Buscar

Anuário do Café 2024

Prévia do material em texto

K 3000 E
KTR 3000
Colheita versátil e eficiente
para você que produz o
melhor café do mundo.
Novas Colhedoras de Café K 3000
e KTR 3000, desenvolvidas para as
necessidades do pequeno ao grande
produtor e pensadas para superar
suas expectativas.
2d
cb
.c
om
.b
r
Use o QR Code e descubra as
novas colhedoras de café da Jacto.
K 3000 E
KTR 3000
Colheita versátil e eficiente
para você que produz o
melhor café do mundo.
Novas Colhedoras de Café K 3000
e KTR 3000, desenvolvidas para as
necessidades do pequeno ao grande
produtor e pensadas para superar
suas expectativas.
2d
cb
.c
om
.b
r
Use o QR Code e descubra as
novas colhedoras de café da Jacto.
O Anuário do Café é imparcial em relação ao seu 
conteúdo agronômico. Os textos aqui publicados 
são de inteira responsabilidade de seus autores.
(34) 3231-2800
ISSN 2316-6290 - 14ª Edição
@campo_negocios
/revistacen
@campoenegocios
Acesse nosso cartão virtual
Diretora Administrativa 
Joana D’ark Olímpio Sandoval 
joana@revistacampoenegocios.com.br
Diretora de Jornalismo 
Ana Maria Vieira Diniz - MTb 5.915MG 
anamaria@revistacampoenegocios.com.br
Núcleo de Jornalismo 
Editora: Miriam Lins Oliveira - MTb 
10.165MG 
miriam@revistacampoenegocios.com.br 
Produção: Caio Coutinho 
redacao@revistacampoenegocios.com.br 
 
Departamento Comercial 
Aline Brandão Araújo 
aline@revistacampoenegocios.com.br 
Renata Helena Vieira de Ávila 
renata.vieira@revistacampoenegocios.com.br 
Departamento Financeiro 
Rose Mary de Castro Nunes 
�nanceiro@revistacampoenegocios.com.br 
Mírian das Graças Tomé 
�nanceiro2@revistacampoenegocios.com.br
Quer anunciar ou assinar?
Aponte a câmera para o QR 
code
Assinaturas 
Marília Gomes Nogueira 
marilia@revistacampoenegocios.com.br 
Raíra Cristina Batista dos Santos 
raira@revistacampoenegocios.com.br 
Foto capa 
Valéria Vidigal
Fotos conteúdo 
Shutterstock
Projeto Grá�co/Diagramação 
 Horácio Sei (11) 99983-6777 
 Viviani Gasparini (11) 97386-3444
 
 
(34) 3231-2800 (34) 98721-0000 
R. Bernardino Fonseca, 88 – B. General Osório 
Uberlândia-MG 38.400-220 
www.revistacampoenegocios.com.br
O Brasil é, indiscutivelmente, uma potência na produção de café, 
liderando as estatísticas como o maior produtor e exportador 
global. A área total de café em 2024 deve chegar a 2,25 milhões 
de hectares e uma produção de 58.082,2 mil sacas.
A colheita, realizada com esmero, con­rma a expertise dos produto-
res brasileiros que, ao longo dos anos, aprimoraram técnicas para garan-
tir não apenas quantidade, mas qualidade inigualável. 
A tendência agora tem sido a cafeicultura regenerativa, con­rmando 
a consciência dos produtores e consumidores por um futuro mais susten-
tável, inclusive com baixa emissão de carbono.
As diferentes regiões do Brasil oferecem nuances distintas aos grãos, 
resultando em cafés com per­s sensoriais únicos e diferenciados. Do sul 
de Minas Gerais, com seus cafés encorpados e notas de chocolate, ao cer-
rado baiano, que proporciona grãos vibrantes com acidez equilibrada, o 
Brasil desdobra diariamente uma variedade de sabores que encontra eco 
nos quatro cantos do planeta.
Entretanto, a produção de café não é isenta de desa­os. Mudanças 
climáticas, pragas e questões socioeconômicas impactam diretamente a 
indústria, mas ainda assim, os produtores brasileiros não se curvam dian-
te das adversidades. Em resposta, adotam práticas sustentáveis, investem 
em tecnologias de ponta e promovem iniciativas para melhorar as con-
dições de manejo.
Neste Anuário do Café 2024, você vai entender que a produção de 
café é mais do que um processo agrícola; é uma sinfonia de culturas, téc-
nicas e paixões que se revelam em cada xícara. No Brasil, essa tradição 
�oresce, guiada pela determinação de produtores que moldam o presen-
te e o futuro do café. 
Ao ­nalizarmos esse trabalho, celebramos com você, leitor, não ape-
nas a bebida que nos desperta pela manhã, mas também a riqueza cultu-
ral e o empenho humano que a sustentam. Enquanto o aroma do café es-
tiver no ar, seremos sempre lembrados, com carinho, de que essa jornada 
aromática é, verdadeiramente, uma paixão nacional.
Miriam Lins Oliveira
Editora
EDITORIAL 5
07 – PRODUÇÃO
08 - Safra, estoques e valor da produção
22 - Perfil produtivo das principais regiões cafeeiras
28 - Recuperação produtiva das lavouras
30 - Produtividade além dos limites
41 – CUSTOS
42 - Rentabilidade da cultura no Brasil
52 - Entenda como o preço do café é formado
54 - Qual o melhor momento de vender?
57 – MERCADO
58 - Conjuntura mundial da cafeicultura
62 - Balanço econômico das exportações
66 - Mercados mundiais mais promissores
70 - Cafés do Brasil em um mundo fraturado
74 - Os grãos de maior valor agregado
78 - Tendências de consumo
83 – ESPECIAIS
84 - Café brasileiro é eleito o melhor do mundo
91 - Os sabores do Brasil
94 - Dicas para tomar o cafezinho perfeito
96 -Empreendendo com inovação 
98 - Indicações geográficas da cafeicultura
ÍNDICE6
MERCADO
CUSTOS
ESPECIAIS
PRODUÇÃO
8
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
SAFRA, ESTOQUES 
E VALOR DA PRODUÇÃO
Os avanços tecnológicos na produção de café têm contrabalanceado a 
estabilidade na região brasileira, resultando em ganhos expressivos de 
produtividade. Tal cenário está diretamente ligado à mudança tecnológica 
observada no setor, justificando os resultados positivos. A área total de café 
em 2024 totaliza 2,25 milhões de hectares e uma produção de 58.082,2 mil 
sacas.
9
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
As safras de 2021 e 2022, por adversidades 
climáticas, tiveram baixas produtividades, 
modi�cando a tendência de crescimento 
que vinha se veri�cando na série de produção. Já 
em 2023, com as condições climáticas mais favo-
ráveis, deu-se início à fase de recuperação das pro-
dutividades.
A área total, destinada à cafeicultura no país 
em 2024, espécies arábica e conilon, totaliza 2,25 
milhões de hectares, aumento de 0,8% sobre a área 
da safra anterior, com 1,92 milhão de hectares des-
tinados às lavouras em produção, crescimento de 
2,4% em relação ao ano anterior, e 336,3 mil hec-
tares em formação, redução de 7% em comparação 
ao ciclo anterior.
Vale destacar que, nos ciclos de bienalidade ne-
gativa, os produtores costumam realizar tratos cul-
turais mais intensos nas lavouras, promovendo al-
gum tipo de manejo como poda, esqueletamento 
ou recepas em áreas que só entrarão em produção 
nos próximos anos. 
Nas últimas safras, a estabilidade na área brasi-
leira de café tem sido compensada pelos ganhos de 
produtividade, representados pela mudança tecno-
lógica observada na produção cafeeira, fatores que 
justi�cam os ganhos de produtividade.
Arábica
A primeira estimativa para a área total da es-
pécie indica crescimento de 1,1%, situando-se em 
1,82 milhão de hectares. Desse total, 1,53 milhão 
de hectares estão em produção e 297,5 mil hec-
tares em formação. O cultivo do arábica corres-
ponde a 80,9% da área total destinada à cafeicul-
tura nacional.
Nesta temporada, de bienalidade positiva, ocor-
re crescimento de 2,7% na área em produção e re-
dução 6,2% na área em formação. Minas Gerais 
concentra a maior área com a espécie, 1.358,9 mil 
hectares, correspondendo, nesta safra, a 74,5% do 
total ocupado com café arábica no país.
Conilon
Expectativa de redução de 0,4% na área total, 
estimada em 430,5 mil hectares. A área destina-
da à produção, prevista em 391,7 mil hectares, re-
presenta um crescimento de 1%, e a área em for-
mação, situada em 38,9 mil hectares, redução de 
12,7% sobre a safra 2023. 
No Espírito Santo se encontra a maior área 
destinada ao café conilon do país, com 292 mil 
hectares no estado, seguido por Rondônia, com 
67,7 mil hectares e a Bahia, com 46,5 mil hectares.
Para a produtividade média nacional de café, 
a primeira estimativa indica 30,3 sc/ha, 3% maior 
em relação à safra anterior. A produtividade do 
café arábica está estimada em 26,7 sc/ha, aumento 
de 2% em relação à safra de 2023. A produtividade 
do café conilon está estimada em 44,3 sc/ha, 6,2% 
acima da safra anterior.
Paraa nova safra, a previsão inicial, somando o 
café arábica e o conilon, indica o volume de pro-
dução em 58.082,2 mil sacas de café bene�ciado, 
correspondendo a um crescimento de 5,5% sobre o 
resultado da safra passada. 
Comparativamente à safra 2022, último ano de 
safra de alta bienalidade, mas impactada por pro-
blemas climáticos, com uma produção de 50.920,1 
mil sacas, observa-se um crescimento de 14,1% ou 
de 7.162,1 mil sacas.
10
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Tabela 1 . Comparativo de área em produção, produtividade e produção de café total (arábica e conilon) no Brasil
Legenda: (*) Acre, Pará, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Estimativa em janeiro/2024.
Fonte: Conab.
