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Prof. Alonso Duarte 
alonsoduarteadv@hotmail.com 
Instagram: alonsoduartejr 
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[Data] 
	
	
ROTEIRO	DE	AULA	
DIREITO	PENAL	
TEMA:	Ação Penal 
 
	
	
	
	
	
	
 
1. DIREITO DE AÇÃO PENAL: 
	
• É	o	direito	público	subjetivo	de	se	requerer	ao	Estado-Juiz	a	aplicação	do	direito	penal	objetivo	
a	um	caso	concreto	(Posição	majoritária);	
• 	A	ação	penal	não	seria	um	direito,	mas	sim	um	poder	(Posição	minoritária);	
• Tem	fundamento	no	art.	5º,	XXXV	da	CF:	
Art.	5º	(...)	
XXXV	-	a	lei	não	excluirá	da	apreciação	do	Poder	Judiciário	lesão	ou	ameaça	a	
direito;	
	
• É	o	direito	de	se	exigir	do	Estado-Juiz	o	exercício	da	Jurisdição;	
• É	uma	forma	de	provocar	o	Estado	para	se	alcançar	a	prestação	de	uma	tutela	jurisdicional.	
 
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2. NATUREZA JURÍDICA: 
	
• Tem	previsão	tanto	no	Código	Penal	como	também	no	Código	de	Processo	Penal;	
• Código	Penal:	arts.	100	a	106;	
• Código	de	Processo	Penal:	arts.	24	a	62;		
• A	ação	penal	tem	natureza	mista	à	qual	o	reflexo	disso?		
	
3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO: 
	
	
• Público:	a	atividade	provocada	é	de	natureza	Pública,	sendo	a	ação	exercida	contra	o	próprio	
Estado;	
• Instrumental:	é	o	instrumento	para	se	concretizar	o	direito	material.		
• Subjetivo:	o	titular	do	direito	de	ação	penal	pode	exigir	do	Estado-juiz	a	prestação	jurisdicional	
–	o	titular	é	definido	em	lei:	em	regra	é	o	Ministério	Público	(art.	257	do	CPP)	e	excepcionalmente	
a	própria	vítima	ou	seu	representante	legal.		
• Autônomo:	não	se	confunde	com	o	direito	material.	Tem	força	e	brilho	próprio.	O	direito	de	ação	
é	preexistente	 à	pretensão	punitiva	do	Estado,	que	surge	com	a	ocorrência	da	 infração	penal	
(TÁVORA,	2017,	P.	246).		
• Abstrato:	o	direito	existe	e	será	exercido	independentemente	do	resultado	do	processo,	seja	a	
demanda	julgada	procedente	ou	improcedente.		
4. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL: 
• Essas	condições	 funcionam	como	requisitos	para	que	a	parte	acusadora	possa	 legitimamente	
exigir	o	provimento	jurisdicional	–	exercício	do	direito	de	propor	uma	ação	penal;	São	analisados	
no	momento	do	juízo	de	admissibilidade	da	peça	acusatória;	
• A	ausência	do	preenchimento	dessas	condições	acarreta:	
D
IR
EI
TO
	D
E	
AÇ
ÃO
Autônomo	
Abstrato
Subjetivo
Público
Instrumental
 
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[Data] 
o A	rejeição	da	denúncia	(ou	da	queixa-crime);	
o Nulidade	do	processo	–	pode	requerida	a	qualquer	momento;	
• A As	condições	da	ação	penal	estão	expressamente	previstas	no	art.	395	do	CPP:	
Art.	395.		A	denúncia	ou	queixa	será	rejeitada	quando:	
I	-	for	manifestamente	inepta;	
II	-	faltar	pressuposto	processual	ou	condição	para	o	exercício	da	ação	penal;	ou	
III	-	faltar	justa	causa	para	o	exercício	da	ação	penal.	
• As	condições	da	ação	penal	se	dividem	em:	
o CONDIÇÕES	GENÉRICAS:	devem	estar	presentes	em	todas	e	qualquer	ação	penal;	
o CONDIÇÕES	 ESPECÍFICAS	 (DE	 PROCEDIBILIDADE):	 devem	 estar	 presentes	 em	
situações	específicas,	ou	seja,	apenas	para	determinadas	ações	penais.	
	
