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www.zonadereuniao.com.br 1 Primeiros socorros 
CAPÍTULO 15 
PRIMEIROS SOCORROS 
15.1 - GENERALIDADES 
Primeiro socorro é o atendimento imediato e provisório 
prestado a uma vítima de enfermidade ou ferimento de forma 
a assegurar a vida enquanto se aguarda ou até se consiga o 
atendimento médico especializado necessário. É aplicado em 
situação de emergência. Porém, algumas vezes, são utilizados 
também nos casos de urgências. 
 
15.1.1 - Emergência 
É a situação em que o risco de vida é crítico e iminente. Caso 
não se intervenha imediatamente, esta poderá evoluir para 
complicações graves ou ser fatal. 
 
15.1.2 - Urgência 
É a situação em que o risco de vida pode até existir porém, a 
intervenção pode aguardar um tempo, pois o risco de vida não 
é iminente. 
 
15.2 - PRINCÍPIOS GERAIS 
Sua própria vida ou a de um companheiro pode depender dos 
conhecimentos que se tem sobre primeiros socorros. Devem 
ser executados de forma simples e orientados para aliviar 
dores e evitar maiores complicações, até a possibilidade de 
um atendimento médico apropriado. 
 
Os primeiros socorros só serão eficientes se a pessoa que os 
aplicar tiver o conhecimento e/ou adestramento necessários. 
É preciso permanecer calmo e empregar as medidas corretas 
e procurar ou aguardar o auxílio médico. Ao se prestar os 
primeiros socorros, devem ser observados os seguintes 
princípios gerais: 
- a vítima deve ser avaliada de situações de risco, antes da 
prestação do socorro ser iniciada (ex.: possível explosões, 
transito que propicie atropelamento, possibilidade de 
desabamento, tiroteio etc.); 
- é necessário examinar a vítima para conhecer a extensão e a 
localização da enfermidade, e só depois tomar qualquer 
iniciativa; e 
- proceder o exame da vítima para determinar a prioridade e a 
seqüência lógica do atendimento de primeiros socorros (Fig 
15.1). 
 
Fig 15.1 
 
Deve-se inicialmente, procurar estabelecer as funções vitais 
da vítima. Para isso, deve-se seguir a seguinte seqüência de 
cuidados, que podem ser realizadas simultaneamente: 
- vias aéreas com controle da coluna vertebral; 
- respiração e ventilação; 
- circulação com controle de hemorragia; 
- incapacidade, estado neurológico; e 
- exposição e controle do ambiente (despir completamente a 
vítima, mais prevenindo a hipotermia - baixa temperatura 
corporal). 
 
Logo após, devemos proceder o exame secundário, que 
consiste em uma avaliação detalhada da vítima, abordando 
lesões que não implique risco imediato de vida. 
 
15.2.1 - Vias aéreas com controle da vertebral (porção 
cervical) 
Durante o exame inicial da vítima, as vias aéreas (VA) devem 
ser avaliadas em primeiro lugar, assegurando a sua 
permeabilidade. Deve-se identificar a presença de corpos 
estranhos, fraturas faciais, mandibulares ou traqueo-laríngeas 
que podem resultar em obstruções das VA (Fig 15.2). 
 
 
Fig 15.2 
 
Todos os procedimentos para restabelecer a permeabilidade 
das VA devem ser feitos protegendo a coluna cervical, para 
tanto, é recomendável a elevação ou anteriorização da 
mandíbula, indicada para vítimas com suspeita de lesão na 
coluna cervical e queda da língua. Para tanto, o socorrista 
deve: 
- posicionar-se atrás da cabeça da vítima em decúbito dorsal; 
segurar com as mãos os ângulos da mandíbula, deslocando-a 
para frente enquanto faz a abertura da boca; e 
- estabilizar ao mesmo tempo a coluna cervical da vítima. 
 
No caso da vítima estar inconsciente e com suspeita de lesão 
na coluna cervical, o socorrista deve executar a elevação da 
mandíbula da seguinte forma: 
- posicionar-se do lado da vítima, e empurrar os ângulos da 
mandíbula com o polegar, deslocando-a para cima (Fig 15.3). 
 
 
Fig 15.3 
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Em ambos os caso, estabilizar ao mesmo tempo a coluna 
cervical da vítima com as mãos, evitando sua lateralização. 
 
As causas de obstrução de vias aéreas podem ser divididas em 
dois grupos: causas tratáveis e não tratáveis pelo socorrista. 
 
Causas tratáveis – queda da língua, corpos estranhos, 
vômitos, secreções e sangue. 
 
Sendo a queda da língua sobre a parede posterior da faringe e 
corpos estranhos as causas mais comuns. O socorrista deve: 
- usar as mãos para diferenciar o posicionamento da cabeça e 
do pescoço, pois pode deslocar a língua da parede posterior 
da faringe e efetuar a limpeza da cavidade oral; 
- na inclinação da cabeça e elevação do queixo, o socorrista 
coloca uma de suas mãos na fronte da vítima e a utiliza para 
inclinar a cabeça para trás; 
- deslocar a mandíbula para frente com os dedos da outra 
mão colocados no queixo da vítima; 
- não usar este procedimento na suspeita de lesão da coluna 
cervical. 
 