NORTE 61.164,9 62.480,9 2,2 49,9 51,4 2,8 3.054,3 3.208,8 5,1
RO 60.621,0 61.937,0 2,2 50,2 51,6 2,8 3.041,4 3.195,9 5,1
AM 543,9 543,9 - 23,7 23,7 - 12,9 12,9 -
NORDESTE 97.840,0 101.795,0 4,0 34,7 35,5 2,3 3.396,7 3.614,8 6,4
BA 97.840,0 101.795,0 4,0 34,7 35,5 2,3 3.396,7 3.614,8 6,4
Cerrado 5.180,0 5.200,0 0,4 39,6 44,0 11,2 205,0 228,8 11,6
Planalto 49.800,0 52.345,0 5,1 18,1 19,0 5,0 902,6 996,0 10,3
Atlântico 42.860,0 44.250,0 3,2 53,4 54,0 1,1 2.289,1 2.390,0 4,4
CENTRO-OESTE 16.870,0 17.454,0 3,5 27,4 29,8 8,6 462,1 519,4 12,4
MT 11.499,0 11.596,0 0,8 22,6 22,7 0,5 260,3 263,7 1,3
GO 5.371,0 5.858,0 9,1 37,6 43,6 16,2 201,8 255,7 26,7
SUDESTE 1.667.952,0 1.706.179,0 2,3 28,4 29,3 3,1 47.356,6 49.938,4 5,5
MG 1.082.447,0 1.117.289,0 3,2 26,8 26,1 (2,5) 29.005,9 29.181,3 0,6
Sul e centro-oeste 533.271,0 560.148,0 5,0 25,3 26,7 5,2 13.513,0 14.933,4 10,5
Região/UF
ÁREA EM PRODUÇÃO (ha)
Safra 2023 
(a)
Safra 2023 
(c)
Safra 2023 
(e)
Safra 2024 
(b)
Safra 2024 
(d)
Safra 2024 
(f)
VAR. % 
(b/a)
VAR. % 
(d/c)
VAR. % 
(f/e)
PRODUTIVIDADE (scs/ha) PRODUÇÃO (mil sacas 
beneficiadas)
ES 392.760,0 391.351,0 (0,4) 33,1 38,4 15,8 13.014,0 15.015,5 15,4
RJ 11.197,0 11.398,0 1,8 27,3 29,8 9,1 306,0 339,8 11,0
SP 181.548,0 186.141,0 2,5 27,7 29,0 4,7 5.030,7 5.401,8 7,4
SUL 25.826,0 25.826,0 - 27,8 27,8 - 718,5 718,5 -
PR 25.826,0 25.826,0 - 27,8 27,8 - 718,5 718,5 -
OUTROS (*) 4.127,0 4.116,0 (0,3) 20,4 20,0 (1,9) 84,1 82,3 (2,1)
NORTE/NORDESTE 159.004,9 164.275,9 3,3 40,6 41,5 2,4 6.451,0 6.823,6 5,8
CENTRO-SUL 1.710.648,0 1.749.459,0 2,3 28,4 29,3 3,1 48.537,2 51.176,3 5,4
BRASIL 1.873.779,9 1.917.850,9 2,4 29,4 30,3 3,0 55.072,3 58.082,2 5,5
Triângulo, Alto 
Paranaíba e noroeste
Zona da Mata, Rio 
Doce e Central
Norte, Jequitinhonha 
e Mucuri
199.471,0
321.449,0
28.256,0
38,0
21,8
31,4
7.588,6
7.016,8
887,5
196.398,0
331.151,0
29.592,0
27,2
23,8
34,4
5.339,0
7.890,7
1.018,2
(1,5)
3,0
4,7
(28,5)
9,2
9,5
(29,6)
12,5
14,7
11
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Fontes:
Conab
Embrapa 
Observatório do Café
Cafés do Brasil chegam a R$ 49,37 bilhões 
de cálculo bruto
No ano-cafeeiro de 2023, o valor total do fatu-
ramento bruto dos cafés do Brasil atingiu o mon-
tante estimado em R$ 49,37 bilhões. 
Tal cifra contempla R$ 37,62 bilhões da receita 
obtida com os cafés da espécie Co�ea arabica (café 
arábica), o que correspondeu a 76% do total arre-
cadado e, adicionalmente, R$ 11,75 bilhões com 
os cafés da espécie Co�ea canephora (café robus-
ta + café conilon), cujo montante, no caso, equiva-
le a 24% do total do faturamento do ano-cafeeiro 
agora em destaque.
Como os cafés do Brasil são produzidos nas 
cinco regiões geográ�cas brasileiras, caso seja ela-
borado um ranking em ordem decrescente do fatu-
ramento bruto dessa importante atividade agrícola 
nessas regiões no ano-cafeeiro objeto desta análise, 
constata-se que a região sudeste, de forma absolu-
ta, liderou o faturamento com o cálculo total de R$ 
42,49 bilhões, o que equivale a 86% do valor bruto 
geral em nível nacional. 
Na sequência, com R$ 3,24 bilhões de estima-
tiva de receita com café, �gura a região nordeste, 
montante que representa 6,5% do total do valor 
bruto arrecadado.
Assim, complementando este ranking, na ter-
ceira posição destaca-se a região norte, que teve 
seu faturamento estimado em R$ 2,54 bilhões, o 
que corresponde a 5,1% do valor bruto nacional, 
seguido da região sul, na quarta posição, com R$ 
696 milhões de receita, 1,4% do total nacional. 
E, por �m, vem a região centro-oeste, a qual �-
gura em quinto lugar com o faturamento do setor 
cafeeiro calculado em R$ 396,78 milhões, cifra que 
representa menos de 1% do faturamento bruto dos 
cafés do Brasil no ano-cafeeiro 2023.
Convém também destacar, nesta divulgação do 
Observatório do Café, que a análise do faturamen-
to dos cafés do Brasil do ano-cafeeiro 2023 tem 
como base e referência os dados constantes do Va-
lor Bruto da Produção (VBP – Dezembro 2023), 
estudo que é elaborado e divulgado mensalmen-
te pela Secretaria de Política Agrícola (SPA), do 
Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o qual 
também está disponível na íntegra no Observatório 
do Café do Consórcio Pesquisa Café , rede integra-
da de pesquisa coordenada pela Embrapa Café. 
“A área total de café em 2024 totaliza 2,25 milhões de hectares e uma 
produção de 58.082,2 mil sacas”
12
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Acréscimo de 0,6% em comparação ao volu-
me total colhido na safra anterior, justi�-
cado pelo aumento da área em produção 
e, principalmente, pelo ciclo de bienalidade positi-
va, além das melhores condições das lavouras, até 
o momento, nas fases de �oração e formação de 
chumbinho.
A cafeicultura mineira é bastante tradicional 
e extremamente relevante para a produção nacio-
nal do grão. O cultivo acontece em diversas áreas 
pelo estado, porém, existem algumas mesorregi-
ões com características edafoclimáticas importantes, 
que concentram grande parte dessa área produtora, 
tal como o sul e centro-oeste mineiro, o Triângu-
lo, o Alto Paranaíba, o Noroeste, a Zona da Mata, 
o Vale do Rio Doce e a Zona Central.
De maneira geral, as estimativas iniciais para 
a safra mineira indicam aumento na área em pro-
dução, especialmente pela adesão de áreas que 
foram reformadas nos últimos anos e que agora pas-
sarão a apresentar produção, e aumento na produti-
vidade média prevista em quase todas as grandes re-
giões produtoras por conta dos efeitos �siológicos 
positivos previstos para esse ciclo com bienali-
dade positiva - exceção apenas ao Cerrado Mi-
neiro. 
Ali, os efeitos de uma alta carga produtiva, na 
temporada passada, devem impactar no potencial 
de produção do ciclo atual, já que as lavouras não 
possuem condições para suportar outra carga ele-
vada simultaneamente, sem uma recuperação ve-
getativa. 
MINAS GERAIS NO TOPO
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 29.181,3 
MILHÕES DE SACAS
Sul de Minas (sul e 
centro-oeste) F F F F/CH EF GF GF GF GF/M M/C M/C C C C C
Cerrado Mineiro 
(Triângulo, Alto 
Paranaíba e noroeste)*
 F F F F/CH CH/EF EF GF GF GF/M M/C M/C C C C C
Zona da Mata, Rio Doce 
e Central F F F F/CH CH/EF EF GF GF GF/M M/C M/C C C C C
Norte, Jequitinhonha e 
Mucuri F F F F/CH CH/EF EF GF GF GF/M M/C M/C C C C C
 Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set OutMeses
2023Ano 2024
Fases: (F)=floração; (CH)=formação dos chumbinhos; (EF)=expansão dos frutos; (GF)=granação dos frutos; 
(M)=maturação; (C)=colheita.
*parte irrigada.
14
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Expectativa de crescimento de 15,4% na pro-
dução total. Vários fatores interferem posi-
tivamente, como: a realização da adubação 
das plantas, feita pela maioria dos produtores, boa 
�oração, induzida pelas chuvas acima da média em 
julho e agosto de 2023, e pela bienalidade positi-
va do café arábica. 
Para o café conilon, a produção está estimada 
em 11.065,5 mil sacas, aumento de 9% em relação 
à safra anterior, e para a espécie arábica a produ-
ção deverá ser de 3.950 mil sacas, 38,2% acima do 
volume colhido na última safra.
A produção de café arábica se concentra, ma-
joritariamente, na região sul do estado. Ali, nesse 
início de ciclo, as condições se apresentaram rela-
tivamente favoráveis à cultura, exceção feita a al-
guns períodos de escassez de chuvas e outros, com 
altastemperaturas oriundas das ondas de calor, e, 
aliados à menor carga produtiva na safra passada, o 
cenário é de boa recuperação vegetativa das lavou-
ras, permitindo maior viabilidade da carga �oral e 
da formação dos frutos.
De maneira geral, as lavouras estão em fase de 
formação dos frutos e enchimento de grãos, e vêm 
se mantendo em boas e/ou regulares condições eda-
foclimáticas e �tossanitárias. 
A perspectiva de um ciclo com bienalidade po-
sitiva ajuda a projetar uma safra com crescimento, 
mesmo que limitado pelo clima, na produção total 
em comparação à temporada anterior.
Pelo calendário agrícola previsto na região, a 
colheita só deve começar a partir de abril de 2024 
e estender suas operações até dezembro do mes-
mo ano. 
ESPÍRITO SANTO
LÍDER EM CONILON
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 
15.015,5 MIL SACAS
Ano 2023 2024
 Meses Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
 Fases* F F/CH F/CH/EF CH/EF GF GF GF GF/M M/C C C C C
Legenda: * (F)=floração; (CH)=formação dos chumbinhos; (EF)=expansão dos frutos; (GF)=granação dos frutos. 
(M)=maturação; (C) colheita.
15
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Crescimento de 7,4% em comparação ao re-
sultado obtido em 2023. Tal crescimento 
se deve às condições climáticas considera-
das satisfatórias na maioria das regiões produtoras, 
com chuvas bem distribuídas, independentemente 
da onda de calor ocorrida na metade de novembro, 
onde as temperaturas chegaram aos 40°C, mas ain-
da assim havia umidade no solo.
A cafeicultura no estado está pulverizada em 
diversas regiões, destacando-se os polos ou “pra-
ças” consideradas referências na produção de café: 
a Alta Mogiana, a Média Mogiana e as regiões de 
Garça e Marília, Ourinhos, Avaré e outros municí-
pios. A divisão das regiões é fundamentada nas se-
melhanças em características geográ�cas, de clima 
e pacotes tecnológicos utilizados.
Com relação à atual safra, 2024, o início do ci-
clo demonstra um cenário favorável à cultura, po-
rém, com algumas exceções. As condições climáti-
cas, por exemplo, estiveram, no geral, satisfatórias 
para o desenvolvimento das lavouras na maioria das 
regiões produtoras.
A previsão inicial é de incremento, tanto na 
área em produção quanto na produtividade mé-
dia, ambas em comparação com a temporada pas-
sada. 
SÃO PAULO
TEM CENÁRIO POSITIVO
PRODUÇÃO ESPERADA DE 5.401,8 MIL SACAS 
DA ESPÉCIE ARÁBICA
Cultivo predominantemente de café arábica, 
com previsão de estabilidade na produção. 
Em linhas gerais, o começo do ciclo atual 
se mostra favorável à cultura.