4.1. CONDIÇÕES GENÉRICAS: 
A)	Possibilidade	jurídica	do	pedido:	
• Essa	condição	guarda	relação	com	a	possibilidade	do	juiz	pronunciar	a	decisão	pleiteada	pelo	
autor;	
• O	pedido	formulado	pela	parte	deve	se	referir	a	uma	providência	admitida	pelo	direito	objetivo,	
ou	 seja,	 o	 pedido	 deve	 encontrar	 respaldo	 no	 ordenamento	 jurídico,	 referindo-se	 a	 uma	
providência	permitida	em	abstrato	pelo	direito	objetivo	(LIMA,	2017,	P.	204);	
• O	que	vai	ser	objeto	de	análise	judicial	é	a	causa	de	pedir;	
• São	exemplos	de	impossibilidade	jurídica	do	pedido:	
1.	Oferecimento	de	denúncia	(ou	queixa)	em	face	de	conduta	atípica;	
2.	Oferecimento	de	denúncia	em	face	de	menor	de	18	anos	requerendo	a	aplicação	de	PPL;	
• CRÍTICAS:	
o Como	podemos	afirmar	que	o	pedido	é	juridicamente	impossível	se	ele	é	oriundo	de	uma	
parte	legítima	e	que	tem	um	interesse	tutelável;	
o A	análise	da	possibilidade	jurídica	do	pedido	representa	uma	análise	(julgamento)	do	
mérito	da	questão;	
B)	Legitimidade	para	agir:	
• Diz	a	respeito	a	possibilidade	de	determinado	sujeito	figurar	no	polo	ativo	ou	no	polo	passivo	da	
demanda	judicial;	
• Legitimidade	ordinária:	aquele	que	pleiteia	em	nome	próprio	seu	próprio	interesse;	
 
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[Data] 
• Legitimidade	 extraordinária	 (substituição	 processual):	 aquele	 que	 pleiteia	 em	 nome	
próprio,	direito	alheio;	
• Exemplo:		
o Ações	penais	privadas	-	doutrina	majoritária;	
o Doutrina	minoritária	à	 pensamento	 equivocado:	 o	 ius	 puniendi	 é	 de	 titularidade	 do	
Estado	–	não	confundir	ius	puniendi	com	pretensão	acusatória	(Badaró,	Aury	Lopes	Jr,	
Renato	 Brasileiro)	à	 o	 particular	 exerce	 uma	 pretensão	 que	 lhe	 é	 própria	 (não	 há	
delegação	ou	substituição).		
• Legitimidade	Ativa:	
o 1.	Ação	Penal	Pública:	Ministério	Público	(art.	129,	I,	CF):	
o 2.	Ação	Penal	de	Iniciativa	Privada:		
o REGRA:	o	ofendido	ou	seu	representante	legal;	
o EXCEÇÃO:	curador	especial	(art.	33	do	CPP),	sucessores	do	ofendido	em	caso	de	morte	
ou	declaração	de	ausência	(art.	31	do	CPP);	Órgãos	responsáveis	por	realizar	a	defesa	do	
consumidor;	
• Legitimidade	Passiva:	
o 1.	Provável	autor	do	fato	delituoso;	
o 2.	Pessoa	maior	de	18	anos	(art.	228	da	CF)	–	de	nada	vale	a	emancipação	do	direito	civil	
para	fins	de	direito	penal;	
• A	ilegitimidade	ativa	ou	passiva	leva	à	rejeição	da	denúncia	ou	queixa	nos	termos	do	art.	395,	II,	
do	CPP;	
• A	ilegitimidade	ad	causam	será	causa	de	nulidade	absoluta	do	processo,	tal	qual	prevê	o	art.	564,	
II,	do	CPP;	
• A	 ilegitimidade	de	parte	permite	que	seja	promovida	nova	ação	penal,	eis	que	 tal	decisão	 faz	
apenas	coisa	julgada	formal	(LOPES	JR,	2018,	P.	195);	
C)	Interesse	de	agir:	
• Envolve	o	trinômio:	
• 1.	Necessidade:	a	obtenção	da	tutela	jurisdicional	pleiteada	é	necessária;	
• 2.	Adequação:	o	ajuste	entre	a	providência	judicial	requerida	e	a	solução	do	conflito	subjacente	
ao	pedido;	
• 3.	Utilidade:	eficácia	da	atividade	jurisdicional	para	satisfazer	o	interesse	do	autor;	
C)	Interesse	de	agir:	
• Críticas	a	necessidade:	
o É	possível	obter	a	tutela	do	Direito	do	Penal	sem	um	processo?	
 
