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Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 1 [Data] ROTEIRO DE AULA DIREITO PENAL TEMA: Ação Penal 1. DIREITO DE AÇÃO PENAL: • É o direito público subjetivo de se requerer ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto (Posição majoritária); • A ação penal não seria um direito, mas sim um poder (Posição minoritária); • Tem fundamento no art. 5º, XXXV da CF: Art. 5º (...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; • É o direito de se exigir do Estado-Juiz o exercício da Jurisdição; • É uma forma de provocar o Estado para se alcançar a prestação de uma tutela jurisdicional. Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 2 [Data] 2. NATUREZA JURÍDICA: • Tem previsão tanto no Código Penal como também no Código de Processo Penal; • Código Penal: arts. 100 a 106; • Código de Processo Penal: arts. 24 a 62; • A ação penal tem natureza mista à qual o reflexo disso? 3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO: • Público: a atividade provocada é de natureza Pública, sendo a ação exercida contra o próprio Estado; • Instrumental: é o instrumento para se concretizar o direito material. • Subjetivo: o titular do direito de ação penal pode exigir do Estado-juiz a prestação jurisdicional – o titular é definido em lei: em regra é o Ministério Público (art. 257 do CPP) e excepcionalmente a própria vítima ou seu representante legal. • Autônomo: não se confunde com o direito material. Tem força e brilho próprio. O direito de ação é preexistente à pretensão punitiva do Estado, que surge com a ocorrência da infração penal (TÁVORA, 2017, P. 246). • Abstrato: o direito existe e será exercido independentemente do resultado do processo, seja a demanda julgada procedente ou improcedente. 4. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL: • Essas condições funcionam como requisitos para que a parte acusadora possa legitimamente exigir o provimento jurisdicional – exercício do direito de propor uma ação penal; São analisados no momento do juízo de admissibilidade da peça acusatória; • A ausência do preenchimento dessas condições acarreta: D IR EI TO D E AÇ ÃO Autônomo Abstrato Subjetivo Público Instrumental Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 3 [Data] o A rejeição da denúncia (ou da queixa-crime); o Nulidade do processo – pode requerida a qualquer momento; • A As condições da ação penal estão expressamente previstas no art. 395 do CPP: Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. • As condições da ação penal se dividem em: o CONDIÇÕES GENÉRICAS: devem estar presentes em todas e qualquer ação penal; o CONDIÇÕES ESPECÍFICAS (DE PROCEDIBILIDADE): devem estar presentes em situações específicas, ou seja, apenas para determinadas ações penais. 4.1. CONDIÇÕES GENÉRICAS: A) Possibilidade jurídica do pedido: • Essa condição guarda relação com a possibilidade do juiz pronunciar a decisão pleiteada pelo autor; • O pedido formulado pela parte deve se referir a uma providência admitida pelo direito objetivo, ou seja, o pedido deve encontrar respaldo no ordenamento jurídico, referindo-se a uma providência permitida em abstrato pelo direito objetivo (LIMA, 2017, P. 204); • O que vai ser objeto de análise judicial é a causa de pedir; • São exemplos de impossibilidade jurídica do pedido: 1. Oferecimento de denúncia (ou queixa) em face de conduta atípica; 2. Oferecimento de denúncia em face de menor de 18 anos requerendo a aplicação de PPL; • CRÍTICAS: o Como podemos afirmar que o pedido é juridicamente impossível se ele é oriundo de uma parte legítima e que tem um interesse tutelável; o A análise da possibilidade jurídica do pedido representa uma análise (julgamento) do mérito da questão; B) Legitimidade para agir: • Diz a respeito a possibilidade de determinado sujeito figurar no polo ativo ou no polo passivo da demanda judicial; • Legitimidade ordinária: aquele que pleiteia em nome próprio seu próprio