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1 DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO INSTITUCIONAL 2 Sumário DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO INSTITUCIONAL ............................... 1 NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 Introdução ........................................................................................................ 4 O papel do psicopedagogo na instituição escolar ........................................ 6 Diagnosticando na instituição escolar ........................................................ 10 O jogo no psicodiágnostico e no diagnóstico psicopedagógico ................. 13 Psicopedagogia: Intervenção na escola ..................................................... 16 Psicopedagogia: Dificuldades de aprendizagem e diagnóstico.................. 19 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 21 file://192.168.40.10/O/Pedagogico/EDUCAÇÃO/PSICOPEDAGOGIA%20INSTITUCIONAL%20E%20CLINICA/DIAGNÓSTICO%20PSICOPEDAGÓGICO%20INSTITUCIONAL/Apostila-DIAGNÓSTICO%20PSICOPEDAGÓGICO%20INSTITUCIONAL.docx%23_Toc97546145 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 Introdução Ao entrarmos no estudo da aprendizagem, podemos dizer que, começamos o processo de aprendizagem desde o ventre da progenitora através de estímulos auditivos e sensoriais. A aprendizagem acontece na estimulação do ambiente sobre o indivíduo, onde, diante de uma situação, se mostra uma mudança de comportamento, recebendo interferência de vários fatores, sejam eles intelectuais, psicomotores, físicos, sociais e emocionais. A psicopedagogia surgiu da necessidade de compreensão do processo de aprendizagem, de caráter interdisciplinar, uma vez que possui seu próprio objeto. Possui como característica a ambigüidade tanto da palavra como ao que se reporta. Sistematiza um corpo teórico, definindo seu objeto de estudo e delimitando seu campo de atuação. Podemos dizer que, desde o nascimento, o indivíduo faz parte de uma instituição social organizada – a família - e depois, ao longo da vida, ele se integra outras instituições. Nessa interação ele constrói uma teia de saberes, onde todos os membros da sociedade são parceiros possíveis, contribuindo cada um com seus conhecimentos, suas práticas, valores e crenças. A psicopedagogia trabalha a aprendizagem humana. O tema aprendizagem é bastante complexo e é de grande importância lembrar que a concepção do termo é 5 resultado de uma visão de homem e, em razão disso, acontece à práxis psicopedagógica. Tem por objeto de estudo as características da aprendizagem humana, principalmente o aprendizado, bem como o tratamento e prevenção na aprendizagem. Na clínica, acontece a relação do sujeito com sua história pessoal e o tipo de aprendizagem. São avaliados os procedimentos que interferem no processo de aprendizagem, onde há a participação biológica – afetiva – intelectual. Clinicamente, o psicopedagogo tem que distinguir as teorias que lhe permitam conhecer de que modo se dá a aprendizagem, o que é ensinar e aprender. Essa sabedoria se estabelece através da prática clínica, da constituição teórica e do tratamento psicopedagógico-didático. Uma reflexão sobre as origens teóricas é fundamental. O trabalho psicopedagógico tem como objetivo principal trabalhar os elementos que envolvem a aprendizagem de maneira que os vínculos estabelecidos sejam sempre bons. A relação dialética entre sujeito e objeto deverá ser construída positivamente para que o processo ensino-aprendizagem seja de maneira saudável e prazerosa. O desenvolvimento de atividades que ampliem a aprendizagem faz-se importante, através dos jogos e da tecnologia que está ao alcance de todos. Com isso, há a busca da integração dos interesses, raciocínio e informações que fazem com que o aluno atue operativamente nos diferentes níveis de escolaridade. Por isso, a educação deve ser encarada como um processo de construção do conhecimento que ocorre como uma complementação, cujos lados constituem de professor e aluno e o conhecimento construído previamente. Cabe ao psicopedagogo, avaliar o aluno e identificar os problemas de aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando necessário, para outros