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MICOSES MICOSES SISTÊMICAS A instalação desse tipo de micose no nosso organismo se dá através da inalação de propágulos fúngicos. ● Por isso, na maioria das vezes a lesão é primariamente pulmonar e possui tendência à regressão espontânea. ● Se houver disseminação do fungo através da corrente sanguínea, ocorrem lesões extrapulmonares. Epidemiologia ● Mais frequentes no sexo masculino; ● Depende da exposição (áreas endêmicas, atividade profissional). Paracoccidioidomicose ● Acomete, principalmente, agricultores que mantém contato direto com a natureza, especialmente o solo; ● Infecção: se dá a partir da inalação de elementos infectantes do fungo, que acomete o pulmão, mucosas, pele e linfonodo. Se inalado, o fungo pode ser destruído ao atingir o parênquima pulmonar ou, ao contrário, se multiplicar e produzir o foco primário e desse foco primário pulmonar atingir o gânglio regional no hilo pulmonar e constituir o complexo primário pulmonar. Durante a instalação do complexo pulmonar, pode ocorrer a disseminação do fungo, transitoriamente, por via hematogênica, com a instalação dos chamados focos metastáticos em diferentes órgãos e sistemas; ● Tratamento: varia de acordo com o estado imunológico do paciente e a forma clínica do fungo, podendo ser utilizados medicamentos como sulfamidas, anfotericina B, itraconazol, entre outros; ● Diagnóstico: exame microscópico direto de material clínico como pus, escarro, secreções, entre outros. Procurar leveduras com multibrotamentos; além do cultivo – fungo dimórfico (incubar o material a 25 e 37oC); ● A paracoccidioidomicose crônica representa 90% dos casos e há a formação primária pulmonar da tuberculose ou lesão radiológica pulmonar que é inaparente. Coccidioidomicose ● A coccidioidomicose tem como agente causador o Coccidioides immitis. Após a inalação, os artroconídios atingem os pulmões, crescem e são revertidos para a forma de esférulas com endosporos no interior, onde são observadas no tecido infectado; ● Quatro formas clínicas básicas: assintomática, pulmonar aguda, pulmonar crônica, disseminada e cutânea primária. ● Forma pulmonar aguda pode apresentar-se, na maioria dos casos, com sintomas semelhantes a um “estado gripal”, com febre, cefaléia, rash cutâneo, mialgia, tosse seca, dor torácica, perda de peso e calafrios. Pode regredir espontaneamente em 1 a 2 meses ou evoluir para doença pulmonar crônica e, até mesmo, disseminar-se em 5% dos casos: infiltração pulmonar, derrame pleural e adenopatia hilar, semelhante a outras pneumonias adquiridas na comunidade; ● Epidemiologia: A micose acomete, principalmente, trabalhadores rurais, vaqueiros e horticultores, caçadores (tatus). ● Tratamento: anfotericina B, cetoconazol e itraconazol, principalmente; ● Diagnóstico: partir de sintomas, dados epidemiológicos, resposta à coccidioidina e detecção de anticorpos. Exame direto: esférulas com múltiplos cistos interno. Cultivo – fungo dimórfico (incubar o material a 25 e 37oC). Blastomicose ● Doença causada por um fungo dimórfico, o Blastomyces dermatitidis, cuja forma infectante é a leveduriforme; ● Epidemiologia: mais frequente em homens; isolado do solo, de vegetais em decomposição próximos a lagos, rios e ambientes úmidos em bosques; ● Infecção: Ao inalar os propágulos, terá infecção inicial no pulmão que pode se distribuir via sanguínea para ossos e pele, preferencialmente. Os sintomas são semelhantes aos da tuberculose, gripe, pneumonia ou carcinoma; blastomicose osteoarticular; genitourinário; SNC. A micose acomete, geralmente, indivíduos adultos que exercem atividade rural; ● Tratamento: se grave, é tratada com anfotericina B, aplicada por via intravenosa. Se a blastomicose for leve a moderada, administra-se itraconazol por via oral; ● Diagnóstico: PAS ou prata: gemulação, globosas, paredes finas, refringentes, gêmulo quase sempre único e com base de implantação larga na célula-mãe. Cultivo – fungo dimórfico (incubar o material a 25 e 37oC). Histoplasmose ● A histoplasmose é causada pelo