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Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão Autor: Stefan Fantini 01 de Março de 2024 Stefan Fantini Aula 21 Índice ..............................................................................................................................................................................................1) Treinamento e Desenvolvimento. Educação Corporativa - CESPE/CEBRASPE - PDF SIMPLIFICADO 3 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 2 86 Olá, amigos do Estratégia Concursos, tudo bem? Preparados para mais uma aula? Então vamos em frente! ☺ Um grande abraço, Stefan Fantini Para tirar dúvidas e ter acesso a dicas e conteúdos gratuitos, siga meu Instagram, se inscreva no meu Canal no YouTube e participe do meu canal no TELEGRAM: @prof.stefan.fantini https://www.instagram.com/prof.stefan.fantini Stefan Fantini https://www.youtube.com/channel/UCptbQWFe4xIyYBcMG-PNNrQ Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 3 86 t.me/admconcursos Os canais foram feitos especialmente para você! Então, será um enorme prazer contar com a sua presença nos nossos canais! ☺ Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 4 86 CAPACITAÇÃO DE PESSOAS: TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO Nesse ambiente cada vez mais dinâmico, mutável, globalizado e competitivo em que vivemos, torna-se essencial que as organizações estejam em contínua adaptação, para que consigam encarar e se adaptar aos novos desafios e inovações. É nesse contexto que se destaca a importância das pessoas, as quais constituem o principal patrimônio da organização. São as pessoas que conduzem os negócios organizacionais e fazem as coisas acontecerem. As pessoas constituem o principal diferencial competitivo das organizações. Portanto, a organização deve se preocupar continuamente com a aprendizagem humana, para que os funcionários estejam constantemente adquirindo novas competências, com o objetivo de que sejam capazes de conduzir a organização ao alcance de seus objetivos. A aprendizagem humana pode ser dar através da informação, da instrução, do treinamento, do desenvolvimento e da educação. Vejamos, a seguir, cada um desses conceitos (do menor, para o maior “nível de complexidade”)1: Informação: Trata-se de ações educacionais de curta duração (por exemplo: aulas, roteiros, manuais, etc.). Em outras palavras, são módulos ou unidades organizadas de informações e conhecimentos, disponibilizados em diferentes meios (textos impressos, links, banco de dados, folhetos, etc.). Instrução: Trata-se de orientações baseadas em objetivos instrucionais. Em outras palavras, são formas simples de estruturação de eventos de aprendizagem, utilizadas para transmitir conhecimentos, habilidades e atitudes de maneira simples e fácil. São realizadas com o apoio de cartilhas, manuais, roteiros, aulas, etc. Treinamento: Trata-se de ações educacionais de curta e média duração, que tem por objetivo a melhoria do desempenho funcional do indivíduo. São utilizados textos, exercícios, provas, etc. Por exemplo: cursos e oficinas. Ou seja, o treinamento é voltado para as atividades funcionais “atuais” do indivíduo (tarefas do cargo “atual” do indivíduo). O treinamento tem por objetivo qualificar o indivíduo para o desempenho eficaz de tarefas específicas e mensuráveis. É orientado para o presente e para o cargo “atual”. 1 BORGES-ANDRADE, Jairo. E. ABBAD, Gardênia. S. MOURÃO, Luciana. Treinamento, desenvolvimento e educação em organizações e trabalho: fundamentos para a gestão de pessoas. Porto Alegre, Artmed: 2007. pp.138-140 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 5 86 Desenvolvimento: Trata-se do conjunto de experiências e oportunidades de aprendizagem que a organização proporciona ao indivíduo, com o objetivo de apoiar seu crescimento profissional (sem direcioná-lo a um caminho profissional específico). Em outras palavras, são ferramentas de apoio e estímulo a programas de autodesenvolvimento, tais como os programas de qualidade de vida e os programas de gestão de carreira. Por exemplo: oficinas, cursos, seminários, palestras. Ou seja, o desenvolvimento busca desenvolver competências no indivíduo, com o objetivo de desenvolvê-lo profissionalmente, para que ele seja capaz de utilizar essas competências futuramente (por exemplo, para ocupar outros cargos futuramente na organização). O desenvolvimento tem como foco explorar o potencial de “crescimento” do indivíduo para desempenhar cargos futuros na organização (visa à carreira). É orientado para o futuro e para o indivíduo. Educação: Trata-se do conjunto de eventos educacionais de média e longa duração que tem por objetivo a formação e qualificação profissional contínua dos funcionários. Por exemplo: cursos técnicos profissionalizantes, graduação, especialização, mestrado profissional, doutorado, etc. Conforme se observa, tratam-se de conceitos bastante relacionados que compõem o Sistema de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E) da organização. Educação Desenvolvimento Treinamento Instrução Informação Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 6 86 O processo de Treinamento e Desenvolvimento (processo de T&D) tem as seguintes finalidades2: - Adequar o indivíduo à cultura da organização - Mudar atitudes - Desenvolver Pessoas - Preparar e desenvolver talentos para a organização - Desenvolver as competências dos indivíduos. Ou seja, aprimorar os conhecimentos, as habilidades técnicas e as competências comportamentais dos indivíduos. - Adaptar os indivíduos para lidarem com a modernização da organização - Desfrutar da competência humana - Preparar pessoas para serem remanejadas - Passar informações “adiante” - Reduzir custos na busca por objetivos organizacionais O autodesenvolvimento consiste em um processo consciente de investimento no aprendizado e no desenvolvimento de novas habilidades. Trata-se do indivíduo “assumir a responsabilidade” pelo seu próprio processo evolutivo. O autodesenvolvimento consiste em um processo contínuo de aprimoramento pessoal e profissional e envolve a busca de novos conhecimentos, habilidades e experiências. 1 – Treinamento Conforme vimos, o treinamento consiste em ações educacionais de curta e média duração, que tem por objetivo a melhoria do desempenho funcional do indivíduo. Ou seja, o treinamento é voltado para as tarefas do cargo atual do indivíduo. É orientado para o presente. Nesse sentido, Chiavenato explica que “o treinamento é considerado um meio de desenvolver competências nas pessoas para que elas se tornem mais produtivas, criativas e inovadoras a fim de contribuir melhor para os objetivos organizacionais e se tornar cada vez mais valiosas.” 2 Baseado especialmente em ARAÚJO, Luis César. GARCIA, Adriana Amadeu. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional: edição compacta. ª edição. São Paulo, Atlas: 2014. p.80 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 7 86 Chiavenato reúne alguns conceitos de Treinamento na visão de renomados autores. Vejamos: Treinamento “é o processode desenvolver qualidades nos recursos humanos para habilitá- los a serem mais produtivos e contribuir melhor para o alcance dos objetivos organizacionais. O propósito do treinamento é aumentar a produtividade dos indivíduos em seus cargos influenciando seus comportamentos”.3 Treinamento “é o processo de ensinar aos novos empregados as habilidades básicas de que necessitam para desempenhar seus cargos”.4 Treinamento “é o processo sistemático de alterar o comportamento dos empregados na direção do alcance dos objetivos organizacionais. O treinamento está relacionado com as atuais habilidades e capacidades exigidas pelo cargo. Sua orientação é ajudar os empregados a utilizar com sucesso suas principais habilidades e capacidades”.5 Treinamento “é a experiência aprendida que produz uma mudança relativamente permanente em um indivíduo e que melhora sua capacidade de desempenhar um cargo. Pode envolver uma mudança de habilidades, conhecimento, atitudes ou comportamento. Isso significa mudar o que os empregados conhecem, como eles trabalham, suas atitudes diante do trabalho e suas alterações com os colegas ou supervisor”.6 Treinamento “é o processo educacional de curto prazo e aplicado de maneira sistemática e organizada, pelo qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e competências em função de objetivos previamente definidos”.7 1.1 – Conteúdo do Treinamento e Mudanças de Comportamento Chiavenato explica que o treinamento desencadeia algumas mudanças no comportamento dos indivíduos, a depender do “conteúdo” de cada treinamento. De acordo com o autor, existem 05 tipos de mudanças no comportamento decorrentes do treinamento. Vejamos8: 3 CERTO (1994) apud CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.310 4 CERTO (1994) apud CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.310 5 IVANCEVICH (1995) apud Idib 6 CENZO (1996) apud Idib 7 CHIAVENATO (2010) apud CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.310 LEITURA OBRIGATÓRIA! Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 8 86 ==2c9479== Transmissão de Informações: Busca-se aumentar o conhecimento dos indivíduos. Normalmente, isso é feito através da transmissão de informações gerais sobre a organização, sobre os produtos e serviços da organização, sobre as regras, regulamentos, políticas e diretrizes da organização, etc. Desenvolvimento de Habilidades: Busca-se melhorar as habilidades e a destreza dos indivíduos. Por exemplo: habilitando o indivíduo para manejar equipamentos e máquinas, para executar e operar tarefas, etc. Desenvolvimento de Atitudes (Modificação de Atitudes): Busca-se desenvolver ou modificar o comportamento dos indivíduos. Normalmente, isso é feito através da mudança de atitudes negativas para atitudes mais favoráveis, através da conscientização e sensibilização dos indivíduos com os clientes internos e externos, etc. Desenvolvimento de Conceitos: Busca-se aumentar o nível de “abstração” do indivíduo, para que ele seja capaz de lidar com “ideias” e “conceitos” e pensar de forma mais “ampla” e “global”. Desenvolvimento de Competências: Busca-se criar e desenvolver competências individuais, que estejam alinhadas com os objetivos da organização. Em uma de suas obras, Chiavenato não leva em consideração o último tipo de mudança de comportamento (desenvolvimento de competências). Portanto, a banca poderá cobrar apenas 04 tipos de mudanças no comportamento: - Transmissão de Informações - Desenvolvimento de Habilidades - Desenvolvimento de Atitudes (Modificação de Atitudes) - Desenvolvimento de Conceitos 1.2 – Tipos de Treinamento O treinamento pode ser dividido em 04 tipos9: Treinamento Técnico-operacional: tem por objetivo capacitar o indivíduo a desempenhar atividades e tarefas específicas. É realizado em curto prazo. 8 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.311 9 RIBAS, A. L., SALIM C. R, Gestão de Pessoas para Concursos. Alumnus, Brasília: 2013. Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 9 86 Treinamento de Integração: consiste em ações intensivas de treinamento inicial, destinadas aos novos membros da organização. O objetivo é “familiarizar” e adaptar os novos funcionários com a linguagem, uso, costumes, cultura, normas, padrões de comportamento, estrutura, missão, visão, valores e principais produtos e serviços da organização. Treinamento Gerencial: tem por objetivo desenvolver e integrar as competências técnicas, administrativas e comportamentais do indivíduo. É realizado em longo prazo. Treinamento Comportamental: tem por objetivo desenvolver ou modificar atitudes dos indivíduos. 1.3 – Etapas do Processo de Treinamento 1.3.1 - 04 Etapas (visão de Chiavenato) O treinamento é um processo cíclico e contínuo, composto pelas seguintes etapas: Diagnóstico: trata-se da etapa onde ocorre o levantamento das necessidades (carências) de treinamento. Essas necessidades podem ser passadas, presentes ou futuras. Desenho / Planejamento / Plano Instrucional: trata-se da etapa onde é elaborado o projeto (ou programa) de treinamento, com o objetivo de atender às necessidades anteriormente diagnosticadas. Ou seja, nessa etapa é realizado o desenho do programa de treinamento. É nessa etapa que é realizada a programação do treinamento. Implementação / Aplicação / Execução: trata-se da etapa onde o programa de treinamento é executado e conduzido. Avaliação: trata-se da etapa onde são avaliados os resultados obtidos com o programa de treinamento. Diagnóstico Desenho Implementação Avaliação Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 10 86 Vejamos, a seguir, maiores detalhes sobre cada uma das 04 etapas do processo de treinamento na visão de Chiavenato. 1.4 – Descrição das Etapas do Processo de Treinamento (Chiavenato) 1.4.1 – Diagnóstico (Levantamento das Necessidades de Treinamento) Nessa etapa, busca-se levantar quais são as necessidades de treinamento. Ou seja, busca-se encontrar quais são as “carências” dos funcionários. De acordo com Borges-Andrade, as necessidades de treinamento são descrições de lacunas (gap) de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) no trabalho. O GAP de competências é a diferença entre as “competências necessárias” ao alcance dos objetivos e as “competências atuais” que o indivíduo possui.10 Chiavenato, por sua vez, explica que as necessidades de treinamento “são carências de preparo profissionais das pessoas, ou seja, a diferença entre o que uma pessoa deveria saber e fazer e aquilo que ela realmente sabe e faz”.11 Nesse sentido, as avaliações de necessidades têm por objetivo diagnosticar ou prognosticar as necessidades de treinamento. Ou seja, o levantamento das necessidades pode ser realizado tanto de forma reativa (com o objetivo de levantar as necessidades para “carências atuais”) ou de forma proativa/prospectiva (com o objetivo de levantar possibilidades de melhorias para “cenários futuros”). O levantamento das necessidades de treinamento deve ser realizado de forma contínua (afinal, a “rotatividade” de pessoal, e a constante mutação organizacional, faz com que as carências de treinamento mudem de tempos em tempos). Portanto, a organização deve buscar constantemente identificar as carências e o gap de competências. Pode-sedizer que o treinamento estratégico é aquele em que o levantamento das necessidades de aprendizagem resulta em programas de capacitação alinhados com a estratégia e com valores organizacionais. 05 Níveis de Análise do Levantamento das Necessidades de Treinamento O Levantamento das Necessidades de Treinamento (LNT) pode ser realizado em 05 níveis de análise12: 10 BORGES-ANDRADE, Jairo. E. ABBAD, Gardênia. S. MOURÃO, Luciana. Treinamento, desenvolvimento e educação em organizações e trabalho: fundamentos para a gestão de pessoas. Porto Alegre, Artmed: 2007. p.224 11 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.317 12 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.318 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 11 86 1 - Análise Organizacional (Análise da Organização Total): trata-se da análise realizada a partir do diagnóstico da organização como um todo. Busca-se verificar quais aspectos da missão, da visão e dos objetivos estratégicos organizacionais que o treinamento deve atender. 2 - Análise das Competências Organizacionais Requeridas: trata-se da análise que busca identificar as “competências organizacionais necessárias” ao alcance dos objetivos e as “competências organizacionais atuais” da empresa, com o objetivo de indicar o “gap de competências”. Ou seja, o objetivo é identificar quais competências devem ser adquiridas ou desenvolvidas para o alcance dos objetivos. 3 - Análise dos Recursos Humanos: trata-se da análise realizada a partir do perfil dos funcionários, com o objetivo de determinar quais são os comportamentos, atitudes, conhecimentos e competências necessários para que os indivíduos possam contribuir para o alcance dos objetivos estratégicos da organização. 4 - Análise da Estrutura de Cargos (Análise das Operações e Tarefas): trata-se da análise realizada em relação aos requisitos e especificações dos cargos. Busca-se determinar quais são as habilidades, as destrezas e as competências que os indivíduos devem desenvolver para desempenhar adequadamente as tarefas do cargo. 5 - Análise do Treinamento: trata-se da análise realizada com base nos objetivos e nas metas do próprio treinamento. Ou seja, os objetivos e as metas do próprio treinamento são utilizados como critérios para a avaliação da eficiência e da eficácia do programa de treinamento. Alguns autores consideram apenas 03 níveis: - Análise Organizacional (Análise da Organização Total) - Análise dos Recursos Humanos - Análise da Estrutura de Cargos (Análise das Operações e Tarefas) 03 Níveis de Análise do Levantamento das Necessidades de Treinamento (visão de Goldstein) De acordo com Goldstein, existem 03 tipos (níveis) de análises que devem ser realizadas, sequencialmente, para o diagnóstico das necessidades. Vejamos, na ordem, quais são essas análises:13 13 Goldstein (1991) apud MENESES, Pedro P. M. Treinamento e desempenho organizacional: contribuição dos modelos lógicos e do método quase-experimental para avaliações de ações educacionais. Análise, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 180-199, jan./jun. 2007. Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 12 86 1° – Análise organizacional: contempla a identificação dos resultados organizacionais a serem afetados pelo treinamento, bem como das condições ambientais capazes de interferir na execução do programa de T&D, e na observação dos efeitos da ação educacional. Contempla aspectos da estrutura, da estratégia e da cultura organizacional. 2° – Análise de tarefas (Análise de operações e tarefas): são descritas as atividades e as condições sobre as quais estas atividades são realizadas, bem como os conjuntos de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) requeridos dos indivíduos para o bom desempenho do trabalho. Envolve aspectos como processos de trabalho, espaços ocupacionais e cargos. 