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Matemática Farmacêutica para o Setor Magistral - Módulo 03

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Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Matemática Farmacêutica para o 
Setor Magistral 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. 
 
MÓDULO III 
 
 
4 TÉCNICAS PARA CÁLCULOS DE ENCHIMENTO DE CÁPSULAS 
 
 
As cápsulas são formas farmacêuticas sólidas com invólucro duro ou mole, 
de diversos formatos, cores e tamanhos. São preparações de dose única, isto é, 
todo o conteúdo administrado de uma só vez. As cápsulas podem ser preenchidas 
com sólidos, líquidos não aquosos ou semissólidos. Os invólucros podem ser de 
gelatina, amido ou de derivados da celulose, por exemplo, hidroxipropilmetilcelulose 
(HPMC). 
Dentre as principais vantagens das cápsulas, cabe destacar: 
 Mascaramento efetivo de características organolépticas desagradáveis; 
 Aspecto elegante da preparação; 
 Boa aceitação pelos pacientes; 
 Boa estabilidade, pois o ativo encontra-se na forma sólida; 
 Rápida liberação do conteúdo nos fluidos do trato gastrintestinal; 
 Fácil formulação por necessitar de poucos excipientes e equipamentos; 
 Os invólucros podem conter: pós, grânulos, pellets e comprimidos 
pequenos. 
Entre as desvantagens, destacam-se: 
 Custo de manipulação maior quando comparadas a outras formas 
farmacêuticas; 
 Baixa estabilidade ao ambiente – invólucro é higroscópico e sofre ação da 
umidade e calor; 
 Não são fracionáveis; 
 Apresentam limitações para pacientes com dificuldade de deglutição; 
 Incompatíveis com pós eflorescentes, higroscópicos e deliquescentes; 
 Podem aderir ao esôfago e provocar incômodo ou irritação, de acordo com 
o conteúdo. 
 
 
 
 
 
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Os invólucros apresentam forma cilíndrica, arredondada nas extremidades. 
São formados por duas partes: o corpo e a tampa, que se encaixam perfeitamente e 
apresentam sistema de travamento. 
As cápsulas, para uma manipulação correta, precisam estar totalmente 
preenchidas, sem espaços internos vazios. Para isto, são adicionados na 
formulação, diluentes e outros excipientes apropriados. 
O preenchimento das cápsulas baseia-se na densidade aparente dos pós, 
uma vez que cada sólido a ser encapsulado irá ocupar volumes diferentes. Tal fato 
se deve a variações no grau de “empacotamento” dos pós: alguns permanecerão 
firmemente unidos, com poucos espaços vazios. Neste caso, uma quantidade maior 
de pó caberá na cápsula, os pós são considerados mais densos e o volume 
aparente dos pós é menor. Por outro lado, alguns pós se empacotam frouxamente, 
permanecendo muitos espaços vazios nas cápsulas. Assim sendo, a massa a ser 
encapsulada será menor, a densidade aparente será maior e o volume aparente, 
ocupado pelos pós, será maior. 
As considerações acima podem ser feitas a partir da fórmula: 
 
 
 
 
 
Na qual, 
dap = densidade aparente (densidade do sólido + espaços vazios); 
m = massa dos pós; 
Vap= volume aparente ocupado pelos pós. 
Assim, cada sólido (pós, grânulos ou pellets) ocupará um espaço diferente 
no interior do invólucro. A escolha de um invólucro de tamanho apropriado e a 
adição de excipientes (quando necessário) torna possível a encapsulação. 
A verificação da necessidade de adição de diluentes nas cápsulas é uma 
operação preliminar ao procedimento de encapsulação. Avaliando as prescrições e 
observando o quadro na página seguinte, abaixo se tem: 
dap = m (g) 
 Vap (mL) 
 
 
 
 
 
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**Nota: 
Rx 1 e Rx 2 são exemplos de associações manipuladas no Brasil e não se constituem 
como formulações sugeridas. 
 
Quadro 1. Capacidades médias em miligramas, das cápsulas gelatinosas 
duras: 
 
Tamanho da 
cápsula 
Volume em 
mL 
Capacidade média em mg 
Dap*:0,6g/mL - 1,2g/mL 
000 1,36 816 - 1632 mg (1250 mg) 1150 mg 
00 0,95 570 – 1140 mg (850 mg) 800 mg 
0A 0,85 510 – 1020 mg (760 mg) 716 mg 
0 0,67 402 – 804 mg (600 mg) 580 mg 
1 0,48 288 – 576 mg (460 mg) 440 mg 
2 0,37 222 – 444 mg (350 mg) 340 mg 
3 0,27 162 – 324 mg (280 mg) 270 mg 
4 0,20 120 – 240 mg (210 mg) 200 mg 
5 0,13 78 – 156 mg (140 mg) 130 mg 
 
 
 