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[Data] 
o 	Nulla	poena	sine	judicio;	
o 	A	ação	penal	é	necessária;	
• Críticas	a	adequação:	
o Existe	 outro	meio	de	 se	 obter	 a	 tutela	do	Direito	Penal	 que	não	 seja	 através	de	uma	
sentença	condenatória?		
o Não	há	espécies	distintas	de	ações	penais	condenatórias;	
o 	A	pretensão	acusatória	é	única:	aplicação	do	direito	de	punir;	
• Críticas	a	utilidade:	
• A	ação	penal	só	vai	ter	utilidade	se	for	condenatória?	Ou	seja,	somente	será	útil	se	o	ius	puniendi	
for	aplicado?	
D)	Justa	causa:	
• É	o	suporte	probatório	mínimo	que	deve	lastrear	toda	e	qualquer	acusação	penal;	
• A	propositura	de	uma	ação	penal	atinge	o	status	dignitatis	do	indivíduo;	
• Fumus	comissi	delicti	à	indícios	mínimos	de	autoria	e	materialidade	da	prática	do	crime;	
• Não	 se	 pode	 admitir	 a	 instauração	de	 processos	 levianos,	 temerários,	 desprovidos	de	um	
lastro	mínimo	de	elementos	de	informação,	provas	cautelares,	antecipadas	ou	não	repetíveis,	
que	dê	arrimo	à	acusação	(LIMA,	2017,	P.	214);	
• A	denúncia	ou	queixa	será	rejeitada	quando	faltar	justa	causa	para	o	exercício	da	ação	penal.		
	
	
A)	Prática	de	fato	aparentemente	criminoso:	
• Só	se	pode	admitir	o	oferecimento	de	peça	acusatória	se	a	conduta	delituosa	atribuída	ao	acusado	
for,	em	tese,	típica,	ilícita	e	culpável;	
• O	revogado	art.	43,	 inciso	I,	do	CPP,	dispunha	que	a	denúncia	ou	queixa	deveria	ser	rejeitada	
quando	o	fato	narrado	evidentemente	não	constituísse	crime.	
• Nessa	hipótese,	como	há	efetiva	análise	do	mérito	da	acusação,	já	que	o	juiz	analisaa	tipicidade,	
ilicitude	e	culpabilidade	da	conduta	do	agente,	a	decisão	de	rejeição	fará	coisa	julgada	formal	e	
material.	
Condições	da	Ação
(Visão	Tradicional)
•Possibilidade	 jurı́dica	 do	
pedido;
•Legitimidade;
•Interesse;
•Justa	causa
Condições	da	Ação
(Categorias	próprias	do	
CPP)
•Prática	de	fato	aparentemente	
criminoso;
•Punibilidade	concreta;
•Legitimidade	de	parte;
•Justa	causa;
 
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[Data] 
B)	Punibilidade	concreta:	
• O	revogado	art.	43,	inciso	II,	do	CPP,	dispunha	que	a	denúncia	ou	queixa	deveria	ser	rejeitada	
quando	já	estivesse	extinta	a	punibilidade,	pela	prescrição	ou	outra	causa.		
• Quando	 houver	 prova	 da	 extinção	 da	 punibilidade,	 ou	 ausência	 do	 implemento	 de	 condição	
objetiva	de	punibilidade,	deve	o	juiz	rejeitar	a	peça	acusatória.	
	
4.2. CONDIÇÕES GENÉRICAS: 
• São	as	situações	em	que	a	 lei	 condiciona	o	exercício	do	direito	de	ação	ao	preenchimento	de	
certas	condições	específicas;	
• A	presença	das	condições	específicas	deve	ser	aferida	pelo	magistrado	por	ocasião	do	juízo	de	
admissibilidade	da	peça	acusatória.		
• EXEMPLOS	DE	CONDIÇÕES	ESPECÍFICAS	DA	AÇÃO	PENAL:		
• Representação	do	ofendido	
• Requisição	do	Ministro	da	Justiça;	
• Poderes	especiais	e	menção	ao	fato	criminoso	na	procuração	que	concede	poderes	para	ajuizar	
queixa-crime	(art.	44	do	CPP);	
• EXEMPLOS	DE	CONDIÇÕES	ESPECÍFICAS	DA	AÇÃO	PENAL:		
• Autorização	da	Câmara	dos	Deputados,	por	dois	terços	de	seus	membros,	para	a	instauração	de	
processo	contra	o	Presidente	e	o	Vice-Presidente	da	República	e	os	Ministros	de	Estado	(CF,	art.	
51,	I).		
• Entrada	do	agente	no	território	brasileiro	nos	casos	de	extraterritorialidade	(art.	7º	do	CP);	
	