profissionais - psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, etc. que realizam diagnóstico especializado e exames complementares com o intuito de 6 favorecer o desenvolvimento da potencialização humana no processo de aquisição do saber. O papel do psicopedagogo na instituição escolar O trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola. O papel do psicopedagogo escolar é muito importante, ele pode e deve ser pensado a partir da instituição, a qual cumpre uma importante função social que é socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e psicomotor, ou seja, através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma mais organizada no mundo cultural e simbólico que incorpora a sociedade. Contanto, prioridades devem ser estabelecidas, dentre elas: diagnóstico e busca da identidade da escola, definições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e identidades, diante do aprender, análise do conteúdo e reconstrução conceitual, além do papel da escola no diálogo com a família. Trabalhando de forma preventiva, o psicopedagogo pesquisa as condições para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando os obstáculos e os elementos facilitadores, sendo isso uma atitude de investigação e intervenção. A psicopedagogia é importante, pois ele direciona as atividades adequadas para atender aos diferentes tipos de necessidades especiais. LEMBRE-SE 7 O psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem. A partir de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe escolar, está mobilizadona construção de um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo. Na psicopedagogia institucional o sujeito é a instituição e sua complexa rede de relações. O psicopedagogo trabalha na construção de conhecimento do sujeito que, neste caso, é a instituição, com sua filosofia, valores e ideologia. Na instituição escolar o trabalho psicopedagógico deve ser pensado no campo da socialização de conhecimentos disponíveis, na promoção do desenvolvimento cognitivo e na construção de regras de conduta, num projeto social mais amplo. A escola, vista como sujeito, é participante do processo de aprendizagem e é a grande preocupação do psicopedagogo na ação preventiva. O tratamento psicopedagógico visa eliminar sintomas. Deste modo, a relação do psicopedagogo com seu paciente têm como objetivo solucionar os efeitos nocivos do sintoma para, após, dedicar-se a garantir os recursos cognitivos. Pressões internas e externas conduzem o profissional a desviar-se de seu propósito esquecendo-se de trabalhar o sujeito de modo que ele atinja situação de autonomia frente ao processo de aprendizagem. 8 Atualmente a psicopedagogia, tem como componente principal de sua abordagem teórico-prática as questões que envolvem a aprendizagem. Dentro dessa categoria ampla e complexa, as dificuldades de aprendizagem tem sido tema presente em muitas pesquisas. Diferentes questões são estudadas com o intuito de contribuir para a compreensão e a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Sabe-se que, por ser um processo complexo, a aprendizagem bem como as dificuldades em torno dela relacionam-se em diferentes aspectos, não só a alunos e professores, mas a todo o contexto do qual eles fazem parte. Porém, em uma situação de dificuldade de aprendizagem, o maior prejudicado é o aluno, pois isso implica em consequências durante toda sua trajetória educacional e em seu desenvolvimento global. Segundo Fagali e Rio do Vale (1993), existem duas formas de o psicopedagogo trabalhar na instituição escolar: a primeira, auxiliando o aluno no seu desenvolvimento para que ele possa acompanhar a aprendizagem formal; a outra é preventiva, junto com os pedagogos, orientadores e professores, visando trabalhar a relação entre professor e aluno, mencionada por um professor: “Realizar a mediação entre professores e alunos, alunos e alunos e pais” (P.4) A experiência de intervenção junto ao professor, num processo de parceria, proporciona uma aprendizagem importante e principalmente enriquecedora. Mas só a intervenção do psicopedagogo com o professor não é suficiente, ele também deve participar das reuniões com os pais, em conselhos de classe, na escola como um todo, acompanhando