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Guerra e Autoritarismo

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Um mundo às avessas: 
guerra e autoritarismo
Os mer ados inan eiros de odo o mundo oram a alados elo crack 
da olsa em . O Brasil não oi ou ado. diminuição do onsumo 
de café no mercado mundial, provocada pela crise desencadeada pela 
quebra da bolsa, fez despencar o preço do café brasileiro no mercado 
internacional. 
A Revolução de 1930, movimento liderado por políticos e militares contra 
as oligar uias a eeiras ue levou e lio argas ao oder erdeu o seu 
ar er rovis rio om a erman n ia de e lio no oder. Os aulis as 
inconformados com a perda de poder político, desencadearam, em 1932, a 
Revolução Constitucionalista, mas foram logo derrotados. 
om a romulgação de uma nova ons i uição em argas oi 
legitimado no poder. No ano seguinte, as esquerdas se uniram para for-
mar a Aliança Nacional Libertadora (ANL). Sentindo-se ameaçado, Getúlio 
conseguiu a aprovação de uma Lei de Segurança Nacional e começou a 
erseguir os mani es an es de es uerda. O omunis a u s arlos Pres es 
e v rios l deres da o osição oram resos. 
Em 1937, o Congresso Nacional foi fechado. Estava decretado o Estado 
ovo. argas assou a e er er o oder de modo au ori rio e en rali ador. 
O e ar amen o de m rensa e Pro aganda P erseguiu e rendeu 
muitos escritores, acusados de subversão.
m i ler invadiu a Pol nia dando in io egunda uerra Mun-
dial. Em 1941, a guerra agravou-se com o bombardeio em Pearl Harbor e 
a entrada dos norte-americanos no conflito. Em 1945, quando os aliados 
desembarcaram na Normandia e deram fim à guerra, foram expostas ao 
mundo as atrocidades cometidas pelos nazistas.
A Segunda Guerra deixou como legado mais do que ruínas de cidades 
arrasadas or om ardeios. la nos o rigou a en ren ar a ar rie u-
mana e a reconhecer que o preconceito e o desejo desmedido de poder 
odem levar erda de mil es de vidas. Meus ol os são e uenos 
para ver/ o mundo que se esvai em sujo e sangue”, escreve Drummond 
em 1944, registrando o espanto dos poetas ao refletirem sobre a per-
versidade de que o ser humano é capaz. 
 Cerimônia fúnebre, Revolução de 1932. Foto de Edgard Egydio de Souza.
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Revolução 
Constitucionalista em 
São Paulo. 
Franklin Roosevelt torna- 
-se presidente dos EUA. 
Divisão do átomo 
por Rutherford, 
desencadeando, pela 
primeira vez, uma reação 
nuclear.
Japoneses ocupam 
Pequim, Xangai e 
Nanquim.
Os alemães 
bombardeiam Almeria e 
destroem Guernica.
Picasso pinta Guernica.
Com o ataque japonês 
a Pearl Harbor, os EUA 
entram na guerra. 
Fundação da Companhia 
Siderúrgica Brasileira.
Fim da guerra na Europa, 
em 8 de maio.
EUA explodem bombas 
atômicas no Japão. 
Vargas renuncia à 
presidência.
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Início do New Deal, 
programa de reformas 
para recuperar o sistema 
capitalista e combater a 
Depressão americana. 
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Início da Segunda Guerra 
Mundial.
Brasil entra na Segunda 
Guerra Mundial. 
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Instituição da 
Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT). 
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Início da era Vargas, com 
a Revolução de 1930.
n io da era argas 
1930.
Primeira transmissão 
televisiva, na Inglaterra.
O engen eiro es o s 
John Logie Baird com 
sua televisão, 1926.
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O projeto literário 
da poesia da segunda 
geração modernista
Refletir sobre o sentido de estar no mundo é a proposta que define o 
ro e o li er rio da oesia da segunda geração modernis a. ssa re le ão 
es asso iada a uma grande reo u ação om a renovação da linguagem 
anunciada na geração anterior.
 an lise do ser umano e de suas ang s ias o dese o de om reender a 
relação entre o indivíduo e a sociedade da qual faz parte são os elementos 
recorrentes na poesia produzida na década de 1930.
Enquanto a primeira geração modernista experimentou uma grande 
variedade de temas e de técnicas, a segunda geração é caracterizada por 
uma produção com forte dimensão social. Assim, o contexto sociopolítico 
define um foco para a poesia desse momento. 
