O campo de estudos sobre a implementação de políticas públicas tem adquirido notável 
relevância acadêmica no mundo e no Brasil. Esse fato é constatado pela presença crescente da 
temática nas pesquisas acadêmicas (nos programas de pós-graduação) e nos estudos referentes 
às ações e serviços governamentais implementados. 
O interesse de estudiosos e pesquisadores pelo campo da implementação das políticas 
públicas, em diversos campos do conhecimento como saúde, assistência social, seguridade social, 
educação, agricultura, trabalho, segurança pública e gestão, tem auxiliado na sistematização do 
conhecimento na área, assim como na acumulação de informações empíricas e na revisão da 
literatura especializada. Como resultado desse processo, as políticas públicas avançam em termos 
de eficáciae eficiência. 
Conhecer as contribuições teóricas e empíricas diversas sobre o tema é uma forma de 
obter uma visão holística sobre as pesquisas realizadas na área. É um requisito para compreender 
as linhas de estudo que estão sendo investigadas e permite estudar e compreender as diferentes 
abordagens existentes sobre o tema e as conclusões desses estudos. 
 
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O presente estudo de cunho qualitativo, com abordagem compreendendo levantamento 
descritivo, foca sua análise no âmbito da implementação de políticas públicas, especialmente no 
que diz respeito as políticas públicas de irrigação implementadas pela estatal Companhia de 
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em sua área de atuação. 
Objetivando, a interpretação e sintetização das informações do objeto desta pesquisa foi 
utilizado o estudo bibliográfico, e, consequente contato direto com obras, artigos ou publicações 
que versem quanto ao tema em estudos reconhecidos cientificamente (Oliveira, 2007). Nesse 
sentido, a esta pesquisa alicerça-se nos ensinamentos dos autores Carlos Faria (Faria, 2005, 2012) 
e Gabriela Lotta (Lotta, 2019), especialistas e referências basilares no estudo da implementação 
de políticas públicas no Brasil. 
Sendo, a pesquisa complementada com o levantamento bibliográfico realizado nos portais 
eletrônicos disponibilizados na internet pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da Univasf (SIBI). 
Quando se utilizou como critério de seleção das publicações, os descritores: “implementação de 
políticas públicas”, “agricultura irrigada”, “projetos públicos de irrigação”, “implantação de 
projetos de irrigação” e “Codevasf”. Com a posterior análise de conteúdo das publicações 
localizadas, por meio da leitura de seus resumos, selecionando aqueles que abordassem a 
temática proposta. 
O uso da pesquisa bibliográfica, justifica-se, ainda, por permitir o estudo de dados 
qualitativos para demonstrar os fenômenos em seu contexto, bem como, o levantamento e 
sistematização de informações catalogadas (Gil, 2022). 
As referências teóricas do professor e pesquisador Carlos Faria (Faria, 2005, 2012), 
conduzem estudos sobre a avaliação das políticas públicas na América Latina e no Brasil, 
partindo da concepção de que o Estado foi o primeiro a institucionalizar a ideia de avaliação das 
políticas públicas, buscando efetuar mudanças significativas no modelo de gestão, como a 
fixação de tetos para gastos públicos e a otimização do orçamento em ações na década de 1980, 
nos países em desenvolvimento que adotaram políticas públicas restritivas e focais. 
Ao tempo em que, a professora e pesquisadora Gabriela Lotta (Lotta, 2019), realiza um 
recorte histórico das principais gerações de estudos científicos sobre implementação de políticas 
públicas no mundo e no Brasil. Posteriormente, ela apresenta os recortes e objetos atualmente 
investigados nos programas de pesquisa, bem como seus pressupostos teóricos e metodológicos. 
 
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Não obstante, exemplifique esse processo com a apresentação de dois recortes do tema, 
destacando como o Estado pode constatar, por meio das avaliações, o entrelaçamento entre 
instituições tradicionais de sistemas de proteção e novas alternativas pensadas, num viés que 
enfatiza as dinâmicas históricas e fenômenos sociais. Isso permite contemplar análises que 
relacionam os diferentes regimes de bem-estar com padrões de modernização e desenvolvimento 
econômico distintos. A autora também sugere ser pertinente o conceito de avaliação como 
categoria de análise nos estudos sobre sistemas de proteção e demonstra a necessidade de retomar 
elementos até então negligenciados nos debates. 
Para complementar os ensinamentos dos pesquisadores Faria e Lotta, são apresentadas 
contribuições de autores contemporâneos que abordam a importância e pertinência de pesquisas 
que tratam da implementação de políticas no Brasil. Eles defendem que tais estudos são 
imprescindíveis para a consolidação desta área, fundamental para o sucesso das ações estatais, 
embora ainda pouco explorada academicamente. 
Dessa forma, com base nas contribuições dos autores analisados, o objetivo principal 
deste artigo é reunir e apresentar um conjunto diversificado de contribuições teóricas e empíricas 
sobre a implementação de políticas públicas de irrigação no Semiárido pernambucano. 
Na busca do objetivo geral foram perseguidos os seguintes objetivos específicos: 
contextualizar os ensinamentos basilares dos professores Faria, (2005, 2012) e Lotta (2019), 
apresentando linhas de pesquisa na área de implementação de políticas públicas; sistematizar 
pesquisas acadêmicas que abordem a temática, com enfoque na irrigação no Semiárido brasileiro; 
e, discutir conceitos, objetos de estudo, contribuições e evidências, com vistas a identificar 
estratégias e lacunas ainda existentes nesse campo, com possíveis sugestões de trabalhos e 
referências científicas. 
Para isso, o estudo está organizado em cinco seções, incluindo esta introdução e as 
considerações finais. A segunda seção aborda o processo de análise teórica do campo de pesquisa 
sobre políticas públicas. Ao tempo em que terceira seção apresenta os procedimentos 
metodológicos utilizados nos levantamentos bibliográficos que alicerçam a pesquisa. Já a quarta 
seção trará os aparatos teóricos relacionados à implementação de políticas públicas de irrigação 
pela Codevasf no submédio do São Francisco pernambucano. E, por fim são apresentadas as 
considerações finais quanto ao estudo realizado. 
 