a reação professor e aluno, aluno e aluno sempre buscando estratégias e apoio para as dificuldades que aparecem. Segundo Bossa, cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processo de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e as necessidades individuais de aprendizagem da criança ou da própria ensinagem. (BOSSA, 1994, P.23) 9 Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam de um modo significativo. A formação pessoal e profissional implica a configuração de uma identidade própria que consiga de uma forma singular juntar, ou melhor, reunir, habilidades, competências, qualidades e acima de tudo muita dedicação para sua atuação na instituição escolar. Como já falamos a psicopedagogia é uma área que lida com o processo ensino-aprendizagem e com os inúmeros problemas que decorrem desse fato. Acreditamos cada dia mais, quando nos deparamos com os grandes números de ‘problemas’ com aprendizagem, principalmente nas escolas, que se existissem psicopedagogos dentro das instituições escolares trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas seriam bem menor. A Psicopedagogia Institucional Escolar surgiu na escola a partir de novas demandas da humanidade e das transformações históricas e sociais dos alunos, que a evolução da sociedade vem nos trazendo. Olhamos ao nosso redor e nos perguntamos qual o profissional da educação que poderá nos ajudar a solucionar os problemas de aprendizagem, o fracasso escolar. Alegramo-nos quando temos a ajuda de alguém, ainda mais se for de um profissional preparado, como o psicopedagogo. Nem o psicopedagogo, nem a psicopedagogia são elementos milagrosos, mas, sem dúvida, são as formas diferenciadas de compreender a aprendizagem humana e atuar sobre ela, já que sempre analisaram as situações procurando perceber o sentido cognitivo, afetivo e social de cada questão, bem como a interseção desses elementos. Figura 1: Diagnóstico psicopedagógico 10 Fonte: Internet Diagnosticando na instituição escolar O termo diagnóstico origina-se do grego diagnósticos e significa discernimento, ato de conhecer, e para conhecer são analisados os aspectos, as características e as relações que compõe um todo que seria o conhecimento do fenômeno, utilizando para isso processos de observações, de avaliações e interpretações que se baseiam em nossas percepções, experiências, informações adquiridas e formas de pensamento. É um processo no qual se analisa a situação do aluno com dificuldades dentro do contexto da escola, da sala de aula e da família. Um diagnóstico psicopedagógico engloba todo âmbito escolar, em especial o professor, o aluno e o conhecimento contextualizado na escola, especificamente na sala de aula, lugar onde se constatam e se priorizam as aprendizagens sistemáticas tendo como pano de fundo a instituição escolar. O diagnóstico Psicopedagógico pode ser entendido como uma avaliação clínica, um exame realizado a partir de uma queixa explícita em relação a alguma dificuldade de aprendizagem. É isto que o psicopedagogo precisa diagnosticar. Diagnosticar também a escola como um lugar onde acontece a aprendizagem. Este diagnóstico consiste na busca de um saber para saber-fazer por meio das informações obtidas nesse processo de investigação. Um diagnóstico á luz da instituição escolar se concretiza através de uma ampla observação das dimensões que envolvem a aprendizagem e que possibilita uma reflexão e conhecimento dos problemas educacionais que estão vinculados a variáveis como as correntes filosóficas, políticas e educacionais que influenciam a prática pedagógica. 11 Segundo Bossa1, "pensar a escola à luz da Psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e sócio-culturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade". No diagnóstico psicopedagógico, é essencial que consideremos as relações entre produção escolar e as oportunidades reais que a sociedade dá às diversas classes sociais. A escola e a sociedade não podem ser vistas isoladamente, pois o sistema de ensino (público ou privado) reflete a sociedade na qual está inserido. Observa-se que alunos de baixa renda ainda são estigmatizados, na questão do aprendizado, como deficientes. Ao chegar numa instituição escolar, muitos acreditam que