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19Bioindicação amBiental – curso técnico em meio amBiente
UNIDADE 2 – INDICADORES AMBIENTAIS
Nesta unidade, você começará a estudar os conceitos sobre os in-
dicadores.
2.1 Objetivo de aprendizagem
- Descrever os indicadores ambientais. 
2.2 Conceito
A palavra indicador deriva do verbo latino indicare e significa des-
tacar, revelar algo. De acordo com Magalhães Júnior (2007), os indicado-
res são modelos simplificados da realidade, com a capacidade de facilitar a 
compreensão dos fenômenos, de aumentar a capacidade de comunicação 
de dados brutos e de adaptar as informações à linguagem e aos interesses 
locais dos tomadores de decisão. Como foi colocado, os indicadores são 
ferramentas que facilitam a comunicação das informações técnicas e cien-
tíficas com o público e que resumem as informações de um determinado 
local ou atividade analisada. 
Um indicador é uma característica do ambiente que, quando me-
dida, quantifica a magnitude do estresse, características do habitat, grau 
de exposição ao agente estressor, ou ainda o grau de resposta ecológica 
à exposição (HUNSAKER; CARPENTER, 1990 apud CAIRNS; McCORMICK; 
NIEDERLEHNER, 1993). De acordo com Cairns, McCormick e Niederlehner 
(1993), o número de indicadores potenciais é infinito; no entanto, a seleção 
de alguns bons indicadores não é simples. 
A utilização de organismos como indicadores é chamada de bio-
indicação. 
“Basicamente tudo é um indicador de alguma coisa, mas nada é 
um indicador de tudo” (CAIRNS; McCORMICK; NIEDERLEHNER, 1993, p.6).
2.3 Indicadores físicos e químicos
Estes indicadores serão aprofundados em uma disciplina específica; 
no entanto, seguem algumas considerações:
 - mudanças nas concentrações químicas, tanto naturais como in-
troduzidas, tem os seus efeitos bem documentados, por exemplo: 
fósforo e eutrofização e suas causas;
 - estressores químicos provocam efeito direto na saúde humana: 
consumo de água contaminada, gases tóxicos..., e indireto: efeito 
sobre a biota (consumo de peixe contaminado);
Reflita sobre a frase de Cairns; 
McCormick e Niederlehner 
(1993). Compartilhe e discuta no 
fórum as suas impressões sobre 
o sentido dela.
Indicadores 
Ambientais
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 - a entrada de contaminantes tóxicos (metais pesados e outros) pre-
judica os processos das populações (crescimento e reprodução), 
alterando a estrutura e a função da comunidade no ecossistema.
2.3.1 Vantagens do uso de indicadores
Podemos apontar:
 - a inquestionabilidade de seus fundamentos científicos;
 - algumas vezes as análises em laboratório são menos dispendiosas 
do que os testes de toxicidade, como é o caso dos efluentes sim-
ples, por exemplo;
 - a possibilidade de controlar diretamente substâncias com caracte-
rísticas específicas (carcinogênese, bioacumuláveis);
 - o fato de engenheiros e técnicos em saneamento estarem familia-
rizados com os métodos de tratamento.
2.3.2 Limitações do uso de indicadores
Entre as limitações dos indicadores físicos e químicos podemos 
apontar:
 - a impossibilidade de análise de todos os químicos, dado o custo e 
a tecnologia necessária;
 - nem todos os químicos potencialmente tóxicos são conhecidos;
 - o conhecimento das concentrações na água nem sempre revela 
uma biodisponibilidade para a biota;
 - os químicos podem reagir de forma sinérgica e/ou antagônica com 
outros químicos ou fatores ambientais;
 - no momento em que um químico tóxico for detectável, substancial 
impacto biológico provavelmente já ocorreu;
 - medidas de variáveis da qualidade de água (O
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, pH, nutrientes) são 
limitadas no seu uso como premonitórios, no entanto são essen-
ciais para a diagnose das causas da mudança na biota.
2.3.3 Conclusão
Apesar das limitações do uso de indicadores, é possível concluir 
positivamente que:
 - medidas químicas são essenciais para a diagnose de mudanças nos 
parâmetros biológicos;
 - assim como os químicos, as mudanças nos atributos físicos do 
ecossistema vão ser úteis na diagnose de estresse ambiental;
 - a avaliação de habitat é essencial na elucidação das causas do 
declínio biológico.
Indicadores
Ambientais
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2.4 Estudo de caso: alterações físicas, químicas e hidrológicas 
provocadas pela atividade de dragagem
Antes da escolha do bioindicador, o pesquisador precisa conhecer 
os prováveis efeitos que a atividade avaliada poderá ocasionar no ambien-
te. Como exemplo, vamos explorar uma atividade de suma importância no 
nosso dia-a-dia: dragagem em ambientes aquáticos. A dragagem tem dois 
objetivos principais: a retirada de areia para a construção civil e/ou manter as 
condições de navegação.
Dependendo do tipo e do volume do sedimento, profundidade da 
coluna da água e o custo da remoção do sedimento, vários tipos de dragas 
podem ser utilizados para dragar uma área. Estes equipamentos podem ser 
mecânicos ou hidráulicos. 
Um dos equipamentos utilizados para a dragagem mecânica é a 
draga de caçamba (Figura 2.1). 
Figura 2.1 – Draga de caçamba.
Fonte: www.erdc.usace.army.mil/pls/erdcpub/docs/erdc/images/
dredge.bmp
Analisando o processo de retirada de areia, quais são as alterações 
físicas, químicas e hidrológicas que podem ocorrer no ambiente aquático? 
Posteriormente discutiremos as modificações sobre a biota.
2.4.1 Alterações:
 - retirada de sedimento;
 - ressuspensão do sedimento;
 - aumento da turbidez;
 - diminuição da penetração da luz;
 - mudança do tipo de sedimento, matéria orgânica;
 - alteração da profundidade da coluna de água;
 - altura da onda;
Acesse o AVEA para observar 
o esquema de funcionamento 
de uma draga. Reflita sobre as 
alterações físicas e químicas que 
podem ocorrem no ambiente. 
Verifique algumas alterações que 
ocorrem.
E em relação ao material que foi 
colocado em suspensão, quais 
as alterações que provocará 
quando sedimentar? Compartilhe 
e discuta no fórum as prováveis 
modificações. 
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Ambientais
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 - liberação de contaminantes, caso estes ocorram;
 - mudanças nas concentrações de nutrientes;
 - mudanças na temperatura, oxigênio dissolvido, sais, entre outros;
 - outras alterações.
Os efeitos diretos são as modificações no habitat, e os efeitos indi-
retos, as alterações na qualidade da água.
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