Mesmo com registros pontuais de intempéries 
climáticas, a fase de formação dos botões �orais e 
a �oração propriamente dita foram em condições 
climáticas mais amenas, se comparada ao referido 
período, além de uma etapa anterior que permitiu 
melhor recuperação do vigor vegetativo. 
PARANÁ INVESTE NO ARÁBICA
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 718,5 MIL SACAS
16
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Crescimento previsto em 6,4% na produ-
ção total.
Arábica: 1.224,8 mil sacas. A alta da pro-
dução é atribuída à bienalidade positiva, limitada 
pela previsão de chuvas abaixo da média.
Conilon: 2.390 mil sacas, resultado do bom pa-
cote tecnológico, mas limitado pela previsão de chu-
vas abaixo da média.
O cultivo de café arábica no estado se dá nas re-
giões do Planalto (centro-sul e centro-norte baiano) 
e no Cerrado (extremo-oeste da Bahia). De manei-
ra geral, o Planalto se caracteriza pelas áreas de maior 
altitude e clima ameno, favorecendo o desenvolvi-
mento do café na região, especialmente aquele grão 
destinado à produção da bebida de melhor qualidade. 
As lavouras de café no Planalto estão divididas 
em três microrregiões: Chapada Diamantina, Vi-
tória da Conquista e Brejões.
No Cerrado se cultiva exclusivamente o café 
do tipo arábica, tendo manejo totalmente irriga-
do e possuindo um cultivo concentrado em gran-
des propriedades, conduzido por grupos empresa-
riais, e tendo 100% das operações de colheita em 
caráter mecanizado. 
As lavouras de café no Cerrado estão dividi-
das em quatro municípios: Barreiras, Luís Eduar-
do Magalhães, São Desidério e Cocos.
Para as lavouras do Cerrado baiano, as condi-
ções estão mais favoráveis, especialmente em razão 
do manejo adotado, que inclui o uso de irrigação 
suplementar e pela alta tecni�cação empregada na 
cafeicultura local. 
Além disso, também há perspectiva de acrés-
cimo na área em produção pela adição de novas 
áreas e/ou áreas recém-reformadas que passarão 
a produzir no atual ciclo. Grande parte das lavou-
ras se encontra nas fases de fruti�cação e enchi-
mento dos frutos, com bom aspecto �tossanitário 
e expectativa de bom rendimento, também pelo 
efeito da bienalidade positiva. 
BAHIA É FAVORECIDA
PELA BIENALIDADE
PRODUÇÃO DE 3.614,8 MIL SACAS
Fases: (F)=floração; (CH)=formação dos chumbinhos; (EF)=expansão dos frutos; (GF)=granação dos frutos; 
(M)=maturação; (C)=colheita;
* cultivos total ou parcialmente irrigados.
Ano 2023 2024
Meses Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Cerrado* F F F CH EF EF GF GF GF/M M/C M/C C C 
Planalto F F F F/CH CH/EF GF GF GF GF/M M/C M/C C C C
17
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Acréscimo de 5,1% em comparação à sa-
fra passada. Resultado impactado pela ex-
pectativa de aumento na produtividade, 
estimulada pelas condições climáticas favoráveis, 
pela entrada de novas áreas em produção com clones 
com maior potencial produtivo, melhor manejo das 
culturas e à maioria das lavouras estarem equipa-
das com dispositivos para irrigação.
A cafeicultura no estado está concentrada prin-
cipalmente nas regiões que englobam os municí-
pios de Alto Alegre do Parecis, Alta Floresta do 
Oeste, Cacoal, Ministro Andreazza, Novo Hori-
zonte, Nova Brasilândia do Oeste e São Miguel 
do Guaporé. 
O cenário atual, com a utilização de mudas 
clonais mais prolí�cas, tem proporcionado exce-
lentes resultados, com boa homogeneidade das la-
vouras, precocidade na produção, maior uniformi-
dade de maturação dos grãos, melhor qualidade, 
escalonamento da colheita, ganhos constantes e 
expressivos na produtividade.
A cafeicultura rondoniense passou por signi-
�cativa mudança a partir da década de 2010, com 
um aumento expressivo da produtividade. Essa 
mudança se deve ao melhoramento do sistema de 
produção com manejo do solo, plantio em sulcos, 
adensamento da lavoura, podas de condução e pro-
dução, irrigação, manejo integrado de pragas e do-
enças, e ainda, o manejo nutricional com a prática 
da fertirrigação e monitoramento nutricional.
Entretanto, o principal fator que impulsionou 
essa mudança foi a adoção da propagação vegetati-
va, a clonagem, à qual foi associado o sistema “clo-
ne em linha”, no qual se cultiva clones diferentes 
em uma linha de plantio diferente e o adensamen-
to das lavouras.
Estima-se que existam em torno de 70 clones 
presentes nas lavouras de Rondônia, sendo os mais 
cultivados os materiais 03, 05, 08, 25, 41, 66 (P50), 
80, AS2, AR106 etc. A transformação tem origem 
no empreendedorismo dos agricultores locais e em 
pesquisas que auxiliaram na identi�cação das ca-
racterísticas dos clones e sua adaptação no estado e 
na Amazônia Ocidental. 
RONDÔNIA É IMPACTADO 
PELA PRODUTIVIDADE
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 3.195,9 MIL SACAS 
DE CAFÉ CONILON
18
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Acréscimo de 11% em relação à safra pas-
sada, justi�cado pelo ciclo de alta bienali-
dade. O estado é um tradicional produtor 
de café, embora nos últimos anos a área voltada à 
cafeicultura e o volume produzido sejam bem in-
feriores. 
Ainda assim, persiste uma boa concentração de 
café na região serrana carioca, com destaque para 
os municípios de Bom Jardim, Duas Barras e São 
José do Vale do Rio Preto, que possuem tempera-
turas mais amenas e maior umidade, além da re-
gião noroeste �uminense, onde é encontrado o 
outro grupo de municípios produtores: Bom Je-
sus do Itabapoana, Porciúncula e Varre-Sai, que 
apresentam um clima mais seco, com temperatu-
ras mais altas, tendo o cultivo concentrado nas áre-
as mais altas do município, as quaissão propícias 
para o café arábica.
A perspectiva da bienalidade positiva eleva as 
estimativas de produtividade, se comparadas à tem-
porada passada, assim como uma perspectiva inicial 
de incremento sobre a área em produção devido à 
adição de novas áreas ou lavouras reformadas que 
passarão a produzir nesse ciclo. 
RIO DE JANEIRO ELEVA 
ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 339 ,8 MIL SACAS 
DE CAFÉ ARÁBICA
Ano 2023 2024
 Meses Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
 Fases* F F/CH CH/EF EF GF GF GF GF/M M/C M/C C C C
Legenda: * (F)=floração; (CH)=formação dos chumbinhos; (EF)=expansão dos frutos; (GF)=granação dos frutos. 
(M)=maturação; (C)=colheita.
19
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
MATO GROSSO
PRODUÇÃO ALCANÇA VOLUME DE 263, 7 MIL 
SACAS
Previsão de crescimento de 1,3% na produ-
ção. Tal aumento decorre da combinação da 
expansão de 0,8% na área em produção e do 
aumento do uso de fertilizantes, aliados ao início 
da produção dos cafezais clonais, resultando em me-
lhores produtividades.
A mudança no pacote tecnológico emprega-
do, principalmente com o uso de materiais clo-
nais mais prolí cos, a adoção de práticas de 
manejo mais sustentáveis e o uso e ciente dos 
recursos são alguns dos fatores que contribuem 
para essa evolução, que até mesmo se re�ete na 
destinação de área para a cultura.
Nesse ciclo, por exemplo, a expectativa inicial é 
de incremento, tanto na área em produção quanto 
na área em formação de café, se comparado à safra 
passada. A irregularidade das chuvas levou a um 
uso mais intensivo dos sistemas de irrigação, re-
sultando em um aumento nos custos de produção. 
No entanto, com a queda nos preços dos ferti-
lizantes e defensivos, espera-se que o custo de pro-
dução seja menor para esta safra e que a cultura 
consiga desenvolver seus frutos e ter o enchimento 
dos grãos em bom rendimento. 
Previsão de crescimento de 26,7% na produ-
ção. Esse crescimento se deve ao aumento 
de 9,1% na área em produção e, principal-
mente, à bienalidade positiva, aliada à entrada de 
cafezais mais novos, o que proporcionará uma pro-
dutividade média de 43,6 sc/ha, 16,2% acima da 
colhida em 2023.
Esse início de ciclo  cou marcado por episó-
dios importantes de altas temperaturas e períodos 
de estiagem que afetaram algumas lavouras, tra-
zendo registro de alta incidência de bicho-minei-
ro (Leucoptera co�eella), acentuando ainda mais os 
danos sobre a cultura e o seu potencial produti-
vo na localidade.
As perspectivas atuais são de incremento, tan-
to na área em produção, oriundo da adição daque-
las que estavam em formação e que agora produ-
zirão nesse ciclo, quanto na produtividade média, 
essa ligado principalmente ao efeito da bienalida-
de positiva prevista para esta temporada.
Já para a área em formação, as estimativas 
apontam para drástica redução em comparação 
a 2023 por conta da erradicação de áreas velhas 
e pouco produtivas e também pelo planejamento 
mais otimista do produtor em manter áreas, mes-
mo que menos produtivas, em um ciclo de biena-
lidade positiva, na expectativa de obter resultados 
que ao menos lhes permitam algum retorno, para 
na bienalidade negativa adotar manejos mais drás-
ticos. 
GOIÁS É AFETADO POR PRAGAS
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 255,7 MIL SACAS 
DE CAFÉ
20
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Como será o amanhã?
Estamos trabalhando nele agora.
O futuro da agricultura é constantemente reescrito pela 
inovação. Cada descoberta pode ser um novo salto na 
produtividade de alimentos e uma esperança para nutrir as 
próximas gerações. O Grupo Santa Clara coloca a inovação 
a serviço da produtividade, contribuindo para um futuro 
sustentável para a agricultura mundial.
santaclaragrupo.com.br
Anuncio_Institucional_GRUPO_2023_21x28cm_Campo&Negocios.indd 1 01/03/24 12:14
O per�l produtivo das regiões cafeeiras em 
destaque pode ser in
uenciado por uma 
série de características e peculiaridades 
que incluem, mas não se limitam a:
 Altitude: muitas regiões possuem altitu-
des variadas, o que impacta diretamente nas ca-
racterísticas do café. Altitudes mais elevadas, ge-
ralmente acima de 800 metros, estão associadas a 
grãos de alta qualidade, com acidez mais pronun-
ciada e sabores complexos.
 Clima: as condições climáticas, como tem-
peratura e umidade, desempenham um papel cru-
cial. Regiões com climas especí�cos podem favore-
cer o cultivo de determinadas variedades de café e 
in
uenciar as características de sabor. As altas tem-
peraturas podem prejudicar o cafezal, caso o plantio 
não tenha irrigação.
 Solo: a composição do solo pode variar, afe-
tando a nutrição das plantas de café. Solos ricos em 
minerais podem contribuir para per�s de sabores dis-
tintos. Entretanto, atualmente o agricultor consegue 
realizar as correções e adubações necessárias para o 
plantio do café. Deve-se evitar solos com encharca-
mento, que são um grande problema para a planta.
