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Daniela Junqueira Gomes Teixeira (cirurgia do trato gastrointestinal) DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) Refluxo → fisiológico principalmente após as refeições ≠ Doença do refluxo → maior frequência, duração + sintomas FISIOPATOLOGIA Relaxamento transitório do EEI exacerbado Hipotonia do EEI Hérnia hiatal Acid pocket: bolsão de ácido “boiando” acima do bolo alimentar Gastroparesia Dismotilidade esofágica Mecanismos de proteção/atenuação Supraesofágico: produção de saliva intacta + deglutição intacta Corpo esofágico: peristaltismo primário e secundário intacto + tight junctions intactas Junção esofagogástrica: RTEEI infrequente + tônus EEI intacto + EEI sobreposto ao diafragma Gástrico: motilidade gástrica normal Mecanismos de indução do refluxo ou produção de dano à mucosa Supraesofágico: xerostomia + deglutição comprometida Corpo esofágico: hipomotilidade + peristaltismo fragmentado + contratilidade ausente + tight juctions do esôfago Junção esofagogástrica: RTEEI frequente + EEI frequente + hérnia de hiato Gástrico: gastroparesia + hipersecreção FATORES DE RISCO Obesidade Gestação Medicações (bloqueadores dos canais de Ca+, nitratos, antidepressivos) Alimentos (cafeína, álcool, gordura, chocolate, hortelã) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Sintomas típicos Pirose Regurgitação Sintomas atípicos Rouquidão Pigarro Tosse crônica Sensação de globus faríngeo Dor torácica DIAGNÓSTICO Clínico Quando solicitar exame complementar? Sintomas típicos Sinais de alarme Refratariedade à terapia inicial Fatores de risco para Barrett PHMETRIA DE 24 HORAS (padrão-ouro) Convencional Somente refluxo ácido Cada vez menos utilizada Diagnóstico: índice de DeMeester > 14,7 Impendaciometria Refluxos ácidos, não ácidos, pirose funcional, hipersensibilidade esófagica Cada vez mais utilizada Diagnóstico: tempo de exposição ácida (TEA) > 6% ou TEA 4-6% + 80 ep de refluxo em 24h ENDOSCOPIA Sinais de alarme: sintomas refratárias, história prolongada de pirose (> 5-10a) Idade: 45-50a Náuseas e vômito O que procurar? Esofagite (classificação de Los Angeles) Hérnia hiatal Barrett Estenose péptica Los Angeles A: erosões < 5mm não confluentes B: erosões > 5mm não confluentes C: erosões confluentes em <75% da circunferência D: erosões confluentes em >i75% da circunferência TRATAMENTO Não farmacológico Perda ponderal Elevação de cabeceira (15-20cm) Medidas alimentares e medicamentosas Farmacológico Inibidores de bomba de prótons Classe mais importante Bloqueio irreversível da via final secretora Meia vida: 1-2h Tomar 20-45min antes da refeição Posologia: 1-2x/dia Uso contínuo x sob demanda Complicações pelo uso crônico (controvérsias): supercrescimento bacteriano, pneumonia, deficiência de B12 e magnésio, PBE Omeprazol 20-40mg 1-2x/dia Pantoprazol 20-40mg 1-2x/dia Esomeprazol 20-40mg 1-2x/dia Lansoprazol 15-30mg 1-2x/dia Rabeprazol 10-20mg 1-2x/dia Dexlansoprazol 30-60mg 1-2x/dia Bloqueadores H2 Menos eficazes que os IBPs Bloqueio reversível de apenas uma via secretória Terapia adjunta Posologia: 2x/dia Taquifilaxia Ranitidina 75-150mg 2x/dia Cimetidina 200-400mg 2x/dia Famotidina 10-20mg 2x/dia Nizatidina 75-150mg 2x/dia Antiácidos Terapia adjunta Alívio imediato porém de curta duração Útil em gestantes e sintomas esporádicos Procinéticos Não usar rotineiramente Não utilizar como monoterapia Papel