 
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2 ESTUDOS CIENTÍFICOS NO CAMPO DA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS 
 
As políticas públicas surgem como resultado do processo de implementação dos Estados 
de Bem-Estar Social, originando-se da ideia de constituição de políticas públicas por um Estado 
provedor, ou como resultado das lutas sociais promovidas pela classe trabalhadora. 
Entretanto, o marco da sua implementação foi o modelo de Estado proposto por John 
Maynard Keynes, economista inglês, que concebe que o Estado deve garantir padrões mínimos 
de ações e serviços de saúde, educação, assistência social, trabalho, renda, habitação, segurança 
e seguridade social à população. A proposta de Estado de Keynes foi disseminada após a Segunda 
Guerra Mundial, que exigiu das grandes potências ocidentais ações para reconstruir as sociedades 
devastadas pelo conflito. 
Contudo, com a desaceleração das economias dos Estados Unidos e da Inglaterra na 
década de 1960, somada à crise do petróleo dos anos 1970, esses países, preocupados em 
enfrentar a crise econômica, abandonaram o Estado de Bem-Estar Social e adotaram o modelo 
de Estado Neoliberal. A redução dos Estados protetores aumentou com a adoção desse modelo, 
justificada pelas crises cíclicas e previsíveis do modo de produção capitalista, fortalecendo-se 
pelos ideais do livre mercado e pela expansão da globalização (Soares Neto; Pinheiro, 2020). 
Com isso, os estudos a partir dos novos modelos de governança reformulam as políticas 
públicas com novas abordagens, partindo da concepção de proteção social e seguindo o modelo 
de restrição dos gastos sociais, no qual as políticas públicas são redefinidas com a diminuição 
dos direitos sociais, apresentando características restritivas, focais, descentralizadas e privatistas 
para enxugar os Estados. Não obstante, há críticas de que a implementação desse modelo 
contribui para o aumento do abismo social, pois a renda permanece concentrada nas mãos de 
poucos, o que amplia a desigualdade econômica e social (Anderson, 1995). 
Dessa forma, as políticas públicas no Brasil, consideradas como pilares econômicose 
sociais (pois o Brasil é um país emergente, dependente da hegemonia dos países capitalistas, que 
implementou o modelo de produção capitalista tardiamente, devido à sua constituição histórica), 
sofrem com a expansão e aprofundamento do Estado Neoliberal, que ao longo do mundo tem 
adotado ideias ultraliberais, ampliando o abismo da desigualdade econômica e social. Todos 
 
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esses acontecimentos históricos são fundamentais para a compreensão das mudanças ocorridas 
no processo de implementação das políticas públicas no mundo, especialmente no Brasil. 
Nesse diapasão, os estudos do professor e pesquisador do programa de Pós-Graduação 
em Ciências Sociais e do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica 
de Minas Gerais, Carlos Aurélio Pimenta Faria, promovem um debate sobre os estudos mais 
recentes correlatos à temática da avaliação das políticas públicas. 
Em síntese, os trabalhos científicos do pesquisador Faria, como o texto “A política da 
avaliação de políticas públicas”, têm buscado mapear as distintas formas de uso da avaliação das 
políticas públicas, fazendo um levantamento das teorias, conceitos, abordagens e modelos 
analíticos que contribuem para a compreensão e a análise das avaliações. 
Nesse texto, o autor trata, inicialmente, da institucionalização da função de avaliação das 
políticas públicas na América Latina, que teve início tardiamente na década de 1990 em relação 
a países como os Estados Unidos, com a perspectiva de promover reformas no Estado. Para isso, 
explica que o aspecto avaliativo das políticas públicas surge como uma ação institucionalizada 
do Estado e menciona que aparentemente há um consenso entre os pesquisadores sobre essa ideia. 
No entanto, ressalta que não se trata de um conceito fechado, pois existem quatro gerações de 
estudos sobre avaliação das políticas públicas (Faria, 2005). 
Em relação às gerações de estudo sobre avaliação das políticas, elas surgem com um viés 
mais técnico durante o período do New Deal. Em seguida, a preocupação da segunda geração é 
mais descritiva (desde a Segunda Guerra Mundial até meados da década de 1960). A terceira 
geração estava preocupada em enfatizar a oferta de julgamentos embasados, sendo predominante 
nos anos de 1960 e na década seguinte na avaliação dos programas da “Guerra à Pobreza” (War 
on Poverty) e da “Grande Sociedade” (Great Society). A última e quarta geração é “reativa”, 
característica dos anos Reagan (Faria, 2005). O autor contextualiza a inserção da avaliação das 
políticas públicas no Estado para analisar a postura da academia brasileira diante desse fato. 
Na sequência, Faria (2005) lamenta que, mesmo com o aumento das pesquisas sobre 
avaliação, parte da comunidade acadêmica no Brasil não demonstrou o mesmo interesse nas áreas 
de ciência política e sociologia para criar frentes de investigação. No entanto, na administração 
pública, a frequência de lançamentos de periódicos nacionais, como a Revista do Serviço Público 
e a Revista de Administração Pública, demonstra certo interesse técnico pelo tema. 
 