3° – Análise individual: momento em que a organização identifica o repertório “atual” de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes existentes na organização, com o objetivo de identificar as “lacunas” de CHAs (gap de competências) que justificam a participação de indivíduos, ou mesmo grupos de trabalho, em uma determinada ação educacional. Ferramentas de Diagnóstico O levantamento das necessidades de treinamento pode ser realizado com o apoio de diversas ferramentas, tais como: - Questionários - Formulários de Avaliação de Desempenho dos Funcionários - Observação Direta “in loco” dos trabalhos realizados - Análise de Cargos - Entrevistas com os Funcionários - Entrevistas com Gestores/Chefes - Reuniões entre departamentos - Aplicação de testes e exames. - Relatórios - Solicitação direta do funcionário ou do Gestor (Chefia) Indicadores de Necessidade de Treinamento Além do método de levantamento de necessidades, Chiavenato explica que existem alguns indicadores que apontam a existência da necessidade de realizar o treinamento. Esses indicadores podem ser a priori ou a posteriori. Vejamos14: Indicadores a priori: são eventos que, se acontecerem, irão provocar necessidades futuras de treinamento. Por exemplo: 14 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.318 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 13 86 - Expansão da organização - Admissão de novos funcionários - Redução do número de funcionários Indicadores a posteriori: são problemas que indicam a necessidade “atual” de treinamento. Em outras palavras, indicam problemas decorrentes de necessidades de treinamento já existentes. Por exemplo: - Problemas de produção, tais como: -baixa qualidade da produção -baixa produtividade - Problemas de pessoal, tais como: -relações deficientes entre o pessoal -número excessivo de queixas -mau atendimento ao cliente 1.4.2 – Desenho do Programa de Treinamento Trata-se da etapa onde é realizado o planejamento das ações de treinamento. O programa de treinamento deve ter objetivos instrucionais específicos e bem definidos. De acordo com Chiavenato, a etapa de desenho do programa de treinamento envolve a definição de 07 ingredientes básicos15: -Quem deve ser treinado -Como treinar -Em que treinar -Por quem treinar -Onde treinar -Quando treinar -Para que treinar 1.4.3 – Implementação (Aplicação / Execução) É nessa etapa que o programa de treinamento é executado e conduzido. Trata-se de colocar em prática tudo aquilo que foi planejado. Essa etapa inclui desde a divulgação do treinamento aos funcionários até a realização, de fato, do treinamento. O treinamento pode ser realizado por meio da utilização de diversas técnicas de treinamento. Mais à frente, nessa aula, veremos os principais tipos e técnicas de treinamento. 15 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.319 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 14 86 1.4.4 – Avaliação A avaliação tem por objetivo verificar a eficiência, a eficácia e a efetividade do programa de treinamento. Busca-se avaliar se o treinamento realmente atendeu às necessidades da organização, dos indivíduos e dos clientes. Trata-se da etapa onde são avaliados os resultados obtidos com o programa de treinamento. Medidas para Avaliação De acordo com Chiavenato, as principais medidaspara avaliar o treinamento são16: Custo: qual foi o valor investido no programa de treinamento? Qualidade: como o programa atendeu às expectativas? Serviço: o programa atendeu às necessidades dos participantes? Rapidez: como o programa se ajustou aos novos desafios oferecidos? Resultados: quais foram os resultados obtidos com o programa? Resultados Esperados com os Programas de Avaliação (Indicadores) De acordo com Chiavenato, a avaliação dos programas de treinamento pode ser feita em 04 níveis: Organizacional; Recursos Humanos; dos Cargos; de Treinamento. O que se espera, é que os programas de treinamento proporcionem resultados positivos em cada um desses níveis. Vejamos, a seguir, os principais resultados esperados em cada um desses níveis (resultados que, consequentemente, devem ser avaliados – funcionam como indicadores)17: Avaliação no nível organizacional: -Aumento da eficácia organizacional. -Melhora da imagem da empresa. -Melhora do clima organizacional. -Melhor relacionamento entre empresa e funcionários. 16 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.327 17 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.329 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 15 86 -Melhor atendimento ao cliente. -Facilidade de mudanças e inovação. -Aumento da eficiência. -Envolvimento dos gerentes nas práticas de treinamento. Avaliação no nível de recursos humanos: -Redução da rotatividade e absenteísmo do pessoal. -Aumento da eficácia individual e grupal dos empregados. -Elevação dos conhecimentos das pessoas. -Mudanças de atitudes e comportamentos das pessoas. -Aumento das competências das pessoas. -Melhora da qualidade de vida no trabalho (QVT). Avaliação no nível dos cargos: -Adequação das pessoas aos requisitos exigidos pelos cargos. -Melhora do espírito de grupo e da cooperação. -Aumento da produtividade. -Melhora da qualidade. -Redução do índice de acidentes no trabalho. -Redução do índice de manutenção de máquinas e equipamentos. Avaliação no nível de treinamento: -Alcance dos objetivos do treinamento. -Retorno dos investimentos efetuados em treinamento. Vale dizer, ainda, que programas de treinamento relacionados à diversidade, atualmente utilizados em diversas organizações, trazem benefícios à comunicação, às relações sociais, ao desempenho individual e organizacional e à equidade no ambiente de trabalho.18 Modelo de Avaliação de Kirkpatrick (04 níveis de avaliação) De acordo com Kirkpatrick existem 04 níveis de resultados que devem ser considerados na avaliação do programa de treinamento19: 1 - Reação (Satisfação): é o “teste do sorriso” ou reação do aprendiz. Mede a satisfação dos participantes quanto à experiência do treinamento. São avaliados aspectos como: se o 18 CEBRASPE (2020) 19 KIRKPATRICK (1998) apud CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.328 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 16 86 instrutor atraiu a atenção do grupo, se o participante gostou dos exercícios, se a sala é confortável e se o participante recomendaria o treinamento a outras pessoas. 2 - Aprendizado (Aprendizagem): avalia o treinamento quanto ao nível de aprendizagem. Ou seja, busca-se avaliar se o participante adquiriu novas habilidades e conhecimentos e se mudou suas atitudes e comportamentos em função do treinamento. 3 - Impacto no comportamento (Impacto no desempenho / aplicação): avalia o impacto no trabalho, gerado pelas novas habilidades de aprendizagem e pela adoção de novas atitudes que mudam o comportamento. As mudanças de comportamento podem ser avaliadas por métodos como a observação direta, a avaliação 360° ou pesquisas com os funcionários. Se não há mudanças comportamentais, então o treinamento não está funcionando conforme o esperado (ou há algo “estranho” no programa de treinamento). Quando o colaborador retorna ao ambiente de trabalho, muitos fatores em conjunto podem apoiar a mudança comportamental, tais como: o papel de apoio do gerente e; um clima organizacional favorável que facilite e incentive a adoção de um novo comportamento. 4 - Impacto nos resultados da organização: trata-se de medir o impacto do treinamento nos resultados do negócio. O treinamento pode reduzir custos operacionais, aumentar a lucratividade, diminuir a rotatividade ou reduzir o tempo de ciclo quando tem um propósito definido nesse sentido. O treinamento também pode gerar valor e criar vantagens competitivas para a organização. Posteriormente (com base nas ideias de Phillips), foi incluído um quinto nível na avaliação do programa treinamento: 5 - Retorno do investimento (Return on Investment - ROI): Significa o valor que o treinamento agregou à organização em termos de retorno sobre o investimento. *Fique atento: A banca poderá ou não considerar esse 5° nível no modelo de Kirkpatrick. Conforme explica Borges-Andrade, “a literatura especializada tem mostrado que os relacionamentos entre esses níveis nem sempre são significativos ou estão na direção tradicionalmente prevista”. 20 Em outras palavras, cada um desses níveis é indicador do sucesso no treinamento. Contudo, não se pode afirmar que há qualquer correlação entre eles. 20 BORGES-ANDRADE, Jairo. E. ABBAD, Gardênia. GAMA, Ana L. G.. Treinamento: análise do relacionamento da avaliação nos níveis de reação, aprendizagem e impacto no trabalho. Rev. adm. contemp. vol.4 no.3 Curitiba Sept./Dec. 2000 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 17 86 Modelo de Avaliação de Phillips (05 níveis de avaliação) Phillips, por sua vez, propõe um modelo composto por 05 níveis de avaliação21: Reação, Satisfação, e planejamento de ação: Mede a satisfação dos participantes, e também a intenção de como os participantes planejam aplicar no trabalho o que aprenderam com o treinamento. Aprendizado (Aprendizagem): O foco deste nível está em medir o que os participantes aprenderam durante o programa. Aplicação no trabalho: Neste nível de avaliação são utilizados vários métodos de acompanhamento, para verificar se os participantes aplicaram no trabalho o que eles aprenderam com o treinamento. Resultados empresariais (Impacto): São medidas focalizadas nos resultados atuais alcançados pelos participantes do programa de treinamento, e se os conhecimentos adquiridos no programa foram aplicados com êxito. Ou seja, busca-se mensurar o quanto os resultados organizacionais foram impactados pelo programa de treinamento. Em outras palavras, busca-se avaliar a efetividade do programa de treinamento. São utilizadas medidas como: produção, qualidade, custos e satisfação do cliente. Retorno do investimento (ROI): O objetivo, neste nível, é comparar os benefícios monetários do programa com os custos do programa de treinamento. Busca-se identificar a relação custo x benefício do programa de treinamento. 