interesse; Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 4 [Data] • Legitimidade extraordinária (substituição processual): aquele que pleiteia em nome próprio, direito alheio; • Exemplo: o Ações penais privadas - doutrina majoritária; o Doutrina minoritária à pensamento equivocado: o ius puniendi é de titularidade do Estado – não confundir ius puniendi com pretensão acusatória (Badaró, Aury Lopes Jr, Renato Brasileiro) à o particular exerce uma pretensão que lhe é própria (não há delegação ou substituição). • Legitimidade Ativa: o 1. Ação Penal Pública: Ministério Público (art. 129, I, CF): o 2. Ação Penal de Iniciativa Privada: o REGRA: o ofendido ou seu representante legal; o EXCEÇÃO: curador especial (art. 33 do CPP), sucessores do ofendido em caso de morte ou declaração de ausência (art. 31 do CPP); Órgãos responsáveis por realizar a defesa do consumidor; • Legitimidade Passiva: o 1. Provável autor do fato delituoso; o 2. Pessoa maior de 18 anos (art. 228 da CF) – de nada vale a emancipação do direito civil para fins de direito penal; • A ilegitimidade ativa ou passiva leva à rejeição da denúncia ou queixa nos termos do art. 395, II, do CPP; • A ilegitimidade ad causam será causa de nulidade absoluta do processo, tal qual prevê o art. 564, II, do CPP; • A ilegitimidade de parte permite que seja promovida nova ação penal, eis que tal decisão faz apenas coisa julgada formal (LOPES JR, 2018, P. 195); C) Interesse de agir: • Envolve o trinômio: • 1. Necessidade: a obtenção da tutela jurisdicional pleiteada é necessária; • 2. Adequação: o ajuste entre a providência judicial requerida e a solução do conflito subjacente ao pedido; • 3. Utilidade: eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor; C) Interesse de agir: • Críticas a necessidade: o É possível obter a tutela do Direito do Penal sem um processo? Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 5 [Data] o Nulla poena sine judicio; o A ação penal é necessária; • Críticas a adequação: o Existe outro meio de se obter a tutela do Direito Penal que não seja através de uma sentença condenatória? o Não há espécies distintas de ações penais condenatórias; o A pretensão acusatória é única: aplicação do direito de punir; • Críticas a utilidade: • A ação penal só vai ter utilidade se for condenatória? Ou seja, somente será útil se o ius puniendi for aplicado? D) Justa causa: • É o suporte probatório mínimo que deve lastrear toda e qualquer acusação penal; • A propositura de uma ação penal atinge o status dignitatis do indivíduo; • Fumus comissi delicti à indícios mínimos de autoria e materialidade da prática do crime; • Não se pode admitir a instauração de processos levianos, temerários, desprovidos de um lastro mínimo de elementos de informação, provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis, que dê arrimo à acusação (LIMA, 2017, P. 214); • A denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar justa causa para o exercício da ação penal. A) Prática de fato aparentemente criminoso: • Só se pode admitir o oferecimento de peça acusatória se a conduta delituosa atribuída ao acusado for, em tese, típica, ilícita e culpável; • O revogado art. 43, inciso I, do CPP, dispunha que a denúncia ou queixa deveria ser rejeitada quando o fato narrado evidentemente não constituísse crime. • Nessa hipótese, como há efetiva análise do mérito da acusação, já que o juiz analisaa tipicidade, ilicitude e culpabilidade da conduta do agente, a decisão de rejeição fará coisa julgada formal e material. Condições da Ação (Visão Tradicional) •Possibilidade jurı́dica do pedido; •Legitimidade; •Interesse; •Justa causa Condições da Ação (Categorias próprias do CPP) •Prática de fato aparentemente criminoso; •Punibilidade concreta; •Legitimidade de parte; •Justa causa; Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 6 [Data] B) Punibilidade concreta: • O revogado art. 43, inciso II, do CPP, dispunha que a denúncia ou queixa deveria ser rejeitada quando já estivesse extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra causa. • Quando houver prova da extinção da punibilidade, ou ausência do implemento de condição objetiva de punibilidade, deve o juiz rejeitar a peça acusatória. 