15.2.2 - Respiração e Ventilação 
A permeabilidade das vias aéreas, por si só, não implica em 
ventilação adequada. A respiração é necessária para que haja 
a oxigenação do organismo e eliminação de gás carbônico (Fig 
15.4). 
 
Fig 15.4 
 
O tórax da vítima deve estar exposto para avaliar 
adequadamente a ventilação e outras lesões associadas. As 
lesões que podem prejudicar de imediato a respiração são: o 
pneumotórax, hipertensivo, o tórax instável com contusão 
pulmonar e o pneumotórax aberto, as fraturas de costelas. 
 
Os pneumotórax simples e as contusões pulmonares, podem 
comprometer a ventilação, mas em menor grau. 
 
15.2.3 - Circulação com Controle da Hemorragia 
A hemorragia é uma das principais causas de morte no 
período pós-traumático, sabendo deste fato, o socorrista deve 
agir rapidamente. 
 
A hipotensão em vítimas traumatizadas deve ser considerada 
como hipovolemia (baixo volume de sangue circulante). Uma 
avaliação rápida e apurada do estado hemodinâmico (fluxo 
sangüíneo) da vítima traumatizada é essencial. A análise de 
três elementos nos permite este diagnóstico rapidamente: o 
nível de consciência da vítima, a cor da pele e o pulso. 
 
a) Nível de Consciência 
Quando o volume de sangue é reduzido, o fluxo sangüíneo 
cerebral pode estar prejudicado, alterando o nível de 
consciência da vítima. Entretanto, esta pode estar consciente 
mesmo perdendo uma quantidade significativa de sangue. 
 
b) Cor da Pele 
A cor da pele pode ser importante na avaliação de uma vítima 
hipovolêmica traumatizada. Uma vítima com pele de 
coloração rósea, especialmente na face e extremidade, 
raramente estará criticamente hipovolêmica após um trauma. 
Ao contrário, a coloração acinzentada da face e a pele 
esbranquiçada e extremidades cianóticas (roxas) são sinais 
evidentes de hipovolemia, estes últimos sinais usualmente 
indicam uma perda de volume sangüíneo de pelo menos 30%. 
 
c) Pulso 
O pulsar sangüíneo de fácil acesso (carotídeo) deve ser 
examinado, bilateralmente para se avaliar sua quantidade, 
freqüência e regularidade. Pulsos periféricos cheios, lentos e 
regulares, são usualmente sinais de normovolemia (circulação 
normal) (Fig 15.5). 
 
Fig 15.5 
 
d) Sangramentos (Hemorragias) 
Hemorragia externas graves são identificadas com um exame 
primário, a rápida perda sangüínea externa é controlada 
exercendo pressão manual sobre a ferida ou utilizando o 
torniquete. 
 
Hemorragias torácicas, do abdômen, nos músculos ao redor 
de fraturas, e como resultado de ferimentos penetrantes 
podem ser responsáveis por perdas ocultas consideráveis de 
sangue. 
 
15.2.4 - Incapacidade (Avaliação Neurológica) 
Uma avaliação neurológica rápida é realizada no final do 
exame primário para estabelecer o nível de consciência da 
vítima. Uma maneira simples de avaliar o nível de consciência 
é pelo método A.V.D.I. 
 
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A - ALERTA-ACORDADO - se está alerta é porque está 
acordado; 
V - RESPONDE AOS ESTÍMULOS VERBAIS - verificar se 
responde a perguntas; 
D - SÓ RESPONDE A DOR - provocar estímulo que provoquem 
dor; 
I - INCONSCIENTE, NÍVEL DE CONSCIÊNCIA - verificar se está 
consciente ou inconsciente. 
 
A alteração do nível de consciência pode significar 
necessidade imediata de reavaliação da oxigenação, da 
respiração e da perfusão.Álcool e outras drogas podem 
alterar o nível de consciência da vítima. Deve-se lembrar que a 
diminuição do nível de consciência pode representar alteração 
na oxigenação e/ou na perfusão cerebral, ou é resultado de 
um trauma direto ao cérebro. 
 
 
15.2.5 - Exposição e Exame 
A vítima deve ser despida, e é usual cortar as roupas para 
facilitar o acesso adequado as lesões e ao exame 
complementar. Quando a vítima estiver exposta em via 
pública, deve-se ter pudor e evitar constrangimento e outros 
problemas. 
 
O exame da vítima deve ser feito da seguinte forma: 
- verificar, através de exame rápido, se está respirando; 
- se não estiver, iniciar imediatamente a respiração artificial; 
- retirar com cuidado, apenas as roupas necessárias. O 
vestuário sujo pode ocultar ferimentos e aumentar o perigo 
de infecção; 
- é melhor cortar, rasgar ou descoser as roupas do que despir 
o ferido; 
- não dar qualquer espécie de bebida alcoólica; 
- em caso de fraturas, só movimentar a vítima após sua 
imobilização. O transporte deve ser suave e firme; e 
- jamais presumir que a vítima esteja morta, até que a real 
confirmação.

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