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Toxicologia Forense: Importância e Análises

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Prof. Dr. Herbert Sisenando	
herbertsisenando@yahoo.com.br
Toxicologia 
Forense 
Aula
Toxicologia
1
“A	 locução	 Toxicologia	 Forense	 entende-se	 a	 qualquer	
aplicação	 da	 ciência	 dos	 toxicantes	 cujo	 objetivo	 seja	
elucidação	de	uma	investigação	criminal.”	
Moreau	&	Siqueira,	2011.	
	
□ O exame do corpo de delito e as PERÍCIAS em geral 
são previstos no Decreto-Lei n. 3.689 de 03/10/41 – 
Código Processo penal Brasileiro. 
“Art. 158 - Quando a infração deixar vestígios, será 
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado.” 
Histórico no Brasil
Segundo a SOFT e a AAFS, o caráter forense pode ser 
aplicado nas seguintes situações: 
□ Investigação médico-legal (análise post-mortem). 
□ Análise de mudança de desempenho pelo uso de 
substâncias que alteram o estado de consciência (ex.: 
alcoolemia) e que necessitem de avaliação clínica. 
□ Testagem de drogas na urina afim de investigar 
drogas que alteram o desempenho. 
□ Caracterização de crime ambiental. 
Toxicologia Forense
As análises toxicológicas forenses apresentam 
importância crucial na materialização do crime 
e no auxílio diagnóstico das intoxicação nas 
diferentes áreas da Toxicologia. 
□ Ex.: 
¤Envenenamento por chumbinho 
¤Golpe “boa noite Cinderela”
Importância da Toxicologia Forense
São análises laboratoriais empregadas para fins 
judiciais. 
 - Realizadas em material: 
 - Coleta na VÍTIMA. 
 - Coleta da CENA DO CRIME. 
 - Coleta no CADÁVER. 
 
Análises Toxicológicas FORENSES
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TIPOS	DE	ESTUDOS	TOXICOLÓGICOS:
No	VIVO
ANAMNESE
	 Através	 do	 paciente,	 de	 seus	 acompanhantes	 ou	 de	
qualquer	 pessoa	 credenciada,	 procura-se	 colher	 todas	
as	informações	possíveis.
1.	Ouvir	o	relato	da	vítima	(ou	acompanhante);
2.	Interrogar	a	vítima	(ou	acompanhante).
COLETA	DE	MATERIAL
▪	Recomendação	de	Heyndrickx
	Todo	e	qualquer	resultado,	negativo	ou	positivo,	deve	ser	comprovado	por	pelo	menos	dois	
métodos	diferentes.	
-	No	MORTO
PERINESCOPIA
	 É	o	levantamento	do	corpo,	ou	a	perícia,	feita	
no	local	do	óbito.
	 Todo	 o	material	 coletado	 na	 cena	 no	 óbito	 é	
devidamente	 acondicionado	 para	 minucioso	
exame.		
NECROPSIA
	 	 1.	Sangue	do	coração	e	dos	vasos	grossos;	
	 	 2.		pulmões;	
	 	 3.	Estômago	e	esôfago;	
	 	 4.	Intestino	delgado	e	seu	conteúdo;	
	 	 5.	Intestino	grosso;	
	 	 6.	Baço;	
	 	 7.	Rins;	
	 	 8.	Bexiga;	
	 	 9.	Cérebro,	cerebelo,	bulbo	e	medula;	
	 	 10.	Ossos	
Amostra Biológica
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□ Classificação quanto a aplicabilidade: 
¤Amostra biológicas convencionais. 
¤Amostras biológicas não convencionais.
Amostras biológicas
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□ Urina 
¤ Fluido biológico largamente utilizado nas análises 
toxicológicas. 
■ Vantagem: matriz com menor número de interferentes 
endógenos. 
¤ Matriz biológica de escolha nos “screening toxicológicos”. 
■ Vantagem: reflete exposições agudas e sub-crônicas 
(Metabólitos). 
¤ Desvantagem: 
■ Baixa correlação com os efeitos biológicos gerados pelo 
(s) agente (s) tóxico (s). 
Amostras Biológicas Convencionais
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□ Sangue: 
¤ Podendo analisar o sangue total, plasma ou soro. 
■ A análise do SORO tem vantagem pela ausência de outros 
elementos interferentes (Ex.: anticoagulantes) . 