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Essa questão é ainda mais destacada com publicações feitas pelo Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada (Ipea), pela Fundação Seade e pela Fundação Carlos Chagas, como os 
Cadernos de Pesquisa e os Estudos em Avaliação Educacional. É importante ressaltar que a maior 
parte dos trabalhos evidencia o forte caráter de indução externa da institucionalização dos 
sistemas de avaliação na América Latina, em grande parte devido à Revista do Serviço Público 
republicar trabalhos de consultores internacionais. 
Dando continuidade à discussão, Faria (2005) aborda as distintas formas de uso da 
avaliação de políticas públicas com o objetivo de ampliar a percepção da pesquisa avaliativa. 
Para o autor, existem três dimensões do uso da avaliação: instrumental (relativa ao apoio às 
decisões e à busca de resolução de problemas); conceitual (ou função "educativa"); e simbólica 
(uso "político"). Faria (2005), elenca e categoriza as formas de uso da avaliação e os elementos 
da avaliação, ante a relevância social desse processo. Uma vez que, os estudos avaliativos 
concentram-se nos processos, nos resultados e no impacto das políticas e dos programas. 
Por fim, o texto aborda a limitação da concepção gerencialista da avaliação e propõe uma 
expansão categórica de estudos sobre o tema nos espaços acadêmicos, considerando as múltiplas 
implicações da pesquisa avaliativa. 
Já em 2012, o professor Carlos Aurélio Pimenta Faria, em sua pesquisa “Implementação: 
ainda o ‘elo perdido’ da Análise de Políticas Públicas no Brasil?”, aponta que, institucionalmente, 
o campo de estudos de políticas públicas no Brasil ainda era muito incipiente naquela época. No 
entanto, já era perceptível o fortalecimento de movimentos difusos de planejamento 
governamental no país, com as burocracias públicas predominando na produção de análises sobre 
políticas (Faria, 2012). 
Nos estudos de Faria (2012), o termo "elo perdido" decorre do vácuo existente no estudo 
das políticas públicas, resultado do pensamento tradicional centrado no processo decisório e no 
campo de estudo já estabelecido da avaliação. Isso torna a implementação o "elo perdido" da 
investigação sobre políticas públicas no Brasil. 
É importante destacar que, na pesquisa de Faria (2012), ele suscita discussão sobre o lugar 
ocupado pela problemática da implementação na agenda dos pesquisadores acadêmicos pátrios. 
Conforme pesquisa no banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior (CAPES), as pesquisas estavam voltadas não apenas para a implementação de políticas 
públicas, mas para mais de duas centenas de denominações de "implementação". 
 
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Faria (2012), ressalta a importância da temática da implementação de políticas públicas, 
expressando sua inquietação para que a implementação deixe de ser um "elo perdido" na 
investigação sobre políticas públicas, não apenas com a ampliação de trabalhos específicos, mas 
especialmente com a solidificação de suas fundamentações teóricas e metodológicas. 
Por sua vez, os trabalhos da professora e pesquisadora em administração pública e 
governo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Gabriela Lotta, no âmbito da implementação das 
políticas públicas, surgem da necessidade de compreender as condições históricas para a análise 
de seus objetos. A pesquisadora tem se dedicado a analisar os processos de implementação dessas 
políticas e as principais literaturas relacionadas ao tema. 
Assim, em seu texto “A política pública como ela é: contribuições dos estudos sobre 
implementação para a análise de políticas públicas”, publicado na obra sob sua organização 
“Teoria e análise sobre a implementação de políticas públicas no Brasil” em 2019, a autora 
apresenta formas de análise dos modelos atuais de implementação das políticas públicas numa 
perspectiva analítica, além de apresentar conceitos fundamentais para o entendimento da 
materialização ou concretização das políticas. As análises são feitas a partir de elementos 
históricos, teóricos e metodológicos oriundos da administração pública e das ciências políticas, 
influenciados pelas áreas do direito e da sociologia. 
Para isso, a pesquisadora explica que as políticas públicas perpassam por quatro estágios, 
denominados ciclo de política pública (policy cycle), que são: inclusão na agenda do governo; 
elaboração da política; implementação dos serviços e ações; e processo de avaliação. O ciclo de 
política pública é um instrumento analítico fundamental para compreender os processos 
decisórios que a constituem. 
Além disso,para uma melhor compreensão do tema, Lotta afirma que a área de políticas 
públicas abrange gerações de estudo. Os estudos da primeira geração de análise da 
implementação das políticas públicas, datados da década de 1970, são conhecidos como estudos 
top-down, os quais objetivam analisar os aspectos normativos da política com base em um ideal 
democrático de funcionamento do Estado. A segunda geração de estudiosos das políticas é 
chamada de bottom-up, com registros a partir da década de 1980. 
Ela adota como método a abordagem analítica, que examina a implementação das 
políticas públicas de baixo para cima, focando na tomada de decisão dos atores envolvidos no 
processo, conhecidos como "street-level bureaucrats" (burocratas de nível de rua), cujas ações 
 
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são marcadas pela discricionariedade. A terceira geração de estudos é dos anos 1990 e se 
preocupa com modelos sintéticos de análise das políticas. A quarta e atual geração de estudos 
concentra-se em múltiplos modelos de análise e em diversas formas de produção acadêmica sobre 
a implementação das políticas públicas (Lotta, 2019). 
A autora reconhece que no Brasil, a partir de 2010, as produções científicas sobre a 
implementação das políticas públicas começaram a ser mais sistemáticas, embora ainda 
incipientes. Um marco nesse contexto foi um livro organizado pelo pesquisador Carlos Aurélio 
Pimenta de Faria, que compilou vários estudos sobre implementação voltados aos estudos sobre 
burocracia e organizações de nível de rua. Posteriormente, ocorreram publicações sobre 
capacidades estatais, arranjos institucionais e instrumentos (Lotta, 2019). 
Lotta (2019) considera que os estudos sobre implementação de políticas públicas têm se 
dedicado a entender a política pública como ela é. Para isso, alguns pressupostos analíticos são 
utilizados para facilitar o desenvolvimento e os resultados da pesquisa. O primeiro pressuposto 
é a concepção de que a formulação e implementação da política ocorrem em fases distintas. O 
segundo destaca que os processos decisórios são complexos. O terceiro remete ao fato de que o 
processo de implementação de políticas públicas é altamente interativo. O quarto pressuposto é 
que existem muitos fatores que interferem e influenciam a implementação de políticas. O quinto 
pressuposto propõe compreender a "política como ela é" e não como deveria ser. 
A pesquisadora Lotta (2019), buscando contribuir com os estudos sobre a implementação 
de políticas públicas, apresenta recortes e objetos analíticos importantes para esse tipo de 
pesquisa, tais como: a atuação dos burocratas envolvidos nos processos decisórios (compreender 
suas práticas, interações, comportamentos e decisões); fatores que explicam a variação de 
práticas, interações e comportamentos; os resultados das diferentes formas de atuação da 
burocracia e das organizações burocráticas; a implementação a partir dos arranjos institucionais; 
a implementação a partir dos instrumentos (para as políticas públicas e para os usuários); estudos 
sobre os burocratas de médio escalão, os burocratas de nível de rua e os burocratas de back office. 
Ao aprofundar o estudo dessa temática, a professora Lotta (2019) realiza uma análise 
mais detalhada sobre os estudos realizados sobre os burocratas de nível de rua e outro sobre a 
análise da discricionariedade e seus dilemas. Nessas pesquisas, ela apresenta o objeto de estudo 
a partir do recorte no campo da implementação das políticas públicas, introduzindo conceitos e 
classificações dos objetos com base em análises empíricas. Essas análises evidenciam claramente 
 