 Variedades de café: diferentes regiões podem 
ter predominância de variedades especí�cas de café, 
como arábica ou robusta, e até mesmo cultivares lo-
cais adaptadas às condições especí�cas da região. O 
ideal é fazer um estudo da sua região, antes de de-
�nir a variedade.
PERFIL PRODUTIVO 
das principais regiões cafeeiras
O perfil produtivo das principais regiões cafeeiras é influenciado por uma 
interseção complexa de fatores climáticos, geográficos e técnicos. As 
características únicas de cada região, como altitude, temperatura, solo e 
métodos agrícolas desempenham um papel crucial na determinação da 
qualidade e sabor do café produzido.
22
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
PERFIL PRODUTIVO 
das principais regiões cafeeiras
 Práticas agrícolas: métodos de cultivo, co-
lheita e processamento do café podem variar. Al-
guns agricultores preferem adotar métodos tra-
dicionais, enquanto outros buscam inovações e 
técnicas modernas. Toda prática é válida, desde que 
seja economicamente viável e traga retorno.
 Topogra�a: a topogra�a do terreno, in-
cluindo o relevo e a inclinação, podem in�uenciar 
o manejo agrícola, a exposição solar e a drenagem, 
afetando a qualidade do café. Normalmente, os ca-
fezais tendem a �car em áreas um pouco mais de-
clivosas quando se faz uma agricultura menor. En-
tretanto, ultimamente grandes produtores estão 
escolhendo áreas com menor declividade para oti-
mização e performance da operação.
 Sazonalidade: o ciclo de colheita e as esta-
ções do ano podem in�uenciar a maturação dos 
frutos, afetando a qualidade do café. Entenda sua 
região, observe as plantas em volta e converse com 
seus vizinhos.
 Regime de chuva: estações de chuva bem 
de�nidas favorecem uma distribuição consistente 
de umidade, contribuindo para uma produção es-
tável. Em contrapartida, regiões com secas pro-
longadas ou chuvas excessivas enfrentam desa�os 
como estresse hídrico, exigindo adaptações nas 
práticas agrícolas e sistemas de irrigação, tradi-
cionalmente via gotejamento ou pivô, para garan-
tir a produtividade do café.
“Terroir” do café
Essas características, combinadas, criam o que 
é conhecido como “terroir” do café, como no vinho, 
que se refere à interação única entre o ambiente lo-
cal e as práticas de cultivo. 
Cada região cafeeira tem seu próprio terroir, e 
isso pode se manifestar nos sabores, aromas e ca-
racterísticas físicas distintas do café cultivado nes-
sa região. Por exemplo, cafés cultivados em altitu-
des mais elevadas podem apresentar uma acidez 
mais brilhante e complexidade de sabor, enquanto 
as condições climáticas podem in�uenciar o de-
senvolvimento de notas especí�cas, como frutadas, 
�orais ou terrosas.
O que muda?
As diferenças nos métodos de cultivo e práti-
cas agrícolas entre as diversas regiões cafeeiras são 
evidentes e resultam da interação complexa entre 
fatores geográ�cos, climáticos e culturais. Algu-
mas distinções incluem:
 Espécies e variedades de café: cada região 
pode favorecer o cultivo de variedades especí�cas 
de café, adaptadas às suas condições únicas. Es-
sas variedades contribuem para a diversidade de 
per�sde sabor.
 Sistemas de plantio (sistema agro�ores-
tal, consorciado, sombreado ou pleno sol): a es-
colha entre os cultivos pode ser estrategicamente 
utilizada em algumas regiões para in�uenciar as 
características climáticas e, consequentemen-
te, o café produzido, ou simplesmente por uma 
otimização de espaço ou diversi�cação. E cada um 
desses métodos irá trazer uma qualidade e sabor 
diferenciados.
 Técnicas de colheita: métodos de colhei-
ta, como colheita seletiva manual ou mecânica, 
são selecionados com base em considerações topo-
grá�cas e na disponibilidade de mão de obra. Na 
mesma propriedade é comum ter os dois métodos, 
o que irá depender do objetivo do produtor quan-
to àquela colheita. Nos cafeeiros jovens e algum 
talhão que tenha se destacado em qualidade, é co-
mum utilizar a colheita manual, de forma a preser-
var a árvore e a qualidade do fruto.
 Processamento do café: técnicas de proces-
samento pós-colheita, como via seca, via úmida ou 
processos semi-lavados variam e desempenham 
um papel fundamental na de�nição do per�l sen-
sorial do café.
23
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
24
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
 Tratos culturais: as práticas de manejo do 
solo são ajustadas de acordo com as característi-
cas especí�cas do solo em cada região. Adubação, 
rotação de culturas e conservação do solo são as-
pectos considerados pelos produtores. Já as práti-
cas de aplicação de defensivos variam de acordo 
com o monitoramento das áreas ou do manejo do 
produtor de forma preventiva.
 Sustentabilidade: o compromisso com 
práticas agrícolas sustentáveis varia entre as re-
giões, re�etindo-se em iniciativas como agro-
�orestas, agricultura orgânica ou adesão a cer-
ti�cações de comércio justo. E, na cafeicultura, é 
muito importante para as certi�cações existentes 
no mercado para valorização do produto.
Essas nuances destacam a riqueza de aborda-
gens adotadas pelos produtores, que moldam o ca-
ráter distintivo dos cafés produzidos em diferen-
tes regiões.
Influência das condições climáticas 
As condições climáticas desempenham um pa-
pel crucial na produção de café, com diferenças 
signi�cativas entre as regiões. Em altitudes mais 
elevadas, acima de 900 metros, o café geralmente 
amadurece mais lentamente, resultando em grãos 
mais densos e sabores mais complexos. Contu-
do, temperaturas extremas podem comprometer a 
qualidade e reduzir a produção.
A variabilidade no regime de chuvas também 
é crucial. Regiões com chuvas bem distribuídas 
podem experimentar até 25% mais colheitas, en-
quanto aquelas sujeitas a secas prolongadas podem 
enfrentar perdas substanciais. Por isso, é importan-
te ter outorga e uma irrigação efetiva em situações 
como essa. 
Além disso, eventos climáticos extremos, como 
tempestades, podem resultar em perdas imediatas 
de até 40%.
A vulnerabilidade a geadas, especialmente em 
regiões propensas, pode reduzir drasticamente a 
produção em até 50%. Em resposta a esses de-
sa�os, os produtores precisam adotar estratégias 
especí�cas, desde a escolha de variedades resisten-
tes até práticas adaptativas, a �m de garantir a 
sustentabilidade e a qualidade consistentes na pro-
dução de café.
Tendência 
As variedades de café predominantes no Bra-
sil são a arábica e a robusta, com distribuição ge-
ográ�ca especí�ca. A arábica é cultivada em larga 
escala nas regiões centro-oeste, sudeste e sul, en-
quanto a robusta tem destaque em áreas do sudes-
te, nordeste e norte do país. 
Contudo, a escolha da variedade a ser cultivada 
é in�uenciada por diversos fatores, incluindo o sis-
tema de produção e as condições ambientais.
Entre as cultivares de arábica (Coffea Arabi-
ca) mais comuns no Brasil, destacam-se o Mundo 
Novo e o Catuaí. Atualmente, existem aproxima-
damente 140 cultivares registradas ou em proces-
so de inscrição no Registro Nacional de Cultivares 
(RNC), cada uma apresentando características es-
pecí�cas que variam de acordo com o ambiente e o 
sistema de produção.
A espécie Coffea Canephora, englobando os 
grupos conilon e robusta, contribui com cerca de 
25% da produção total de café no Brasil. No país, 
existem 30 cultivares registradas, a maioria delas 
clonais, desempenhando papel fundamental nas 
plantações e renovações das lavouras de conilon 
e robusta. 
A Embrapa, por sua vez, desenvolveu dez cul-
tivares clonais híbridas de café, resultantes do cru-
zamento entre conilon e robusta, especialmente 
adaptadas à região amazônica.
Recomendações
A drenagem do solo é um aspecto crucial na 
produção de café, especialmente em terrenos incli-
nados. Sistemas de drenagem adequados são im-
plementados para prevenir a acumulação de água, 
protegendo, assim, as raízes do café de possíveis da-
nos. 
A altitude do terreno, que é determinada pela 
topogra�a, desempenha um papel signi�cativo na 
produção de café. Terrenos situados em altitu-
des mais elevadas tendem a ter temperaturas mais 
amenas, o que favorece o cultivo de variedades de 
café de alta qualidade. 
A acessibilidade e o manejo em terrenos incli-
nados são aspectos fundamentais, com os produto-
res adaptando técnicas de colheita e irrigação para 
lidar com as características especí�cas do terreno. 
O zonamento do terreno é uma prática comum 
entre os produtores de café, que leva em conta as 
características únicas do solo e da topogra�a para 
alocar de maneira e�ciente variedades especí�cas 
de café. 
Além disso, sistemas de irrigação são estrategi-
camente implementados em terrenos onde a dis-
tribuição natural da água é irregular. Essas práticas 
de gestão adaptativas à topogra�a não só garantem 
a produtividade, mas também a sustentabilidade a 
longo prazo das plantações de café.
Desafios da cafeicultura
Os produtores de café enfrentam uma gama 
diversi�cada de desa�os relacionados a pragas, do-
enças e outros problemas agrícolas que podem im-
pactar signi�cativamente a produção. 
Produtores de café confrontam múltiplos desa-
�os, desde doenças, como a ferrugem, e pragas, como 
25
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Características sensoriais dos cafés regionais
 Sul de Minas: frequentemente exibem notas sensoriais que variam de chocolate e caramelo a 
frutas maduras.
 Cerrado de Minas: corpo aveludado, acidez equilibrada e notas que variam de frutas a choco-
late.
 Alta Mogiana: bastante frutado, com corpo cremoso e acidez média, com toques de carame-
lo, chocolate e nozes.
 Sudoeste: corpo médio, acidez alta, adocicado, com notas �orais e cítricas.
 Montanhas: corpo aveludado, acidez alta, adocicado, com notas de caramelo, chocolate, amên-
doa, cítricas e frutadas.
 Acre: cultivado com o robusta. Os cafeeiros são jovens, têm entre três e quatro anos, e recebem 
o emprego de tecnologias, como cultivo adensado e manejo de poda.
 Atlântico Baiano: localizado no sul da Bahia, esse polo, formado por 35 municípios, divide 
com outros dois (Cerrado e Planalto) a produção cafeeira do estado. Somente no Atlântico Baia-
no é cultivado o café conilon, que encontra boa luminosidade e clima para a produção.
 Campo das Vertentes: em maio, essa região, que cultiva arábica e no ano passado produziu 
cerca de 750 mil sacas de café, foi reconhecida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) 
como mais uma área produtora de café em Minas Gerais.
a broca, exigindo abordagens complexas de manejo, 
incluindo resistência genética e controle preciso. 
A ferrugem do café, uma doença fúngica co-
mum, compromete a saúde das folhas e a qualida-
de dos grãos, exigindo estratégias que incluem re-
sistência genética e aplicação de fungicidas. 