agente etiológico Histoplasma capsulatum var. capsulatum, um fungo dimórfico cuja forma parasitária é a leveduriforme; Infecção: ● Assintomática (95% dos casos); ● Infecção sintomática pulmonar aguda. Doença, formas clínicas: ● pulmonar crônica (adulto) ● multifocal crônica (adulto) ● disseminada aguda (juvenil) ● disseminada oportunista Histoplasmoma ● Fibrose mediastinal Epidemiologia: distribuição cosmopolita, afetando também indivíduos que visitaram grutas habitadas por morcegos ou que entraram em contato com galinheiros, pombais e casas desabitadas. ● Tratamento: itraconazol e as formulações lipídicas de anfotericina B. MICOSES OPORTUNISTAS ● Causadas por fungos termotolerantes que invadem os tecidos como uma hifa, podem infectar de diferentes maneiras (tem portas de entrada variáveis) e causam reação supurativa necrótica; ● Pele e mucosas, vias respiratórias e disseminação hematogênica, SNC. Criptococose ● É a micose causada por fungos do gênero Cryptococcus spp; ● Epidemiologia: Enfermidade de alta morbidade e letalidade; presente nas excretas de aves, sobretudo dos pombos; ● C. neoformans (imunossuprimidos); ● C. gattii imunocompetentes; ● Infecção: Ao inalar o fungo, este acomete o pulmão (10 % dos casos), e que se disseminam para o sistema nervoso central, causando meningite criptocócica (90% dos casos); Diagnóstico: ● Exame direto: com tinta nanquim – leveduras encapsuladas - materiais clínicos como líquor, pus e escarro. ● Cultura: crescimento a 37 °C Tratamento: ● Anfotericina B deoxicolato – para for- mas graves, meningoencefálicas, pulmonares ou disseminadas; ● Anfotericina B lipossomal – para formas graves meningoencefálicas, pulmonares ou disseminadas, quando não for possível o uso da anfotericina B deoxicolato; ● Itraconazol é eficaz como primeira escolha nas formas leves e moderadas da criptococose; ● 3. 5-fluorocitosina – como adjuvante ao tratamento com anfotericina B, quando disponível; ● Fluconazol – opção para formas leves. Tem excelente penetração no LCR e pode ser uma alternativa, caso necessário. Diagnóstico ● Exame direto e cultura; ● Sorodiagnóstico: detecção de antígenos presentes na cápsula de polissacarídeo do Cryptococcus. Utiliza-se a técnica da aglutinação em látex para amostras de soro, líquor e urina. Candidíase ● Candida é um fungos da microbiota normal; ● Fatores de risco para infecção: imunodeprimidos, idosos debilitados, recém-nascidos prematuros; ● Tratamentos prolongados com antibióticos, principalmente os chamados de largo espectro de ação, corticóides, drogas imunossupressoras, uso de materiais médico- hospitalar invasivo (cateteres, sondas, respiradores) favorecem a instalação de candidíases, principalmente as formas invasivas. Nestes casos, (altas taxas de mortalidade até 70%); ● Candidíase invasiva: geralmente ocorre por disseminação hematogênica, podendo atingir qualquer órgão, em especial a retina, o rim, o fígado, o baço, os ossos e o sistema nervoso central; ● Candidemia: se confunde com ICS bacteriana; ● Candidíase vaginal: sistema genital, disbiose genital (hormonal, uso de pílula, antibióticos, estresse); ● Candidíase oral: sistema gastrointestinal (disbiose, uso de antibióticos, estresse); ● Olhos: corioretinite; Tratamento: agentes azólicos, poliênicos e equinocandinas. Candida auris ● Um super fungo; ● Não está naturalmente presente no organismo humano como flora saprofítica e não é um comensal comum no trato gastrointestinal; ● Resistente aos antifúngicos mais comumente utilizados, dados de suscetibilidade demonstram que esta espécie é altamente resistente a fluconazol (CIM90> 64 mg / L) e que um terço dos isolados exibem CIM elevada (≥2 mg / L) a voriconazol e Anfotericina B; ● C. auris possui uma capacidade única de ser transmitida de paciente para paciente através do contato – por isso associada a surtos; ● Candidíase é o processo inflamatório vaginal causado pela proliferação de fungos no meio vaginal que levem ao aparecimentode sintomas (corrimento, prurido, disúria, dispareunia); ● Candida albicans é o agente mais