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DIREITO PENAL - OAB

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DIREITO PENAL 
Prof.: Arthur Trigueiros
Princípio da Legalidade
1.1. Legalidade em Sentido "Geral":
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Nota-se que a Legalidade Geral, corresponde a um sentido amplo, no qual se vale para qualquer enunciação normativa. Todavia, verifica-se que o Direito Penal irá reger-se através do Princípio da Legalidade em Sentido Estrito. 
1.2. Legalidade em Sentido “Estrito”:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XXXIX - Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
Código Penal
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
1.3. O que se deve entender por “LEI”?
- Em matéria penal, deve ser Lei em Sentido Estrito. Isto é, o enunciado normativo, derivado do Poder Legislativo que se manifesta através de Leis Ordinárias e Leis Complementares. 
Deste modo, a Lei Penal deverá advir de uma Lei Ordinária e Lei Complementar.
1.5. E as demais espécies normativas
a) Medidas provisórias
b) Leis delegadas
c) Decretos legislativos
d) Resoluções
Podem definir crimes e cominar penas?
Resposta: Verifica-se que as demais espécies normativas, não podem criar crimes e/ou culminar penas. Somente Lei Ordinária e Lei Complementar.
Exceção: Na ordem de Medida Provisória, segundo o STF é vedado a edição de Medidas Provisórias para criar crimes ou/culminar penas. Todavia, Medidas Provisórias que vinculem Normas Não Incriminadoras, o STF reconheceu sua constitucionalidade. 
- MP 1571/97 (reparação de danos em crimes tributários e previdenciários – extinção da punibilidade).
- MP 417/08 (prorrogação entrega de armas – Estatuto do Desarmamento).
1.6. Desdobramentos: 
Verifica-se que segundo a Doutrina a Legalidade em Matéria Penal possuem 02 (dois) desdobramentos. 
a) Reserva Legal: Isto é, somente Lei em Sentido Estrito (Lei Ordinária e Lei Complementar) podem definir crimes e/ou culminar penas. 
b) Anterioridade da Lei: Isto é, a Lei em Sentido Estrito, deverá ser anterior ao fato que se pretende punir. Destaca-se, então, o Princípio da Não Surpresa Penal. 
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Princípio da Insignificância 
Depreende-se que a partir do Princípio da Insignificância enuncia que o Direito Penal não pode intervir diante de Lesões Ínfimas ou Insignificantes, sendo o Direito Penal um ramo de última ratio.
Também conhecido como Princípio da Bagatela e/ou Criminalidade de Bagatela. 
· Natureza Jurídica do Princípio da Insignificância: 
Infere-se que a Tipicidade Penal deverá ter a concomitância de duas Tipicidades, sendo elas: FORMAL (descrito em lei) e MATERIAL (ofensa significativa ao bem jurídico). 
Exemplo: Furto de Bombom no valor de R$ 0,05 (centavos). No presente caso, apesar de haver Tipicidade Formal, isto é, eis que há um Fato Descrito em Lei. Todavia, não há uma Tipicidade Material, em razão da ínfima lesividade. 
· Requisitos (objetivos) para o reconhecimento do princípio da insignificância (posição do STF e STJ):
1. Mínima ofensividade da conduta;
2. Ausência de periculosidade social da ação;
3. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
4. Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
· Casuística (Situações de Inaplicabilidade):
a) Crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.
Exemplo: Um milionário é assaltado com emprego de arma de fogo, todavia, o réu requereu apenas R$ 1,00 real. No presente caso, não há admissão do Princípio da Insignificância, eis que o crime foi cometido com violência ou grave ameaça. 
b) Violência contra a mulher 
Súmula 589 do STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas”.
c) Crimes contra a Administração Pública
Súmula 599 do STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
- Como mensurar a moralidade administrativa?
Resposta: Não deverá ser analisado o aspecto MATERIAL e/ou PATRIMONIAL, no presente caso, observa-se o Princípio da Moralidade.
d) Crimes da lei de drogas 
· Bem Tutelado: Saúde Pública (também a segurança e a paz social);
· Posição Jurisprudencial Majoritária: Inviável a aplicação do princípio da insignificância (periculosidade da ação e lesão ao bem jurídico). 