¤ Relação direta entre concentração amostrada e os efeitos 
biológicos gerados. 
¤ Cuidado com interferentes durante a coleta do material. 
■ Ex.: pesquisa de alcoolemia - cuidado com a assepsia da 
área de coleta e com a limpeza dos equipamentos. 
■ evitar um falso positivo.
Amostras Biológicas Convencionais
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□ Saliva: 
¤ Amostra importante na determinação de fármacos e drogas 
de abuso. 
¤ Vantagem: 
■ facilidade na obtenção da amostra, dificultando as adulterações. 
■ Coleta assistida 
■ Não invasiva. 
■ Gera pouco ou nenhum constrangimento. 
¤ Possibilidade de correlação com a concentração do agente 
tóxico na circulação sanguínea. 
¤ Desvantagem: 
■ Curta janela de detecção. 
■ Dose disponível é baixa, necessitando de metodologias sensíveis. 
Amostras Biológicas não Convencionais
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□ Suor: 
¤ O organismo humano é capaz de excretar compostos 
através do suor. 
¤ Coletas realizadas através de coletores especiais do tipo 
“sweat patch”. 
¤ Vantagem: 
■ Difícil adulteração. 
■ Coleta não invasiva. 
■ Período de detecção é superior ao urinário. 
¤ Desvantagem: 
■ Dose disponível é baixa, necessitando de metodologias sensíveis. 
Amostras Biológicas não Convencionais
Fonte:www.alcopro.com 
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□ Cabelo e Unha: 
¤ Desde 1960 o cabelo já é citado como matriz biológica para 
detecção de metais tóxicos. 
¤ A análise de cabelo já permite a quantificação em nano gramas. 
¤ Vantagem: 
■ Janela de detecção maior, quando comparada a urina. 
■ Utilizada nas determinações de exposições pregressas e/ou crônicas. 
■ Coleta não invasiva. 
■ Coleta assistida, dificultando a adulteração do exame. 
¤ Desvantagem: 
■ Dificuldade de correlação entre a concentração amostrada e os efeitos 
clínicos. 
Amostras Biológicas não Convencionais
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Humor vítreo
Montefusco-Pereira & Pinto, 2016. 
□ Fígado: 
¤ É o principal tecido coletado para análises post-mortem. 
¤ Detecção de substâncias com características básicas. 
¤ Fenômeno de redistribuição post-mortem: 
■ A deposição dos agentes tóxicos não é alterada no fígado. 
¤ Desvantagem: 
■ Matriz com maior concentração de lipídios. 
■ Rápida passagem para o estágio de decomposição. 
Matrizes biológicas coletadas post-mortem
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□ Conteúdo Estomacal: 
¤Detecção dos agentes tóxicos na forma inalterada ou 
ionizada (agentes tóxicos básicos). 
¤Detecção de substância não metabolizada e não 
absorvida. 
¤Desvantagem: 
■ Composição extremamente variável, desde um fluido 
aquoso até uma massa semi sólida, dependendo da 
quantidade e do tipo de alimento presente. 
Matrizes biológicas coletadas post-mortem
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□ Outros órgãos, fluidos e tecidos: 
¤ A bile pode ser utilizada na pesquisa de substâncias que 
sofreram conjugação durante o metabolismo (Fase II). 
¤ Rins e Baço são órgãos de baixo interesse na pesquisa 
toxicológica. 
¤ Cérebro e o Pulmão podem ser utilizados na pesquisa de agentes 
voláteis. 
■ Ex.: Solventes orgânicos voláteis, Crack e outros. 
¤ Sangue post-mortem: 
■ Influência da cinética post-mortem. 
■ Coleta preferencialmente por punção da veia subclávia e/ou femoral. 
■ Problema com a viscosidade devido a presença de coágulos. 
Matrizes biológicas coletadas post-mortem
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Norma de Coleta
Cérebro 100g
Fígado 100g
Sangue 25ml - coleta do coração 
10ml - coleta periférica
Humor Vítreo Quantidade possível
Bile Quantidade possível
Urina Quantidade possível
Conteúdo Gástrico Quantidade possível
Coleta de material para análises toxicológicas (material 
de necropsia)
AAFS, 2002
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• Precipitação proteica 
• Extração líquido-líquido (LLE) 
• Salting-out 
• Extração em fase sólida (SPE) 
• Extração com ponteiras DPX (DPX) 
• Extração por Headspace (HS) 
• Microextração em fase sólida (SPME) 
• Microextração dispersiva líquido-líquido (DLLME)
Principais técnicas de preparo de amostra na 
Toxicologia Forense22
Refere-se a documentação que o laboratório 
preenche com o propósito de rastrear todas 
as operações realizadas com cada amostra 
desde sua coleta até a completa destruição 
do material. 