frequente (85% a 95% dos casos); outras espécies de Candida (glabrata, tropicalis, parapsilosis, guilliermondii, entre outras) são encontradas em aproximadamente 10% dos casos; ● Denomina-se candidíase vaginal recorrente o aparecimento de quatro ou mais episódios confirmados clínica e laboratorialmente em um período de 12 meses; ● Candida albicans pode fazer parte da ora normal em baixas concentrações. Por fatores ainda pouco conhecidos, todavia, passa do estado de saprófita para o estado infeccioso, então, ocorrendo invasão das camadas do epitélio vaginal, resposta inflamatória e aparecimento de sintomas; ● São produzidas enzimas com atividade proteolítica (proteinases) que favorecem a aderência e o dano às células epiteliais, o que favorece a invasão; ● Possuem, ainda, a capacidade de formação de biofilmes, o que facilita as recidivas; Sintomas ● Prurido e corrimento, mais intensos no período pré-menstrual; ● Disúria e dispareunia, também, podem estar presentes; ● Hiperemia vulvar, edema e, eventualmente, fissuras e escoriações; Exame especular, verificam-se hiperemia da mucosa vaginal e presença de conteúdo vaginal esbranquiçado ou amarelado, em quantidade variável, de aspecto fluido, espesso ou ocular, podendo estar aderido às paredes vaginais; pH vaginal encontra-se abaixo de 4,5. Candida no recém nascido A maioria das infecções fúngicas em neonatos prematuros é causada por espécies: ● Candida (spp); ● Um número muito menor de infecções pode ser atribuído aos patógenos Malassezia, Zygomycetes ou Aspergillus; ● Associada a surtos em UTIs. Pense...pode ser: ● Pode ser infecção bacteriana foco fechado; ● Germe MDR; ● Ou infecção fúngica. Aspergilose ● O gênero Aspergillus; ● Cresce facilmente em vários substratos formando grandes quantidades de conídios que se dispersam pelo ar atmosférico; ● Este ar que respiramos todos os dias contém grande quantidade de partículas fúngicas, incluindo as de Aspergillus; ● A principal via de penetração dos animais é a via respiratória, assim, a cavidade alveolar e os seios nasais são os locais preferenciais para o desenvolvimento da doença. Mas também podem causar infecções de pele, unhas, oculares principalmente em usuários de lentes de contato; ● Em geral, um indivíduo saudável consegue eliminar o fungo evitando a infecção e colonização no tecido, e desta forma; ● Imunocomprometimento por disfunção metabólica ou uma doença de base são susceptíveis à infecção por Aspergillus. Alguns fatores podem ser considerados de risco: Ambiente hospitalar contaminado, Profilaxia antifúngica (Fluconazol), Transplante de Medula Óssea, Transplantes de órgãos sólidos, GVHD (graft-versus-host disease) – Doença do enxerto contra hospedeiro, Neutropenia prolongada, Lesões de barreira de mucosa (respiradores p.ex.), Uso de corticosteróides e imunossupressores; ● Aspergilose é uma infecção fúngica com pouca resposta inflamatória e com manifestações clínicas inespecíficas. Desta forma, o diagnóstico é feito quando a infecção já está avançada e a terapêutica é tardia. Estudos têm detectado altas taxas de mortalidade por essa enfermidade (40-80%); ● Por serem fungos ubíquos, dificilmente se dá importância ao isolamento de Aspergillus spp. em laboratório de micologia. Por isso, é importante correlacionar com dados clínicos e do contato direto com o clínico; ● Tratamento é feito com a utilização de anfotericina B, voriconazol e caspofungina; Diagnóstico: ● Exame direto e histopatológico; ● Cultura; ● Imunológico (pesquisa de antígenos galactomanana no soro do paciente). Pneumocistose ● Pneumocystis jirovecii; ● Semelhante a uma levedura, tropismo pulmonar; ● Causa comum de pneumonia em pacientes imunossuprimidos, especialmente naqueles infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e naqueles recebendo corticoides sistêmicos. Os sintomas envolvem febre, dispneia e tosse seca; ● Infecção primária é assintomática ou subclínica no indivíduo imunocompetente. Permanece latente em lesões granulomatosas. Na alteração do sistema imunológico, pode manifestar-se como pneumonia