especial na gastroparesia Tratamento cirúrgico Indicações: Refratariedade ao tratamento clínico (principalmente quando existe persistência da regurgitação e/ou hérnia de hiato associada) Paciente impossibilitados de utilizar IBP em longo prazo (problemas financeiros, alergia medicamentosa ou opção pessoal) Exames: pHmetria de 34h, esofagomanometria (selecionar tipo de fundoaplicatura total ou parcial) Fundoaplicatura de Nissen ou completa (360º) Realizada por acesso abdominal (videolaparoscopia) Se hernia de hiato → dissecar o pilar esquerdo do diafragma a fim de realizar sua redução Confecciona-se uma válvula com fundo gástrico “abraçando” toda circunferência do esôfago Procedimento de escolha → maior eficácia Fundoaplicatura parcial (180-270º) Indicação: dismotilidade esofagiana (risco de acalasia iatrogênica com fundoaplicatura de Nissen) Técnica anterior (técina de Dor) ou posterior (cirurgia de Toupet) DOENÇA DIVERTICULAR E DIVERTICULITE AGUDA CONCEITOS BÁSICOS Divertículo verdadeiro: contém todas camadas da parede gastrintestinal Divertículo falso ou psudodivertículo: protusões da mucosa e submucosa através da parede do intestino Doença diverticular: divertículo (pseudodivertículo – somente mucosa e submucosa) no cólon Diverticulose: presença de divertículo. Assintomática ou sintomática Doença diverticular: diverticulose sintomática (sangramento, abscesso, infecção, perfuração, fístulas) Diverticulite: infecção do divertículo FISIOPATOLOGIA A pressão intraluminal é inversamente proporcional ao lúmen → quando mais estreita maior pressão intraluminal (reto sigmoide) Hipertônica: + estreito = + obstrução → ↑ chance de diverticulite Hipotônica: luz do divertículo é ↑ = ↓ obstrução Relacionada ao cólon D e a forma pancolônica Sangramento maior EPIDEMIOLOGIA Homens, mulheres e idoso Países ocidentais: industrializados, carne vermelha e dieta ↓ em fibras Sedentarismo, IMC >25 Tabagismo AINEs MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Diverticulose Assintomáttica Sangramento (cólon D) Pouca dor, desconforto Diverticulose aguda (“apendicite à esquerda”) Depende da extensão da doença Dor em QIE Quadro agudo Náuseas e vômitos Inapetência Febre baixa “Plenitude perirretal” EXAME FÍSICO Dor abdominal localizada + distensão Rigidez de parede Defesa involuntária DB + EXAMES COMPLEMENTARES Hemograma →discreta leucocitose predomínio neutrofílico Provas inflamatórias → ↑VHS, PCR Colonoscopia (divertículo) → não fazer em OS Raio X abdome TC de abdome com contraste IV (padrão-ouro) CLASSIFICAÇÃO Não complica Complicada → Escala de Hinchey TRATAMENTO Não complicada Tratamento ambulatorial Dieta leve Analgesia Antibiótico? Ciprofloxacino e metronidazol Complicada Hinchey 1 Jejum, dieta leve Analgesia Antibiótico: cefalosporina 3ª geração (ceftriaxone) ou quinolona abdominal (ciprofloxacino) + metronidazol Possível alta em 72h Hinchey 2 Jejum, dieta leve Analgesia Antibiótico: cefalosporina 3ª geração (ceftriaxone) ou quinolona abdominal (ciprofloxacino) + metronidazol Necessidade de drenagem de abscesso: punção percutânea, drenagem laparoscópica, drenagem aberta (cirurgia) Hinchey 3/4 Jejum, dieta leve Analgesia Antibiótico: cefalosporina 3ª geração (ceftriaxone) ou quinolona abdominal (ciprofloxacino) + metronidazol Cirurgia: em 2 tempos (Hartmann)/único tempo Hartman – em 2 tempos: sigmoidectomia com sepultamento do reto e colastomia terminal; técnica mais