4.2. CONDIÇÕES GENÉRICAS: • São as situações em que a lei condiciona o exercício do direito de ação ao preenchimento de certas condições específicas; • A presença das condições específicas deve ser aferida pelo magistrado por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória. • EXEMPLOS DE CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL: • Representação do ofendido • Requisição do Ministro da Justiça; • Poderes especiais e menção ao fato criminoso na procuração que concede poderes para ajuizar queixa-crime (art. 44 do CPP); • EXEMPLOS DE CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL: • Autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros, para a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado (CF, art. 51, I). • Entrada do agente no território brasileiro nos casos de extraterritorialidade (art. 7º do CP); 5. CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL: • REGRA: Ação penal pública incondicionada; • EXCEÇÃO: Ação penal de iniciativa privada OU pública condicionada; • Ação penal pública incondicionada • Ação penal pública condicionada a representação do ofendido • Ação penal pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça AÇÃO PENAL PÚBLICA • Ação penal exclusivamente privada; • Ação penal privada personalíssima; • Ação penal privada subsidiária da pública; AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 7 [Data] 6. AÇÃO PENAL PÚBLICA: • A regra é que os delitos sejam de ação penal pública (incondicionada); • O autor da ação será o Ministério Público; • Nome da inicial acusatória: denúncia; 6.1. PRINCÍPIOS: • A. OFICIALIDADE: o Ação penal de iniciativa pública é atribuição exclusiva do MINISTÉRIO PÚBLICO – art. 129, I, da CF; • B. INTRANSCEDÊNCIA: o Em razão do princípio da intranscendência, tem-se que a denúncia ou a queixa só podem ser oferecidas contra o provável autor do fato delituoso. • C. OBRIGATORIEDADE: o Fundamento: art. 24 do CPP; o O Ministério Público tem o dever de oferecer a denúncia sempre que presentes as condições da ação; o O Ministério não tem discricionariedade para ponderar se vai ou não oferecer a denúncia; o Mecanismos para a fiscalização do princípio da obrigatoriedade: § 1. Art. 28 do CPP: o juiz pode discordar do pedido de arquivamento; § 2. Ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública: controle da inércia do Ministério Público; o ATENÇÃO: A obrigatoriedade de oferecer a denúncia não significa que, em sede de alegações orais (ou de memoriais), o Ministério Público esteja sempre obrigado a pedir a condenação do acusado (RENATO BRASILEIRO DE LIMA, 2017, P. 236). o EXCEÇÕES: § 1. Transação penal – Lei nº 9.099/95; § 2. Termo de ajuste de conduta: Lei nº 7.347/85; § 3. Parcelamento do débito tributário: Lei nº 9.430/96; § 4. Acordo de leniência: Lei nº 12.529/11; § 5. Colaboração premiada na Lei de Organizações Criminosas: Lei nº 12.850/13; • D. INDISPONIBILIDADE o Funciona como desdobramento lógico do princípio da obrigatoriedade; o Uma vez iniciado o processo, o MP não poderá dele desistir, dispor da ação penal. o Fundamento: art. 42 e 576, ambos do CPP; o Exceção: Suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95); Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 8 [Data] • E. INDIVISIBILIDADE: o De acordo com esse princípio, o processo criminal de um obriga ao processo de todos, ou seja, havendo elementos probatórios quanto a coautores e partícipes, o MP está obrigado a oferecer denúncia contra todos. o Não tem aplicação pacífica no âmbito das ações penais públicas; o Divergência: os tribunais superiores entendem reconhecem a inaplicabilidade desse princípio no âmbito das ações penais públicas; • F. OFICIOSIDADE: o Só se aplica as ações penais públicas incondicionadas; • Segundo esse princípio, os órgãos incumbidos da persecução penal devem agir de oficio, independentemente de provocação do ofendido ou de terceiros (RENATO BRASILEIRO DE LIMA, 2017, P. 244). 