Cadeia de Custódia
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□ Tipos: 
¤ Cadeia de custódia externa: 
■ Relata a coleta e o transporte do material até o laboratório 
forense. 
¤ Cadeia de custódia interna: 
■ Relata todo o procedimento realizado com a amostra ou 
alíquota dentro do laboratório forense. 
Cadeia de custódia
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Laudo Pericial
 CONCEITO
 O laudo pericial é uma peça técnica formal que 
apresenta o resultado de uma perícia. Nele deve 
ser relatado tudo o que fora objeto dos exames 
periciais. Ou seja, é um documento técnico-formal 
que exprime o resultado do trabalho do perito.
 Sob o enfoque técnico-jurídico, um exame 
pericial pressupõe um trabalho de natureza 
eminentemente técnico-científico e da maior 
abrangênciapossível. 
LAUDO	PERICIAL	CRIMINAL
 Destina-se à Justiça Criminal, tendo como suporte uma série de 
formalidades e de regulamentos emanados, principalmente, do 
Código de Processo Penal. 
 A principal característica do laudo pericial criminal é que todas 
as partes integrantes do processo dele se utilizam, pois é uma peça 
técnica-pericial única, podendo ser utilizado desde a fase de 
investigação policial até o processo, neste, tanto pelo magistrado, 
promotor ou partes representadas pelo advogado 
 Por ser uma obrigação do Estado prestar os serviços de perícia 
na esfera da justiça criminal, os peritos oficiais devem ser 
funcionários públicos com a função específica de fazer perícia, não 
havendo qualquer remuneração direta aos peritos signatários do 
laudo pericial. 
LAUDO	PERICIAL	CÍVEL
 O laudo pericial cível tem destinação mais restrita, pois visa esclarecer 
dúvidas levantadas pelo magistrado que esteja apreciando um processo.
 O exame pericial cível poderá envolver o trabalho autônomo de três 
profissionais (peritos) para atuarem sobre um mesmo fato, sendo um nomeado pelo 
juiz e os outros dois pelas partes envolvidas no processo.
 A perícia realizada na esfera da justiça cível não é obrigação do Estado. 
Desse modo, se o magistrado entender necessário o auxílio especializado, ele 
nomeará um profissional de nível superior e, cujo pagamento, será feito 
inicialmente pelo autor da ação judicial cível.
 Quanto a peritos oficiais trabalharem como assistentes técnicos para as partes, 
no processo cível, nada obsta essa participação desde que nenhum dispositivo 
legal da sua relação funcional com o seu Órgão Público especificamente o proíba, 
ou algum impedimento de natureza ética, que venha a conflitar com a sua 
condição de Perito Oficial.
PARECER	TÉCNICO
 O parecer técnico diferencia-se do laudo pericial em razão 
de ser um documento consequente de uma análise sobre 
determinado fato específico, contendo a respectiva emissão de 
uma opinião técnica sobre aquele caso estudado. 
 Assim, em se tratando de um parecer técnico emitido por 
assistente técnico que não concordou com o laudo do perito do 
juízo, ele irá analisar e emitir a sua opinião sobre os fatos que 
possam respaldar os argumentos do seu cliente, dentro dos 
rigores da ética e da busca da verdade apontada a partir 
dessa análise técnico-científica.
• Coleta de impressões digitais pela técnica do 
pó (carvão). 
• Teste de quimiluminescência com LUMINOL
Exemplos de técnicas forense31
Coleta de impressões digitais pela técnica do pó 
(carvão)
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□ Material: carvão, folha de papel, almofariz e 
pistilo. 
□ Procedimento: triturar o carvão utilizando almofariz 
e pistilo, até obter um pó bem fino. Borrifar o pó 
sobre a superfície onde está presente a digital, 
espalhando o pó sobre a digital e retirar 
gentilmente o excesso de pó com um pincel. 
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Teste de quimiluminescência com LUMINOL 
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□ Material: reativo LUMINOL, Peróxido de hidrogênio 
e amostra (SANGUE).

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