utilizada; colostomia torna-se definitiva em até 1/3 dos pacientes Anastomose primária – único tempo: risco de deiscência da anastomose HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA Sangramento digestivo agudo ACIMA do ângulo de Treitz MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Exteriorização do sangramento: hematêmese, melena, enterorragia Repercussão da perda volêmica: hipotensão postural, taquicardia, hipotensão, choque (alargamento do tempo de enchimento capilar, pulsos finos, pele fria, pele pegajosa), ao laboratório (anemia) ABORDAGEM INICIAL Estabilização clínica Sala de emergência Monitorização; Oxigênio; Dois acessos venosos calibrosos Reanimação volêmica: 2l de cristaloide Laboratório: hemoglobina, plaqueta, RNI → corrigir alterações Após estabilização clínica Endoscopia digestiva alta diagnóstica POSSÍVEIS CAUSAS Esôfago Mallory Weiss Laceração longitudinal no esôfago inferior (vômitos) Perfil do paciente: homem etilista, DRGE prévia, libação alcoólica, primeiro vomita/depois sangra Úlceras de Cameron Úlceras de mucosa gástrica numa hérnia hiatal Ocorrem na altura do pinçamento diafragmático Perfil do paciente: DRGE importante Varizes esofágicas Hipertensão porta; Varizes esofágicos com sangramento Perfil do paciente: hepatopata, circulação colateral portossistêmica noterritório ázigos Importante fonte de sangue muito grave Tumores esofágicos Todo tumor pode sangrar; Tipicamente sangramento crônico Perfil do paciente: disfagia, síndrome consumptiva Estômago Doença ulcerosa péptica Úlcera péptica; Estômago: bem vascularizado Úlcera + submucosa = sangramento Perfil do paciente: AINEs, tabagismo, síndrome dispéptica Tumores gástricos Todo tumor pode sangrar Tipicamente sangramento crônico Perfil do paciente: síndrome consumptivo + epigastralgia Varizes de fundo gástrico Gastroparesia hipertensiva Hipertensão porta Perfil do paciente: hepatopatia, cirrose Lesão de Dieulafoy Vaso aberrante dilatado submucoso Perfil do paciente: homens, doença cardiovascular, doença renal crônica Duodeno Doença ulcerosa péptica Úlcera duodenal posterior Erosão da art. gastroduodenal Perfil do paciente: DUP gástrica Fístula aortoduodenal Complicação: aneurisma de aorta abdominal rôto ou correção cirúrgica de aneurisma Perfil do paciente: homem com cirurgia de aorta recente Vias biliopancreáticas Hemobilia Trauma/procedimento: fígado e vias biliares Sangramento para dentro da luz biliar Perfil do paciente: trauma abdominal, biópsia hepática, sangramento na via biliar Hemossucus pancreáticus Lesão pancreática erodindo vaso Sangramento para dentro da luz pancreática Perfil do paciente: paciente prévio com pseudocisto Sangramento digestivo agudo ABAIXO do ângulo de Treitz MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Exteriorização do sangramento: enterorragia, hematoquezia Repercussão da perda volêmica: hipotensão postural, taquicardia, hipotensão, choque (alargamento do tempo de enchimento capilar, pulsos finos, pele fria, pele pegajosa), ao laboratório (anemia) ABORDAGEM INICIAL Estabilização clínica Sala de emergência; Monitorização; Oxigênio; Dois acessos venosos calibrosos Reanimação volêmica: 2l de cristaloide Laboratório: hemoglobina, plaqueta, RNI → corrigir alterações Após estabilização clínica Endoscopia digestiva alta Após EDA normal Preparo do cólon → colonoscopia diagnóstica POSSÍVEIS CAUSAS Jejuno Doença de Crohn Menos tipicamente Úlceras