1.5 – Técnicas de Treinamento 1.5.1 - Classificação das Técnicas de Treinamento De acordo com Chiavenato, as técnicas de treinamento podem ser classificadas da seguinte maneira22: Classificação Quanto ao Uso Técnicas Orientadas para o Conteúdo: essas técnicas são utilizadas para transmitir informações e conhecimentos. Por exemplo: Leitura, instrução programada, instrução assistida por computador, utilização de recursos audiovisuais, etc. 21 PHILLIPS (2003) apud SGARBI, Paula V.M. M. OLIVA, Eduardo C. SILVA, Laércio B. Retorno do Investimento em Treinamento — Uma Abordagem de Múltiplos Casos. EnANPAD. Rio de Janeiro, Setembro de 2008. 22 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.324 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 18 86 Técnicas Orientadas para o Processo: essas técnicas são utilizadas para alterar atitudes e comportamentos, bem como desenvolver as habilidades interpessoais dos indivíduos. Tratam-se de técnicas que buscam influenciar a mudança de comportamento ou atitude dos indivíduos. Ou seja, é o próprio “processo de treinamento” que traz o aprendizado. Por exemplo: dramatização (role-playing), treinamento de grupos, treinamento da sensitividade, etc. Técnicas Mistas (orientadas para o Conteúdo e para o Processo): são técnicas que misturam as duas abordagens anteriores. Ou seja, além de transmitirem informações e conhecimentos, também buscam alterar atitudes e comportamentos dos indivíduos e desenvolver suas habilidades interpessoais. Por exemplo: estudos de casos, jogos, simulações, conferências e técnicas on the job. Classificação Quanto ao Tempo Técnicas utilizadas Antes do Ingresso na Empresa: são técnicas utilizadas para o treinamento dos novos funcionários. Por exemplo: programa de indução, treinamento de integração. Técnicas utilizadas Após o Ingresso na Empresa: são técnicas utilizadas para funcionários que já fazem parte da organização. Por exemplo: treinamento no local de trabalho (treinamento em serviço) e treinamento fora do local de trabalho. Classificação Quanto ao Local Técnicas utilizadas no Local de Trabalho: são técnicas utilizadas no próprio local de trabalho. O funcionário “aprende na prática”. Ou seja, o treinamento no local de trabalho é realizado durante a execução das tarefas, não sendo necessário “retirar” o funcionário do local de trabalho. Normalmente, esse tipo de treinamento propicia um maior aprendizado. Por exemplo: treinamento em tarefas, rodízio de cargos, enriquecimento de cargos, orientação da chefia, participação em grupos e comitês, etc. Técnicas utilizadas Fora do Local de Trabalho: são técnicas utilizadas fora do local de trabalho. Ou seja, o treinamento é realizado em um local “específico”, devidamente preparado para o treinamento. A vantagem desse tipo de treinamento é que o indivíduo treinado dedica uma “maior atenção” ao treinamento. Por exemplo: aulas, filmes, vídeos, palestras, painéis, estudos de caso, dramatização, seminários, simulações, jogos empresariais, debates/discussão em grupo, etc. Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 19 86 1.5.2 - Técnicas de Treinamento Individual As principais técnicas de treinamento individual são as seguintes23: Treinamento no Cargo / Treinamento no Serviço (On the job training): Por não exigir equipamentos ou ambientes “específicos”, é uma técnica muito utilizada pelas organizações. Aqui, o funcionário “aprende na prática”, enquanto executa as suas tarefas diárias. Treinamento em Classe: Nessa técnica, o treinamento é realizado dentro de uma sala de aula, com a presença de um instrutor/treinador (que transmite o conteúdo do treinamento). Trata-se de uma técnica bastante utilizada pelas organizações. Treinamento de Aprendizagem: Essa técnica envolve a combinação da aprendizagem “formal” de longo prazo com o treinamento no cargo. Busca-se obter as vantagens de ambas as técnicas, com o objetivo de desenvolver trabalhadores qualificados. Leitura: é uma técnica muito utilizada para transmitir informações e conhecimentos ao indivíduo. Consiste em uma técnica na qual o instrutor lê o conteúdo a um grupo de ouvintes (treinandos). A técnica de leitura envolve uma via de “mão única”. A vantagem é que o instrutor (leitor) consegue expor aos treinandos uma boa quantidade de informação em um período específico de tempo. Contudo, uma desvantagem é que, por ser uma via de “mão única”, os treinandos adotam uma postura passiva (portanto, apesar de ser uma técnica adequada para a “transmissão” de informações; é uma técnica inadequada para promover mudanças de atitudes e comportamentos). Instrução Programada: trata-se de uma técnica que não requer a presença de instrutores. Essa técnica consiste em transmitir pequenas partes das informações individualmente aos treinandos (geralmente, na forma de questões de múltipla escolha), e o treinando responde essas perguntas, com o objetivo de avaliar se ele entendeu o conteúdo e a informação. Em outras palavras, a instrução programada consiste em “segregar” o conteúdo a ser transmitido em diversas pequenas “partes” logicamente encadeadas. A transmissão do conteúdo é realizada sem a condução ou orientação do instrutor. A vantagem é que essa técnica pode ser realizada através do computador, e o treinando pode aprender em qualquer horário e local. Essa técnica também é conhecida como autoinstrução (ou aprendizagem autodirigida). Existem dois sistemas de instrução programada24: 23 Baseado especialmente em CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. pp.325-326 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 20 86 Sistema Linear (extrínseco): parte do princípio de que o processo de aprendizagem dos treinandos é inibido por erros. Desta forma, esse sistema utiliza um esquema que tem sucessivos elementos das lições, utilizando pequenas e repetitivas informações. Sistema Ramificado (intrínseco): tem por característica lições maiores e mais complexas, demandando maior esforço do treinando para assimilação das informações. Treinamento à distância: Trata-se de uma técnica bastante utilizada na atualidade. O treinando tem acesso ao material de ensino e estuda “sozinho”, fora do local de trabalho. Requer bastante disciplina por parte do treinando. É considerada uma técnica de autodesenvolvimento. Treinamento Baseado em Computador (Computer-based training – CBT): trata-se de uma técnica de treinamento que utiliza a Tecnologia da Informação. Pode ser realizada através de CDs, DVDs e multimídias (como gráficos, animações, filmes, áudio e vídeos). E-learning (online training / web-based training – WBT): técnica que utiliza tecnologias da internet (rede de computadores) para entregar uma ampla variedade de soluções que aumentem o desempenho e o conhecimento das pessoas. A vantagem é que o treinando pode realizar o treinamento em qualquer lugar que possua o acesso à internet. Rodízio de Funções: Consiste em uma “rotatividade interna”, possibilitando que o treinando passe por diversos setores e cargos da organização (independente da similaridade com o seu cargo). Busca-se que o treinando adquira um maior “entrosamento” e assimile conteúdos diversos. O rodízio de funções fornece ao treinando uma visão holística (global) da organização. 1.5.3 - Técnicas de Treinamento Coletivo De acordo com Mello, as principais técnicas de treinamento coletivo são as seguintes25: Reunião de debates (Técnica de Discussão): Trata-se de uma reunião onde são debatidos e discutidos problemas de formação e qualificação inerentes ao trabalho. É uma técnica recomendada para obtenção e assimilação de teoria, conceitos e mudança de comportamento. É mais recomentada para grupos pequenos. A discussão requer aptidões, criatividade e preparação. Por isso, não é aconselhável utilizá- la para treinar funcionários recém-chegados na organização. 24 MELLO, Luciana H. F. Uma avaliação do impacto do treinamento na produtividade dotrabalho. Rio de Janeiro, FGV: Dezembro de 2009. 