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a necessidade de estabelecer o percurso teórico, metodológico e técnico para a realização de 
estudos científicos, além de apontar elementos da literatura que contribuem para os estudos sobre 
processos de implementação de políticas públicas. 
Outros professores e pesquisadores também têm contribuído com a análise e difusão de 
estudos que versam sobre a implementação de políticas no Brasil. Essas pesquisas têm sido 
imprescindíveis para a consolidação desta área tão importante e necessária para o êxito da ação 
estatal. Conforme reconhece Secchi (2012), a implementação é uma fase crucial e indispensável 
no ciclo de políticas públicas, sendo a etapa que executa e realiza o que foi planejado. 
Para Ollaik e Medeiros (2011), na implementação de políticas públicas são utilizados 
diversos instrumentos governamentais. Seu estudo se reveste de alicerce para a resolução de 
problemas e o aperfeiçoamento do ciclo das políticas públicas, requerendo o desenvolvimento e 
apresentação de estudos que forneçam novos elementos capazes de subsidiar e construir uma 
argumentação mais técnica quanto à definição dos instrumentos estatais aptos para resolver os 
questionamentos apresentados. Igualmente, torna-se necessário o desenvolvimento de estudos 
que identifiquem e analisem os instrumentos utilizados na implementação das políticas públicas, 
com vistas a oferecer subsídios capazes de contribuir para a reflexão sobre os padrões de gestão 
desses instrumentos, bem como suas combinações, contribuindo efetivamente tanto 
academicamente quanto para a prática e gestão estatal (Ollaik; Medeiros, 2011). 
Considerando a implementação como uma interação dinâmica entre diferentes atores e 
que a política pública pode se adaptar às contingências, torna-se necessário dedicar mais atenção 
ao processo de implementação da política. Uma vez que os resultados nem sempre correspondem 
ao planejado, impactando seriamente o ciclo de gestão da política pública (Lotta, 2010). 
Após a implementação das políticas públicas, seu ciclo deve ser avaliado mediante a 
análise do desempenho da intervenção estatal, reconhecendo as ações exitosas e/ou as falhas 
ocorridas nas fases anteriores. Isso subsidiará a apresentação de manifestação crítica, que 
embasará a decisão quanto à continuidade, aprimoramento ou mesmo extinção da política 
(Secchi, 2012). 
O êxito na implementação de políticas públicas requer dos gestores o constante 
acompanhamento e sistematização das ações executadas pelos atores envolvidos no programa. 
Isso possibilitará a investigação, análise e aferição quanto à viabilidade econômica, relevância 
 
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social, eficiência, efetividade, resultados, impactos e sustentabilidade da política proposta (Mata, 
Freitas; Resende, 2019). 
Logo, a gestão para a implementação de políticas públicas, embora ainda não seja 
amplamente estudada no Brasil, oferece um campo de pesquisa e demanda por investigação, uma 
vez que a definição e escolha dos instrumentos governamentais influenciam significativamente 
a forma e a qualidade de sua implementação. Não obstante a carência de aperfeiçoamento, os 
resultados dos estudos sobre instrumentos governamentais podem contribuir para o êxito do 
processo de implementação (Ollaik; Medeiros, 2011). 
Dessa forma, segundo a percepção dos pesquisadores, os estudos sobre a implementação 
de políticas públicas têm gradativamente ganhado espaço nas discussões e publicações 
acadêmicas. Embora a produção teórica sobre a temática tenha permanecido incipiente até a 
década de 2010, nos últimos anos tem havido um aumento na quantidade de estudos teóricos e 
empíricos, reconhecendo-se como uma etapa vital e primordial no ciclo de uma política pública 
(Faria, 2010; Lotta, 2019). 
No que concerne à questão das pesquisas no campo das políticas públicas, os autores 
apresentam um leque de possibilidades, bem como dimensões a serem investigadas, e fornecem 
linhas teóricas, metodológicas e técnicas de análise que possibilitam alcançar resultados nos 
estudos.É mais do que necessária para a sociedade esse tipo de pesquisa, compreendendo que as 
políticas públicas são estratégias fundamentais de desenvolvimento e, mais ainda, são 
determinantes para a sobrevivência das sociedades e dos indivíduos. 
Assim, a análise aqui apresentada possibilita diferentes compreensões sobre as políticas 
públicas enquanto campo de conhecimento. Trata-se também da produção de um conhecimento 
que centra a concepção e os efeitos das políticas públicas. Deve-se ressaltar que as contribuições 
oferecidas pelos autores referenciados se relacionam, primeiramente, a uma revisão bibliográfica. 
Nesse caso, os dados arrolados demonstram conceitos centrais do campo de pesquisa das 
políticas públicas e seus esquemas interpretativos investigados, de modo a fornecer sugestões 
para a elaboração de pesquisas futuras. 
No item a seguir, busca-se apresentar um mapeamento dos principais trabalhos no âmbito 
acadêmico sobre a implementação de política pública de irrigação, com foco nas políticas de 
irrigação desenvolvidas pela Codevasf no submédio pernambucano, especialmente no que diz 
respeito à implantação dos Projetos Públicos de Irrigação. 
 
