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( Vitória Campos )Sondagem Nasogástrica Considerações gerais Sondagem nasogástrica é a inserção de um cateter até o estômago, através das vias aéreas superiores do esôfago. A sondagem nasogástrica pode ter objetivo terapêutico, diagnóstico e ser meio de alimentação. Evita a distensão do estômago, vômitos e aspiração pulmonar durante o período pré e pós-operatório, descomprimindo o estômago. Para alimentação prolongada, considerar a sonda nasoentérica. Considerações anatômicas A cavidade nasal comunica-se com o meio externo por meio das narinas, anteriormente, e com a porção nasal da faringe, posteriormente, por meio das coanas e da porção nasal da faringe. A distância do nariz à transição faringoesofágica é de 10 a 12 cm. A parte oral da faringe comunica-se com a cavidade bucal pelo istmo das fauces, e a parte laríngea comunica-se anteriormente com o ádito da laringe e posteriormente é continuada pelo esôfago. O esôfago é um tubo muscular com cerca de 23 a 25 cm, estendendo-se da faringe ao estômago, e apresenta movimentos peristálticos. O estômago é uma dilatação do canal alimentar, compreendido entre o esôfago e o intestino, localizado logo abaixo do diafragma. Apresenta dois orifícios: o proximal é o óstio cárdico e o distal é o óstio pilórico, que se comunica com o duodeno. Este último é importante na passagem da sonda nasoenteral. Indicações · Objetivo diagnóstico: · Hemorragia digestiva alta · Intoxicações exógenas agudas (lavagem gástrica em casos selecionados) · Débito de secreção · Objetivo terapêutico: · Pós-operatório de cirurgia abdominal: · Cirurgias em que há grande manipulação de alças, gastrenterostomia, piloroplastia ou anastomose gastresofágica · Oclusão e suboclusão intestinal · Dilatação gástrica aguda · Pancreatite · Descompressão do TGI em pacientes com obstrução. · Prevenção de broncoaspiração em pacientes intubados. · Alimentação: · Pacientes comatosos · Dependentes de ventilação mecânica · Cirurgia ou obstrução de orofaringe ou esôfago · Distúrbios de deglutição. · Administração de fármacos, líquidos e dieta. Contraindicações · Trauma maxilofacial extenso, em especial fratura de base de crânio (preferir cateter orogástrico). · Coagulopatia grave (preferir cateter orogástrico). Relativas: · Rebaixamento de consciência em pacientes não intubados (pode precipitar vômitos e broncoaspiração). · Divertículo de Zencker (faringoesofágico) · Deformidades graves da coluna cervical · Aneurisma de arco aórtico · Esofagite por soda cáustica · Estenose de esôfago · Neoplasias infiltrativas do esôfago · Esofagocoloplastias ou sequelas de outras intervenções sobre esôfago ou cárdia. Material · Principal: · Sonda nasogástrica 10-20F (para mulheres, no 14 a 16; para homens, no 16 a 18). · Gazes · Estetoscópio · Frasco/bolsa coletora · Copo d’água com canudinho · Assepsia: · Máscara e capote (não precisa ser estéril) · Toalha · Luvas de procedimento · Anestesia tópica: · Lidocaína gel a 2% (10 ml) · Infusão: · Seringa de 20 ml · Curativo/fixação: · Tintura de benjoim (opcional) · Esparadrapo ou Micropore® · Equipo (opcional). Preparo do paciente · Explicar o procedimento para o paciente · Solicitar termo de consentimento informado assinado · Posicionar o paciente sentado ou a 45°, com a cabeça fletida. Caso não seja possível, colocá-lo em decúbito lateral esquerdo, com a cabeça voltada para o lado, para evitar broncoaspiração. · Escolher a narina: qualquer uma, exceto quando houver desvio de septo, obstrução ou traumatismo nasal. Técnica · Escolher o calibre da sonda entre 10 e 20F (5 a 10 mm de diâmetro interno), de acordo com a capacidade da narina, permitindo uma drenagem eficiente · Medir o tamanho da sonda: da parte inferior do processo xifoide, passando por trás da orelha até a ponta do nariz. Acrescentar 10 a 15 cm. Fazer uma marcação nesse local com um pedaço de esparadrapo circular. · Calçar as luvas · Colocar a toalha sobre o tórax do paciente · Lubrificar o tubo com gel anestésico (lidocaína gel) · O paciente deve aspirar gel lubrificante, pela narina escolhida, até senti-lo na garganta. Esperar 5 min. Ou aplicar anestésico tópico em spray na orofaringe. · Criar uma curva no tubo, enrolando-o na mão · Inserir a sonda em direção ao assoalho nasal e à nasofaringe. · Solicitar ao paciente que faça movimentos de deglutição, engolindo saliva ou água através de um canudo, quando a sonda · alcançar a transição faringoesofágica (10 a 12 cm) · Pode haver certa dificuldade nesse momento: tentar uma leve pressão; se não funcionar, rodar a sonda, tracioná-la e tentar novamente. · Utilizar gaze se a sonda estiver escorregadia. Pedir ao paciente para flexionar a cabeça nesse momento. · Inserir a sonda até a marcação indicativa da cavidade gástrica Confirmar posicionamento as SNG · Aspirar com uma seringa de 20 ml e verificar se há suco gástrico; cuidado para não fazer pressão negativa excessiva. · Pode-se injetar 20 ml de ar e auscultar som hidroaéreo no epigástrio. · Eventualmente, se necessário, solicitar uma radiografia simples toracoabdominal, para verificar a localização e se a sonda não está dobrada. · Verificar se o paciente consegue falar. · Fixar a sonda ao nariz com esparadrapo. Fixar um equipo cortado à sonda e utilizá-lo atrás da cabeça do paciente, como se fossem as hastes de um óculos. Cuidados após o procedimento · É aconselhável manter a cabeceira do leito elevada em 30°, para evitar ou diminuir o refluxo. · Após qualquer procedimento no qual tenha sido necessário movimentar o paciente ou se ele apresentar vômito, conferir a localização da sonda. · Anotar débito e aspecto. · Monitorar eletrólitos. Complicações · Inserção intracraniana (em casos de fratura de base de crânio). · Ulceração ou necrose de asa nasal · Epistaxe · Colocação traqueal e intubação pulmonar · Soluços, náuseas e vômitos · Esofagite de refluxo · Regurgitação com aspiração para a árvore brônquica. · Ulceração e/ou necrose de parede do esôfago proximal. · Estenose esofágica · Distúrbios hídricos e eletrolíticos. · Pericondrite da cartilagem cricoide · Perfuração de carcinoma, ulceração ou divertículo esofágico