ou disseminação. Tem alta frequência em pacientes com Aids. Além da forma pulmonar ou disseminada, o P. jiroveci também pode provocar lesões cutâneas, coriorretinites e processos perirretais; ● Tratamento: Como o fungo não apresenta ergosterol na membrana celular, o uso de antifúngicos é inadequado. O tratamento de escolha tem sido o sulfametoxazol-trimetoprim, também usado como profilaxia em pacientes que recebem transplantes ou terapia antineoplásica. Outras drogas são utilizadas como segunda alternativa, a pentamidina ou a dapsona e como terceira escolha a clindamicina e primaquina; Fusariose ● Fusarium spp; ● Estes fungos estão presentes no ambiente na forma de esporos, de saprófitas do solo e em patógenos comuns de plantas e cereais; ou por meio da inoculação direta do fungo na pele, por exemplo ferida cirúrgica, queimaduras, úlceras profundas, celulite facial etc. ● Infecções: localizadas ou invasivas em pacientes imunocomprometidos, sobretudo naqueles portadores de neoplasias hematológicas ou submetidos ao transplante de medula óssea, bem como em pessoas imunocompetentes; ● Tratamento: Os antifúngicos utilizados na maioria das infecções causadas por Fusarium spp. são o voriconazol, posaconazol, natamicina, anfotericina B; Mucormicose ● Fungos da ordem Mucorales, dos gêneros Rhizopus spp., Rhizomucor spp. ou Mucor spp., Lichtheimia spp, Cunninghamella spp; ● Infecção oportunista na cetoacidose por DM descompensado, insuficiência renal avançada, abuso de drogas, tratamento imunossupressor ou qualquer outra doença que cause neutropenia ou déficit de neutrófilos polimorfonucleares; ● Altamente invasiva, não transmissível; ● Esses fungos podem ser encontrados em resíduos orgânicos em decomposição, pão, frutas, matéria vegetal, alimentos contaminados, fezes de animais e podem infectar o homem por inalação, inoculação ou até mesmo ingestão dos esporos dispersos no ambiente; ● Tratamento: preferencialmente com administração de formulação lipídica de anfotericina B ou derivados azólicos (posaconazol ou isavuconazol). Os principais meios de contaminação são: ● Inalação de esporos das fontes ambientais; ● Por via cutânea ou mucosa, quando há ruptura da barreira da pele ou da mucosa por ferida, por trauma ou grandes queimaduras; ● Por via digestiva com a ingestão de produtos contaminados. Adiaspiromicose ● Adiaspiromicose (a = não + diaspeiros = disseminar, distribuir, dispersar, espalhar, difundir + mykez = fungo) significa ausência de multiplicação e de disseminação nos hospedeiros, embora o fungo tenha sido descrito nos seios paranasais, encéfalo e rim de paciente com leucemia, no rádio de paciente com AIDS e em linfonodos traqueobrônquicos e mediastinais de cangambá; ● Predomina em climas temperados, sendo freqüente em pulmões de roedores que cavam e vivem em tocas. Animais de rapina eliminam o fungo nas fezes, contaminando o solo, onde se desenvolve e pode ser inalado; ● Nos pulmões de hospedeiros, cada adiaconídio representa um propágulo; ● A doença é causada por Emmonsia. parva var. crescens ou Chrysosporium parvum var. crescens; ● Cerca de metade dos casos relatados de adiaspiromicose humana ocorreram no Brasil; ● Tem sido descrita sua associação com uso de imunossupressores, abscessos pulmonares, aspergilose, bronquiectasias, candidíase, coccidioidomicose, criptococose, doença pulmonar obstrutiva crônica, linfomas, leucemia, tuberculose e AIDS; ● Além dos pulmões, E. parva foi descrita em prótese valvular cardíaca, lesões cutâneas e apendicite complicada; ● O diagnóstico é estabelecido observando-se adiaconídios em amostras de tecido pulmonar coradas por hematoxilina-eosina (HE), prata-metenamina (Grocott ou Gomori) e ácido periódico Schiff (PAS). DIAGNÓSTICO MICOLÓGICO ● Exame direto do material colhido (escamas da pele ou unha, pelos), após clarificaçãocom KOH (10% a 30%); ● Cultivo utiliza ágar Sabouraud: os fungos são capazes de produzir estruturas de reprodução assexuada macro- e microconídios; ● Reações imunológicas (histoplasmose, criptococose); ● Biologia molecular.