A broca-do-café, um inseto prejudicial aos grãos, 
requer estratégias como colheita seletiva, uso de ini-
migos naturais e aplicação criteriosa de inseticidas 
para controle e�caz. 
Além disso, nematoides, pequenos vermes pa-
rasitas, representam uma ameaça às raízes do cafe-
26
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Autoria:
Daniela Andrade
Engenheira agrônoma, mestra em Fitotecnia – 
Universidade Federal de Lavras (UFLA), consultora e 
gestora em Planejamento e Controle de Produção eGestão de Dados
daniela.andrade@eldoradoterra.com.br 
eiro, exigindo rotação de culturas e manejo do solo 
para minimizar os danos. 
As condições climáticas extremas, como secas e 
chuvas excessivas, destacam a necessidade de siste-
mas e�cazes de irrigação e drenagem. Custos ele-
vados, englobando insumos e mão de obra, junto 
com a dependência intensiva de mão de obra, im-
pactam a viabilidade econômica. 
Além disso, a incerteza decorrente das mudan-
ças climáticas exige ajustes nas práticas de mane-
jo. Uma abordagem integrada, envolvendo práti-
cas sustentáveis, inovações tecnológicas e pesquisa 
para variedades resistentes, é imperativa. 
Portanto, os produtores de café no Brasil en-
frentam uma série de desa�os que exigem uma 
gestão cuidadosa e estratégias adaptativas para ga-
rantir a produtividade e a sustentabilidade a longo 
prazo das plantações de café. 
27
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Nos últimos anos, os produtores de café en-
frentaram grandes desa
os por consequên-
cia de eventos climáticos adversos que ocor-
reram, principalmente na safra 2021/22. 
Durante o ano de 2023 as lavouras cafeeiras 
apresentaram uma expressiva recuperação produti-
va, que re�etiu diretamente na safra 2023/24 e no 
incremento de produtividade. Mesmo sendo um 
ano de bienalidade negativa, as condições climáti-
cas favoráveis permitiram uma recuperação produ-
tiva expressiva, principalmente na região mineira.
Os números expressivos nos resultados dessa 
safra são resultado da recuperação da produtivida-
de das lavouras de café tipo arábica, que apresen-
tou incremento na área em produção e na produ-
tividade. 
Nesta safra, alguns estados se destacaram em 
ganhos de produtividade - Minas Gerais, São Pau-
lo e Paraná, em relação ao volume total colhido na 
safra anterior.
Porém, nem todas as regiões produtoras de 
café tiveram resultados tão expressivos em produ-
tividade, principalmente aqueles estados produto-
res de conilon. Isso é espelho das condições adver-
sas que afetaram a cultura durante o seu ciclo de 
desenvolvimento, principalmente nos estados da 
Bahia e do Espírito Santo, principal produtor de 
café tipo conilon do país. 
Questão de qualidade
Em geral, o clima apresentou um ciclo osci-
lante, contudo, foi favorável à cultura. No início do 
ciclo registrou-se um cenário mais seco, entre os 
meses de maio e setembro de 2022, e em alguns 
momentos apresentou temperaturas médias acima 
2023
RECUPERAÇÃO PRODUTIVA DAS LAVOURAS
As plantas apresentaram melhores condições em relação à safra 2022, tendo 
em vista que naquele período a seca enfrentada pela cultura fez com que a 
planta utilizasse um maior percentual das suas reservas energéticas.
28
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Autoria:
Jaíne Cristina de Jesus
Engenheira agrônoma - Cooperativa dos Cafeicultores 
do Cerrado de Monte Carmelo (monteCCer)
jainecjesus.agro@gmail.com
do normal, em especial antes do início do inverno. 
Entretanto, já no 
nal de setembro e início do 
mês de outubro, as chuvas retornaram com volu-
me e frequência satisfatórios. Houve alguns mo-
mentos adversos, como um veranico em outubro, 
mas logo as chuvas se restabeleceram de forma 
bem distribuída.
Floração
No que se refere ao desenvolvimento da cul-
tura ao longo do ciclo, mesmo que no início o vo-
lume de chuvas tenha sido levemente inferior ao 
período anterior, observou-se que a �orada e a ex-
pansão dos frutos foi mais vigorosa, houve menor 
taxa de abortamento da �orada, maior pegamen-
to dos chumbinhos e uma expansão de frutos me-
lhor que a safra passada, ainda que sem irrigação. 
Pensando nas condições em que as lavouras 
atravessaram para a safra 2023, o engenheiro agrô-
nomo e consultor especialista em cafeicultura no 
Cerrado Mineiro, Amarildo Queiroz Mundim, ex-
plica que as plantas apresentaram melhores condi-
ções em relação à safra 2022, tendo em vista que 
naquele período a seca enfrentada pela cultura fez 
com que a planta utilizasse um maior percentu-
al das suas reservas energéticas, dessa forma, com-
prometendo o cafeeiro em sua fase reprodutiva.
Ainda segundo o consultor, mesmo com o au-
mento das temperaturas em relação à média histó-
rica em uma das lavouras em que presta consulto-
ria, realizando o mesmo manejo da safra 2022 em 
que colheu cerca de 17 sacas por hectare em virtu-
de da seca, na safra 2023 colheu mais de 96 sacas 
por hectare devido às condições climáticas ideais 
nos momentos essenciais para o desenvolvimen-
to da lavoura.
Reação do mercado
Devido a essa importante recuperação na pro-
dutividade do cafeeiro, o mercado também se com-
portou de forma diferente e, de acordo com os 
pesquisadores do Cepea, como consequência do au-
mento da oferta, o preço da saca caiu e operou na 
maior parte do ano de 2023 em queda. 
De acordo com a primeira estimativa para a sa-
fra brasileira de café em 2024 divulgada no mês de 
janeiro/2024, as projeções são positivas e estima-
-se que deverá se con
rmar como ano de biena-
lidade positiva. 
No entanto, a cafeicultura irá enfrentar desa
os 
e incertezas devido às previsões incertas das condi-
ções climáticas, principalmente em virtude do fe-
nômeno El Niño, que segundo Amarildo Mundim, 
ainda traz muita dúvida em relação à de
nição da 
produtividade para a próxima safra. 
Os cafeicultores devem 
car em alerta a cada fase 
do desenvolvimento, buscar um planejamento estra-
tégico para adaptar-se às incertezas e garantir o cres-
cimento sustentável para a cafeicultura brasileira. 
“A cafeicultura enfrentará desafios e 
incertezas devido às previsões incertas das 
condições climáticas, principalmente em 
virtude do fenômeno El Niño, que ainda traz 
muitos desafios em relação à definição da 
produtividade para a próxima safra”.
29
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
No passado, a produtividade média das la-
vouras de café no Brasil se situava na fai-
xa de 6,0 a 8,0 sacas bene�ciadas/ha. Até 
a década de 1960, o parque cafeeiro nacional tinha 
cerca de 4,0 milhões de hectares e as safras eram da 
ordem 25 a 30 milhões de sacas. 
Atualmente, o parque é de cerca de 2,2 milhões 
de hectares e as safras têm �cado na faixa de 50 a 
60 milhões de sacas/ano. A área foi reduzida pela 
metade, enquanto a produção dobrou, tornando o 
Brasil o maior produtor do mundo, com 35% de 
todo o café produzido.
A receita do sucesso
O alcance de produtividades altas, além dos li-
mites, nas lavouras de café, é possível, com uso con-
junto das práticas, pois não adianta ter uma boa va-
riedade, com potencial alto, se não há condições de 
expressar uma boa capacidade genética, seja com 
boa nutrição ou com a própria irrigação, quando o 
clima não ajudar.
Os principais desa�os, na atualidade, para ob-
ter safras de café com produtividades além dos ní-
veis normais, têm sido o clima, que vem se mos-
PRODUTIVIDADE
além dos limites
As lavouras cafeeiras atuais, tanto de cafés arábica quanto de robusta, vêm 
aumentando suas produtividades, com grandes avanços na genética das 
plantas e práticas de manejo. Conseguir boas produtividades exige cuidados 
especiais dos produtores, mas as tecnologias estão disponíveis a todas as 
regiões brasileiras.
30
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Tabela 1. Efeito do espaçamento (número de plantas/área) sobre a produtividade dos cafeeiros em três ensaios, em 
distintas épocas.
Locais Espaçamentos
4,0 x 4,0 m
4,0 x 0,5 m
5,0 x 2,0 m
3,5 x 2,5 m
2,0 x 0,5 m
3,8 x 2,0 m
3,5 x 1,7 m
1 ,0 x 0,5 m
3,8 x 1,0 m
1,5 x 1,0 m
1 – Ensaio Pindorama - SP
(média de 21 safras/1938-1959)
3 - Ensaio Martins Soares 
(média de 11 safras/1996-2006)
2 – Ensaio Varginha
(média de sete 
safras/1978-1985)
Número de plantas 
ou covas/ha
625
5.000
1.000
1.142
10.000
1.315
1.680
20.000
2.630
6.666
Produtividade sc/ha
8,7
42,7
13,5
13,4
56,0
19,6
17,5
78,0
23,7
40,1
Para a melhoria da produtividade e das sa-
fras, foram implementados avanços tecnológi-
cos, principalmente em 10 setores, sendo: 
1) Zoneamento agroclimático das áreas de 
cultivo; 
2) Introdução de novos espaçamentos;
3) Novasvariedades;
4) Uso de técnicas de correção do solo e 
adubação;
5) Controle de pragas e doenças;
6) Aumento no uso de irrigação;
7) Maiores níveis de mecanização;
8) Podas para renovação e melhoria de pro-
dutividade;
9) Clonagem de materiais genéticos supe-
riores;
10) Cuidados na colheita e na pós-colheita.
Como exemplos, três tecnologias básicas 
re�etem as melhorias tecnológicas implemen-
tadas nas lavouras. A primeira foi quanto ao 
espaçamento, que evoluiu de 600 a 800 plantas 
por hectare para mais de 5.000 plantas. 
Esse estande tem sido muito importante 
para resultar em maiores produções. Antes se 
media a produção por planta, agora a métri-
ca é por área. A segunda melhoria foi nas va-
riedades, com uso de materiais genéticos com 
maiores capacidades produtivas. A terceira foi 
na correção do solo e na nutrição das plantas. 
Antes se contava com terras férteis para o 
café, hoje, boa parte da cafeicultura está im-
plantada em solos naturalmente pobres, como 
os cerrados, ou desgastados por uso anterior. 
A Tabela 1 (pg 31), com dados de experi-
mentos com espaçamentos, em períodos mais 
antigos e mais atuais, mostra a importância do 
espaçamento e do número de plantas por hec-
tare na produtividade dos cafeeiros.
Avanços tecnológicos
31
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
trando desfavorável. Outro fator é o aumento dos 
custos operacionais e, em algumas regiões, a di�-
culdade na realização dos trabalhos, por falta de 
mão de obra.
Produtividades e ganhos com irrigação
A produtividade média da cafeicultura brasi-
leira se situa na faixa de 28 a 30 sacas por hecta-
re, sendo que a produtividade das lavouras de ro-
busta, na média, são mais altas, na faixa de 45 a 50 
sacas/ha.