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3 DA METODOLOGIA 
 
Nesta seção, propõe-se apresentar a metodologia utilizada para levantamento de 
contribuições de pesquisadores sobre o tema das políticas públicas, com foco na implementação 
de políticas de irrigação no semiárido pernambucano, especialmente aquelas empreendidas pela 
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), com 
recorte sobre a implantação dos Projetos Públicos de Irrigação (PPIs) e a aplicação da Lei nº 
12.787/2013, que dispõe sobre a Política Nacional de Irrigação (Lei de Irrigação). 
Assim sendo, o interesse e a escolha da temática da pesquisa decorrem da influência 
socioeconômica da agricultura irrigada na bacia hidrográfica do rio São Francisco, especialmente 
no semiárido pernambucano, a partir da implementação de políticas públicas que viabilizaram o 
aporte considerável de investimentos estatais, permitindo a consolidação do território como um 
dos principais polos de produção agropecuária do Brasil. 
A temática estudada é de suma importância para analisar e avaliar os resultados obtidos 
por meio das políticas públicas de irrigação implementadas no semiárido pernambucano pela 
Codevasf, inclusive para efeito de retroalimentação e planejamento de novas intervenções. 
Entretanto, observa-se ainda que a produção e publicação de estudos acadêmicos nessa área 
acontecem de forma incipiente, tornando-se imperiosa a realização e divulgação de pesquisas 
empíricas que analisem o tema. Isso viabilizará a sistematização e socialização de conhecimentos 
com vistas ao fomento e desenvolvimento do Semiárido, por meio do uso de tecnologias 
modernas de aproveitamento da água e do solo, inclusão social, sustentabilidade e inovação. 
Nesse sentido, o objetivo aqui é contribuir com o adensamento teórico da área de 
implementação de políticas públicas de irrigação, sobretudo por meio de pesquisas acadêmicas 
que possam de fato fornecer respostas à realidade social. Foi realizado o levantamento 
bibliográfico dessa temática com o intuito de embasar os estudos empíricos a serem realizados. 
O esforço empreendido na busca por trabalhos acadêmicos, especialmente de nível de 
mestrado e doutorado sobre o tema, não apenas destaca a relevância do assunto proposto, mas 
também confirma o que Faria (2005) afirma sobre a necessidade de mais estudos sobre políticas 
públicas, considerando o vasto campo a ser analisado e as poucas produções científicas. 
É necessário reconhecer que o campo de estudos sobre políticas públicas nas últimas 
décadas tem adquirido notável relevância. Fato evidenciado pela presença crescente da temática 
 
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na produção acadêmica brasileira, com a criação de linhas de pesquisa específicas nos programas 
de pós-graduação e publicações registradas nas principais revistas científicas. No entanto, os 
programas de mestrado e doutorado carecem de investimentos em mais estudos sobre a 
implementação de políticas públicas de irrigação, levantando a bandeira de que o Nordeste e o 
Semiárido são regiões produtivas capazes de se tornarem celeiros agrícolas do Brasil e do mundo. 
No que diz respeito às publicações referentes a dissertações de mestrado defendidas em 
universidades públicas brasileiras, o presente estudo se baseia em três pesquisas balizadoras. A 
primeira foi defendida em 2016 no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Economia da 
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), na qual o pesquisador Tiago Farias Sobel apresentou 
a dissertação de mestrado intitulada “Desenvolvimento territorial nos perímetros irrigados do 
submédio do Vale do São Francisco: o caso dos perímetros Nilo Coelho e Bebedouro (PE)”. 
Na pesquisa, Sobel (2006) aborda os investimentos públicos aportados no Submédio do 
Vale do São Francisco, especialmente nos PPIs localizados no município de Petrolina/PE, com 
o objetivo de fortalecer a agricultura irrigada na região. Suas contribuições se fundamentam na 
análise dos impactos decorrentes dessas intervenções estatais, integrantes da política pública de 
irrigação, com foco nos resultados nos PPIs Bebedouro e Senador Nilo Coelho, ambos 
implantados em Petrolina/PE. 
Já a segunda pesquisa foi apresentada em 2018 pelo pesquisador Cláudio Baltazar Silva 
Dias, o qual abordou em sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em 
Extensão Rural da Univasf (PPGExR) o tema “A crise hídrica e os conflitos da agricultura 
irrigada do Projeto Público de Irrigação Senador Nilo Coelho, no submédio Vale do São 
Francisco” (Dias, 2018). 
Na dissertação, Dias (2018) destaca que já na década de 1960 o Governo Federal iniciou 
experimentos com vistas à implantação de projetos públicos de irrigação, por meio da 
Superintendência do Vale do São Francisco (Suvale), que substituiu a Comissão do Vale do São 
Francisco (CMSF) e foi sucedida em 1974 pela Codevasf. Desde a sua criação, a Codevasf teve 
como objetivo o estudo, planejamento e execução do aproveitamento e expansão das 
potencialidades econômicas do São Francisco, viabilizando a implantação de infraestruturas 
públicas de irrigação como fator de dinamização da economia regional, geração de empregos, 
retenção de migrantes e mitigação das desigualdades regionais. 
 
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A terceira pesquisa, defendida em 2020 na conclusão do mesmo PPGExR da Univasf, foi 
realizada pelo pesquisador Elijalma Augusto Beserra, que apresentou a dissertação intitulada 
“Mudanças nas condições socioeconômicas do Projeto Público de Irrigação de Bebedouro após 
50 anos de sua implantação: análise do discurso dos atores envolvidos”. 
Na obra, Beserra (2020), assim como Dias (2019), destaca a implantação do primeiro PPI 
ocorrido no Brasil em 1968, na área rural do município de Petrolina, o PPI Bebedouro, resultante 
dos estudos e trabalhos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), da 
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e da Suvale. 
Além das três pesquisas defendidas em programas de mestrado mencionadas acima, serão 
apresentadas contribuições empíricas constantes em artigos publicados em revistas científicas, 
abordando a questão da implementação de políticas públicas e a relevância da agricultura irrigada 
para o desenvolvimento socioeconômico do semiárido pernambucano, especialmente a partir das 
intervenções estatais promovidas pela Codevasf na região. 
 