5.	CLASSIFICAÇÃO	DA	AÇÃO	PENAL:	
	
	
• REGRA:	Ação	penal	pública	incondicionada;	
• EXCEÇÃO:	Ação	penal	de	iniciativa	privada	OU	pública	condicionada;	
• Ação penal pública incondicionada
• Ação penal pública condicionada a representação do ofendido
• Ação penal pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça 
AÇÃO PENAL PÚBLICA
• Ação penal exclusivamente privada;
• Ação penal privada personalíssima;
• Ação penal privada subsidiária da pública;
AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
 
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[Data] 
6. AÇÃO PENAL PÚBLICA: 
• A	regra	é	que	os	delitos	sejam	de	ação	penal	pública	(incondicionada);	
• O	autor	da	ação	será	o	Ministério	Público;	
• Nome	da	inicial	acusatória:	denúncia;		
6.1. PRINCÍPIOS: 
• A.	OFICIALIDADE:		
o Ação	penal	de	iniciativa	pública	é	atribuição	exclusiva	do	MINISTÉRIO	PÚBLICO	–	art.	
129,	I,	da	CF;	
• B.	INTRANSCEDÊNCIA:		
o Em	razão	do	princípio	da	intranscendência,	tem-se	que	a	denúncia	ou	a	queixa	só	podem	
ser	oferecidas	contra	o	provável	autor	do	fato	delituoso.	
• C.	OBRIGATORIEDADE:		
o Fundamento:	art.	24	do	CPP;	
o O	Ministério	 Público	 tem	 o	 dever	 de	 oferecer	 a	 denúncia	 sempre	 que	 presentes	 as	
condições	da	ação;		
o O	 Ministério	 não	 tem	 discricionariedade	 para	 ponderar	 se	 vai	 ou	 não	 oferecer	 a	
denúncia;	
o Mecanismos	para	a	fiscalização	do	princípio	da	obrigatoriedade:	
§ 1.	Art.	28	do	CPP:	o	juiz	pode	discordar	do	pedido	de	arquivamento;	
§ 2.	Ação	penal	de	iniciativa	privada	subsidiária	da	pública:	controle	da	inércia	do	
Ministério	Público;		
o ATENÇÃO:	A	 obrigatoriedade	 de	 oferecer	 a	 denúncia	 não	 significa	 que,	 em	 sede	 de	
alegações	orais	(ou	de	memoriais),	o	Ministério	Público	esteja	sempre	obrigado	a	pedir	
a	condenação	do	acusado	(RENATO	BRASILEIRO	DE	LIMA,	2017,	P.	236).		
o EXCEÇÕES:		
§ 1.	Transação	penal	–	Lei	nº	9.099/95;	
§ 2.	Termo	de	ajuste	de	conduta:	Lei	nº	7.347/85;	
§ 3.	Parcelamento	do	débito	tributário:	Lei	nº	9.430/96;	
§ 4.	Acordo	de	leniência:	Lei	nº	12.529/11;	
§ 5.	Colaboração	premiada	na	Lei	de	Organizações	Criminosas:	Lei	nº	12.850/13;	
• D.	INDISPONIBILIDADE	
o Funciona	como	desdobramento	lógico	do	princípio	da	obrigatoriedade;	
o Uma	vez	iniciado	o	processo,	o	MP	não	poderá	dele	desistir,	dispor	da	ação	penal.	
o Fundamento:	art.	42	e	576,	ambos	do	CPP;	
o Exceção:	Suspensão	condicional	do	processo	(art.	89	da	Lei	9.099/95);	
 