· Precedentes isolados (STF): Admissibilidade: 
- HC 127.573 (2ª Turma) – 1g maconha 
- HC 110.475 (1ª Turma – Toffoli) – 0,6g maconha
APLICAÇÃO DA LEI PENAL: LEI PENAL NO ESPAÇO
1. Lei Penal no espaço (arts. 5º a 7º, CP)
Territorialidade (art. 5º, CP): aos crimes praticados em território nacional será aplicada a lei brasileira (princípio da Territorialidade).
A territorialidade adotada pelo CP é absoluta ou relativa? 
Resposta: No entanto, a Territorialidade adotada pelo CP é mitiga, isto é, relatividade quando houver convenções, tratados e regras de Direito Internacional. 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
1.1. Territorialidade x Intraterritorialidade
Crimes praticados em território nacional: 
REGRA: Territorialidade - crimes cometidos em território nacional - lei brasileira.
EXCEÇÃO: Intraterritorialidade - crimes cometidos em território nacional - lei estrangeira.
ATENÇÃO: Extraterritorialidade é diferente da Intraterritorialidade. 
2. Conceito de Território Nacional
O território nacional abrange o Território Físico e o Território Jurídico.
· Todo o espaço (físico ou jurídico) em que o Brasil exerce sua soberania.
- Limites das fronteiras nacionais (solo e subsolo)
- Mar Territorial (12 milhas - Lei de nº 8.617/93)
- Espaço Aéreo Subjacente (art. 11 do CBA; 2º da Lei de nº 8.617/93) - No qual prevalece o princípio da absoluta soberania do país subjacente (não há limitação de altura). 
2.1. Território Ficto (por equiparação/extensão/flutuante) - art. 5º §§ 1º e 2º do CP.
- Embarcações e Aviões Públicas ou a Serviço do Governo Brasileiro, onde quer que se encontrem. 
- Embarcações Mercantes ou de Propriedade Privada Brasileiras, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente.
- Embarcações e Aviões de Propriedade Privada Estrangeiras, desde que pousadas no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, ou em porto ou mar territorial brasileiro.
3. Embaixadas
Não são consideradas extensões dos territórios que representam.
Portanto, são Território Nacional.
ATENÇÃO: De acordo com a Convenção de Viena, as embaixadas são invioláveis.
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APLICAÇÃO DA LEI PENAL: CONFLITO 
APARENTE DE NORMAS PENAIS
Haverá conflito de normas quando aparentemente incidirem sobre o mesmo caso em exame. 
· Critérios ou princípio solucionadores do conflito aparente de normas:
- Especialidade
- Subsidiariedade
- Consunção
a) Princípio da Especialidade 
- Lei Especial (irá conter todos os elementos da geral, porém, também terá elementos especiais) prevalece sobre a Lei Geral
b) Princípio da Subsidiariedade 
- Lei Primária (principal) prevalece sobre a Lei Subsidiária (adjacente)
c) Princípio da Consunção (ou Absorção)
O fato mais amplo e grave absorve os demais fatos menos amplos e graves quando estes atuarem como meio normal de preparação ou execução daquele, ou quando se tratar de mero exaurimento.
Exemplo: "A" invade a casa de "b" e subtrai dinheiro de um cofre. Nesse caso, o crime de furto irá absorver a violação de domicílio.
_______________________________________________________________REVISANDO O PACOTE ANTICRIME: PARTE 01
(Lei de nº 13.964/2918)
LEGÍTIMA DEFESA FUNCIONAL E/OU ESPECIAL 
(ART. 25, PAR. ÚNICO, CP)
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.
Verifica-se que o dispositivo, irá incluir uma legítima defesa funcional cujo qual destina-se a agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
- Requisitos:
· Agentes de Segurança Pública;
· Repelir Agressão ou Risco de Agressão;
· Vítima que seja Refém durante a prática de Crime.
Exemplo: Atirador de Elite em Assaltante. 
PENA DE MULTA
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. 
Nota-se que antes do Pacote Anticrime, verifica-se que a Multa Penal era executada através das Varas de Execuções Fiscais, cujo qual eram promovidas pela Procuradoria da Fazenda Pública. Todavia, após o Pacote Anticrime a Multa Penal deve ser processada nas Varas de Execuções Penais, o qual serão executadas pelo Ministério Público. 
LIMITE DAS PENAS
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. 
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
Nota-se que antes do Pacote Anticrime, seguindo um ditame constitucional, cujo qual vedava as penas perpétuas. E nesse sentido, constata-se que a pena era limitada aos 30 (trinta) anos. 