6.2. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA: • O titular da ação penal pública incondicionada é o Ministério Público (art. 129, I, da CF e art. 257, I, do CPP); • A peça inaugural é a denúncia; • Ev denominada de incondicionada porque a atuação do Ministério Público não depende da manifestação da vontade da vítima ou de terceiros. • Não existe processo penal de ofício à processo judicialiforme; • A ação penal pública incondicionada funciona como a regra geral – art. 100, caput, do CP; 6.3. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA: • Ocorre quando o oferecimento da ação penal pública pelo Ministério Público depender da autorização de: o 1. Representação do ofendido; ou o 2. Requisição do Ministro da Justiça; • A autorização funciona como uma condição específica (de procedibilidade) da ação; • REPRESENTAÇÃO: o É a manifestação do ofendido ou de seu representante legal acerca do interesse na persecução penal do autor do fato delituoso – art. 39 do CPP; o Será realizada de acordo com o juízo de oportunidade e conveniência; o Deverá ser feita no prazo decadencial de 6 meses, contados a partir da data em que vier a tomar ciência de quem é o autor do delito (art. 38 do CPP); o O prazo decadencial é contado nos moldes do art. 10 do CP; Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 9 [Data] o Não é cabível a renúncia ao direito de representação; o O objetivo é evitar a produção de novos danos morais, psicológicos ou sociais a vítima em face de possível repercussão negativa trazida pelo conhecimento generalizado do fato delituoso (LIMA, 2017, P. 248). • REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA: o Segundo Lima (2017, p. 258), o fundamento da requisição é semelhante ao da representação; o Devido ao silêncio da lei, não se opera o prazo decadencial para a requisição; o Ev dirigida ao Ministério Público, na pessoa de seu respectivo Chefe: Procurador-Geral de Justiça ou Procurador Geral da República; 7. AÇÃO PENAL PRIVADA: • São as situações em que o Estado, titular exclusivo do ius puniendi, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou ao seu representante legal; • Será privada quando assim dispuser o Código Penal (art. 100, § 2º, do CP); • Titular: ofendido ou querelante; • Prazo: 6 meses contados a partir da data em que se descobre quem é o autor do delito à não admite prorrogação, interrupção ou suspensão; • A queixa-crime deverá conter os elementos da denúncia (art. 41 do CPP); • Se trata de verdadeira hipótese de legitimação extraordinária (ou substituição processual); • O ofendido age, em nome próprio, na defesa de um interesse alheio, pois o Estado continua sendo o titular da pretensão punitiva. • O querelante deverá postular em juízo através de advogado, cuja procuraçãodeverá conter poderes especiais e fazer menção ao fato criminoso – art. 44 do CPP; • “Caso o ofendido não tenha condições econômicas de constituir um advogado, o juiz deverá nomear um advogado (art. 32 do CPP) para promover a ação penal”(LOPES JR, 2018, P. 221); 7.1. PRINCÍPIOS: • A) OPORTUNIDADE E CONVENIÊNCIA: o A vítima não está obrigada a oferecer a ação penal – é uma faculdade; o O ofendido deve respeitar o prazo decadencial; • B) INDIVISIBILIDADE: Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 10 [Data] o Não cabe ao querelante escolher contra quem irá exercer o direito de propor a queixa- crime em caso de concurso de pessoas (art. 48 do CPP). • C) DISPONIBILIDADE: o Ao contrário da ação penal pública, a ação penal de iniciativa privada é plenamente disponível; o Cabimento: renúncia ao direito de ação, perempção (art. 60 do CPP),... • D) INTRANSCEDÊNCIA: o Em razão do princípio da intranscendência, tem-se que a denúncia ou a queixa só podem ser oferecidas contra o provável autor do fato delituoso. 