É possível e desejável aumentar mais essa pro-
dutividade, sendo que um fator impeditivo tem sido 
as condições climáticas adversas, ora pelo efeito do 
frio intenso, por geadas (Figura 1) e chuvas de gra-
nizo, ora por calor demasiado e, principalmente, 
por dé�cits hídricos (Figura 2). 
Deste modo, a irrigação é uma das práticas 
mais importantes no sentido de obter produtivi-
dades superiores.
No Brasil, 450 mil hectares, equivalentes a 21% 
da área plantada de café, são irrigados por diferen-
tes sistemas de irrigação, como aspersão, pivô cen-
tral, gotejamento, etc. Em Minas Gerais, onde a 
área plantada já supera um milhão de hectares, a 
Figura 1 – Efeito de geada no cafeeiro Figura 2 – Efeito de déficit hídrico no cafeeiro
Marcelo Jordão Fabiano Odebrecht
32
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Fotos: André Fernandes
cada oito hectares, um é irrigado. 
A irrigação tem sido utilizada mesmo em regi-
ões consideradas tradicionais para o cafeeiro, como 
o sul de Minas Gerais, Zona da Mata de Minas 
Gerais, Mogiana Paulista e Espírito Santo, com 
resultados excepcionais de produtividade. 
Em projetos bem estruturados, com uso das 
práticas adequadas, como irrigação, é viável e eco-
nômico produzir na faixa de 60 a 70 sacas/ha, na 
média bienal, para lavouras de arábica e de 80 a 
100 sacas/ha para o robusta.
Tem sido possível, em áreas com estresse hí-
33
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
drico, na faixa de 100 a 200 mm anuais, obter ga-
nhos de mais de 40% na produtividade por irriga-
ção. Nas áreas normais, como no Sul de Minas, na 
média de seis safras, incluindo anos bons e maus 
de chuva, tem-se obtido ganhos de 30%. 
Na Mogiana, nesses últimos quatro anos, a ir-
rigação aumentou mais de 60% a produtividade, e 
no Triângulo Mineiro existem ganhos de produti-
vidade de mais de 100%.
Opções
Existem diferentes sistemas de irrigação capa-
zes de irrigar o cafezal, e a escolha de um ou outro 
depende do tipo de solo, da topogra�a, do tama-
nho da área, dos fatores climáticos, dos fatores re-
lacionados ao manejo da cultura, do dé�cit hídrico, 
do custo do sistema de irrigação e da capacidade 
de investimento do produtor.
Entre os sistemas utilizados para irrigação, 
destacam-se o pivô central, a aspersão e o goteja-
mento. 
O pivô central aproveita cerca de 80% da área, 
já que o círculo irrigado não preenche totalmente 
se o plantio for feito em uma área quadrada. Con-
vém salientar que o investimento em pivô central 
será muito alto se a área irrigada for menor que 
30 hectares; porém, em áreas maiores, seu custo de 
implantação e manutenção são inferiores ao siste-
ma de gotejamento. 
Os primeiros pivôs centrais utilizados para 
café foram adaptados de outras lavouras, com ir-
rigação em área total, ou seja, tanto nas linhas de 
café quanto nas entrelinhas. Apesar de viabilizar 
a cafeicultura empresarial nas regiões de cerrado, 
o sistema pivô central “convencional” ainda apre-
sentava o inconveniente da aplicação de grandes 
volumes de água e com irrigação das entrelinhas 
do café, exigindo controle mais intensivo das plan-
tas invasoras.
A partir dessas di�culdades, surgiu uma inova-
ção, adaptada da irrigação de pomares de citros nos 
Estados Unidos, com emissores capazes de irrigar 
somente a faixa de absorção radicular das plantas. 
A partir desta tecnologia, pesquisadores e con-
sultores brasileiros desenvolveram uma técnica ex-
tremamente interessante para a irrigação do cafe-
eiro com o pivô central, com plantio realizado em 
círculo, com emissores localizados sobre as linhas 
de café, denominados LEPA, sigla que representa, 
em inglês, Low Energy Precision Aplication, ou 
seja: aplicação precisa de água com baixo consumo 
de energia, já que a pressão requerida é menor (Fi-
guras 3a e 3b). 
Figura 3. Irrigação via pivô central com plantio em círculo irrigado com emissor LEPA: a) Detalhes do equipamento; 
b) Vista aérea de vários equipamentos; c) Robusta irrigado por pivô central em plantio convencional adensado; d) 
Florada do robusta no pivô; e) Colheita de robusta irrigado por pivô central 
A B
C D E
“Em projetos bem estruturados, com uso das práticas adequadas, como irrigação, 
é viável e econômico produzir na faixa de 60 a 70 sacas/ha, na média bienal, para 
lavouras de arábica e de 80 a 100 sacas/ha para o robusta”
34
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Figura 4. Irrigação por gotejamento superficialPara plantios mais adensados, como os de café 
robusta, a irrigação tem sido feita com pivôs con-
vencionais, com emissores mais modernos, de alta 
e�ciência de aplicação, que têm permitido a obten-
ção de altas produtividades (Figuras 3c, 3d e 3e).
Particularidades
O sistema de irrigação por gotejamento (Fi-
gura 4) se desenvolveu em função da escassez de 
água. Este sistema aplica água em apenas parte da 
área, reduzindo assim a superfície do solo que �ca 
molhada, exposta às perdas por evaporação. 
Com isso, a e�ciência de aplicação é bem maior 
e o consumo de água menor. O gotejamento envol-
ve vários componentes:
 Emissores (gotejadores ou microsprayers);
 Laterais (tubos de polietileno que suportam os 
emissores);
 Ramais (tubulação em geral de PVC 35, 50, 75 
ou 100 mm);
 Filtragem (filtros separadores, tela, disco ou 
areia);
 Automação (controladores, solenoides e válvu-
las);
 Válvulas de segurança (controladora de bomba, 
ventosa, antivácuo);
 Fertirrigação (reservatórios, injetores, agitado-
res);
 Bombeamento (motor, bomba, transformador, 
etc.).
Os gotejadores podem ser do tipo “on line”, que 
compreendem aqueles acoplados à tubulação de po-
lietileno após perfurar a mangueira. São utilizados 
apenas em áreas muito pequenas. 
Os gotejadores “in line” são emissores que já 
vêm inseridos na tubulação de polietileno. Qual-
quer que seja o tipo, eles podem ser normais ou au-
tocompensáveis (gotejadores cuja vazão varia mui-
to pouco se a pressão variar). 
O mercado já oferece também gotejadores an-
ti-drenantes, que irrigam somente quando a pres-
são da água estiver acima de um determinado valor 
mínimo, por exemplo, 8,0 mca (metros de colu-
na de água). 
Esta característica é muito interessante, pois ao 
ligar o sistema, as pressões se equilibram rapida-
mente, o que contribui muito para a uniformidade 
de aplicação da água.
35
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Alternativas
Outro tipo de irrigaçãoé o gotejamento sub-
super
cial (Figura 5), com linhas de emissores en-
terradas em uma profundidade superior a 10 cm. 
Também existe um caso especí
co do gotejamen-
to enterrado, designado como gotejamento enco-
berto, em que o tubogotejador é instalado a uma 
profundidade inferior a 10 cm. 
Para preservar o funcionamento do gotejador, 
é preciso considerar a injeção de algum herbicida 
para controlar a intrusão radicular. O herbicida 
Figura 5. Efeitos no enraizamento na irrigação por 
gotejamento
Figura 6. Irrigação por aspersão convencional 
mais comum é a Tri�uralina (TFN), com mobili-
dade muito reduzida em função de sua alta adsor-
ção às partículas de argila ou à matéria orgânica. 
O sistema de gotejamento efetua a irrigação 
sobre o solo, na área de maior absorção das raízes do 
cafeeiro, com gotejadores de pequena vazão (1,0 a 
10 litros/hora); porém, capazes de irrigar com alta 
frequência (até mesmo várias vezes ao dia), man-
tendo-se a umidade do solo na zona radicular pró-
xima à capacidade de campo, condição que facilita 
a absorção de água pelo cafeeiro.
Método convencional
A aspersão convencional (Figura 6) também 
é bastante empregada em áreas menores, embo-
ra seja bastante afetada pela ocorrência de ventos 
de mais de 10 km/h, já que para lançar água em 
maiores distâncias, o jato de água alcança alturas 
em que a deriva (arraste da água pelo vento) é mui-
to comum. 
Porém, por ser um sistema que aplica água em 
área total e de fácil operação e manutenção, tem 
sido muito utilizado para áreas de café robusta, no 
Espírito Santo, com excelentes produtividades.
Sistema de tripa
Outro sistema empregado principalmente no 
Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba é o tubo per-
furado a laser, muito conhecido como tripa. Trata-
-se de um tubo de polietileno de cerca de 40 mm 
de diâmetro que possui pequenos orifícios (0,1 
mm) que esguicham a água, porém, de forma me-
nos e
ciente e uniforme, se comparada ao goteja-
mento. 
Na Figura 7, podemos visualizar as áreas irri-
gadas dos principais estados brasileiros, com desta-
que para Espírito Santo (robusta e arábica) e Mi-
nas Gerais (arábica). 
Figura 7. Irrigação por gotejamento no café, em hectares
Fonte: Atlas de Irrigação - ANA (2021)
SP
RO
RJ
PR
MT
MG
GO
ES
DF
BA
0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 2.500.000
45.754
293
7.860
1.025
143
263
8.782
43.238
134.183
207.742
36
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Rentabilidade em lavouras mais produtivas 
e seus desafios
Produzir bem nas lavouras de café traz ga-
nhos bem signi�cativos. Os aumentos de produ-
tividade diluem os custos �xos, que são necessários 
para custear a lavoura. 
Os gastos, embora um pouco maiores nessas 
lavouras bem produtivas, podem ser divididos por 
um maior número de sacas produzidas e, assim, 
o custo por saca �ca menor.
Existem muitos exemplos de sucesso de pro-
dutores que vêm produzindo bem em suas lavouras 
de café, em todas as regiões do País, seja na cafei-
cultura de montanha (Figura 8), onde os plan-
tios são mais adensados, seja em áreas mecanizá-
veis (Figura 9).
Tratos culturais
Tanto no arábica quanto no café robusta, as 
podas têm sido utilizadas como excelente prática 
de manejo para garantia de elevadas produtivida-
des, pois permitem a renovação da lavoura e a oti-
mização dos custos de produção. 
Na Figura 10 (a e b) estão exemplos de poda 
para o café arábica.
Questões ambientais nas lavouras de café
Não tem havido, no geral, problemas graves de 
meio ambiente nas propriedades cafeeiras, pois a 
cultura, sendo perene, cobre e protege o solo e o 
ambiente de forma semelhante a uma �oresta. 
Não são realizadas intervenções no solo, como 
aração. O uso de defensivos e de adubos é feito de 
forma racional. 
Trabalhos realizados para avaliar a pegada de 
carbono em lavouras de café têm mostrado que 
este apresenta balanço positivo. 