Todavia, após o Pacote Anticrime, constata-se que ainda não se admite as penas perpétuas. Contudo, o limite das penas se estendeu para o limite máximo de 40 (quarenta) anos. 
ATENÇÃO: Nesse sentido, como essa inovação legislativa possui caráter prejudicial ao apenado, sendo assim será uma LEI IRRETROATIVA. 
ATENÇÃO: Não confundir Pena Aplicada (não há limite) com Pena Executada (caráter limitador). 
SÚMULA 715 do STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução (Verifica-se que diz respeito a pena aplicada).
LIVRAMENTO CONDICIONAL
No que concerne ao Livramento Condicional, deteve modificações através do Pacote Anticrime, verifica-se que o Livramento Condicional, diz respeito a uma libertação antecipada, desde que cumpra os requisitos estabelecidos no denominado período de prova.
Art. 83 – O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: 
I – Cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; 
II – Cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; 
III – Comprovado: 
a) Bom comportamento durante a execução da pena (antes do Pacote Crime, para a concessão do apenado exigia-se com Comportamento Satisfatório); 
b) Não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses (Novidade); 
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e 
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; 
IV – Tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; 
V – Cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
Parágrafo único – Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
CONFISCO ALARGADO 
(não é automático)
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. 
Destaca-se que referido diploma legal irá tratar de um Efeito da Condenação, desde que a de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão. 
Nesses casos, poderá o magistrado decretar a perda do como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. 
- Isto é, irá haver uma presunção de ilicitude do patrimônio comprovado (origem), ou seja, quando houver uma incompatibilidade da sua renda. 
CAUSAS IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO (ART. 116, CP)
Art. 116 – Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: 
III – Na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e 
IV – Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
Destaca-se que ocorreu 02 (duas) inovações legislativas nas causas impeditivas de prescrição, sendo elas: 
- Não irá correr a suspensão da prescrição quando os Recursos forem inadmissíveis (recursos protelatórios). 
- Se haver Acordo de Não Persecução Penal, quando não for rescindido e/ou não cumprido, não irá fluir a prescrição. 
ROUBO (ART. 157, CP)
No presente caso, tem-se que a partir do Pacote Anticrime, vigorou-se 02 (duas) novas causas de aumento. Sendo que uma delas é que se a violência ou grave ameaça haverá um aumento de pena de 1/3 a 1/2
VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca (+ 1/3 a 1/2)
§2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
Por outro lado, se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso permitido o aumento será de 2/3 (§ 2º - A). No caso, de a arma de fogo for de uso restrito ou proibido será aumentado o dobro. 
ATENÇÃO: O uso de arma de fogo seja de uso permitido e/ou restrito ou proibido será classificado como CRIME HEDIONDO. 
ESTELIONATO (ART. 171, CP)
No presente caso, tem-se que antes do Pacote Anticrime, o Estelionato sempre era crime de Ação Penal Pública Incondicionada. Todavia, a partir do Pacote Anticrime é necessária a REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA, excesso nos casos:
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:
I – A Administração Pública, direta ou indireta;
II – A criança ou adolescente;
III – A pessoa com deficiência mental; ou
IV – A maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
Nesses casos, a AÇÃO será PÚBLICA INCONDICIONADA. 
CONCUSSÃO (ART. 316, CP)
No presente caso, tem-se que antes do Pacote Anticrime, a pena era de 02 (dois) a 08 (oito) anos. E após o Pacote Anticrime, a pena será de reclusão será de 02 (dois) a 12 (doze) anos. 
Art. 316 – Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO 
(ART. 121, §2º, VIII, CP)
No presente caso, tem-se que a partir do Pacote Anticrime, o homicídio ocorrer com o emprego de arma de fogo deuso restrito e/ou proibido, pena de reclusão de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
VIII – com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
ATENÇÃO: Todo o homicídio qualificado será CRIME HEDIONDO. 
HOMICÍDIO 
1. Previsão legal
Arts. 121 a 128, CP: 
· Homicídio
· Aborto
· Participação em suicídio
· Infanticídio
1.1. Homicídio (art. 121, CP)
Bem jurídico tutelado (objetividade jurídica):
· VIDA HUMANA EXTRAUTERINA
VIDA HUMANA:
a) Intrauterina ou Endouterina: Aborto
b) Extrauterina: Homicídio, Participação em Suicídio e Infanticídio.