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[Data] 
• E.	INDIVISIBILIDADE:	
o De	acordo	com	esse	princípio,	o	processo	criminal	de	um	obriga	ao	processo	de	todos,	
ou	 seja,	 havendo	 elementos	 probatórios	 quanto	 a	 coautores	 e	 partícipes,	 o	 MP	 está	
obrigado	a	oferecer	denúncia	contra	todos.		
o Não	tem	aplicação	pacífica	no	âmbito	das	ações	penais	públicas;	
o 	Divergência:	 os	 tribunais	 superiores	 entendem	 reconhecem	 a	 inaplicabilidade	 desse	
princípio	no	âmbito	das	ações	penais	públicas;		
• F.	OFICIOSIDADE:	
o 	Só	se	aplica	as	ações	penais	públicas	incondicionadas;	
• 	Segundo	 esse	 princípio,	 os	 órgãos	 incumbidos	 da	 persecução	 penal	 devem	 agir	 de	 oficio,	
independentemente	de	provocação	do	ofendido	ou	de	terceiros	(RENATO	BRASILEIRO	DE	LIMA,	
2017,	P.	244).		
6.2. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA: 
• O	titular	da	ação	penal	pública	incondicionada	é	o	Ministério	Público	(art.	129,	I,	da	CF	e	art.	257,	
I,	do	CPP);	
• A	peça	inaugural	é	a	denúncia;	
• Ev 	 denominada	 de	 incondicionada	 porque	 a	 atuação	 do	 Ministério	 Público	 não	 depende	 da	
manifestação	da	vontade	da	vítima	ou	de	terceiros.		
• Não	existe	processo	penal	de	ofício	à	processo	judicialiforme;	
• 	A	ação	penal	pública	incondicionada	funciona	como	a	regra	geral	–	art.	100,	caput,	do	CP;	
	
6.3. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA: 
• Ocorre	 quando	 o	 oferecimento	 da	 ação	 penal	 pública	 pelo	 Ministério	 Público	 depender	 da	
autorização	de:	
o 1.	Representação	do	ofendido;	ou	
o 2.	Requisição	do	Ministro	da	Justiça;	
• A	autorização	funciona	como	uma	condição	específica	(de	procedibilidade)	da	ação;		
• REPRESENTAÇÃO:		
o É	a	manifestação	do	ofendido	ou	de	seu	representante	 legal	acerca	do	 interesse	na	
persecução	penal	do	autor	do	fato	delituoso	–	art.	39	do	CPP;	
o Será	realizada	de	acordo	com	o	juízo	de	oportunidade	e	conveniência;	
o Deverá	ser	feita	no	prazo	decadencial	de	6	meses,	contados	a	partir	da	data	em	que	
vier	a	tomar	ciência	de	quem	é	o	autor	do	delito	(art.	38	do	CPP);	
o O	prazo	decadencial	é	contado	nos	moldes	do	art.	10	do	CP;	
 
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[Data] 
o 	Não	é	cabível	a	renúncia	ao	direito	de	representação;	
o O	objetivo	é	evitar	a	produção	de	novos	danos	morais,	psicológicos	ou	sociais	a	vítima	
em	 face	de	possível	 repercussão	negativa	 trazida	pelo	 conhecimento	generalizado	do	
fato	delituoso	(LIMA,	2017,	P.	248).		
• REQUISIÇÃO	DO	MINISTRO	DA	JUSTIÇA:		
o Segundo	 Lima	 (2017,	 p.	 258),	 o	 fundamento	 da	 requisição	 é	 semelhante	 ao	 da	
representação;	
o Devido	ao	silêncio	da	lei,	não	se	opera	o	prazo	decadencial	para	a	requisição;	
o Ev 	dirigida	ao	Ministério	Público,	na	pessoa	de	seu	respectivo	Chefe:	Procurador-Geral	de	
Justiça	ou	Procurador	Geral	da	República;	
	
7. AÇÃO PENAL PRIVADA: 
	
• São	as	situações	em	que	o	Estado,	titular	exclusivo	do	 ius	puniendi,	transfere	a	legitimidade	
para	a	propositura	da	ação	penal	à	vítima	ou	ao	seu	representante	legal;	
• Será	privada	quando	assim	dispuser	o	Código	Penal	(art.	100,	§	2º,	do	CP);		
• 	Titular:	ofendido	ou	querelante;	
• 	Prazo:	6	meses	contados	a	partir	da	data	em	que	se	descobre	quem	é	o	autor	do	delito	à	não	
admite	prorrogação,	interrupção	ou	suspensão;	
• A	queixa-crime	deverá	conter	os	elementos	da	denúncia	(art.	41	do	CPP);	
• Se	trata	de	verdadeira	hipótese	de	legitimação	extraordinária	(ou	substituição	processual);	
• O	ofendido	age,	em	nome	próprio,	na	defesa	de	um	interesse	alheio,	pois	o	Estado	continua	
sendo	o	titular	da	pretensão	punitiva.		
• O	 querelante	 deverá	 postular	 em	 juízo	 através	 de	 advogado,	 cuja	 procuraçãodeverá	 conter	
poderes	especiais	e	fazer	menção	ao	fato	criminoso	–	art.	44	do	CPP;	
• 	“Caso	o	 ofendido	não	 tenha	 condições	 econômicas	de	 constituir	 um	advogado,	 o	 juiz	 deverá	
nomear	um	advogado	(art.	32	do	CPP)	para	promover	a	ação	penal”(LOPES	JR,	2018,	P.	221);	
7.1. PRINCÍPIOS: 
• A)	OPORTUNIDADE	E	CONVENIÊNCIA:	
o A	vítima	não	está	obrigada	a	oferecer	a	ação	penal	–	é	uma	faculdade;		
o O	ofendido	deve	respeitar	o	prazo	decadencial;	
• B)	INDIVISIBILIDADE:	
 