Um estudo encomendado ao Instituto de Ma-
nejo e Certi�cação Florestal e Agrícola (Ima�o-
ra) calculou quanto as plantações de café emitem 
de gases e analisou os manejos que mais seques-
tram gás carbônico (CO2), seja pelas plantas ou 
pelo solo. 
O resultado indicou que as 34 propriedades 
brasileiras que participaram do inventário têm 
uma emissão de 4,02 toneladas de CO2 equivalen-
te (tCO2e) por hectare ao ano – muito menor que a 
média global de emissão de fazendas cafeeiras, que 
é de 28 tCO2e/ha/ano. 
Os estudos indicaram que o balanço de emis-
sões desse grupo de cafeicultores foi negativo: 
-5,66 tCO2e/ha/ano.
Figura 10. Poda por decote e esqueletamento (safra zero), viabilizando altas produtividades a custos mais baixos
Fotos: José Braz Matiello
Figura 8. Lavoura racional e produtiva mesmo em área 
de montanha, pelo adensamento do plantio
Figura 9. Exemplo de cafezal racional, produtivo, em 
região mecanizada, com plantio em renque e mais de 
5.000 plantas/ha
38
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
Cafeicultura moderna
Outras tecnologias que têm aumentado con-
sideravelmente na cafeicultura moderna são as re-
lacionadas ao uso de bioinsumos, como bioferti-
lizantes e biodefensivos. A intensi�cação do uso 
destes produtos naturais tem permitido a melhoria 
da vida no solo, comprovado por meio de análi-
ses biológicas do per�l (carbono da biomassa mi-
crobiana; respiração basal do solo ou respiração 
microbiana; processos enzimáticos do solo, den-
tre outros), que mostram que dentro das lavouras 
de café a população de microrganismos é superior 
ao próprio ambiente natural, por exemplo, de um 
bioma cerrado. 
É importante salientar que o uso de bioinsu-
mos não se limita à cafeicultura orgânica, sendo 
também indicado para a cafeicultura tradicional. 
No geral, quando se pratica a cafeicultura or-
gânica, tem-se menores produtividades, pelas di�-
culdades de suprir e corrigir problemas de nutrição 
e de pragas e doenças em tempo hábil.
Um fator que pode ser prejudicial a uma pro-
dução sustentável de café é a proibição de produ-
tos essenciais aos tratos, como alguns herbicidas, 
inseticidas e fungicidas mais e�cientes, bem como 
o uso inadequado de sistemas de irrigação e a au-
sência do manejo da água e da energia.
 Práticas regenerativas
Nos últimos anos, tem-se falado bastante da 
cafeicultura regenerativa, que pode ser entendida 
como um conjunto de práticas de restauração de 
áreas produtivas que levam à saúde do ambiente 
como um todo, estabelecendo o tripé da sustenta-
bilidade: social, econômica e ambiental. 
O princípio básico é, portanto, a proteção, e não 
“O uso de bioinsumos não se limita à cafeicultura orgânica, sendo também indicado 
para a cafeicultura tradicional”.
39
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
o esgotamento de recursos naturais (solo e água), 
criando um ambiente sustentável para o cultivo de 
café. O objetivo é produzir enquanto se recupera a 
solo e preserva o meio ambiente. 
Na verdade, pelo fato de o café se tratar de cul-
tura perene, praticamente sem revolvimento de 
solo ao longo do ciclo e com as novas tecnologias 
de cultivo de plantas nas entrelinhas (Figura 11), 
promovendo o equilíbrio das propriedades quími-
cas, físicas e biológicas do solo, pode-se dizer que 
há muitos anos naturalmente a cafeicultura é rege-
nerativa no Brasil.
Isso pode trazer aos cafeicultores brasileiros 
benefícios estratégicos para o mercado nacional e 
internacional.
Autoria:
André Luís Teixeira Fernandes 
Pró-reitor da Uniube e sócio proprietário - C3 
Consultoria e Pesquisa 
andre.fernandes@uniube.br 
José Braz Matiello 
Engenheiro agrônomo - Fundação Procafé
jb.matiello@gmail.com 
Expectativas 
O futuro da cafeicultura, praticada para altas 
produtividades, se mostra promissor. Com o pas-
sar dos anos, novas soluções tecnológicas vão sur-
gir, como a clonagem, em maior escala, métodos 
de controle de irrigação com uso mais racional da 
água e energia, insumos mais adequados, plantas 
transgênicas, etc. 
A consolidação desses ganhos produtivos, no en-
tanto, vai depender das condições de mercado do 
café. Na condição atual, com tendência de estabilida-
de de preços, no patamaragora vigente, são previstas 
di�culdades para maiores lucratividades, especial-
mente para café arábica, pois o custo de produção, 
onerado pelo uso de insumos, combustível e despe-
sas com mão de obra, vem aumentando e, pode, se 
não houver mudanças no mercado, desestimular a 
adoção de novas tecnologias. 
Figura 11. Cultivo de espécies na entrelinha do cafeeiro
40
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
MERCADO
ESPECIAIS
PRODUÇÃO
CUSTOS
A rentabilidade da lavoura cafeeira é mui-
to importante, pois dela depende a per-
manência dos cafeicultores na atividade 
da produção, que constitui a base da cadeia do se-
tor cafeeiro, responsável pelas safras, de modo su-
�ciente, para favorecer, em seguida, os demais se-
tores - do comércio, indústria e do consumo do 
café. 
Mas, debater sobre a rentabilidade da cultura 
de café no Brasil exige conhecimento das condi-
ções de cultivo, em variadas regiões, cada qual com 
suas características. Mesmo dentro de uma deter-
minada região, e também dentro de uma mesma 
propriedade, vão existir diferentes sistemas de ex-
ploração e tipos de lavouras. 
A rentabilidade das lavouras de café está rela-
cionada, de um lado, aos custos de produção, obti-
dos em cada situação e, do outro, à evolução dos 
preços do grão. Deste balanço entre custos e recei-
tas surge a rentabilidade do produtor.
RENTABILIDADE DA CULTURA 
CAFEEIRA NO BRASIL
SAFRA 2023/24
Os custos de produção do café são influenciados por diversos fatores, como 
a região produtora, sistema de cultivo, a produtividade alcançada e maior ou 
menor uso de tecnologias.
42
C
U
ST
O
S
Figura 1. Despesas por hectare e custos de produção por saca em lavouras de café com cinco níveis de 
produtividade, no estado de Minas Gerais. 
Fonte: Sebrae Minas/Educampo, Amostra: 262 fazendas, em diferentes regiões do estado MG. Período: Biênio 22/23
Custo total médio por faixa de produtividade
CT/saca (R$/sc)
Menor que 25
(96 fazendas)
Entre 25 a 30
(125 fazendas)
Entre 35 a 45
(76 fazendas)
Faixas de produtividade
Maior que 45
(33 fazendas)
R$
/s
ac
a
R$
/h
ec
ta
re
CT/área em produção (R$/ha)
0 0
200 5.000
400 10.000
600 15.000
800 20.000
1.000 25.000
1.200 30.000
957,66
20.023,37
20.023,37
27.409,53
18.812,40
655,57
579,99 544,81
Custos de produção 
Os custos de produção do café são in�uenciados 
por diversos fatores, como a região produtora, cada 
qual com seu sistema de cultivo, manual ou mecani-
zado, com a produtividade alcançada nas lavouras e 
com o uso racional das práticas de manejo dos cafe-
zais, com maior ou menor uso de tecnologias. 
In�ui, também, o aspecto gerencial da proprie-
dade cafeeira, com a boa administração dos recur-
sos, materiais e �nanceiros, favorecendo menores 
custos de produção do café.
Quanto aos sistemas de manejo, as áreas onde 
se utiliza maiores níveis de mecanização tendem a 
gerar menores custos de produção do café, em rela-
ção aos sistemas manuais, estes mais onerados pelo 
menor rendimento do trabalho e pelo elevado cus-
to da mão de obra. 
Sobre o uso de técnicas racionais de cultivo e 
o modo de gerenciamento das propriedades, é im-
portante que o produtor utilize os serviços de as-
sistência técnica especializados das Instituições 
o�ciais de AT, dos técnicos de Cooperativas ou de 
consultorias especializadas. 
Fonte: Sebrae Minas/Educampo, Amostra: 280 propriedades. Dados biênio 2021/2023
Figura 2 - Custo de produção por hectare em lavouras manuais e mecanizadas por estrato de produtividade
O custo de produção varia conforme 
o estrato produtivo. Para maximizar 
os ganhos com a atividade cafeeira, é 
importante o cafeicultor realizar uma 
boa previsão de safra, para ajustar 
os custos em relação à produtividade 
prevista.
<20 20 a 30 30 a 40 >40
25.000,00
20.000,00 18.306,30 18.715,11 19.273,97
23.501,75
14.830,77
17.360,60
19.853,79
21.577,43
15.000,00
10.000,00
5.000,00
Produtividade (sc/ha)
COT fazendas mecanizadas (R$/ha) COT fazendas manuais (R$/ha)
43
C
U
ST
O
S
Tabela 1. Custos de produção de café (COE, COT e CT), em 2023, em diferentes regiões, conforme levantamento do 
projeto Campo Futuro da CNA
Estados
MG
ES
RO
SP
Guaxupé - 28 sc/ha
Brejetuba – 35 sc/ha
Manhumirim – 27,5 sc/ha
Jaguaré - 65 sc/ha conilon
S. Miguel Guaporé – conilon - 45 sc/ha
Franca - 25 sc/ha
Monte Carmelo – 31,5 sc/ha
Localidades e nível de produtividade 
da lavoura
Custos de produção, R$ por saca, 
dados aproximados
Operacional
(COE)
705,57
549,82
802,98
421,11
613,93
607,84
766,57
COT
937,85
686,44
966,43
506,52
775,03
821,58
945,04
CT
1.242,27
767,41
1.319,00
630,16
895,11
1.095,30
1.174,80
44
C
U
ST
O
S
No dia a dia devem ser acompanhados os tra-
balhos, visando melhores rendimentos operacionais 
e o uso, de forma mais econômica, de insumos nas 
lavouras. O produtor também precisa �car atento 
aos processos de compra dos materiais necessários 
para suas lavouras, para obter preços mais favorá-
veis e, ao �nal, procurar vender melhor os seus ca-
fés produzidos.
Produtividade
Quanto ao efeito da produtividade no custo de 
produção, é bem marcante. Lavouras mais produti-
vas apresentam custos menores por saca produzida, 
pois, no processo de produção, muitas despesas são 
�xas e, no conjunto com os custos variáveis, serão 
amortizadas pelo maior número de sacas. 
O exemplo da �gura 1 (pg 43) mostra bem isso. 
Pode-se ver, com base no levantamento feito pelo 
Sebrae-Educampo, em 262 propriedades situadas 
no estado de Minas Gerais, que, apesar das des-
pesas totais por hectare se elevarem com o mane-
jo das lavouras mais produtivas, o custo de produ-
ção por saca vai decrescendo conforme o aumento 
da produtividade.
Regiões representativas da cafeicultura
Os custos de produção de café são levantados 
em diferentes níveis e em diversas regiões produto-
ras mais representativas. Esses diferenciais podem 
ser observados com exemplos de custos, levantados 
pelo Projeto Campo Futuro da CNA, na tabela 1. 