4 A CODEVASF E A IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE 
IRRIGAÇÃO NO SEMIÁRIDO DE PERNAMBUCO 
 
A Codevasfé uma estatal reconhecida nacionalmente por sua vocação, magnitude e 
protagonismo na implementação de políticas públicas para o desenvolvimento regional 
sustentável das bacias hidrográficas de sua área de atuação. Tendo a agricultura irrigada como 
ponto de partida para o avanço e consolidação da matriz socioeconômica de forma integrada e 
sustentável, a empresa contribui para a redução das desigualdades regionais. 
Na década de 1950 iniciaram suas atividades a Companhia Hidrelétrica do São Francisco 
(Chesf), o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) e a Comissão do Vale do São 
Francisco (CVSF), responsável por administrar o fundo constitucional criado para promover o 
aproveitamento econômico ao longo do rio São Francisco. Também foram criados o Banco do 
Nordeste do Brasil (BNB) e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). 
Por sua vez, na década de 1960, iniciam as atividades da Superintendência do 
Desenvolvimento de Nordeste (Sudene), embora já fossem executadas políticas públicas de 
irrigação no Semiárido brasileiro, especialmente por meio da CVSF, que tinha forte atuação na 
implantação de infraestruturas hídricas para o uso das águas disponíveis nos mananciais perenes. 
 
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Essas ações passaram a ter um escopo e abrangência maiores a partir da celebração do convênio 
firmado entre o governo brasileiro e a Organização das Nações Unidas (ONU) no início da 
década de 1960 (Beserra, 2020). 
Conforme Sobel (2006), o Governo Federal brasileiro, nos anos 1960, iniciou um 
processo de aportes consideráveis de recursos públicos nos Projetos Públicos de Irrigação 
localizados no Nordeste brasileiro, os quais foram destinados ao desenvolvimento de 
infraestruturas econômicas e sociais, desencadeando uma transição nos hábitos e técnicas dos 
atores locais, especialmente em relação à prática de uma agricultura de elevado valor agregado 
em substituição à agricultura de subsistência então praticada. Isso viabilizou a criação de polos 
de desenvolvimento baseados na agricultura irrigada, com a introdução de tecnologias modernas 
para a agricultura desenvolvida no Semiárido. 
Por sua vez, nas décadas de 1970 e 1980, a partir da experiência da implantação do PPI 
Bebedouro e em meio a um período de grande agitação econômica, em grande parte devido à 
captação de grandes projetos de desenvolvimento financiados por crédito internacional, a 
Codevasf, em conformidade com a política de desenvolvimento vigente, promoveu a implantação 
de Projetos Públicos de Irrigação (PPIs) no Polo de Petrolina/PE – Juazeiro/BA, consolidando o 
dinamismo local com base na produção e exportação de frutas (Dias, 2018). 
Como apontado por Sobel (2006), o PPI Bebedouro, implantado em 1968 no município 
de Petrolina/PE, foi o primeiro projeto público de irrigação implantado no Brasil. Logo após, nos 
anos 1971/1972, foi concluída a implantação do PPI de Mandacaru, no município de 
Juazeiro/BA. A implantação desses PPIs funcionou como laboratório para análise da viabilidade 
econômica dos investimentos públicos no desenvolvimento da agricultura irrigada no Semiárido. 
Em consonância com Dias (2018), no ano de 1984, foi concluída a implantação do PPI 
Nilo Coelho, em Petrolina/PE, quando já se havia analisado e observado a viabilidade econômica 
dos investimentos públicos na agricultura irrigada, comprovada pela elevação da taxa de 
crescimento econômico na região. Durante o processo de implantação do PPI Nilo Coelho, foi 
possível corrigir deficiências observadas na construção dos PPIs já em funcionamento. 
Segundo consta no sítio eletrônico da Codevasf (2024), atualmente existem sete PPIs 
implantados e em funcionamento no Polo Petrolina/Juazeiro. São eles: os PPIs “Bebedouro” e 
“Senador Nilo Coelho” (incluindo sua extensão com a área denominada “Maria Tereza”), em 
Petrolina/PE; e os PPIs “Curaçá”, “Maniçoba”, “Tourão”, “Mandacaru” e “Salitre” em 
 
17 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-24, 2024 
 
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Juazeiro/BA. Além disso, em Petrolina/PE, encontra-se em fase de implantação o PPI “Pontal”, 
cuja área sul já teve suas obras concluídas e a ocupação iniciada, enquanto a implantação da área 
norte está em execução, com previsão de conclusão em 2026. 
Na análise de Sobel (2006), esses PPIs estão localizados na zona mais árida do Nordeste, 
nas margens do rio São Francisco, um território que até poucas décadas atrás era caracterizado 
por bolsões de fome e miséria. Assim, os investimentos públicos federais têm conseguido 
minimizar os efeitos devastadores das estiagens que afligem o povo nordestino, criando ilhas de 
prosperidade onde são desenvolvidas atividades econômicas da agricultura irrigada, altamente 
produtiva, com predominância no cultivo e produção de frutas que abastecem os mercados 
nacional e internacional. 
Sobel (2006), Dias (2018) e Beserra (2020) destacam o papel primordial da Codevasf, 
responsável pela execução dos investimentos estatais na infraestrutura física e social da região, 
disponibilizando equipamentos públicos apropriados para a prática agrícola pelos irrigantes por 
meio da implantação de seus projetos públicos de irrigação. 
Segundo esses autores, a Codevasf construiu sistemas de captação de água, canais 
primários e secundários, reservatórios acumuladores de água, estações de bombeamento e 
tratamento de água, juntamente com outras intervenções de caráter hidráulico; ao mesmo tempo, 
implantou serviços básicos de apoio à produção. Esses investimentos têm sido preponderantes 
para o crescimento e consolidação, atraindo capital privado para a região. 
Por sua vez, na transição das décadas de 1980/1990, com o colapso nas finanças públicas 
estatais e a consequente redução drástica nos investimentos públicos estruturantes, deflagrou-se 
um processo de emancipação dos PPIs. A partir dessas mudanças nas diretrizes das políticas 
públicas de irrigação, o Governo Federal iniciou o processo que, por um lado, objetivava 
compatibilizar a administração dos PPIs frente às restrições econômico-financeiras da época e, 
por outro, aumentar a eficiência dos mesmos (Sobel, 2006). 
Após amplos estudos técnicos, optou-se pela implementação de um modelo de gestão 
chamado de “Distrito de Irrigação”, uma organização social de interesse privado composta 
integralmente pelos irrigantes dos PPIs, que passaria a ter a responsabilidade de administração, 
operação e manutenção das áreas comuns dos PPIs, conforme preconizado na Lei n° 6.662/1979, 
então vigente (Dias, 2018; Beserra, 2020). 
 