1.2. Homicídio doloso simples (art. 121, caput, CP)
1.2.1. Tipo penal
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
1.2.2. Ação nuclear (verbo): MATAR (alguém)
· Eliminação da vida de uma pessoa por outra.
· Crime de forma livre (ação ou omissão)
1.2.3. Elemento subjetivo do crime: DOLO
· Direto (tenho intenção direta de matar) ou eventual (assumo o risco de matar)
· Animus Necandi ou Occidendi
1.2.4. Crime hediondo
Somente se praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por uma só pessoa (art. 1º, I, L. 8.072/90).
- Verifica-se que o Homicídio Doloso Simples só será CRIME HEDIONDO quando praticado por crime de extermínio. 
· Homicídio Condicionado 
1.2.5. Consumação e tentativa
a) Consumação: morte da vítima (crime material):
· Morte: Cessão da Atividade Encefálica (Lei de nº 9.434/97).
ATENÇÃO: Não confundir Tempo do Crime (quando ocorreu o crime) x Consumação (quando ela morreu). 
b) Tentativa: admissível
a) Nova qualificadora: Pacote Anticrime
VIII – com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
b) Nova qualificadora: Lei Henry Borel
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos: 
IX – Contra menor de 14 (quatorze) anos
INFANTICÍDIO
(Homicídio sui generis)
Art. 123 – Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena – detenção, de dois a seis anos.
· Características principais:
a) Sujeito Ativo: Mãe (Qualificado) 
b) Sujeito Passivo: Filho 
c) Momento: Durante o Parto (nascente) ou Logo Após (neonato).
ATENÇÃO: Logo após o parto, pode-se compreender minutos após o porto ou até que exista o Estado Puerperal. 
d) Estado anímico: Em Estado Puerperal (Conjunto de Perturbações Físiopsíquicas). 
e) Coautoria e participação: É possível coautoria e participação. Todavia, observa-se que em regra as condições pessoas não se comunicam, salvo se elementares.
No caso de Infanticídio, poderá haver a comunicação, eis que o tipo elementar é matar o próprio filho. 
ABORTO 
(arts. 124 a 128, CP)
· Objetividade jurídica: Vida Humana Intrauterina. 
Verifica-se que antes do parto, tutela-se a Vida Humana Intrauterina/Endouterina (aborto). Após o parto, tutela-se a Vida Humana Extrauterina (Participação em Suicídio, Infanticídio e Homicídio).
ATENÇÃO: Nota-se que mesmo que a criança esteja dentro do Ventre Materno a Vida Humana será Extrauterina se já sido iniciado o Trabalho de Parto. 
Espécies de aborto:
c) Provocado pela gestante: Na presente hipótese o aborto será provocado pela gestante.
· Autoaborto – Art. 124, 1ª parte, CP: O Autoaborto é o ato de “provocar” praticar manobras abortivas (exemplo: medicamentos abortivos) pela gestante. 
· Aborto consentido – Art. 124, 2ª parte, CP: Também comete crime de aborto aquela gestante que permite que um 3º provoque o aborto (exemplo: Clínica de Aborto).
ATENÇÃO: No presente caso, verifica-se que se trata de um crime de mão próprio, e, portanto, não se admite coautoria. Todavia, pode-se ter participação. 
d) Provocado por terceiro: Na presente hipótese o aborto será praticado por terceiro. 
· Sem o consentimento da gestante – art. 125, CP: Tem-se um abordo praticado por terceiro, sem o consentimento da gestante. No presente caso, observa-se que existem 02 (duas) vítimas, sendo elas: a) a gestante; b) o feto. 
· Com o consentimento da gestante – art. 126, CP: Nesse caso, observa-se que existem 02 (dois) crimes:
- Crime da Gestante, eis que permitiu que um 3º praticasse o aborto (art. 124, do CP)
- Crime do Terceiro, eis que praticou o aborto (art. 126, do CP)
ATENÇÃO: Verifica-se que no presente caso, é considerado um crime comum, cujo qual pode ser praticado por qualquer um, admitindo-se assim a coautoria. 
ABORTO PERMITIDO (ART. 128, CP)
Em regra, a interrupção da vida intrauterina não é permitida no Brasil. Todavia, observa-se 03 (três) hipóteses de exceção, cujo qual podem executadas somente pelos médicos. Senão vejamos:
e) Aborto necessário ou terapêutico (art. 128, inciso I do CP): Se não existir outro meio de salvar a vida da gestante está autorizada a interrupção da gravidez (estado de necessidade). 
