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Versão Condensada DIREITO PENAL ESPECIAL Dos crimes contra a pessoa – crimes contra a honra 2 A L F A C O N Sumário Dos crimes contra a pessoa – crimes contra a honra ��������������������������������������������������� 3 1� Calúnia ��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 3 2� Difamação ��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 4 3� Injúria ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 5 Dos crimes contra a pessoa – crimes contra a honra 3 A L F A C O N Dos crimes contra a pessoa – crimes contra a honra 1. Calúnia Art� 138� Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo: I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Trata-se da conduta de imputar falsamente a outra pessoa fato definido como crime� Não há previsão para imputação falsa de contravenção. Se isso ocorrer, poderemos estar diante do crime de difamação. A conduta aqui prevista viola a honra objetiva do sujeito, e está relacionada com a reputação e a boa fama do cidadão. Para sua consumação é imprescindível o conhecimento de terceiros. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo deste crime (exceto as autoridades que gozam de inviolabilidade – senadores, deputados, vereadores). Ressaltamos que não existe auto calúnia. Se o agente, perante a autoridade, assumir a prática de crime inexis- tente, dando ensejo a investigações inúteis, responderá por autoacusação falsa (art. 341 do CP). Haverá a calúnia quando o fato imputado jamais ocorreu, ou, quando o fato existiu, não foi a pessoa apontada seu autor. A conduta é praticada com dolo de ofender a honra da vítima. Não se admite a modalidade culposa. Consuma-se no momento em que terceiro toma conhecimento da imputação criminosa feita à vítima. O crime é formal, pois consuma-se independentemente do dano à reputação da vítima. A tentativa se limita à modalidade escrita. Dos crimes contra a pessoa – crimes contra a honra 4 A L F A C O N → Em defesa do interesse público, o CP admite a chamada exceção da verdade, ou seja, a prova da verdade da imputação, o que gera a atipia da conduta. Trata-se de um incidente processual, no qual o acusado de ter praticado calúnia pretende provar a veracidade do que alegou. → Existe também a chamada exceção de notoriedade, que consiste na oportunidade facultada ao demandado de demonstrar que suas afirmações são de domínio público. A exceção de notoriedade é cabível nos crimes de calúnia e de difamação. Ela se aplica sob o fundamento de que, se o fato é de domínio público, não há como se atentar contra a honra objetiva. 2. Difamação Art� 139� Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único� A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Consiste no ato de imputar a alguém fato não criminoso, mas ofensivo à sua reputação. O crime aqui previsto lesa a honra objetiva do autor. Para sua consumação é imprescindível o conhecimento de terceiros. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo desta conduta (ressalvadas aquelas que possuem imunidade). O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, inclusive a pessoa jurídica. Os mortos não podem ser difamados. O crime se consuma quando um terceiro (ainda que um só) conhece da imputação desonrosa. É fundamental que a ofensa seja comunicada a terceiro. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Acerca do funcionário público, é importante destacar a redação da Súmula nº 714 do STF, com a seguinte redação: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções”. Para a difamação, admite-se a exceção de notoriedade. Dos crimes contra a pessoa – crimes contra a honra 5 A L F A C O N 3. Injúria Art� 140� Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena – reclusão de um a três anos e multa. Diferentemente das modalidades anteriores, aqui o indivíduo tem atribuído qualidades negativas ou defeitos contra si. O crime aqui previsto viola a honra subjetiva do cidadão, que é aquela relacionada à dignidade e ao decoro pessoal. É o juízo que cada indivíduo tem de si (relacionado à autoestima). Para sua consumação não é imprescindível o conhecimento de terceiros. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo deste crime. A pessoa jurídica, por não possuir honra subjetiva, não pode ser sujeito passivo deste crime. A autoinjúria não constitui delito. Na injúria, como não existe a imputação de um fato, mas somente a opinião de um agente sobre o ofendido, não se admite a exceção da verdade nem a de notoriedade. As hipóteses previstas no §1º consistem em formas de perdão judicial. Embora conste o verbo “poderá”, é uniforme a ideia de que se trata de direito subjetivo do acusado. A qualificadora do § 2º é também denominada de injúria real. A lei exige que a violência seja aviltante, agindo o agente com o propósito de ofender, humilhar a vítima (ex.: cusparada, tapa na face). Nas palavras de Nelson Hungria, atinge-se a alma do agente, e não somente a integridade física (puxão de orelha, cuspe no rosto, tapa na cara etc.). Já a qualificadora do § 3º, denominada injúria racial ou injúria qualificada por preconceito não pode ser confundida com o crime de Racismo (Lei nº 7716/89). Nesta, pressupõe-se a ocorrência de segregação. Na injúria racial, o crime é praticado contra agente específico, por meio de xingamentos, com intuito de ofender moralmente. → Informação importante: o STJ, ao julgar o AgRg no REsp nº 686.965/DF considerou que a injúria racial está na seara dos crimes relativos ao racismo e é também imprescritível, pois tem sentido de segregação. Dos crimes contra a pessoa – crimes contra a honra 1. Calúnia 2. Difamação 3. Injúria