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10 
[Data] 
o Não	cabe	ao	querelante	escolher	contra	quem	irá	exercer	o	direito	de	propor	a	queixa-
crime	em	caso	de	concurso	de	pessoas	(art.	48	do	CPP).		
• C)	DISPONIBILIDADE:	
o Ao	contrário	da	ação	penal	pública,	 a	ação	penal	de	 iniciativa	privada	é	plenamente	
disponível;	
o Cabimento:	renúncia	ao	direito	de	ação,	perempção	(art.	60	do	CPP),...	
• D)	INTRANSCEDÊNCIA:	
o Em	razão	do	princípio	da	intranscendência,	tem-se	que	a	denúncia	ou	a	queixa	só	podem	
ser	oferecidas	contra	o	provável	autor	do	fato	delituoso.	
7.2. AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA: 
• A	Funciona	a	ação	penal	exclusivamente	privada	como	a	regra;	
• 	Operando-se	 a	 morte	 ou	 a	 declaração	 de	 ausência	 do	 ofendido,	 o	 direito	 de	 queixa	 será	
transmitido	aos	sucessores,	nos	exatos	termos	do	art.	31	do	CPP.		
7.3. AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA: 
• O	direito	de	ação	só	pode	ser	exercido	pelo	ofendido;	
• Não	há	intervenção	de	eventual	representante	legal,	de	curador	especial,	nem	tampouco	haverá	
sucessão	processual	no	caso	de	morte	ou	ausência	da	vítima	LIMA,	2017,	P.	261);	
• 	Se	o	ofendido	vier	a	óbito,	será	reconhecida	a	extinção	da	punibilidade,	já	que	a	ninguém	é	
dado	promover	a	ação	ou	prosseguir	no	processo	que	estava	em	curso;	
• Exemplo	ÚNICO:	art.	236	do	CP;	
7.4. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: 
• Fundamento:	art.	100,	§	3º	do	CP	e	no	art.	29	do	CPP;	
• O	 art.	 5º,	 inciso	 LIX	 da	 CF	 esclarece	 que	 será	 admitida	 ação	 privada	 nos	 crimes	 de	 ação	
pública,	se	esta	não	for	intentada	no	prazo	legal;	
• O	que	evidencia	a	inércia,	desídia	do	Ministério	Público	é	a	ausência	de	qualquer	manifestação	
do	 órgão	ministerial	 dentro	 do	 prazo	 legal	definido	 para	 oferecimento	 da	 denúncia	 (Réu	
preso:	5	OU	Réu	solto:	15	dias	–	art.	46	do	CPP);		
• Trata-se	 de	 um	 controle	 que	 a	 vítima	 exerce	 acerca	 dos	 atos	morosos	 praticados	 pelo	
Estado.	
• A	inércia	do	Ministério	Público	não	transforma	a	natureza	da	ação	penal	que	permanece	sendo	
pública	à	a	queixa	é	apenas	um	substitutivo	a	denúncia;	
• Prazo	(decadencial):	6	meses	–	art.	38,	parte	final,	CPP;	
• O	MP	continuará	legitimado	a	oferecer	a	denúncia	dentro	do	prazo	decadencial	
 
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11 
[Data] 
• O	 oferecimento	 de	 denúncia,	 a	 promoção	 do	 arquivamento	 ou	 a	 requisição	 de	 diligencias	
externas	ao	Ministério	Público,	posterior	a	decurso	do	prazo	 legal	para	a	propositura	da	
ação	penal,	não	afastam	o	direito	de	queixa;	
• 	Legitimidade:	pertence	a	quem	sofra,	diretamente,	as	consequências	do	delito,	e	não	a	toda	a	
coletividade;	
• O	MP	figura	como	interveniente	adesivo	obrigatório	ou	parte	adjunta	(TÁVORA	E	ALENCAR,	
2014).	
8. ADITAMENTO: 
	