O lançamen o das om as a mi as em agos o de 
1945, em Hiroxima e Nagasaki, foi a última fronteira da 
ética derrubada pela ciência: o ser humano havia desco-
er o uma orma e i ien e de e erminar a r ria raça. 
Estava criado o contexto para que a arte assumisse uma 
perspectiva mais intimista e procurasse respostas para 
as muitas dúvidas existenciais desencadeadas por todo 
esse en rio de orror e de des ruição.
Segunda geração 
modernista: 
a consolidação 
de uma estética
A instabilidade social e política relacionada a esse 
contexto faz com que surjam, na literatura, propostas de 
diferentes modos de interpretar a realidade e de respon-
der às grandes questões humanas. 
 assim ue assada a agi ação ini ial o Modernis-
mo rasileiro a inge or vol a de sua ase urea. 
O roman e gan a um im ulso e raordin rio omo veremos no r imo 
capítulo. Na poesia, a fase do nacionalismo crítico, que promovia a releitura 
do assado is ri o do Brasil su erada e os au ores assam a dedi ar 
-se à reflexão sobre o mundo contemporâneo, usando todos os recursos 
à disposição da criação poética, aproveitando as conquistas da primeira 
geração e outras ferramentas relacionadas à forma. 
Tome nota
A publicação, em 1930, do livro Alguma poesia, de Carlos Drummond de 
Andrade, é considerada a referência do início da poesia da segunda gera-
ção modernis a. Os r i os ado am o ano de omo da a do im da 
poesia dessa geração, embora os escritores pertencentes a ela continuem 
a produzir.
 Mul er om seus r s il os 
caminhando por uma cidade belga 
destruída por bombardeio nazista 
em . m e em lo da ar rie 
que levou o ser humano a rever 
seus valores.
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Os agentes do discurso
As condições de produção dos poetas da segunda geração modernista 
são mui o semel an es s dos modernis as de . n uan o Os ald e 
M rio de ndrade se en usiasmavam om a lei ura dos mani es os das 
vanguardas artísticas europeias, Drummond e seus companheiros liam, 
pelos jornais, os manifestos dos modernistas brasileiros. 
O mesmo es ri o de ro a de e eri n ias ue ara eri ou o gru o 
organi ador da emana de r e Moderna on amina ovens es ri ores de 
diferentes partes do Brasil e os leva a aderir ao projeto maior de transfor-
mação da literatura nacional.
A circulação dos textos também segue os passos dos primeiros mo-
dernis as: revis as li er rias e ornais. l m disso o mer ado de livros se 
a ue e om a riação de edi oras rasileiras. Mon eiro o a o o rimeiro 
ro rie rio de uma edi ora na ional o ue a ili a a u li ação das o ras. 
Assim, em revistas, jornais ou livros a produção poética da segunda geração 
é divulgada e começa a ganhar a simpatia dos leitores.
A segunda geração modernista e o público•	
m uma s rie de a on amen os li er rios arlos rummond de ndrade 
faz uma curiosa observação.
Trilha sonora
nalise om seus olegas rosa de iro ima oema de ini ius de Moraes 
musi ado elo gru o e os e Mol ados. 
A rosa de Hiroxima
A poesia da destruição atômica
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
MO ini ius. Vinicius de Moraes: oesia om le a e rosa. Organi ação de le ei 
Bueno. io de aneiro: ova guilar . . . Os direi os rela ivos ao uso do oema de 
au oria de ini ius de Moraes oram au ori ados elaM MP M O O 
 al m de: M e . di ora ar .
 Explique o que seria a “rosa de Hiroxima” e o que permite essa com-ff
paração.
 Discuta por que, nos primeiros seis versos, são mencionadas as fe-ff
ridas provocadas pela rosa de Hiroxima e por que essas feridas são 
também comparadas a “rosas cálidas”.
 Reflita sobre o motivo de não serem mencionados os efeitos da bomba ff
sobre elementos masculinos. Qual o significado dos atributos que a 
rosa recebe nos sete últimos versos? 
 Explique por que a rosa de Hiroxima seria uma antirrosa. Qual a crítica ff
e qual o convite feitos pelo eu lírico ao leitor? 
 Conclua: pode-se afirmar que esse texto leva o leitor à reflexão ou ff
somente à apreciação do objeto estético (o poema)? Por quê? 
 Memorial das rianças 
em Hiroshima, Japão.
Projeto literário da segunda 
geração modernista
Reflexão sobre o sentido 
de estar no mundo
Foco no contexto 
sociopolítico
Renovação da 
linguagem
ersos om es ru uras 
sin i as mais 
elaboradas
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