25 MELLO, Luciana H. F. Uma avaliação do impacto do treinamento na produtividade do trabalho. Rio de Janeiro, FGV: Dezembro de 2009. pp. 42-45 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 21 86 Demonstração: Pode ser utilizada tanto para o treinamento grupal (mais comum) quanto para o treinamento individual. Trata-se de uma técnica que tem por objetivo apresentar “na prática” tudo o que foi visto “na teoria”. Nesta técnica, o treinador demonstra a operação a ser realizada em diversas etapas; posteriormente, a operação é executada pelos treinandos. Dramatização (Representação de Papéis): Baseia-se em uma representação dramatizada (uma espécie de “teatro”) da situação real de trabalho. É empregada especialmente em situações que envolvam tarefas que lidem com o público. Os participantes adotam cargos fictícios, simulando possíveis soluções. Brainstorming: O Brainstorming, também chamado de “Tempestade de Ideias” (“Tempestade Cerebral”), é uma ferramenta utilizada com o objetivo de criar alternativas criativas para solução de problemas ou para o aproveitamento de oportunidades. Essa técnica consiste em reunir um grupo de pessoas para que elas exponham suas opiniões, ideias ou sugestões. Os participantes são estimulados e incentivados a produzir, sem qualquer crítica ou censura, o maior número de ideias e sugestões sobre determinado assunto ou problema.26 No treinamento, essa técnica estimula tanto a “criatividade” dos indivíduos, quanto aprimora a habilidade de ouvir, pois somente depois de ouvidas as ideias é que elas poderão ser associadas aos problemas em questão. Estudo de Caso: Tratam-se de discussões organizadas e sistemáticas de casos da vida real. Portanto, é necessário que tenha ocorrido alguma situação específica (como um acontecimento real na empresa), de forma a proporcionar “conteúdo” para discussão. Busca-se, através da discussão, estudar o caso para encontrar possíveis soluções. Vale destacar que nem sempre existe apenas uma solução correta para o caso apresentado. O que se busca, na verdade, é induzir os treinandos a buscarem as melhores alternativas, a partir de experiências e conhecimentos. Painel: Essa técnica consiste na reunião de especialistas (entre 03 e 06), que “discutem” assuntos específicos, sob a supervisão de um instrutor. Enquanto isso, um grupo de pessoas assiste às discussões. Simpósio: Trata-se de uma técnica bastante semelhante ao painel. No Simpósio, 02 ou mais especialistas analisam assuntos específicos. Contudo, a diferença em relação ao painel, é que o Simpósio possui um caráter mais formal, cujo propósito é direcionar, aos participantes, trabalhos de pesquisa e reflexão. 26 CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos: os novos horizontes em administração, 3ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.263 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 22 86 Jogo de Empresas (Jogos Administrativos / Jogos de Negócios): Essa técnica utiliza uma simulação frente às situações do trabalho. Os jogos de empresas possuem regras e envolvem 02 ou mais participantes. O dinamismo é uma das principais vantagens do Jogo de Empresas. Nesse processo, os treinandos costumam tomar vários tipos de decisões que normalmente não seria possível tomar em outros casos. Vale destacar que não existem decisões “certas” ou “erradas”. Ou seja, o treinando não é “castigado” caso tome alguma decisão impensada ou precipitada. O que se busca é estimular o olhar do treinando sob novas perspectivas e novos ângulos, para que ele seja capaz de utilizar outras estratégias. 1.6 – Desenho Instrucional – Modelo ADDIE O Desenho Instrucional, Projeto Instrucional ou Design Instrucional (DI) consiste em um “recurso de planejamento destinado a garantir o desenvolvimento de atividades de aprendizagem de forma sistemática e coerente. Por seu intermédio, é possível estabelecer os princípios, os objetivos e os métodos de ensino mais adequados à intervenção pretendida. Para tanto, é necessária a aplicação de modelos de análise que permitam identificar, tipificar e resolver os problemas que interferem no desempenho.”27 O Desenho Instrucional pode ser definido, ainda, como o “processo em que o conhecimento sobre como as pessoas aprendem é aplicado para traçar estratégias que atendam às necessidades dos aprendizes e aos resultados almejados na capacitação.”28 Conforme ensinam Smith e Regan, o DI (Desenho Instrucional, Design Instrucional ou Projeto Instrucional) consiste no “processo sistemático e reflexivo de traduzir princípios de cognição e aprendizagem para o planejamento de materiais didáticos, atividades, fontes de informação e processos de avaliação”.29 Filatro et al, por sua vez, explicam que o Design Instrucional (DI) consiste no “processo (conjunto de atividades) de identificar um problema (uma necessidade) de aprendizagem e desenhar, implementar e avaliar uma solução para esse problema”. De maneira mais prática, trata-se de “uma sequência de etapas que permitem construir soluções variadas – seja um curso, um 27 Desenho de Cursos: introdução ao modelo ADDIE. Módulo 1 – O Modelo DSI. Fundação Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. 2015. pp. 5-7 28 Apostila Didática para Facilitadores de Aprendizagem. Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. Brasília, 2017. p. 34 29 Smith e Regan (1999) apud Tractenberg, Régis. O Design Instrucional e suas etapas. Curso Teoria e Prática do Design Instrucional. Setembro de 2015. p. 1 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 23 86 programa de estudos, uma trilha de aprendizagem, um vídeo educativo, um tutorial multimídia, um livro didático impresso ou digital – para necessidades educacionais específicas.”30 De acordo com Smith e Regan, dentre as vantagens do Desenho Instrucional podem-se citar31: - Manter o foco do processo de ensino-aprendizagem no aluno; - Integrar o trabalho de designers instrucionais, designers gráficos, instrutores, gerentes e outros profissionais por meio de um processo de trabalho sistemático; - Facilitar o desenvolvimento de soluções alternativas às práticas usuais em um determinado campo de ensino; - Levar à convergência dos objetivos, atividades e avaliações. Existem modelos “menos abrangentes” de DI, que, muitas vezes, podem se concentrar apenas na análise de necessidades e no desenho instrucional, e existem modelos “mais abrangentes” (sistêmicos). “Os modelos mais abrangentes, que podem combinar diferentes estratégias ou opções de DI, auxiliam os processos de decisão em contextos de elevada complexidade e mudança, permitindo determinar para quem, quando e como um programa de capacitação deve ser realizado. Esses modelos sistêmicos permitem a visão geral do processo de aprendizagem e as correções necessárias para garantir a sua efetividade e adequam-se particularmente às intervenções realizadas nos ambientes de trabalho.” 32 Portanto, os modelos sistêmicos visam o processo educativo em sua totalidade, ressaltando-se, inclusive, a aplicação das avaliações formativas (que ocorrem “durante” a implementação, ou seja, durante o processo) e somativas (que ocorrem “após” a implementação, para avaliar o “resultado”) como meios para assegurar a correção do processo e o alcance dos objetivos.33 Um dos modelos sistêmicos mais simples e mais utilizados de Desenho Instrucional é o Modelo ADDIE, acrônimo derivado do nome de suas etapas, em inglês: Analize (Analisar / Análise); Design (Desenhar / Planejar / Desenho); Develop (Desenvolver / Desenvolvimento); Implement (Implementar / Implementação)e; Evaluate (Avaliar / Avaliação). 34 30 FILATRO, Andrea C.; JÚNIOR, Delmir Peixoto de A.; CAVALCANTI, Carolina C.; et al. Design instrucional 4.0. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2019. E-book. ISBN 9788571440586. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440586/. Acesso em: 21 jan. 2024. p. 27 31 Smith e Regan (1999) apud Tractenberg, Régis. O Design Instrucional e suas etapas. Curso Teoria e Prática do Design Instrucional. Setembro de 2015. pp. 1-2 32 Apostila Didática para Facilitadores de Aprendizagem. Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. Brasília, 2017. p. 35 33 Desenho de Cursos: introdução ao modelo ADDIE. Módulo 1 – O Modelo DSI. Fundação Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. 2015. pp. 5-7 34 O esquema a seguir foi adaptado de Desenho de Cursos: introdução ao modelo ADDIE. Módulo 1 – O Modelo DSI. Fundação Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. 2015. pp. 5-7 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 24 86 Esse Modelo também é conhecido como Instructional System Design (ISD) / Desenho de Sistema Instrucional (DSI). Cada fase desse Modelo “inclui diversas atividades e resultados que subsidiam as fases seguintes de forma integrada. A eliminação de uma fase pode comprometer as demais no que se refere à visão sistêmica e terá implicações nos resultados do processo educacional. A complexidade de cada fase dependerá dos problemas a serem enfrentados e do nível de capacitação exigido.” 35 Vejamos, a seguir, as etapas do Desenho Instrucional por meio do Modelo ADDIE: 1 – Analisar (Analize) Trata-se da etapa em que se busca examinar e descrever o “problema instrucional” a ser solucionado. O “problema instrucional” consiste na diferença entre o “desempenho atual” (ou seja, como está agora) e o “desempenho desejado” para determinado público-alvo (ou seja, o que se busca alcançar). Em outras palavras, a fase de análise “compreende o diagnóstico da situação ou identificação dos problemas de desempenho que poderão demandar uma intervenção de capacitação.”36 De acordo com documento da ENAP, na etapa de Análise são observados os seguintes aspectos37: 35 Desenho de Cursos: introdução ao modelo ADDIE. Módulo 1 – O Modelo DSI. Fundação Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. 