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Segundo Sobel (2006), a emancipação dos PPIs trouxe aumento de responsabilidades e 
onerosidade para os irrigantes, especialmente pela forma repentina e instantânea com que foi 
implantada. Isso ensejou que os mesmos, em um curto espaço de tempo, passassem a 
experimentar uma nova realidade institucional, assumindo a gestão autônoma das áreas irrigadas, 
ao mesmo tempo em que se afastava a responsabilidade estatal quanto ao aporte de recursos para 
novas intervenções. 
Em complemento, para Sobel (2006), o momento da ocorrência dessa mudança de gestão 
não foi precedido de preparação e/ou capacitação dos irrigantes, restando a eles a impressão de 
que tal situação se tratava de uma imposição estatal para a resolução de seus próprios problemas, 
especialmente a questão da escassez financeira. 
Não obstante, o advento da Lei nº 12.787, de 2013, a qual dispõe sobre a atual Política 
Nacional de Irrigação, revogando a Lei nº 6.662 de 1979, trouxe expressamente no seu artigo 37 
que: “A emancipação de Projetos Públicos de Irrigação é instituto aplicável a empreendimentos 
com previsão de transferência, para os agricultores irrigantes, da propriedadedas infraestruturas 
de irrigação de uso comum, de apoio à produção e da unidade parcelar” (Brasil, 2013). 
Dessa feita, conforme Passador et al. (2009), a diretriz estatal é a conclusão do processo 
de transferência da gestão e emancipação dos projetos públicos de irrigação, visando à sua 
integral desoneração quanto a qualquer responsabilidade financeira na administração dos PPIs. 
Conforme delineado no texto legal, a gestão dos PPIs trata-se de uma atividade autônoma a ser 
desenvolvida pela organização de produtores de cada projeto. 
Ainda segundo Passador et al. (2009), embora se observem avanços no processo de 
transferência de gestão dos PPIs com vistas à emancipação no âmbito da Codevasf, é igualmente 
perceptível a existência de problemas, principalmente no que diz respeito às deficiências de 
manutenção da infraestrutura e ao baixo nível de capacidade gerencial na gestão dos PPIs. 
Por sua vez, a Política Nacional de Irrigação, preconizada na Lei nº 12.787/2013, 
estabelece novas bases, especialmente quanto à implantação de projetos públicos e privados de 
irrigação no Brasil, com destaque para a transferência de gestão e consequente emancipação dos 
PPIs. Além disso, inova ao incluir dispositivos de incentivo para o uso eficiente da água na 
irrigação, ponto fundamental para a sustentabilidade da irrigação no semiárido (Brasil, 2013). 
Ao mesmo tempo, ela explicita a forte influência da imagem da irrigação como elemento 
de redenção desenvolvimentista do semiárido brasileiro, uma vez que a produção agrícola com 
 
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foco na fruticultura irrigada mostrou-se uma estratégia acertada e determinante para o êxito da 
atividade econômica na região. Essa produção apresenta vantagens competitivas quando 
comparada com outras regiões produtoras do Brasil, especialmente devido ao fornecimento 
hídrico constante e à capacidade de geração de sucessivos ciclos de produção proporcionados 
pela abundante insolação, viabilizando o planejamento do manejo das culturas no plantio e 
colheitas ao longo do ano, juntamente com uma produtividade acima da média nacional. 
Nesse sentido, no entendimento de Castro (2018), as sucessivas políticas de irrigação no 
Semiárido brasileiro foram quase que exclusivamente do tipo top-down, de cima para baixo, com 
ênfase na perspectiva do alto nível hierárquico e com pouca ou nenhuma consulta à população 
beneficiada. Considerando uma sociedade livre e democrática, o formato ideal de elaboração e 
implementação de uma política pública deve contemplar a participação do seu público-alvo, 
recomendando-se o modelo conhecido como bottom-up. Para o autor, o formato top-down, 
apesar dos inquestionáveis êxitos, excluiu muitos interessados e impactados no processo, ao 
tempo em que, durante sua implementação, contempla um número restrito de beneficiários. 
Esse entendimento é corroborado por Sobel e Xavier (2019), para quem no caso das 
políticas públicas de irrigação no Semiárido brasileiro, a atuação estatal pode ser resumida em 
duas formas principais: o formato top-down (de cima para baixo) e o formato bottom-up (de baixo 
para cima). No formato top-down, as políticas foram concebidas e planejadas de forma 
centralizada pela esfera federal, com objetivos centrados no provimento de infraestrutura. 
Enquanto no formato bottom-up, os planos de desenvolvimento local foram elaborados de forma 
descentralizada, por meio da participação das esferas públicas e privadas, com o objetivo 
concentrado no fortalecimento da organização social. 
Sobel e Xavier (2019) argumentam que, diante da escassez de recursos públicos, é 
necessário maximizar a eficiência no emprego do orçamento. Isso só será possível mediante a 
potencialização dos benefícios derivados das políticas públicas de desenvolvimento, combinando 
as estratégias "de baixo para cima" e "de cima para baixo", o que exigirá uma forte atuação 
conjunta nas duas instâncias (local e central). 
Em complemento, para Castro (2018), as políticas públicas de irrigação para o Semiárido 
brasileiro devem contemplar alternativas estratégicas para o desenvolvimento do território. Isso 
deve incluir não apenas a implantação de novos projetos de irrigação, mas também a conclusão 
de PPIs inacabados, o investimento em intervenções de apoio ao aumento da produtividade 
 