o psicopedagogo vai solucionar todos os problemas existentes(dificuldade de aprendizagem, evasão, indisciplina, desestímulo docente, entre outros). No entanto, o psicopedagogo não vem com as respostas prontas. O que vai acontecer será um trabalho de equipe, em parceria com todos que fazem a escola (gestores, equipe técnica, professores, alunos, pessoal de apoio, família). O psicopedagogo entra na escola para ver o "todo" da instituição. Barbosa2 afirma que "a escola caracteriza-se como um espaço concebido para realização do processo de ensino/aprendizagem do conhecimento historicamente construído; lugar no qual, muitas vezes, os desequilíbrios não são compreendidos". Weiss (2012) apresenta a definição de diagnóstico psicopedagógico como uma investigação: Todo diagnóstico psicopedagógico é, em si, uma investigação, uma pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Será, portanto, o esclarecimento de uma queixa, do próprio sujeito, da família e, na maioria das vezes, da escola (Weiss, 2012, p. 31). 12 O diagnóstico é essencial para a definição de objetivos que por sua vez redundarão em ações no sentido de contribuir para o bom andamento do atendimento do psicopedagogo. Um aspecto importante apontado pela autora é a relação construída entre o profissional e o paciente, ao proporcionar um ambiente de acolhimento, confiança, respeito e liberdade. Tal postura favorece o procedimento diagnóstico, tornando-o ainda mais fidedigno. Bossa (2011) observa que o diagnóstico é um processo e, portanto, está passível de mudanças e revisões. Por se tratar de um procedimento investigativo, a todo o momento lida com novos elementos que aparecem em cada contato com o sujeito, seus familiares e demais aspectos de sua vivência. De fundamental importância é o fato de que a postura investigativa não se esgota no momento do diagnóstico, mas perdura durante todo o acompanhamento psicopedagógico, até na intervenção ao acompanhar e observar a evolução do aluno. Em termos diagnósticos na instituição, o psicopedagogo deve tentar detectar os elementos: depositados - expectativas, alegrias, medos, confiança, frustrações, tristezas; depositários - aluno/família, filho/escola (professor), professor (escola)/pais; depositantes - escola (professor), família, aluno. É a partir do diagnóstico realizado que o psicopedagogo poderá propor e executar a sua intervenção. E a meta da intervenção psicopedagógica é a construção de uma identidade própria da escola. Cabe ao psicopedagogo entender como se constitui o sujeito, como este se transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende em relação ao grupo e sua reação frente a este. O papel inicial do psicopedagogo frente às dificuldades de aprendizagem é de fazer uma análise da situação para poder diagnosticar os problemas e suas causas. Ele levanta hipóteses a partir de uma anamenese para conhecer o sujeito em seus aspectos neurofisiológicos, afetivos, cognitivos e sociais, bem como entender a modalidade de aprendizagem e o vínculo que o indivíduo estabelece com o objeto de aprendizagem, consigo mesmo e com o outro. LEMBRE-SE 13 O jogo no psicodiágnostico e no diagnóstico psicopedagógico O jogo tem sido amplamente utilizado por psicólogos no diagnóstico e tratamento das dificuldades emocionais e por psicopedagogos no diagnóstico e intervenção das dificuldades de aprendizagem, por “permitir conhecer a realidade da criança” (Brenelli, 2001). Assim, o jogo insere-se tanto na vertente da psicoterapia como na psicopedagogia. O jogo obtém vários significados. Enquanto forma de expressão de uma linguagem afetiva, o jogo insere-se na estrutura do símbolo. Para Piaget (1946/1990), o brincar se caracteriza por uma atividade que reflete os estados internos do sujeito frente a uma realidade vivida ou imaginada. Sua função principal é a assimilação do real ao eu, sendo puramente individual e específico. O jogo de regras se diferencia do jogo simbólico por ser constituído pela estrutura de regras (Piaget, ibid.). Enquanto forma de expressão cognitiva, o jogo de regras se sobressai devido à sua natureza lógica e social. Em termos psíquicos, considera que esse jogo envolve um trabalho mental complicado e revela que a magia pode dar à criança