2015. pp. 5-7 36 Desenho de Cursos: introdução ao modelo ADDIE. Módulo 1 – O Modelo DSI. Fundação Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. 2015. pp. 5-7 Análise Desenho Desenvolvimento Implementação Avaliação Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 25 86 a) natureza dos problemas de desempenho; b) contexto no qual as necessidades de capacitação se originam; c) desempenhos que devem ser objeto da capacitação; d) tipo de processo educacional a ser adotado; e) definição do público-alvo; f) cronograma e custos do projeto de capacitação; Outros autores acrescentam à etapa de análise, ainda, os seguintes aspectos38: g) identificação das necessidades de aprendizagem; h) análise dos objetivos: o que os aprendizes devem se tornar capazes de fazer?; e i) levantamento das potencialidades e restrições institucionais. 2 – Desenhar / Planejar (Design) Trata-se da etapa em que são determinadas as estratégias que serão aplicadas para enfrentar o “problema instrucional”, com o objetivo de estimular as aprendizagens que foram identificadas como necessárias. A etapa de Design abrange “o desenho de uma solução geral que, uma vez aprovada, é detalhada em termos de mapeamento e sequenciamento de conteúdos, estratégias e atividades de aprendizagem, seleção de mídias e ferramentas e instrumentos de avaliação a serem elaborados.”39 Portanto, na etapa de Desenho são definidos os objetivos de aprendizagem, os conteúdos e sua sequência e estrutura lógica. 37 Desenho de Cursos: introdução ao modelo ADDIE. Módulo 1 – O Modelo DSI. Fundação Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. 2015. pp. 5-7 38 Com base em FILATRO, Andrea C.; JÚNIOR, Delmir Peixoto de A.; CAVALCANTI, Carolina C.; et al. Design instrucional 4.0. Editora Saraiva, 2019. p. 27 e Tractenberg, Régis. O Design Instrucional e suas etapas. Curso Teoria e Prática do Design Instrucional. Setembro de 2015. pp. 1-2 39 FILATRO, Andrea C.; JÚNIOR, Delmir Peixoto de A.; CAVALCANTI, Carolina C.; et al. Design instrucional 4.0. Saraiva, 2019. p. 27 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 26 86 De acordo com documento da ENAP, na etapa de Desenho destacam-se os seguintes aspectos40: a) objetivos da aprendizagem; (obs: conforme vimos, outros autores enquadram os “objetivos” na etapa de Análise. Portanto, fique atento!) b) conteúdos adequados aos desempenhos desejados; c) pré-requisitos para a aprendizagem; d) sequência da aprendizagem; Outros autores acrescentam que na etapa de Design deve-se definir41: e) Os tipos de habilidades e conhecimentos que devem ser aprendidos; f) As estratégias e atividades mais adequadas para promover os diferentes tipos de aprendizagem; g) Forma de motivar os aprendizes; h) Metodologias, mídias e ferramentas mais adequadas a serem utilizadas; i) Mapeamento e sequenciamento de conteúdos; j) Instrumentos de avaliação a serem elaborados. 3 – Desenvolver (Develop) Trata-se da fase que envolve o “momento da definição, dentre outros elementos, das estratégias de ensino, dos recursos didáticos, das ferramentas e tecnologias, das modalidades de avaliação, da preparação dos docentes que deverão atuar no processo das atividades do aprendiz, além da finalização e da análise da coerência do que foi concebido nas fases anteriores.”42 40 Desenho de Cursos: introdução ao modelo ADDIE. Módulo 1 – O Modelo DSI. Fundação Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. 2015. pp. 5-7 41 Com base em FILATRO, Andrea C.; JÚNIOR, Delmir Peixoto de A.; CAVALCANTI, Carolina C.; et al. Design instrucional 4.0. Editora Saraiva, 2019. p. 27 e Tractenberg, Régis. O Design Instrucional e suas etapas. Curso Teoria e Prática do Design Instrucional. Setembro de 2015. pp. 1-2 42 FILATRO, Andrea C.; JÚNIOR, Delmir Peixoto de A.; CAVALCANTI, Carolina C.; et al. Design instrucional 4.0. Editora Saraiva, 2019. p. 27 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 27 86 É na fase de desenvolvimento que são criados os materiais instrucionais e as atividades de aprendizagem, são capacitados os professores, bem como são adquiridos eventuais equipamentos e recursos didáticos necessários. De acordo com documento da ENAP, na etapa de Desenvolvimento observam-se os seguintes aspectos43: a) caracterização das atividades educacionais; b) seleção dos recursos didáticos; c) revisão do material existente; d) formatação do programa de capacitação (currículo do curso); e) seleção dos conteudistas; f) definição do corpo docente e de suas atribuições; g) teste de validação da capacitação. Trata-se da fase que compreende, portanto, “a produção e a adaptação de recursos e materiais didáticos impressos e/ou digitais a parametrização de ambientes virtuais e a preparação dos suportes pedagógico, tecnológico e administrativo.” 44 Busca-se verificar se os produtos em desenvolvimento estão de acordo com o plano instrucional e como podem ser melhorados antes de sua implementação. 45 4 – Implementar (Implement) A fase de Implementação (Implantação) consiste no “momento de execução da capacitação e, para tanto, é necessário prover os elementos de infraestruturanecessários. Essa etapa envolve, além da capacitação propriamente dita, a estrutura física e administrativa exigida pela proposta pedagógica. O coordenador responsável deve observar a adequação desses recursos às exigências 43 Desenho de Cursos: introdução ao modelo ADDIE. Módulo 1 – O Modelo DSI. Fundação Escola Nacional de Administração Pública. ENAP. 2015. pp. 5-7 44 FILATRO, Andrea C.; JÚNIOR, Delmir Peixoto de A.; CAVALCANTI, Carolina C.; et al. Design instrucional 4.0. Editora Saraiva, 2019. p. 27 45 Tractenberg, Régis. O Design Instrucional e suas etapas. Curso Teoria e Prática do Design Instrucional. Setembro de 2015. pp. 1-2 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 28 86 do processo educacional para garantir a fluidez das atividades e o alcance adequado dos objetivos.” 46 Trata-se, portanto, da “experiência de aprendizagem” propriamente dita, ou seja, o momento em que ocorre a aplicação da proposta de Desenho Instrucional. 47 Em outras palavras, é nesta fase em que a instrução é oferecida aos aprendizes conforme definido no plano instrucional. Tractenberg destaca que, com o objetivo de realizar ajustes e correções, é comum que a instrução seja oferecida a um “grupo-piloto” (grupo de “testes”), antes de aplicá-la em grande escala.48 5 – Avaliar (Evaluate) De acordo com documento da ENAP, a última fase consiste, basicamente, em uma “constante em todo o processo educacional. A avaliação permite rever cada fase e analisar a eficácia da capacitação. Essa fase pode envolver, inclusive, avaliações formativas e somativas, que permitam averiguar a adequação dos conteúdos, dos recursos didáticos e o grau de aprendizagem dos alunos. Por intermédio da avaliação é possível corrigir desvios ou estabelecer novos roteiros que sejam mais adequados aos objetivos de aprendizagem. Em suma, a avaliação permite o aperfeiçoamento contínuo do processo de ensino ou capacitação.” Nesse mesmo sentido, Filatro el tal explicam que se trata de uma “etapa transversal que ocorre ao longo de todo o processo de construção da solução educacional.”49 Tractenberg, por sua vez, explica que é na fase de Avaliação que os resultados da instrução são analisados em sua efetividade, comparando-se com os objetivos propostos inicialmente, tratando- se, portanto, de uma avaliação somativa. Com base nos resultados, os processos e os materiais didáticos podem ser revisados e melhorados para as próximas implementações. 50 Vejamos, a seguir, um esquema adaptado do documento da ENAP, que apresenta, de forma resumida, as fases do Desenho de Sistema Instrucional (DSI) e as respectivas definições. 