Outrossim, tem-se uma colisão entre direitos: 
Vida Gestante x Vida Intrauterina
No presente caso, o médico que interrompe a gravidez será amparado por uma causa excludente da ilicitude. 
 
f) Aborto sentimental ou humanitário (art. 128, inciso II do CP): Verifica-se que a gravidez se resulta de estupro, o médico está autorizado a interromper a gravidez. 
Outrossim, tem-se uma colisão entre direitos: 
Vida e a Integridade Corporal e Psíquica da Gestante x Vida Intrauterina.
ATENÇÃO: Não há necessidade de autorização judicial. 
ATENÇÃO: Todavia, é necessário o consentimento da gestante. No caso de ser incapaz, o consentimento do seu representante legal. 
g) Anencefalia do feto (ADPF 54): Nota-se que o STF ao julgar a ADPF 54, autorizou a interrupção da gravidez, eis que o conceito de vida, diz respeito a atividade cerebral.
No caso de Anencefalia do feto, sequer há atividade cerebral, e, portanto, não detém condições de ter vida extrauterina.
LESÃO CORPORAL 
· Lesão Corporal Leve: 
Nota-se que o dispositivo abaixo mencionado, se trata de uma Lesão Corporal Leve – INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
- Ofender:
a) Integridade Corporal (corresponde à parte visível do corpo humano).
b) Saúde (corresponde à saúde corporal e psíquica do corpo humano). 
· Lesão Corporal de Natureza Grave (QUALIFICADA): 
Nota-se que a Lesão Corporal de Natureza Grave será QUALIFICADA, quando: 
§ 1º Se resulta:
I – Incapacidade para as ocupações habituais (afazeres da rotina), por mais de trinta dias (crime a prazo, eis que exige um lapso temporal);
II – Perigo de vida;
III – Debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – Aceleração de parto (não é aborto):
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
· Lesão Corporal Gravíssima
§ 2° Se resulta:
I – Incapacidade permanente para o trabalho (função laboral);
ATENÇÃO: Deve ser para todas as atividades laborais. 
Exemplo: Pianista que não poderá tocar piano. Todavia, poderá efetuar outras atividades. 
II – Enfermidade incurável;
III – Perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – Deformidade permanente;
V – Aborto (será culposo, caso contrário é crime de aborto):
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
· Lesão corporal Seguida de Morte
No qual existe DOLO na Lesão Corporal, porém, tem-se a CULPA na Morte. 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
ATENÇÃO: Não irá para o Tribunal do Júri.
NOVIDADE
· Lesão Corporal for praticada contra a Mulher (Qualificada)
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do
§ 2º- A do art. 121 deste Código: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).
CRIME DE PERSEGUIÇÃO 
(STALKING)
· Perseguição (Infração Penal de Menor Potencial Ofensivo)
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. 
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
· Aspectos essenciais
a) Essência: Perturbar, atormentar, amedrontar ou incomodar a esferapessoal da vítima, isto é, o cotidiano da vítima. 
ATENÇÃO: O dispositivo não irá tutelar somente as mulheres.
b) Crime habitual: Trata-se de uma Perseguição de Forma Reiterada. 
c) Perseguição por qualquer meio: Permite-se a execução por qualquer meio seja físico ou virtual - (Cartas, E-mails, Mensagem em Redes Sociais, etc...).
d) Ameaça à integridade física ou psicológica: Isto é, a vítima irá ser amedrontada. 
e) Violação à liberdade ou privacidade: Isto é, irá violar sua intimidade. 
· Causas de aumento de pena 
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime for cometido: 
I – Contra criança, adolescente ou idoso; 
II – Contra mulher por razões da condição de sexo feminino (âmbito doméstico), nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código; 
III – Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma.
· Ação penal
§ 3º Somente se procede mediante representação.
A ação penal será condicionada a REPRESENTAÇÃO da vítima. 
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VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER
(Infração de Menor Potencial Ofensivo)
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave (subsidiário – se está não for meio para atingir um crime mais grave).
· Aspectos essenciais 
a) Essência: Causar Dano Psicológico.
b) Crime Próprio: Eis que o Sujeito passivo é a Mulher (Qualificado).
c) Formas de Violência Psicológica: Ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação (Repetição da Lei Maria da Penha). 