sentimentos de onipotência. A importância desse jogo para o desenvolvimento infantil está no fato de que o pensamento mágico e a onipotência facilitarão o controle e regulação da ansiedade. Segundo Freud (ibid.), a ansiedade surge no ego em momentos de conflitos e dissensões para desenvolver-se em uma organização mais complexa. À medida que o princípio de realidade for se estabelecendo estes pensamentos, mágico e onipotência, vão diminuindo. Nesta obra, aponta que a criança brinca porque necessita elaborar situações traumáticas. Num processo diagnóstico, é praxe dos psicólogos e psicopedagogos a realização de uma entrevista prévia com os pais ou responsável, para em seguida abordarem a criança. O diálogo estabelecido com a criança não consegue obter a mesma riqueza de informação que com o adulto, sendo necessário o terapeuta 14 apelar para outras formas de linguagem mais adequadas à criança como a linguagem lúdica e/ou gráfica como aponta García Arzeno (apud Brenelli, 2001). Winnicott (1975) sobre o brincar e a realidade, realça a importância do brincar para o desenvolvimento infantil. Sua teoria, de grande impacto no campo da Psicologia Infantil, aponta para o uso do objeto transicional como necessário para o início de um relacionamento entre a criança e o mundo. Refere-se à primeira situação de jogo na fase do desmame: quando a criança se torna capaz de brincar de jogar objetos no chão e de recuperá-lo. Nesse jogo, a criança aprende a jogar com a mãe e com seus sentimentos, pois ela percebe que quando um brinquedo cai, poderá ser recuperado logo em seguida, sem que precise, necessariamente, sumir ou quebrar. A participação da mãe nesse jogo torna-se fundamental. O fato de pegar o brinquedo do chão e devolvê-lo à criança é a constatação de que ela poderá sair e voltar para ele; de que mesmo quebrada e odiada permanecerá com ele, amando-o. Melaine Klein (1975) dá continuidade às investigações de Freud e cria uma técnica de análise baseada na utilização do jogo. Segundo a autora, a criança ao brincar supera realidades dolorosas e domina medos instintivos, projetando-os nos brinquedos. Segundo Baranger (ibid.) na “hora de jogo diagnóstica” a criança pode expressar o que está lhe fazendo mal, o que lhe faz bem para melhorar, o que espera que lhe façam, bem como transmitir ao terapeuta toda sua vivência com as pessoas que lhe são significativas. Apesar de Piaget (1946/1990) não ter direcionado seus estudos sobre o jogo simbólico no processo diagnóstico, trouxe importantes contribuições ao analisar o simbolismo secundário do jogo, ou seja, o símbolo dito “inconsciente”. Segundo Piaget (ibid.) o “simbolismo secundário” seria o “símbolo lúdico” menos consciente que o das ficções comuns” (p.217). O autor ressalta a importância do jogo de imaginação ou de ficção no pensamento infantil, mas sua existência ultrapassa o “inconsciente” e é por isso que ele o denomina de “jogo simbólico”. 15 Sobre o jogo simbólico, Brenelli (2001) caracteriza-o como um espaço de relação e realização. No que se refere às dificuldades de aprendizagem, “o jogo simbólico oferece indícios relevantes a respeito dos aspectos emocionais envolvidos no processo de conhecer e aprender” (p.174). Até o presente momento, nos dedicamos a apresentar o jogo no psicodiagnóstico, em que o jogo de estrutura simbólica é amplamente utilizado. Passaremos agora a analisar o espaço lúdico no diagnóstico psicopedagógico. O jogo ou o brincar são objetos dapsicopedagogia no que se refere ao diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Brenelli (2001) sobre a “hora de jogo diagnóstica” ressalta a importância do jogo de regras no diagnóstico psicopedagógico e propõe seu uso como um recurso complementar aos testes e provas. Insere em sua análise as possibilidades de averiguar os procedimentos que os sujeitos utilizam numa situação de “jogo proposto pelo sujeito” ou “jogo espontâneo”, visto que na situação de jogo, as regras são construídas pela própria criança. Esses estudos ressaltam a importância do espaço lúdico tanto no psicodiagnóstico, como no diagnóstico psicopedagógico, principalmente por fazer parte da vida infantil e assim poder avaliar o aspecto afetivo e cognitivo da criança. Apesar de o espaço lúdico