46 FILATRO, Andrea C.; JÚNIOR, Delmir Peixoto de A.; CAVALCANTI, Carolina C.; et al. Design instrucional 4.0. Editora Saraiva, 2019. p. 27 47 FILATRO, Andrea C.; JÚNIOR, Delmir Peixoto de A.; CAVALCANTI, Carolina C.; et al. Design instrucional 4.0. Editora Saraiva, 2019. p. 27 48 Tractenberg, Régis. O Design Instrucional e suas etapas. Curso Teoria e Prática do Design Instrucional. Setembro de 2015. pp. 1-2 49 FILATRO, Andrea C.; JÚNIOR, Delmir Peixoto de A.; CAVALCANTI, Carolina C.; et al. Design instrucional 4.0. Editora Saraiva, 2019. p. 27 50 Tractenberg, Régis. O Design Instrucional e suas etapas. Curso Teoria e Prática do Design Instrucional. Setembro de 2015. pp. 1-2 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 29 86 ESQUEMATIZANDO! Necessidades de Capacitação Fase 1 – Análise Análise do contexto Inventário de tarefas Seleção de tarefas Definição de medidas de desempenho Escolha de diretrizes instrucionais Estimativa de custos da capacitação Fase 2 – Desenho Definição de objetivos Definição das etapas de aprendizagem Definição de testes Definição de pré-requisitos Definição da sequência e estrutura Fase 3 – Desenvolvimento Definição das atividades do aprendiz Seleção dos recursos instrucionais Revisão do material existente Desenvolvimento da instrução Síntese (Definição do programa de capacitação) Teste de validade da instrução Fase 4 – Implementação Plano de gestão da capacitação (Infraestrutural) Condução da capacitação Fase 5 – Avaliação Avaliação interna do processo (fases) Avaliação externa do processo (impacto) Revisão do programa e aperfeiçoamento Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 30 86 2 – Desenvolvimento Conforme vimos, o desenvolvimento tem por objetivo apoiar o crescimento profissional do indivíduo. Ou seja, o que se busca é desenvolver competências no indivíduo, com o objetivo de desenvolvê-lo profissionalmente, para que ele seja capaz de utilizar essas competências futuramente. Portanto, o foco do desenvolvimento é relacionado à orientação para o futuro do funcionário. Ou seja, o foco é no crescimento pessoal e profissional do indivíduo, e visa à carreira (e não o “cargo atual”). O desenvolvimento tem por objetivo desenvolver os funcionários, com o objetivo de que eles se tornem recursos intelectuais mais “valiosos” para a organização. Conforme explica Chiavenato, o desenvolvimento pessoal “são as experiências não necessariamente relacionadas com o cargo atual, mas que proporcionam oportunidades para desenvolvimento e crescimento profissional.”51 2.1 – Métodos / Técnicas de Desenvolvimento de Pessoas Existem diversos métodos / técnicas de desenvolvimento de pessoas. Conforme explica Chiavenato, existem métodos de desenvolvimento de habilidades pessoais no cargo (como a rotação de cargos, posições de assessoria e atribuições de comissões) e também métodos de desenvolvimento fora do cargo (como cursos e seminários, exercícios de simulação e treinamento fora da empresa). 52 Perceba que, mesmo que o desenvolvimento tenha por objetivo o “futuro” do indivíduo (e não o cargo atual), os métodos de desenvolvimento podem ser aplicados no “cargo atual” do indivíduo. Vejamos, a seguir, os principais métodos / técnicas de desenvolvimento de pessoas53: Rotação de cargos: consiste na movimentação das pessoas em várias posições na organização, com o objetivo de expandir suas habilidades, conhecimentos e capacidades. A rotação de cargos pode ser vertical ou horizontal. Rotação de Cargos Vertical: É uma espécie de “promoção” provisória. O indivíduo passa a ocupar, provisoriamente, um cargo de maior hierarquia, com atribuições 51 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.351 52 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.352 53 Com base em (ora transcrito, ora reescrito) RIBAS, A. L., SALIM C. R, Gestão de Pessoas para Concursos. Alumnus, Brasília: 2013. e CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. pp.352-354 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 31 86 mais complexas. O objetivo é que o indivíduo absorva conhecimentos e experiências mais complexos. Rotação de Cargos Horizontal: É uma espécie de transferência “lateral” de curto prazo. O indivíduo passa a ocupar, provisoriamente, um cargo de mesmo nível hierárquico, com o objetivo de absorver conhecimentos e experiências de mesma complexidade. Posições de assessoria: trata-se de oferecer a oportunidade para que o indivíduo (com elevado potencial) trabalhe provisoriamente sob a supervisão de um gerente bem- sucedido, em diferentes áreas da organização.O indivíduo passa a trabalhar como “assistente de staff” ou em “equipes de assessoria direta”. Assim, o indivíduo pode desempenhar diferentes tarefas sob a condução apoiadora de um gerente bem-sucedido. Aprendizagem prática: trata-se de uma técnica de desenvolvimento onde o treinando se dedica a um trabalho de tempo integral, com o objetivo de analisar e resolver determinados problemas em projetos ou em outros departamentos. Normalmente, essa técnica é aplicada em conjunto com outras técnicas. Atribuição de comissões: trata-se de oferecer oportunidade para o funcionário participar de comissões de trabalho temporárias, com o objetivo de compartilhar tomada de decisões, aprender pela observação e pesquisar problemas específicos da organização. Esse tipo de técnica aumenta a exposição da pessoa aos outros membros da organização, amplia a compreensão do indivíduo sobre a organização e proporciona oportunidades de crescimento. Participação em cursos e seminários externos: é uma forma tradicional de desenvolvimento mediante cursos formais de leitura e seminários. Essa técnica oferece oportunidade ao indivíduo para adquirir novos conhecimentos e desenvolver habilidades conceituais e analíticas. Atualmente, as organizações estão utilizando a Tecnologia da Informação para proporcionar a aprendizagem a distância. Assim, o instrutor pode estar em um lugar diferente dos treinandos, e sua apresentação é transmitida simultaneamente para vários lugares (por exemplo: videoconferência). Exercícios de simulação: os exercícios de simulação têm por objetivo criar um ambiente similar às situações reais em que a pessoa trabalha (sem envolver os altos custos que ações reais indesejáveis poderiam causar). Ou seja, são “simuladas” determinadas situações. Essas situações podem ser simuladas por meio de estudos de casos, jogos de empresas e simulação de papéis (role playing). Estudo de casos: é um método de desenvolvimento no qual a pessoa se defronta com a descrição de um problema organizacional real para ser analisado e resolvido. Trata-se de Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 32 86 uma técnica que permite diagnosticar um problema real e apresentar opções de solução, desenvolvendo habilidades de análise, comunicação e persuasão. Não confunda esse Estudo de Caso com o “Estudo de Caso Simulado” (exercício de simulação). Aqui, no estudo de caso, as situações são reais. No estudo de caso “simulado”, a organização busca criar um contexto similar ao contexto real (baseando-se, por exemplo, na experiencia de outras organizações) Jogos de empresas (management games / business games): são técnicas de desenvolvimento em que equipes de funcionários competem entre si, tomando decisões a respeito de situações reais ou simuladas de empresas. Podem ser realizados em ambiente físico ou digital. Treinamento fora da empresa (Treinamento outdoor): Essa técnica está relacionada com a busca de novos conhecimentos, atitudes e comportamentos que não existem dentro da organização e que precisam ser obtidos fora dela. “Ué Stefan! Como assim, Treinamento? Treinamento e Desenvolvimento não são coisas diferentes?” Sim, meu amigo! Treinamento e Desenvolvimento são conceitos diferentes. Contudo, para a prova, tenha em sua mente que “treinamento fora da empresa” pode ser considerado uma técnica de desenvolvimento. Centros de desenvolvimentos internos (in house development centers): são métodos baseados em centros localizados na organização para expor os gerentes e as pessoas a exercícios realísticos, a fim de desenvolver e melhorar as habilidades pessoais. Por exemplo: universidades corporativas. Aconselhamento de funcionários: nessa técnica, o gestor (gerente) proporciona aconselhamento no sentido de assessorar as pessoas no desempenho de suas atividades diárias. O aconselhamento de funcionários ocorre apenas quando surge algum problema no desempenho do indivíduo; e o foco da discussão está relacionado com o processo de disciplina. Ou seja, o aconselhamento ocorre, por exemplo, quando o funcionário apresenta comportamentos inadequados no ambiente de trabalho (ausências, atrasos, insubordinação), ou quando ele é incapaz de desempenhar satisfatoriamente as atividades de seu cargo. Programas de Trainee: Atualmente, a tendência das organizações é investir em programas de trainee, como um mecanismo de enriquecimento planejado do capital humano e um verdadeiro programa de melhoria contínua da qualidade do pessoal estendido no longo Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 33 86 prazo. O trainee pode ser considerado uma espécie de investimento no “futuro” da organização. Conforme explica Chiavenato, os participantes do programa de trainee desenvolvem “um estágio programado; recebem treinamento planejado e contínuo ministrado por profissionais de alto nível da empresa, participam ativamente de certas atividades previamente definidas, enquanto são continuamente monitorados e avaliados quanto ao desempenho, vinculação com a empresa e sua cultura, espírito de equipe, competências e potencial de desenvolvimento”. 54 Em geral, os programas de trainees estão voltados para universitários recém-formados, ou então no último (ou penúltimo) ano de formação universitária. Conforme você pôde notar, algumas técnicas de desenvolvimento se parecem bastante (ou são iguais) com as técnicas de treinamento. Contudo, eu tive o cuidado de trazer essa lista de técnicas de desenvolvimento (mesmo que alguns conceitos pareçam ou sejam repetidos), pois é assim que eles costumam aparecer nas provas. Os autores (especialmente Chiavenato) separam as técnicas dessa maneira, e trazem “ligeiras” modificações em seus conceitos. E é com base nisso que as bancas formulam as questões. Portanto, o ideal é que você conheça todas as maneiras que o conteúdo poderá ser cobrado em sua prova. 