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Resumo Princípios gerais da Toxicologia.

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Toxicologia: Aula 01
É a área do conhecimento que busca compreender os tóxicos, sua existência, sua ocorrência, seus comportamentos, mecanismos de ação, entre outros.
A toxicologia só ocorre porque uma substância provoca intoxicação, ou seja, o ato ou o efeito de intoxicar, envenenar. A intoxicação é um processo patológico que pode ser causado por uma toxina (toxicante) exógena ou endógena, causando um desequilíbrio fisiológico no organismo e consequentemente alterações bioquímicas. Vale salientar que em um sistema biológico os efeitos tóxicos ocorrem somente se a concentração da toxina for suficiente, e para alguns ainda é necessário que a toxina alcance um órgão-alvo.
CONCEITOS EM TOXICOLOGIA
	Agente tóxico (AT), Xenobiótico ou Toxicante: qualquer substância química ou agente físico que interagindo com um organismo vivo, é capaz de produzir um efeito tóxico seja este uma alteração funcional ou a morte. 
	Veneno: termo popularmente usado para designar a substância química ou mistura de substâncias químicas que provocam a intoxicação ou morte com baixas doses. 
	Droga: toda substância capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, utilizada com ou sem intenção de benefício do organismo receptor. 
	Fármaco: toda substância de estrutura química definida, capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, em benefício do organismo receptor.
	Intoxicação: sinais e sintomas que revelam um desequilíbrio orgânico produzido pela interação entre um agente tóxico e um sistema biológico. 
	Toxicidade: capacidade inerente a um agente químico de produzir maior ou menor efeito nocivo sobre os organismos.
	Risco tóxico: é a probabilidade de uma substância produzir um efeito adverso, um dano, em condições específicas de uso. 
FASES DA INTOXICAÇÃO
	Intoxicação: esta etapa ocorre quando alguma superfície cutânea, ocular, oral ou outra estrutura corpórea do organismo entra em contato com o toxicante. É muito importante considerar a dose, a concentração, o tipo de substância e até mesmo o tempo de exposição. 
	Toxicocinética: são os processos fisiológicos envolvidos na absorção, no deslocamento, no acúmulo, distribuição e biotransformação do toxicante. 
	Toxicodinâmica: nesta etapa fica evidente a ação das moléculas do toxicante, as vias e os receptores químicos utilizados, os órgãos ou sistemas afetados a partir de um desequilíbrio homeostático. 
	Clínica: onde os sinais da intoxicação aparecem caracterizando os efeitos nocivos do toxicante no organismo. 
	Vias de introdução;
	Dose/concentração;
	Tempo/frequência.
Aguda: dose única ou prazo de 24 horas;
Sub-aguda: 24 horas – semana;
Crônica: mais de uma semana.
VIAS DE EXPOSIÇÃO
As vias de exposição são importantes influenciadores da toxicidade de substâncias. Sendo elas: 
	Via cutânea (principal);
	Mucosas;
	Via gastrointestinal;
	Via respiratória.
Os efeitos tóxicos de um agente podem ser reversíveis, mas esta condição dependerá do tipo de tecido afetado, ou seja, se o tecido é capaz de se recuperar de uma lesão, por exemplo, lesões no tecido hepático. Agora, quando a toxicidade afetar tecidos com dificuldade de recuperação, por exemplo, o sistema nervoso, os efeitos se tornam irreversíveis, uma vez que não há possibilidade de reparo nestas células. 
AÇÃO TÓXICA
A ação tóxica depende de: 
	Concentração do agente no ambiente; 
	Tempo de exposição ao agente; 
	Estado físico (sólido, líquido ou gasoso) do agente;
	Solubilidade; 
	Afinidades por moléculas orgânicas; 
	Susceptibilidade individual.
E é caracterizada por: 
	Presença do agente químico ou seus produtos de biotransformação nos sítios ou órgãos de ação;
	Interação com o organismo;
	Produção de efeitos tóxicos;
	Quebra da homeostase expressa através de sinais ou sintomas como os das intoxicações.
MECANISMOS DOS EFEITOS TÓXICOS
	Efeito Local: é quando os efeitos se manifestam no local do contato com a substância, por exemplo uma dermatose quando uma tintura entra em contato com a pele. 
	Efeito Sistêmico: o efeito ocorre distante do contato inicial, por exemplo o benzeno ocasionando danos nas células de medula óssea.
	Efeito Imediato ou Agudo: quando os efeitos aparecerem imediatamente ou dentro das 24h após a exposição. Um exemplo são as dermatites cosméticas.
	Efeito Crônico: é o efeito que vai aparecendo pouco a pouco, resultantes de pequenas doses diárias. Metais pesados produzem estes efeitos chamados de cumulativos. 
	Efeito Retardado: quando já não existe mais exposição (latência) e os efeitos aparecem. Os cancerígenos, por exemplo.
	Efeito Reversível: são efeitos que podem ser revertidos após a exposição a um agente tóxico, pelo menos por um período de tempo. Por exemplo, o uso excessivo de medicamentos.
	Efeito Irreversível: quando um tecido é lesionado e não há mais recuperação. Um exemplo são as lesões no SNC. 
	Efeito Irritante: quando uma substância ocasiona inflamação, muito comum nas mucosas, pele, trato respiratório. 
	Efeito Asfixiante: neste caso, a substância interfere na disposição e fornecimento do oxigênio ao corpo, como exemplos temos o monóxido de carbono, o cianeto de hidrogênio, entre outros.
 