ser considerado fundamental para o diagnóstico psicopedagógico, ainda existem poucos estudos nesta área. Atualmente, vem crescendo o interesse dos pesquisadores em utilizar e sistematizar o uso dos jogos de regras nesse contexto. Figura 2: Crianças brincando com jogos didáticos Fonte: Internet 16 Psicopedagogia: Intervenção na escola Numa linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais das áreas psicológicas e psicomotoras. Fonoaudiológica e educacional, pois tais dificuldades são multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo, indo além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia. O conhecimento e o aprendizado não são adquiridos somente na escola, mas também são construídos pela criança em contato com o social, dentro da família e no mundo que a cerca. A família é o primeiro vínculo da criança e é responsável por grande parte da sua educação e da sua aprendizagem. O que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de grande importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico. Considerando o exposto, cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma entrevista com essa família para tomar conhecimento de informações sobre a sua vida orgânica, cognitiva, emocional e social. “O psicopedagogo não é um mero “resolvedor” de problemas, mas um profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico” (TANAMACHI, 2003, p. 43). LEMBRE-SE https://psicologado.com.br/psicologia-geral/introducao/o-que-e-psicologia 17 Solé (SOLÉ, 2000, p. 29) afirma que essa intervenção tem um maior alcance quando realizada no ambiente em que o aluno desenvolve suas atividades e por meio das pessoas que, cotidianamente, se relacionam com ele, uma vez que os processos de aprendizagem se relacionam diretamente com a socialização e integração dos alunos no contexto sócio - educacional em que estes estão inseridos. O objeto de estudo da Psicopedagogia é sempre o sujeito aprendente e esta aprendizagem está sempre relacionada com o próprio sujeito, com o sujeito e o objeto, com o sujeito e o meio, portanto sistematicamente. Isto quer dizer que o psicopedagogo está comprometido com qualquer modalidade de aprendizagem e de ensino e não só a exercida na escola. A intervenção psicopedagógica vem no curso de sua história, acontecendo na assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem, por meio do diagnóstico e da terapêutica. Frente ao desempenho acadêmico insatisfatório e com o objetivo de esclarecer a causa das dificuldades, os alunos são encaminhados ao psicopedagogo, pelas escolas que frequentam. Desde o princípio, a questão é centrada no aprendente que não aprende. Agora, a atenção do psicopedagogo não está centrada apenas no aprendente, mas no contexto em que se realiza a aprendizagem. O trabalho do psicopedagogo na escola é de prevenção das dificuldades de aprendizagem. Ou seja, vai fazer um trabalho institucional: averiguar a formação dos professores; o currículo que está sendo dado e se está sendo adequado às necessidades dos alunos. E a partir dessas necessidades, se o professor está ou não preparado para atender ao aluno. O psicopedagogo vai intervir na formação do professor, supervisor ou orientador pedagógico. 18 No trabalho com a escola, após o diagnóstico, o psicopedagogo vai realizar a intervenção apoiando-se na utilização de recursos que promovam a operatividade dos vários grupos e instâncias da instituição. A intervenção psicopedagógica vai fazer com que o aprender na escola esteja sempre em movimento, sem esquecer-se de acompanhar o momento histórico e prevenindo a cristalização de vínculos, que só dificultam o desenvolvimento. O psicopedagogo nunca deve confundir "intervir" com "interferir". No intervir a intenção é de ajudar a pensar para se alcançar a resposta. Já o interferir está centrado na manipulação da ação do outro. Todo psicopedagogo deve ter cuidado para entender a linha de raciocínio do outro. Todo ponto de vista tem uma origem, então o psicopedagogo terá que entender de onde foi retirado e tentar compreender a partir daí. Com essa postura não dá para taxar de "errado" a linha de raciocínio de alguém. Ao invés disso, deve- se sugerir que ele fale e comente sobre sua linha de raciocínio, para que se possa entender. Com isso o psicopedagogo poderá argumentar que o que ele está falando pertence a uma linha tal de raciocínio e que a do outro já leva para um caminho diferente. Isso nada mais é que uma abertura para a conversação, para a pergunta circular. Não existe atuação psicopedagógica na escola sem a postura do ouvir, do falar e do propor. A intervenção do psicopedagogo tem que está regada do seu saber, da sua criatividade, da sua perspicácia, para que tenha condições de adaptar o trabalho a que se propõe, de acordo com as necessidades e possibilidades do contexto educacional em que está atuando. 