• É	possível	se	proceder	ao	aditamento	da	peca	acusatória?	Mas	o	que	se	entende	por	aditamento?	
O	que	significa	a	palavra	ADITAR?	
• Em	termos	processuais	penais,	a	expressão	aditamento	também	é	usada	com	o	significado	de	
mera	 retificação	 ou	mesmo	 ratificação,	 suprimento	 ou	 esclarecimento	 da	 peça	 inicial	 (LIMA,	
2017,	P.	307).		
• Aditar	 possui	 o	 sentido	 de	 acrescentar	 ou	 complementar	 a	 denúncia	 com	 fatos,	 sujeitos	 ou	
elementos	novos	que	não	constavam,	inicialmente,	da	mesma	(RANGEL,	2012,	P.	307);	
• O	 aditamento	 da	 denúncia	 está	 relacionado	 diretamente	 às	 hipóteses	 de	 conexão	 e	
continência.	 Se	 o	 fato	 novo	 surgido	 durante	 a	 instrução	 processual	 não	 guardar	 relação	 de	
conexão	 ou	 continência	 com	 aquele	 narrado	 na	 denúncia,	 não	 há	 porque	 se	 cogitar	 de	
aditamento;	
• O	aditamento	pode	ser	feito	pelo	órgão	do	Ministério	Público	a	partir	do	oferecimento	da	peça	
acusatória	até	o	momento	imediatamente	anterior	à	prolação	da	sentença;	
 
9. AÇÃO CIVIL EX DELICTO: 
	
• A	prática	de	um	crime	pode	acarretar	duas	pretensões:	
• Pretensão	punitiva	à	Estado	à	aplicação	de	sanção	penal	ao	agente;	
• Pretensão	 indenizatória	à	 Vítima	à	 reparação	 do	 dano	 sofrido	 em	 virtude	 da	 prática	 do	
delito;	
• A	responsabilidade	civil	é	INDEPENDENTE	da	criminal;	
• A	 lei	 11.719/2008	 rompeu	 com	 a	 tradição	 de	 separação	 das	 esferas	 cível	 e	 criminal,	 senão	
vejamos	o	art.	63,	parágrafo	único,	CPP.	
 
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12 
[Data] 
• Em	 consonância	 com	 o	 art.	 63,	 parágrafo	 único,	 do	 CPP,	 o	 legislador	 brasileiro	 permitiu	 a	
acumulação	das	pretensões	acusatória	e	indenizatória	 frente	ao	mesmo	juiz	criminal	–	art.	
387,	IV,	CPP:	
Art.	387.		O	juiz,	ao	proferir	sentença	condenatória:		
(...)	
IV	-	fixará	valor	mínimo	para	reparação	dos	danos	causados	pela	infração,	considerando	
os	prejuízos	sofridos	pelo	ofendido;		
• Para	que	o	juiz	criminal	fixe	um	quantum	mínimo	de	indenização	é	necessário	a:	
o 1.	O	fato	tenha	ocorrido	após	a	promulgação	da	lei	nº	11.719/2008;	
o 2.	Existência	de	pedido	prévio	de	condenação	a	pagamento	de	indenização	na	inicial	
acusatória;	
o 3.	Princípio	da	adstrição	ou	congruência	à	o	juiz	não	pode	decidir	diverso	do	que	foi	
pedido	pelas	partes,	sob	pena	de	nulidade	por	incongruência	da	sentença;		
o 4.	A	reparação	dos	danos	deve	ser	submetida	ao	crivo	do	contraditório	e	da	ampla	defesa;	
• O	CPP	estabelece	três	formas	para	a	vítima	buscar	a	satisfação	da	pretensão	indenizatória:	
o Ação	de	Execução	ex	delicto	(art.	63	do	CPP)	à	a	sentença	penal	condenatória	servirá	
como	base;	
o Ação	 civil	 ex	 delicto	 (art.	 64	 do	 CPP)	à	 A	 vítima	 ajuizará	 uma	 ação	 diretamente	
perante	o	juízo	cível;	
o Composição	dos	danos	civis	no	JECrim	(art.	74	da	Lei	nº	9.099/95);	
• A	ação	penal	e	a	ação	civil	ex	delicto	não	se	confundem;	
• Em	relação	a	ação	civil	e	ação	penal,	o	Brasil	adotou	o	sistema	da	independência	mitigada;	
• Segundo	esse	sistema,	a	ação	civil	(direito	patrimonial)	e	a	ação	penal	(direito	de	punir)	devem	
ser	propostas	em	JUÍZOS	DISTINTOS,	de	modo	independente,	 já	que	versam	sobre	direitos	
distintos;	
• 	A	sentença	penal	pode	fixar	um	valor	mínimo	a	título	de	indenização,	e	isso	não	afasta	a	atuação	
na	esfera	civil.		
• A	reparação	pode	implicar	na:	
o Restituição	(art.	119	do	CPP):	o	bem	é	devolvido	a	vítima;	
o Ressarcimento	 (art.	 64	 do	 CPP):	 pagamento	 dos	 danos	 patrimoniais	 sofridos	 pela	
vítima	(lucros	cessantes	e	danos	emergentes);	
o Reparação	 (art.	 63	 do	 CPP):	 o	 dano	 sofrido	 não	 pode	 ser	 quantificado	 por	 ser	
extrapatrimonial	à	dano	moral;	
o Indenização	(art.	630	do	CPP):	compensação	realizada	pelo	Estado	nos	casos	em	que	
o	Estado	absolve	depois	de	ter	condenado	injustamente	à	indenização.	
	