	Efeito Anestésico: quando uma substância atua no sistema nervoso central e causa sensações de anestesia, por exemplo o álcool, cocaína, éter, entre outros. 
Ainda em relação aos efeitos, alguns deles podem ser resultantes da interação de uma ou mais substâncias químicas. Podendo ser as principais interações que podem ocorrer entre as substâncias químicas: 
	Adição: é uma interação que ocorre quando o efeito final de duas ou mais substâncias é igual à soma dos efeitos produzidos individualmente. 
	Sinergismo: quando o efeito de duas ou mais substâncias químicas combinadas é maior do que a soma dos efeitos individuais.
	Potenciação: o próprio nome já prediz a interação potencializada, ou seja, quando uma substância tóxica tem seu efeito aumentado por outra não tóxica. 
	Antagonismo: nesta interação, duas substâncias químicas interferem uma com a ação da outra, diminuindo o efeito final. 
Os efeitos citados ocorrem devido à interação substância-célula, ou seja, quando o toxicante é liberado, o alvo (célula) o reconhece e reage com ele. Esta reação poderá desencadear uma disfunção na célula, ou ainda, levar ao desencadeamento de uma reação em cascata, levando informações até outros órgãos que podem estar distantes daquele que foi atingido pelo toxicante, o que pode gerar um efeito sistêmico em órgãos, células e organelas distantes do alvo. Os efeitos gerados podem ser deletérios ou não ao indivíduo. 
Uma vez que a substância tóxica alcança o sangue, ela facilmente é distribuída para todos os sistemas, através dos mecanismos fisiológicos do sistema circulatório, o que facilita o encontro da substância a um receptor em alguma membrana celular. Este processo promove a biotransformação do composto químico, permitindo sua entrada no alvo. Oga, Camargo e Batistuzzo (2014) nos explicam que alguns tecidos possuem particularidades que propiciam a distribuição de xenobióticos, como as células endoteliais hepáticas e renais que possuem grandes frestas (de 50 a 150 nm de diâmetro). Por estas passagens, as substâncias conseguem migrar facilmente para o interior das células, favorecendo o acúmulo de xenobióticos no fígado e nos rins dos indivíduos. Uma outra forma utilizada pelas células é o transporte especializado pela membrana por canais iônicos. Estes canais são específicos aos íons, facilitando o transporte intracelular e a entrada de toxicantes também específicos, tornando-as células-alvo. 
Ainda de acordo com Oga, Camargo e Batistuzzo (2014) e também Klaassen e Watkins (2012), a preferência dos toxicantes por determinadas organelas se dá pela presença do grupo químico amina protonável (NH2 ) que possui caráter lipofílico, acumulando-se preferencialmente nas mitocôndrias, prejudicando a β-oxidação e a fosforilação oxidativa, podendo gerar danos citotóxicos na célula.Uma vez dentro da célula, as toxinas (independentemente de como entraram ou onde se estabeleceram) podem produzir peroxidação lipídica, gerar radicais livres, ocasionar depleção de glutationa e modificar grupos sulfidrílicos, além de interagirem diretamente com lipídios, proteínas, carboidratos e com o DNA. Todos estes mecanismos afetam diretamente a homeostasia celular e podem levar a danos de citotoxicidade, genotoxicidade e mutagenicidade. 
	Citoxicidade: conjunto de alterações da homeostase celular que levam a uma série de modificações, interferindo na capacidade adaptativa das células e na sua sobrevivência, reprodução e realização de funções metabólicas. 
	Genotoxicidade: se refere às alterações que podem ser letais e/ou hereditárias transmitidas, tanto pelas células somáticas, como pelas germinativas. Os agentes genotóxicos interagem quimicamente com o material genético e possuem a habilidade de alterar a replicação do DNA e, caso a lesão seja fixada, provoca mutações que podem perpetuar nas células-filhas durante o processo de divisão celular. Embora as mutações possam surgir espontaneamente, a maioria delas é provocada por agentes físicos, químicos ou biológicos. 
	Mutagenicidade: é a capacidade de uma substância de causar ou induzir mutações.

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