19 Psicopedagogia: Dificuldades de aprendizagem e diagnóstico Conforme destacado anteriormente, o trabalho psicopedagógico em geral parte de uma dificuldade do aluno em seu processo de aprendizagem. Jardim (2001) separa as questões relacionadas a aprendizagens ineficientes em dois eixos: dificuldades e disfunções. As dificuldades estão associadas em sua maioria a fatores externos à criança, muitas vezes momentâneos, influenciando sua atividade escolar. Já as disfunções refletem quadros identificados clinicamente, como anomalias neurológicas e lesões cerebrais. Jardim ressalta que, em se tratando das dificuldades, um acompanhamento pedagógico apropriado, enriquecido com procedimentos de ensino-aprendizagem, ajuda a criança a superar esse quadro. A outra categoria é identificada como problemas de aprendizagem, referindo- se a questões de metodologias impróprias, formação docente deficitária, carência cultural e econômica, dentre outras questões. Dentre os fatores externos ao aluno, Consenza e Guerra (2011) apontam as questões relacionadas ao ambiente que pode ser o escolar – expresso por dificuldades de relacionamentos com colegas ou professor, estratégias pedagógicas inadequadas, dentre outros – ou o familiar – como desinteresse dos pais pela aprendizagem da criança, falta de incentivo, situação socioeconômica deficiente ou problemas de brigas e separação. É notável que as dificuldades de aprendizagem englobam um campo diverso de fatores,muitas vezes complexos, que exigem do psicopedagogo um olhar criterioso para poder identificar o problema e ajudar o discente. 20 Porto (2011) também apresenta em seu livro a distinção entre dificuldades e distúrbio de aprendizagem, definindo-os de forma semelhante aos expostos anteriormente. Ela destaca que: A presença de uma dificuldade de aprendizagem não implica necessariamente um transtorno, que se traduz por um conjunto de sinais sintomatológicos que provocam uma série de perturbações no aprender da criança, interferindo no processo de aquisição e manutenção, de forma acentuada (Porto, 2011, p. 62). Nessa perspectiva, a aprendizagem escolar torna-se um diferencial no desenvolvimento da criança pois lhe permite vivenciar situações de interação e troca com o professor e colegas. Além disso, o professor assume uma dimensão de grande importância: O professor como mediador planeja suas aulas, tendo em vista os processos já adquiridos e aqueles em desenvolvimento, provoca situações que promovam o aprendizado por meio de atividades diferenciadas, discussões e reflexões que conduzam o aluno na transformação de seu conhecimento (Pulino & Barbato, 2004, p. 59). O aluno é um indivíduo ativo em seu processo de aprendizagem e, como tal, deve ser considerado em suas especificidades, propondo-se atividades adequadas aos seus interesses e motivações. Esse fato contribuiu para que este estudo procurasse desenvolver essas características durante a intervenção psicopedagógica. Verificou-se ser de fundamental importância considerar esses aspectos, caso contrário não seria possível atender ao aluno em suas necessidades. Figura 3: Alunos em sala de aula Fonte: Internet 21 REFERÊNCIAS BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. ALMEIDA, S. F. C. (Org.). Psicologia escolar: ética e competências na formação e atuação profissional. São Paulo: Alínea, 2003. ABPP. Código de Ética da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. Disponível em <http:// www.abpp.br> Acesso em: 10 jun. 2010. MACHADO, A. M.; SOUZA, M. P. R. Psicologia escolar: em busca de novos rumos. 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