 
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[Data] 
9.1. AÇÃO CIVIL EX DELICTO – ART. 64 DO CPP: 
• Tem	fundamento	no	art.	64	do	CPP:	
Art.	64.	Sem	prejuízo	do	disposto	no	artigo	anterior,	a	ação	para	ressarcimento	do	dano	
poderá	 ser	 proposta	 no	 juízo	 cível,	 contra	 o	 autor	 do	 crime	 e,	 se	 for	 caso,	 contra	 o	
responsável	civil.	
Parágrafo	único.	Intentada	a	ação	penal,	o	juiz	da	ação	civil	poderá	suspender	o	curso	desta,	
até	o	julgamento	definitivo	daquela.	
• O	interessado	pode	ajuizar	antes,	durante	ou	até	mesmo	depois	de	encerrado	o	processo	cível;	
• Em	 se	 tratando	 de	 uma	 sentença	 criminal	 absolutória,	 ainda	 assim	 será	 possível	 a	
propositura	de	ação	de	 indenização?A	resposta	é:	TUDO	DEPENDE	DO	FUNDAMENTO	DA	
ABSOLVIÇÃO	–	ART	386	DO	CPP.	
• 	O	art.	66	do	CPP	aduz	que	reconhecida	a	inexistência	material	do	fato,	restará	inviável	a	ação	de	
indenização	–	art.	386,	I,	CPP;	
• A	 absolvição	 com	 fundamento	 no	 art.	 386,	 IV,	 CPP	 também	 faz	 coisa	 julgada	 na	 esfera	 cível,	
tornando	inviável	a	indenização;	
• A	 absolvição	 com	 fundamento	 no	 art.	 386,	 VI,	 CPP	 também	 faz	 coisa	 julgada	 na	 esfera	 cível,	
tornando	inviável	a	indenização	–	art.	65	do	CPP;	
• Atenção!	 A	 exigência	 probatória	 no	 juízo	 criminal	 é	 muito	 maior	 do	 que	 juízo	 cível.	 Basta	
lembrarmos	que	os	princípios	da	presunção	de	inocência	e	do	in	dubio	pro	reo	incidem	apenas	
no	processo	penal;	
• Quanto	as	hipóteses	de	absolvição	sumária	(art.	397	do	CPP),	apenas	o	fundamento	do	inciso	
I	 e	 a	 inimputabilidade	 (excludente	 de	 culpabilidade)	 tem	 o	 condão	 de	 impedir	 a	 pretensão	
indenizatória. 
BIBLIOGRAFIA 
 
AVENA, Norberto Claudio Pancaro. Processo penal esquematizado. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.	
COSTA, Klaus Negri. ARAÚJO. Fábio Roque. Processo Penal Didático, 1ª ed. Salvador - BA: JusPodivm, 2018. 
DUCLERC, Elmir. Introdução aos fundamentos do direito processual penal. Florianopólis: Empório do Direito, 2016. 
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume unico. 8ª ed. Salvador - BA: JusPodivm, 2020. 
LOPES JÚNIOR, Aury. Direito processual penal. 17ª ed. Sao Paulo: Saraiva, 2020. 
LOPES JR., Aury. Fundamentos do processo penal – introdução crítica. São Paulo: Saraiva, 2016. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execucao penal. 15ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 
TÁVORA, Nestor; Alencar, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 16ª ed. Salvador - BA: JusPodivm, 
2021.

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