- Isto é, tem-se vários MEIOS EXECUTÓRIOS para atingir à mulher. 
d) Consequências: causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões.
- Isto é, uma vez que empregados esses MEIOS DE EXECUÇÃO, tem-se as CONSEQUÊNCIAS. Ademais, o principal dano será um DANO EMOCIONAL. 
· Críticas ao Tipo Penal: Destaca-se que o Tipo Penal é Aberto, causando um desconforto na área doutrinária, exigindo-se assim uma Taxatividade. Nota-se que é difícil presumir um DANO EMOCIONAL, o que dificulta auferir sua aplicação. 
e) Ação Penal: No presente caso, tem-se que a ação será PÚBLICA INCONDICIONADA. 
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ESTUPRO
Estupro (art. 213, CP):
 - Essência: Constranger (coagir, forçar) alguém (homem ou mulher)
· Mediante violência ou grave ameaça:
a) A ter conjunção carnal (cópula vaginal) 
b) A praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso (atos libidinosos diversos). 
· Objetividade jurídica: Dignidade sexual (autodeterminação sexual – liberdade da escolha de parceiro sexual e/ou do momento)
· Tipo penal (art. 213, CP): 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
· Tipo objetivo: CONSTRANGER
- Obrigar, Forçar, Coagir: 
- Elemento implícito do tipo: dissenso (portanto, o consentimento da vítima elimina a tipicidade penal).
· Meios executórios
- Violência (física): vis absolutas ou vis corporalis (qualquer força física exercida sobre a vítima – exemplo: chutes, socos, empurrão, imobilização...)
- Grave ameaça (violência moral): vis compulsivas (exemplo: promessa de realização de um mal grave, com aptidão intimidatória).
· Aspectos relevantes
Contato sexual da vítima com o estuprador?
Resposta: Dispensável. Porém, necessário que haja um “envolvimento físico” da vítima com o ato de libidinagem. 
Exemplo 01: “A” obriga “B”, mediante violência ou grave ameaça, a introduzir um objeto no próprio ânus, querendo, com isso, satisfazer a própria lascívia. - 
Exemplo 02: “A” obriga “B”, em videoconferência, a se masturbar, ameaçando-a de morte caso não o faça (estupro virtual).
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Estupro de vulnerável (art. 217-A, CP)
· Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso:
a) Com menor de 14 anos.
b) Com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
c) Vulnerável: 
- Menor de 14 anos (Vulnerável Etária);
- Enfermidade (Vulnerável Biopsicológica);
- Deficiência Mental (Vulnerável Biopsicológica);
- Por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência (Vulnerável de forma Temporária). 
· Objetividade jurídica: dignidade sexual (autodeterminação sexual)
ERRO DE TIPO QUANTO À CONDIÇÃO 
DE VULNERÁVEL DA VÍTIMA
· Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso (ignorando):
a) Com menor de 14 anos;
b) Com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
ATENÇÃO: O erro quanto à condição de vulnerável da vítima, irá excluir um elementar típica, tornando o fato atípico (retira o dolo). 
· Meios executórios
- Tipo penal não exige violência ou grave ameaça
· Aspectos relevantes
- As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.
ATENÇÃO: Aplicabilidade da Súmula 593, do STJ: 
Súmula 593, do STJ – O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
- O Consentimento da Vítima Vulnerável será INVÁLIDO.
- Prévia Experiência Sexual da Vítima, haverá o ESTUPRO. 
- Prévio Relacionamento Amoroso, haverá o ESTUPRO. 
ATENÇÃO: Todo o ESTUPRO (art. 213 ou 213-A) será considerado CRIME HEDIONDO. 
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LEI MARIA DA PENHA
(Lei de nº 11.340/06 – Lei de Gênero)
Situações de “vulnerabilidade” da mulher (violência doméstica e familiar)
Art. 5º. Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
ATENÇÃO: Nota-se que a Lei Maria da Penha também será aplicada a Mulher Transexual, segundo entendimento do STF. 
Art. 5º - fala de “violência doméstica e familiar contra a mulher” 
Questão: Somente se caracteriza a violência doméstica se praticada no “âmbito doméstico” e “entre familiares”? 
Resposta: Não, os incisos do art. 5º trazem 3 situações (“ambiências”) em que a mulher será considerada vulnerável, incidindo, assim, a Lei Maria da Penha.