7.2. AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA: • A Funciona a ação penal exclusivamente privada como a regra; • Operando-se a morte ou a declaração de ausência do ofendido, o direito de queixa será transmitido aos sucessores, nos exatos termos do art. 31 do CPP. 7.3. AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA: • O direito de ação só pode ser exercido pelo ofendido; • Não há intervenção de eventual representante legal, de curador especial, nem tampouco haverá sucessão processual no caso de morte ou ausência da vítima LIMA, 2017, P. 261); • Se o ofendido vier a óbito, será reconhecida a extinção da punibilidade, já que a ninguém é dado promover a ação ou prosseguir no processo que estava em curso; • Exemplo ÚNICO: art. 236 do CP; 7.4. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: • Fundamento: art. 100, § 3º do CP e no art. 29 do CPP; • O art. 5º, inciso LIX da CF esclarece que será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; • O que evidencia a inércia, desídia do Ministério Público é a ausência de qualquer manifestação do órgão ministerial dentro do prazo legal definido para oferecimento da denúncia (Réu preso: 5 OU Réu solto: 15 dias – art. 46 do CPP); • Trata-se de um controle que a vítima exerce acerca dos atos morosos praticados pelo Estado. • A inércia do Ministério Público não transforma a natureza da ação penal que permanece sendo pública à a queixa é apenas um substitutivo a denúncia; • Prazo (decadencial): 6 meses – art. 38, parte final, CPP; • O MP continuará legitimado a oferecer a denúncia dentro do prazo decadencial Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 11 [Data] • O oferecimento de denúncia, a promoção do arquivamento ou a requisição de diligencias externas ao Ministério Público, posterior a decurso do prazo legal para a propositura da ação penal, não afastam o direito de queixa; • Legitimidade: pertence a quem sofra, diretamente, as consequências do delito, e não a toda a coletividade; • O MP figura como interveniente adesivo obrigatório ou parte adjunta (TÁVORA E ALENCAR, 2014). 8. ADITAMENTO: • É possível se proceder ao aditamento da peca acusatória? Mas o que se entende por aditamento? O que significa a palavra ADITAR? • Em termos processuais penais, a expressão aditamento também é usada com o significado de mera retificação ou mesmo ratificação, suprimento ou esclarecimento da peça inicial (LIMA, 2017, P. 307). • Aditar possui o sentido de acrescentar ou complementar a denúncia com fatos, sujeitos ou elementos novos que não constavam, inicialmente, da mesma (RANGEL, 2012, P. 307); • O aditamento da denúncia está relacionado diretamente às hipóteses de conexão e continência. Se o fato novo surgido durante a instrução processual não guardar relação de conexão ou continência com aquele narrado na denúncia, não há porque se cogitar de aditamento; • O aditamento pode ser feito pelo órgão do Ministério Público a partir do oferecimento da peça acusatória até o momento imediatamente anterior à prolação da sentença; 9. AÇÃO CIVIL EX DELICTO: • A prática de um crime pode acarretar duas pretensões: • Pretensão punitiva à Estado à aplicação de sanção penal ao agente; • Pretensão indenizatória à Vítima à reparação do dano sofrido em virtude da prática do delito; • A responsabilidade civil é INDEPENDENTE da criminal; • A lei 11.719/2008 rompeu com a tradição de separação das esferas cível e criminal, senão vejamos o art. 63, parágrafo único, CPP. Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 12 [Data] • Em consonância com o art. 63, parágrafo único, do CPP, o legislador brasileiro permitiu a acumulação das pretensões acusatória e indenizatória frente ao mesmo juiz criminal – art. 387, IV, CPP: Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (...) IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; • Para que o juiz criminal fixe um quantum mínimo de indenização é necessário a: o 1. O fato tenha ocorrido após a promulgação da lei nº 11.719/2008; o 2. Existência de pedido prévio de condenação a pagamento de indenização na inicial acusatória; o 3. Princípio da adstrição ou congruência à o juiz não pode decidir diverso do que foi pedido pelas partes, sob pena de nulidade por incongruência da sentença; o 4. A reparação dos danos deve ser submetida ao crivo do contraditório e da ampla defesa; • O CPP estabelece três formas para a vítima buscar a satisfação da pretensão indenizatória: o Ação de Execução ex delicto (art. 63 do CPP) à a sentença penal condenatória servirá como base; o Ação civil ex delicto (art. 64 do CPP) à A vítima ajuizará uma ação diretamente perante o juízo cível; o Composição dos danos civis no JECrim (art. 74 da Lei nº 9.099/95); • A ação penal e a ação civil ex delicto não se confundem; • Em relação a ação civil e ação penal, o Brasil adotou o sistema da independência mitigada; • Segundo esse sistema, a ação civil (direito patrimonial) e a ação penal (direito de punir) devem ser propostas em JUÍZOS DISTINTOS, de modo independente, já que versam sobre direitos distintos; • A sentença penal pode fixar um valor mínimo a título de indenização, e isso não afasta a atuação na esfera civil. • A reparação pode implicar na: o Restituição (art. 119 do CPP): o bem é devolvido a vítima; o Ressarcimento (art. 64 do CPP): pagamento dos danos patrimoniais sofridos pela vítima (lucros cessantes e danos emergentes); o Reparação (art. 63 do CPP): o dano sofrido não pode ser quantificado por ser extrapatrimonial à dano moral; o Indenização (art. 630 do CPP): compensação realizada pelo Estado nos casos em que o Estado absolve depois de ter condenado injustamente à indenização. Prof. Alonso Duarte alonsoduarteadv@hotmail.com Instagram: alonsoduartejr 13 [Data] 9.1. AÇÃO CIVIL EX DELICTO – ART. 64 DO CPP: • Tem fundamento no art. 64 do CPP: Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. • O interessado pode ajuizar antes, durante ou até mesmo depois de encerrado o processo cível; • Em se tratando de uma sentença criminal absolutória, ainda assim será possível a propositura de ação de indenização?A resposta é: TUDO DEPENDE DO FUNDAMENTO DA ABSOLVIÇÃO – ART 386 DO CPP. • O art. 66 do CPP aduz que reconhecida a inexistência material do fato, restará inviável a ação de indenização – art. 386, I, CPP; • A absolvição com fundamento no art. 386, IV, CPP também faz coisa julgada na esfera cível, tornando inviável a indenização; • A absolvição com fundamento no art. 386, VI, CPP também faz coisa julgada na esfera cível, tornando inviável a indenização – art. 65 do CPP; • Atenção! A exigência probatória no juízo criminal é muito maior do que juízo cível. Basta lembrarmos que os princípios da presunção de inocência e do in dubio pro reo incidem apenas no processo penal; • Quanto as hipóteses de absolvição sumária (art. 397 do CPP), apenas o fundamento do inciso I e a inimputabilidade (excludente de culpabilidade) tem o condão de impedir a pretensão indenizatória. BIBLIOGRAFIA AVENA, Norberto Claudio Pancaro. Processo penal esquematizado. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. COSTA, Klaus Negri. ARAÚJO. Fábio Roque. Processo Penal Didático, 1ª ed. Salvador - BA: JusPodivm, 2018. DUCLERC, Elmir. Introdução aos fundamentos do direito processual penal. Florianopólis: Empório do Direito, 2016. LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume unico. 8ª ed. Salvador - BA: JusPodivm, 2020. LOPES JÚNIOR, Aury. Direito processual penal. 17ª ed. Sao Paulo: Saraiva, 2020. LOPES JR., Aury. Fundamentos do processo penal – introdução crítica. São Paulo: Saraiva, 2016. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execucao penal. 15ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. TÁVORA, Nestor; Alencar, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 16ª ed. Salvador - BA: JusPodivm, 2021.