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agrícola, especialmente em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e Assistência Técnica e Extensão 
Rural (ATER), e a incorporação do conceito de segurança alimentar mediante investimentos em 
pequenas obras e reservatórios hídricos que permitam aos agricultores dispersos no território do 
Semiárido produzir em pequenas áreas durante os períodos de estiagem. 
Diante dos achados e considerações referidos, torna-se necessário promover uma ampla 
discussão e capacitação dos atores envolvidos com a questão da emancipação dos PPIs, tendo 
em vista a necessidade premente de que compreendam e internalizem seus papéis como 
impulsionadores das condições necessárias para a efetivação do comando estatal. Especialmente 
no que diz respeito ao amadurecimento pessoal e coletivo, entendendo que cabe a eles decidir 
sobre melhorias nos PPIs de maneira participativa e autônoma. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Procurou-se, aqui, contribuir para os estudos acadêmicos no campo das políticas públicas. 
O entendimento das teorias resumidas aqui pode permitir ao pesquisador compreender melhor o 
problema para o qual a política pública foi desenhada, seus possíveis conflitos, a trajetória e o 
papel dos indivíduos, grupos e instituições envolvidos na decisão e que serão afetados por ela. 
Como foi visto, as literaturas pesquisadas correspondem a estudos de abordagens e 
modelos analíticos que buscam facilitar a compreensão nos trabalhos acadêmicos sobre 
implementação e avaliação dos processos das políticas públicas. O presente artigo, portanto, 
buscou descrever os principais elementos abordados pelos autores das obras, de forma a elucidar 
o caráter complexo do processo de investigação. 
Também é válido inferir que as obras de Gabriella Lota e Carlos Faria podem auxiliar nos 
estudos e trabalhos no âmbito da administração, bem como de outras áreas de estudo das políticas 
públicas. Os pesquisadores atingiram os objetivos propostos nas literaturas analisadas ao 
apresentar de forma clara e sistematizada informações e dados sobre implementação e avaliação 
das políticas públicas. Trata-se de um conjunto de informações importante para os estudiosos e 
analistas das políticas públicas. O convite à leitura dos textos tem como base as ideias claras e 
objetivas apresentadas por seus autores. 
O maior esforço dedicado na produção deste artigo foi conhecer, por meio de 
mapeamento, outros trabalhos acadêmicos relacionados à área de interesse deste autor, 
 
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contribuindo assim para futuros e possíveis estudos ao longo da jornada acadêmica. Perceber que 
a linha de interesse analisada carece de produções científicas aguça ainda mais o empenho e o 
compromisso com a pesquisa. Isso representa um desafio ainda maior, sem diminuir o entusiasmo 
deste autor em contribuir com a ciência e a sociedade por meio de pesquisas sobre a 
implementação de políticas públicas de irrigação na Região Semiárida. 
Especialmente se considerarmos que no semiárido brasileiro, nas últimas décadas, vem 
aumentando o volume de políticas públicas executadas por entidades públicas e privadas, 
especialmente nas áreas da agricultura irrigada, abastecimento de água, geração de energia, 
alternativas de geração de renda e infraestrutura local. Não obstante, essas informações 
encontram-se dispersas na literatura socioeconômica eseus conhecimentos muitas vezes são 
restritos à própria entidade executora. Torna-se necessário catalogar, sistematizar e avaliar 
periodicamente essas políticas para que seja possível aferir os resultados alcançados e realizar a 
retroalimentação do programa. Uma vez que, as políticas públicas de desenvolvimento 
sustentável objetivam alicerçar um processo de transformação produtiva e institucional, visando 
reduzir a pobreza e a exclusão social em determinado espaço. 
Dessa feita, considerando que a execução das políticas públicas de irrigação pela 
Codevasf foca na ampliação das oportunidades para o desenvolvimento regional, resta 
explicitando que é possível combinar crescimento com desenvolvimento social, fazendo da 
desconcentração de renda um poderoso vetor de expansão econômica a partir da implantação de 
projetos públicos de irrigação. 
Não obstante, tendo em vista a escassez de recursos públicos, faz-se necessária a máxima 
eficiência no emprego do orçamento. O que somente será possível mediante a potencialização 
dos benefícios derivados das políticas públicas de desenvolvimento, por meio da combinação das 
estratégias "de baixo para cima" e "de cima para baixo", o que exigirá uma forte atuação conjunta 
nas duas instâncias (local e central). 
Dessa forma, ante a natureza da ação estatal, os processos inerentes à implementação de 
políticas públicas são inesgotáveis, exigindo a realização de pesquisas e disponibilização de 
literatura que auxiliem no processo de análise desses processos. Especialmente ao considerar que 
a legitimidade e a face mais visível do Estado ocorrem por meio da implementação de suas 
políticas, materializadas e vivenciadas na prestação dos serviços públicos. 
 
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Assim, estudos como esse, se constituem em importantes embriões para o levantamento 
das necessidades e o planejamento de políticas e soluções passíveis de serem implementadas no 
Semiárido brasileiro. Tornando-se fundamentais para o desenvolvimento de ideias presentes e 
futuras pesquisas cujo objetivo principal seja promover uma melhor inserção da agricultura 
irrigada e do Semiárido nas dinâmicas econômica e social brasileiras. 
 
 
23 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-24, 2024 
 
 jan. 2021 
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