· “Ambiências” da Lei Maria da Penha (art. 5º, I, II e III) 
I - No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
ATENÇÃO: Aplicabilidade da Súmula 600, do STJ:
Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nãose exige a coabitação entre autor e vítima.
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1. Formas de violência doméstica e familiar contra a mulher
Art. 7º. São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I- A violência física... 
II- A violência psicológica... 
III- a violência sexual... 
IV- A violência patrimonial... 
V- A violência moral...
1.1. Violência física (art. 7º, I) 
Entendida como qualquer conduta (ação ou omissão) que ofenda sua integridade ou saúde corporal 
Exemplo: fraturas, fissuras, queimaduras, perturbações fisiológicas etc.
1.2. Violência psicológica (art. 7º, II) 
Entendida como qualquer conduta que lhe cause danos emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.
1.3. Violência sexual (art. 7º, III) 
Entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar (exemplo: assistir) de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
1.4. Violência patrimonial (art. 7º, IV) 
Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
1.5. Violência moral (art. 7º, V) – Crimes Contra a Honra
Entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria
2. Pressupostos para a incidência da Lei Maria da Penha 
a) Sujeito passivo qualificado (mulher) 
b) Prática de qualquer das hipóteses de violência previstas no art. 7º (I a V); 
c) Âmbito de cometimento da violência doméstica (âmbito da unidade doméstica, âmbito da família ou em qualquer relação íntima de afeto) – art. 5º (I a III).
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VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
(Estelionato Sexual)
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade (engodo) da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
Parágrafo único. Se o crime for cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica- se também multa.
· Conduta típica:
a) Ter conjunção carnal: Isto é a cópula na vagina – (heterossexual) 
b) Praticar outro ato libidinoso: Isto é outros atos libidinosos – (homossexual ou heterossexual)
· Meios de execução
Mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima (engodo).
Exemplos:
1ª. Irmãos Gêmeos: Um deles, engana a namorada do outro, para fins de manter relação sexual. 
2ª Stealthing: É a retirada furtiva do preservativo. 
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IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
(masturbação no ônibus)
1. Importunação sexual (art. 215-A, CP)
Tipo penal novo – Lei 13.718/2018.
Anteriormente introdução ao Código Penal, havia uma Contravenção Penal, denominada de Perturbação Sexual. 
2. Tipo penal
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
3. Análise esquemática do tipo penal (art. 215-A, CP)
· Praticar contra alguém (homem ou mulher)
· Sem sua anuência (ausência de consentimento)
· Ato libidinoso (com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro).
a) 3.1. Tipo objetivo
Verbo: praticar (realizar, fazer)
Ato libidinoso: qualquer ato com conotação sexual (diverso da conjunção carnal)
Dissenso: (...) sem a sua anuência
Exemplo: O agente se masturba em um ônibus e ejacula na vítima;
Exemplo: O agente passa de veículo automotor e deu um tapa nas nádegas da vítima.
4. Consumação e tentativa 
Consumação: Com a efetiva prática do ato libidinoso contra a vítima, sem a sua anuência 
Tentativa: Admissível.
5. Subsidiariedade expressa
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
ATENÇÃO: A importunação sexual é crime subsidiário, ou seja, somente ficará caracterizado caso a prática do ato libidinoso sem a anuência da vítima não constitua delito mais grave (ex.: estupro ou estupro de vulnerável).
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DETRAÇÃO PENAL
(desconto ou abatimento)
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.
· Conceito: É o abatimento da pena, em razão do cumprimento anterior desta, na modalidade de prisão provisória (flagrante, temporária e preventiva) e/ou de internação provisória.
· Influência no regime inicial (art. 387, §2º, CPP);
· Absolvição criminal e influência em outro processo.
PROCESSO "A" - Absolvido. 
· Prisão Preventiva: 06 (seis) meses.
PROCESSO "B" - Condenado. 
· Condenação: 06 (seis) anos e 06 (seis) meses.
RESULTADO: No processo “B” haverá a detração penal de 06 (seis) meses da pena, cujo foi cumprida no processo “A”, de forma irregular, haja vista que o réu foi absolvido. 
ATENÇÃO: É possível utilizar a detração penal quando o crime cometido no processo “B” for cometido ANTES do processo “A”. E, portanto, não há um “saldo” para delinquir.

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