pépticas Proximais; DUP grave; Alarme (!) Íleo e Cólon Doença de Crohn Pode acometer todo TGI Mais tipicamente acomete o íleo terminal Sangra de úlceras da parede intestinal Enterite Actínica Sequela da irradiação oncológica Mucosite + endarterite Divertículo de Merckel Divertículo verdadeiro do íleo distal Oonfulomesentérico Mucosa gástrica Sangramento ao ulcerar Doença diverticular dos cólons Divertículos cólicos nos locais das art. cólicas na parede Angiodisplasia Ectasia vascular patológica Idosos Típico do ceco, mas pode ocorrer em todo TGI Tumor de Cólon Todo tumor pode sangrar Mais comum nos tumores do lado direito Reto Retite actínica Sequela da irradiação oncológica Mucosite + endarterite Retocolite ulcerativa Doença inflamatória intestinal Atividade da inflamação → sangramento Tumor de reto Todo tumor pode sangrar Entretanto o tumor de reto mais obstrui que sangra Ânus e canal anal Doenças orificiais Fissura anal Hemorroida Tumor de canal anal Carcinoma escamocelular DST/HPV A lesão tumoral é frágil, friável e passível de sangramento MEGAESÔFAGO (ACÁLASIA) Doença motora do esôfago que acomete os plexos mioentéricos (Auerbach e Meissner) FISIOPATOLOGIA Idiopático Chagas Não relaxamento do EEI →hipertonia EEI → aperistalse do corpo esofágico → dilatação do CE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Disfagia: inicialmente mecânica → mecânica + motora; condução; baixa; sólidos → líquidos Perda ponderal Regurgitação Tosse Dor retroesternal Coluna d’água EXAMES COMPLEMENTARES Sorologia de Chagas EDA Afastar câncer de esôfago; Normal ou Estase esofágica ou Esofagite (estase) ou Esôfago dilatado ou EEI “apertado” Esofagograma contrastado (EREEDE) Dilatação do esôfago (megaesôfago)filamento distal “em bico de pássaro” Estase esofágica “em miolo de pão” Manometria esofágica (padrão-ouro) Não relaxamento do EEI Hipertonia EEI Aperistalse do corpo esofágico, Dilatação do CE Grau I - incipiente: < 4cm Grau II – não avançada: 4-7cm Grau III – não avançada: 7-10cm Grau IV – avançada: > 10 cm *dólico CLASSIFICAÇÃO DE REZENDE I - Forma anectásica: esôfago de calibre normal (até 4 cm), apenas com pequena retenção de contraste, um minuto após a deglutição. II - Esôfago discinético: com pequeno aumento de calibre (entre 4-7 cm) e franca retenção do contraste (megaesôfago leve). III - Esôfago francamente dilatado (megaesôfago clássico, entre 7-10 cm), atividade motora reduzida e grande retenção de contraste. IV - Dolicomegaesôfago (dólico = alongado): maior que 10 cm ou tortuoso. TRATAMENTO Dilatação pneumática Seriada Endoscópica Boa tolerada Baixo risco de complicação Bons resultados Cardiomiotomia laparoscópica ou de Heller (TRATAMENTO INICIAL) Abertura do EEI Fundoaplicatura parcial antirrefluxo Baixa morbidez Baixo risco (> dilatação) Esofagectomia Retirada do esôfago Confecção de neoesôfago (tubo gástrico, cólon) Alta morbimortalidade Alto risco Resultados intermediários Como escolher? Grau I – incipiente: dilatação ou cardiomiotomia Grau II/III – não avançada: cardiomiotomia ou dilatação Grau IV – avançada: cardiomiotomia ou esofagectomia Medicamentos Nitrato SL antes das refeições Bloqueado de canal de cálcio: nifedipina 10 mg, VO 6/6h Efeitos adversos: hipotensão postural Toxina botulínica Reabilitação nutricional Otimizar estado nutricional SEMPRE Dilatação “ponte” para cirurgia SNE + dieta enteral Dieta orientada + suplementos orais Ostomias