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O sucesso e a longevidade de uma organização dependem muito de sua capacidade de monitorar seu ambiente e responder às mudanças, ajustando ou repensando sua estratégia (empresarial e de produção). Vejamos, a seguir, dois exemplos dessa situação: um de sucesso e outro de fracasso. Xerox Fundada em 1906, a Xerox, no início de suas operações, fabricava papéis fotográficos. Atenta aos avanços tecnológicos, a empresa percebeu uma oportunidade e, em 1959, lançou a primeira máquina fotocopiadora. O sucesso foi grande e a empresa passou a dedicar-se a esse mercado, colaborando inclusive para a criação dos computadores pessoais. Manteve seus produtos em evolução (da fotocopiadora às impressoras multifuncionais), comercializando também software e insumos para os equipamentos. Desse modo, a empresa trilhou um bem-sucedido caminho. Kodak Fundada em 1888, na mesma cidade que a Xerox e com um negócio muito semelhante, a Kodak fabricava filmes e equipamentos fotográficos. Contudo, a história dela foi bem diferente da Xerox. Apesar de ter sido pioneira no desenvolvimento da câmera digital, produzindo a primeira ainda em 1975, a Kodak relutou em comercializar o produto, temendo ameaçar seu próprio negócio. Tal comportamento levou à decadência da empresa, que somente nos anos 1990 fez uma transição lenta para a fotografia digital. Nos anos 2000, fechou fábricas de filmes e investiu pesado em inovação, na esperança de aumentar sua margem de lucro, mas já era tarde demais. Em 2012, a empresa pediu proteção contra falência e encerrou a produção de câmeras digitais e câmeras de vídeo portáteis Fonte: Soares (2012). O processo de planejamento pode ser acionado por eventos relevantes e pelo tempo, o que colabora para prevenir que a empresa atrase em responder a mudanças relevantes que ocorrem entre os pontos de replanejamento. Esses “eventos relevantes” podem ser apontados por qualquer função organizacional que perceba que alguma coisa relevante mudou ou pode vir a mudar significa- tivamente na área de interesse. Quando isso ocorre, a função que percebeu o evento deve comunicar as demais funções para que, juntas, discutam e decidam sobre a necessidade de uma revisão estratégica ou apenas ajustamentos menores à nova realidade. Por isso é importante que todos os tomadores de decisões, sejam elas de cunho estratégico ou operacional, tenham sempre em mente questões como: intenção estratégica da empresa, importâncias relativas dos Estratégia empresarial e produção16 vários critérios, desempenho comparado à concorrência, matrizes de correlação entre critérios e áreas de decisão, entre outras variáveis estratégicas. Só assim será possível garantir que toda e qualquer decisão tomada no contexto de operações tenha coesão e direção estratégica, que a estratégia seja de fato “um padrão de decisões coerente” e que a empresa pratique a “gestão estratégica de operações” (CORRÊA, H.; CORRÊA, C., 2017). No caso de empresas que utilizam insumos importados, uma mudança repentina e significante nas taxas de importação é uma mudança que pode acionar o processo de replanejamento para que toda a empresa realinhe seus esforços para a nova situação trazida pela mudança. Muito bem, agora que você já estudou sobre a estratégia empresarial e a estratégia de produção na teoria, chegou a hora de levar isso ao um contexto mais prático, no qual você possa se sentir mais inserido, participando da situação, das ações e decisões que são tomadas no dia a dia. Imagine que você é presidente de uma grande empresa, uma indústria que atualmente fabrica caminhões. Seu país estava envolvido em uma grande guerra e a produção de sua fábrica era destinada a esse contexto, como forma de apoiar o esforço nacional de guerra. Contudo, a guerra termina, seu país é o lado perdedor e, por conta disso, encontra-se assolado economicamente. O mercado está numa situação de grande escassez, tanto de bens disponíveis para consumo, quanto de insumos para a produção, seja qual for o produto. Você então se vê diante da necessidade de repensar a estratégia de sua empresa, para que ela possa sobreviver a esse complicado momento. Durante o processo de planejamento dos novos rumos da empresa, desperta na empresa não somente ideias de como sobreviver, mas também o desejo de ampliar suas operações, passando a competir no mercado internacional. A empresa decide continuar atuando no mercado automotivo, porém, em vez de caminhões, agora deseja fabricar automóveis, percebendo que esse produto tem mercado não somente em seu país, mas além dele. Para isso, é realizado um estudo sobre os principais concorrentes nesse cenário, que são indústrias de outro país, que ocupa lugar de destaque no mercado em que sua empresa pretende atuar. Diante desse cenário, você compara o desempenho de sua 17Estratégia empresarial e produção