2.2 – Coaching x Mentoring x Counseling O coaching, o mentoring e o counseling também podem ser considerados técnicas de desenvolvimento de pessoas. Vejamos a diferença entre esses conceitos55: Coaching: trata-se de um método por meio do qual um “treinador” (coach) assume os papéis de líder renovador, preparador, orientador e impulsionador. Ou seja, o objetivo do coach é “renovar”, preparar, orientar e impulsionar o indivíduo que está recebendo o coaching (também chamado de coachee), buscando o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Em outras palavras, o coaching é uma espécie de relacionamento no qual um indivíduo mais experiente (o coach) apoia, ajuda e orienta o seu “aprendiz” (o coachee), para que este possa atingir determinados resultados (normalmente, de curto prazo). Pode-se dizer que o coaching está voltado ao desenvolvimento de habilidades e aumento do desempenho no trabalho “atual” do indivíduo. 54 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. p.357 55 Com base em (ora transcrito, ora reescrito) RIBAS, A. L., SALIM C. R, Gestão de Pessoas para Concursos. Alumnus, Brasília: 2013. e CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 4ª edição. Barueri, Manole: 2014. pp.352-354 Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 34 86 O coaching pode ser de 03 tipos: Individual: esse tipo de coaching é aplicado individualmente. Ou seja, trata-se de uma relação que ocorre apenas entre o “treinador” e o indivíduo que está recebendo o coaching. O coaching individual é uma forma de coaching que maximiza a relação entre o coach e o coachee. Trata-se de um “atendimento” personalizado.Em grupo (Group Coaching): O coaching em grupo ocorre quando o coaching é realizado para um conjunto de indivíduos, os quais possuem, cada um, seus próprios objetivos. Consiste em uma técnica que pode ser mais vantajosa que o coaching individual, devido ao “apoio social mútuo” e ao compartilhamento de experiências que ocorre entre os participantes. Os indivíduos conseguem “visualizar” outras situações (muitas vezes, similares às suas), e isso pode ajudá-los a compreenderem melhor as situações e encontrarem melhores soluções. Além disso, é uma técnica mais “barata” que o coaching individual. De acordo com o IBC Coaching, o coaching em grupo “é um método mais voltado para o desenvolvimento coletivo com ênfase nas questões individuais. Os participantes compartilham de interesses comuns visando resultados pessoais e profissionais por meio da metodologia. No entanto, cada um também possui objetivos específicos e particulares. A ideia é que eles utilizem do mesmo método, mas não necessariamente que estejam focados na mesma direção.”56 Em equipe (Team Coaching): O coaching em equipe ocorre quando o coaching é realizado para um conjunto de indivíduos, os quais possuem objetivos comuns. Ou seja, os membros da equipe compartilham o mesmo objetivo (objetivo da equipe ou da organização), e o coaching é aplicado com o objetivo de desenvolver a equipe em direção a esse objetivo. De acordo com o IBC Coaching, o coaching em equipe “é mais comumente aplicado no âmbito corporativo, pois visa o desenvolvimento do conjunto, em direção a um único objetivo para a realização de determinado projeto. O intuito é aprimorar as habilidades, competências e oportunidades de melhoria individuais, com a finalidade de fortalecer a equipe como um todo, preparando-os para que, juntos, sejam um time de alta performance.” 57 Mentoring (Tutoria): consiste na assistência que executivos oferecem a pessoas que almejam crescimento na carreira (ou seja, pessoas que aspiram alcançar cargos mais elevados na organização). 56 https://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/team-coaching-x-coaching-em-grupo-qual-a-diferenca/ 57 https://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/team-coaching-x-coaching-em-grupo-qual-a-diferenca/ Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 35 86 Em outras palavras, o mentoring ocorre quando um executivo exerce um papel ativo em guiar e orientar uma pessoa em sua carreira. O tutor proporciona orientação na hierarquia corporativa, guia, aconselha, faz críticas e dá sugestões para ajudar o crescimento do funcionário. Pode-se dizer que o mentoring está voltado ao desenvolvimento da carreira no longo prazo. Counseling (Aconselhamento): o foco do Counseling está na resolução de um aspecto específico de dificuldade pessoal ou profissional. Normalmente, o Counseling é exercido por especialistas no assunto. O Counseling acontece de modo rápido e pontual. A sua principal característica é o “aconselhamento”. 3 – Educação Corporativa Os programas de capacitação de pessoas sempre existiram nas organizações. Contudo, antigamente, esses programas eram desenvolvidos pelo tradicional “Centro de Treinamento e Desenvolvimento (T&D)”. Os tradicionais Centros de T&D preocupavam-se apenas com programas de treinamento pontuais. Ou seja, os Centros de T&D tinham uma visão mais restrita, e agiam “reativamente” (isto é, agiam como reação a determinados acontecimentos, com o objetivo de capacitar os indivíduos para se adequarem a esses acontecimentos). Contudo, atualmente, vivemos na Era da Informação e do Conhecimento, onde as pessoas são vistas como “talentos” que fornecem competências fundamentais para o sucesso organizacional. Ou seja, as pessoas são consideradas “patrimônio intelectual” da organização e fundamentais para que a organização construa e mantenha vantagens competitivas. O problema é que, muitas vezes, as organizações contratam pessoas que não estão realmente “prontas” para enfrentarem os desafios do mercado de trabalho (pois, as faculdades/universidades, nem sempre, preparam adequadamente os indivíduos para o mercado de trabalho). Outras vezes, a organização se depara com a necessidade de preparar e desenvolver seus funcionários para que eles sejam capazes de encarar desafios “futuros” mais complexos. Portanto, torna-se necessário que, nesse ambiente cada vez mais dinâmico, globalizado e competitivo em que vivemos, as organizações estejam constantemente investindo no desenvolvimento de seus funcionários, no intuito de que eles adquiram as competências necessárias ao alcance dos objetivos organizacionais. Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 36 86 Nesse sentido, as organizações não podem ficar esperando que os indivíduos cheguem “prontos” das faculdades/universidades tradicionais. Pelo contrário! A organização deve ser capaz de “formar” os seus próprios profissionais, desenvolvendo neles as competências necessárias ao alcance dos objetivos organizacionais e adaptando-os às necessidades organizacionais. A organização deve passar a atuar proativamente, em busca de preparar seus funcionários para desafios “futuros”. E é nesse contexto que surge a Educação Corporativa. De acordo com Eboli, a educação corporativa “é um sistema de formação de pessoas pautado por uma gestão de pessoas com base em competências, devendo portanto instalar e desenvolver nos colaboradores (internos e externos) as competências consideradas críticas para a viabilização das estratégias de negócio, promovendo um processo de aprendizagem ativo e permanente vinculado aos propósitos, valores, objetivos e metas empresariais”.58 A Educação Corporativa tem uma visão mais ampla e abrangente, preocupando-se com a educação de todos os funcionários da empresa, e com um foco proativo (ou seja, busca capacitar continuamente os indivíduos, com o objetivo de prepará-los para desafios “futuros” cada vez mais complexos). Em outras palavras, o foco da Educação Corporativa está no desenvolvimento dos indivíduos (e não no “treinamento”). Nesse sentido, Meister explica que “as empresas mais bem-sucedidas, ao invés de esperar que as escolas tornem seus currículos mais relevantes para a realidade empresarial, resolveram percorrer o caminho inverso e trouxeram a escola para dentro da empresa. Abandonaram o paradigma de que a educação seria um capítulo da responsabilidade social da empresa e passaram de forma muito pragmática a entender que o diferencial decisivo de competitividade reside no nível de capacitação em todos os níveis de seus funcionários, fornecedores principais, clientes e até mesmo membros da comunidade onde atuam.”59 Segundo a autora, o modelo de Educação Corporativa é sustentado por cinco grandes forças do cenário global60: -o surgimento da educação por processos, horizontalizada e flexível (propiciado pelo surgimento de organizações com estruturas menos hierarquizadas, mais achatadas e mais flexíveis). -a emergência da gestão do conhecimento; -a volatilidade da informação e a obsolescência do conhecimento (ou seja, o conhecimento tem, a cada dia, um menor “prazo de validade”); 58 EBOLI (2004) apud EBOLI, Marina (organizadora). Educação corporativa: muitos olhares. São Paulo, Atlas: 2014. p.22 59 Meister (1999) apud CRUZ, Daniel. A proposta empresarial no discurso e na prática. Educação em Revista, v.26, n.02, p.337-358, Belo Horizonte: agosto/2010. 60 Meister (1999) apud CRUZ, Daniel. A proposta empresarial no discurso e na prática. Educação em Revista, v.26, n.02, p.337-358, Belo Horizonte: agosto/2010. Stefan Fantini Aula 21 TSE - Concurso Unificado (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Administração Pública e Gestão www.estrategiaconcursos.com.br 37 86