Veri�ca-se que os valores variam de região para 
região, pois além de condições ambientais variadas, 
os padrões adotados, quanto ao sistema de cultivo 
e à produtividade representativa, em cada região, 
são diferenciados. 
45
C
U
ST
O
S
Pode-se observar, ainda, que os custos são esti-
mados em três níveis. O custo operacional, ou COE, 
abrange as despesas diretas de produção, com mão 
de obra, operação de maquinário e insumos. 
Num segundo nível, para obtenção do custo to-
tal (COT), são adicionadas as despesas de pro-labo-
re para o produtor, mais as amortizações ou depre-
ciações das instalações e do cafezal. Num terceiro 
nível são adicionados os custos de oportunidade.
Análise econômica
Numa análise econômica real, deve-se conside-
rar o custo total, pois o produtor precisa ser remu-
nerado e as instalações e o cafezal necessitam de 
amortização, pois necessitam, periodicamente, de 
renovação das lavouras e de manutenção ou aqui-
sição de maquinários e benfeitorias. 
No entanto, em épocas de crises ou períodos 
de preços baixos do café, o produtor, especialmente 
aquele de pequenas propriedades, leva em con-
ta apenas os seus desembolsos, ou seja, apenas 
o COE.
No aspecto de custo nas diferentes localida-
des ou sistema de cultivo, veri�ca-se que, nas con-
dições de maior produtividade, como em Brejetu-
ba (ES), o custo foi menor. Ainda, em São Miguel 
do Guaporé (RO) e em Jaguaré, no norte do Es-
pírito Santo, com cafeeiros robusta/conillon, tam-
bém com maiores produtividades, os custos se mos-
tram menores em relação aos demais, levantados 
para cafeeiros arábica. 
Despesas adicionais
Uma análise da participação dos diferentes itens 
de despesas no custo operacional de produção de 
café pode ser feita com base nos custos dos dois 
tipos de café, arábica e robusta, conforme �gu-
ra 3, A e B. 
Figura 3 A e B. Participação percentual dos itens de despesas no custo operacional efetivo (COE) de produção em 
dois tipos de café, arábica e robusta/conilon, em 2023
Composição dos custos decafé arábica
Mão de obra
33%
Fertilizantes
25%
Gastos gerais
20%
Produtos
fitossanitários
9%
Mecanização
8%
Juros de custeio
3%
Corretivos
2%
Irrigação
0%
Composição dos custos de café conilon
Mão de obra
41%
Fertilizantes
20%
Gastos gerais
19%
Produtos
fitossanitários
9%
Juros de custeio
4%
Mecanização
3%
Corretivos
2% Irrigação
2%
46
C
U
ST
O
S
Figura 4. Comparativo dos custos operacionais de produção (COE) nos anos de 2022 e 2023.
Comparação COE 2022 x 2023
1.700,00
1.200,00
700,00
200,00
-300,00
-800,00
-1.300,00
-24%
-11%
33%
-20%
-27%
1%
-5%-5%
-14%
-20%
-7%
-5%
-16%
-20%
40
%
30
%
20
%
10
%
0% Va
ria
çã
o (
%
)
-10
%
-2
0%
-3
0%
BJT GXP PÇF CPL FRN CIT JGRCCO NNR SRS LND NTC ITB RBN
2022 2023 Variação (%)
47
C
U
ST
O
S
48
C
U
ST
O
S
Tabela 2. Preços do café, padrão bebida dura para melhor, verificados na Cooxupé, no decorrer dos anos 2022 a 
2023 - Preços correntes em R$/sc
Anos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
2022 1.480 1.488 1.258 1.253 1.259 1.256 1.119 1.075 1.098 1.033 915 994 1.190
2023 1.030 1.130 1.103 1.115 1.030 928 878 868 802 801 845 925 954
Veri�ca-se que no robusta/conilon, os itens que 
pesam mais no custo são a mão de obra e os ferti-
lizantes. No entanto, observa-se que no cultivo do 
conilon o primeiro item é mais signi�cativo, repre-
sentando cerca de 41% do total. 
2022 x 2023
Outra análise importante é a comparação dos 
custos de produção da safra de 2022 com a de 2023. 
Na �gura 3 pode-se observar os custos operacionais 
efetivos (COE), que caíram ligeiramente em 2023, 
em função da queda dos preços dos fertilizantes.
No entanto, no período de colheita do café 
houve di�culdade de mão de obra, o que onerou os 
trabalhos de colheita. Por outro lado, os preços do 
café caíram mais do que o custo de produção, afe-
tando a rentabilidade. 
Preços do café 
Os preços de café vigentes nos meses de 2023 
e sua média, tomando por base aqueles observados 
na Cooxupé, estão incluídos na tabela 2, e foram 
comparados com o ano de 2022. Veri�ca-se que, 
no início de 2022, os preços da saca estavam na fai-
xa de R$ 1.400,00, caindo para R$ 1.100,00 em ju-
lho e para R$ 990,00 em dezembro. Na média de 
2022, o preço se situou em R$ 1.190,00. 
No ano de 2023, nos mesmos meses, os pre-
ços foram de R$ 1.030,00, R$ 878,00 e R$ 935,00, 
com média, no ano, de R$ 954,00, ou seja, uma re-
dução de cerca de 20% de 2022 para 2023. 
No entanto, se analisada a evolução desde janei-
ro de 2022 até dezembro de 2023, em um período de 
dois anos, a variação com queda maior foi de 37,5%.
No caso dos cafés robusta/conilon, baseado na 
praça de Vitória (ES) (preços do CCC-V), obser-
va-se que, no início de 2022 os preços desse tipo de 
café se situavam na faixa de R$ 800,00/sc, caindo 
para a faixa de R$ 750,00 em julho de 2022, e mais 
ainda em janeiro de 2023, para R$ 560,00, daí se 
estabilizando em R$ 760,00/sc. 
O projeto Campo Futuro, da CNA, também tem 
um estudo comparativo dos preços de café. Estes pre-
ços se referem a cotações em diferentes localidades 
do interior das zonas cafeeiras.
Em resumo, pode-se veri�car que houve que-
da signi�cativa dos preços do café, no ano de 2023, 
nos diferentes tipos do grão e nas variadas regiões.
49
C
U
ST
O
S
Autoria:
José Braz Matiello
Engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação 
Procafé
jb.matiello@gmail.com 
Luiz Gonzaga de Castro Junior
Doutor e professor – Universidade Federal de Lavras 
(UFLA)
lgcastro@ufla.br 
Rentabilidade
A margem de renda do cafeicultor brasileiro, na 
comparação entre os custos de produção levanta-
dos no ano de 2023 (tabela 1) e os preços vigentes 
na maior parte do ano, cujos valores estão na tabe-
la 2 e �gura 3, mostrou-se quase sempre negati-
va, quando se considera o custo total de produção. 
Apenas para o café robusta, nas condições de alta 
produtividade, houve rentabilidade positiva.
Quando se compara com o custo operacional 
(COE), que considera apenas os desembolsos efe-
tivos, a rentabilidade foi positiva. Talvez por isso 
os produtores de café continuam o processo de ex-
pansão de lavouras, em parte para substituição de 
lavouras mais velhas e menos produtivas. 
Adicionalmente, nas condições de cafeicultu-
ra a pleno sol, como no Brasil, após uma safra que 
não foi tão alta em 2023, existe uma expectativa de 
aumento em 2024, o que pode gerar um valor bru-
to de receita maior. 
Deve-se ressaltar que as despesas com insu-
mos, sendo as principais com aquisição de fertili-
zantes que estiveram em baixa em 2023, mais de-
fensivos e óleo diesel, têm tendência de retomada 
da trajetória de aumento.
Indicadores de lucro
A rentabilidade do produtor de café, conforme 
análise anterior, depende do balanço entre o custo de 
produção e os preços recebidos pelo café. Como os 
preços são de�nidos pelas regras de mercado, ao pro-
dutor resta trabalhar para obter menores custos na 
sua produção.
Para alcançar tal objetivo por saca produzida, in-
dica-se adotar práticas racionais de manejo, visando 
economias, sem afetar a produtividade. Dentre estas 
práticas de melhoria de produtividade e redução de 
despesas, indica-se o uso de fertilização, com níveis 
adequados, de forma equilibrada, o uso de podas no 
sistema safra zero e, quando possível, a irrigação. 
Os produtores devem, a cada ano, planejar a re-
cuperação e/ou a renovação de lavouras pouco pro-
dutivas. Também devem adotar melhorias na ad-
ministração e controle dos materiais, maquinários 
e mão de obra, pois o rendimento operacional do 
trabalho é um dos itens que mais in�ui nos custos 
da produção. 
“Nas condições de cafeicultura a pleno 
sol, como no Brasil, após uma safra que 
não foi tão alta em 2023, existe uma 
expectativa de aumento em 2024, o que 
pode gerar um valor bruto de receita 
maior”.
50
C
U
ST
O
S
Quando falamos no café, é importante lem-
brar que se trata de uma mercadoria pro-
duzida em grande escala e por diferentes 
produtores. Forma-se uma cadeia de fornecedores 
nacionais e internacionais, envolvendo uma dinâ-
mica complexa.
O custo do café é in�uenciado por um con-
junto de fatores. A seguir, destacamos quais são os 
principais.
 Oferta e demanda: a lei da oferta e demanda 
global está relacionada ao balanço entre o preço de 
bens e serviços ofertados e a procura por eles. De 
forma geral, quanto maior for a procura pelo café, 
maior será o preço cobrado por ele. Por outro lado, 
quanto menor for a procura, menor será o seu pre-
ço. Busca-se um equilíbrio entre eles para estabili-
zar o valor do café.
Bolsas internacionais: as bolsas internacio-
nais são referência para a preci�cação do café. Para a 
cotação do arábica, a Bolsa de Nova York é a princi-
pal fonte de preço. Já no caso do robusta, a referên-
cia é a Bolsa de Londres.
Custos de produção: os produtores precisam 
gastar com adubação, manejo, uso de tecnologia e 
insumos para produzir o café. Todas essas despesas 
afetam o cálculo do preço da commodity.
Características do café: as características do 
café negociado também afetam diretamente a de-
terminação dos preços. Atributos como origem, 
tamanho do grão, arábica ou robusta, certi�cações 
recebidas e rastreabilidade contribuem para a de-
�nição do valor.
Estoques no mercado interno e externo: os 
níveis de estoque de café acarretam alterações na es-
tabilidade dos preços. Estoques baixos podem tor-
nar o mercado mais sensível a eventos imprevistos 
que afetam a oferta, tanto local como mundialmen-
te. Se os estoques (nacionais e internacionais) apre-
sentarem elevação e demanda em queda, os preços 
tendem a baixar em relação à média histórica. Po-
rém, se os estoques estiverem baixos e a demanda 
aumentar, os preços crescem. 
Condições climáticas: as condições climáti-
cas, como secas ou chuvas excessivas, repercutem 
Entenda como o 
preço do café é formado
O preço do café envolve a interação de fatores complexos, como os diferenciais 
de qualidade do tipo de café, que não é engessado