( ): capacidade média para substâncias com densidade aparente próxima da lactose; 
Rx 1 
Cimetidina...............................200 mg 
Inositol....................................100 mg 
Extrato seco de alcahofra.........50 mg 
 Massa total = 350 mg 
Rx 2 
Famotidina......................25 mg 
Cisaprida...........................8 mg 
 Massa total = 33 mg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 : capacidade média para substâncias com densidade aparente próxima a do amido 
de milho. 
No exemplo Rx 1, verifica-se um total de 350 mg de pó. Tal quantidade, pelo 
quadro, corresponde à cápsula nº 2, não sendo preciso acrescentar excipientes. A 
adição de excipientes é necessária caso o conteúdo a ser encapsulado demonstre 
sinais de higroscopia, problema de estabilidade, dificuldade de encapsulação (fluxo, 
poucas opções de invólucros, etc.) ou por motivos biofarmacotécnicos – na tentativa 
de melhorar a biodisponibilidade do fármaco a partir da forma farmacêutica. Outro 
fator a ser levado em consideração é o número das encapsuladeiras e 
correspondentes invólucros disponíveis na farmácia. 
No exemplo Rx 2, verifica-se um total de 33 mg de pós. Supondo-se que a 
menor cápsula disponível na farmácia seja a de número 3, cuja capacidade média é 
de, aproximadamente, 240 mg, será necessário completar o volume de cada cápsula 
com um excipiente apropriado e em quantidade adequada. Para determinação da 
quantidade de excipiente a ser empregada existem três métodos, descritos a seguir. 
 
Método 1 – Método do deslocamento de excipiente pelo(s) ativo(s): este método 
leva em consideração o volume ocupado pelo fármaco ou mistura de fármacos e o 
volume ocupado pelo excipiente. Ao contrário dos demais métodos, o número do 
invólucro deve ser escolhido inicialmente. É o método no quais os softwares 
desenvolvidos para o setor magistral se fundamentam. 
 
Escolhida a cápsula para a preparação abaixo, qual a quantidade de 
excipiente a ser adicionada? 
 
 
 
 
 
 
 
Rx 
Fármaco A ..................................20 mg 
Fármaco B...................................55 mg 
Excipiente ..............................qsp 1cap 
 
 
 
 
 
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Passo 1  determinar o volume de excipiente equivalente ao volume de fármaco(s). 
Como? 
a. Pesar uma cápsula preenchida somente com o fármaco A. 
b. Pesar uma cápsula preenchida somente com o fármaco B. 
c. Pesar uma cápsula contendo só o excipiente. 
 
 
 
 
 
 
Passo 2  calcular a quantidade de excipiente deslocado pelo(s) ativo(s) 
estabelecendo relação entre as massas do mesmo e a massa de cada fármaco.Por regra de três: 
 
 
 
 
 
 
 
Passo 3  calcular a quantidade total de excipiente deslocada pelo(s) fármaco(s).
 
Cápsula 1 contendo fármaco A = 620 mg 
Cápsula 1 contendo fármaco B = 470 mg 
Cápsula 1 contendo excipiente = 330 mg 
Para A 
620 mg = 20 mg  10,65 mg 
330 mg X 
Para B 
470 mg = 55 mg  38,62 mg 
330 mg X 
Para A 
620 mg está para 330 mg 
 20 mg X  10,65 
 mg 
Para B 
470 mg está para 330 mg 
 55 mg X  38,62 
 mg 
 
 
 
 
 
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Passo 4  calcular a quantidade de excipiente por cápsula subtraindo a massa total 
de excipiente da massa de excipiente deslocada pelo(s) fármaco(s). 
 
 
 
 
Passo 5  multiplicar a massa requerida de cada componente pelo total de 
cápsulas a serem manipuladas mais uma, já considerando as perdas durante o 
processo de preenchimento. 
 
 Por exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Total de excipiente deslocado: 
10,65 mg + 38,62 mg = 49,27 mg 
Quantidade de excipiente requerida por cápsula: 
330 mg – 49,27 mg = 280,73 mg 
Rx 
Estriol....................................2,0 mg 
Estradiol................................0,5 mg 
Excipiente q.s.p.....................1 cápsula 
Cápsula 3 contendo estriol = 250 mg 
Cápsula 3 contendo estradiol = 190 mg 
Cápsula 3 contendo excipiente = 320 mg 
Para estriol 
250 mg = 2,0 mg  2,56 mg 
320 mg X 
Para estradiol 
190 mg = 0,5 mg  0,842 mg 
320 mg X 
Quantidade de excipiente requerida por cápsula: 
320 mg – (2,56 + 0,842) mg = 316,6 mg 
 
 
 
 
 
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Método 2 – Método volumétrico: baseado no volume aparente dos pós. É o mais 
rápido e prático podendo, contudo, ser menos exato. 
 
Passo 1  transferir o fármaco ou da mistura de ativos já homogeneizada para uma 
proveta calibrada de 50 mL, com peso previamente descontado. Bater sobre a 
bancada três vezes (3 x) até que o pó “assente”. Verificar o volume. 
 
Passo 2  para obter o volume individual de cada cápsula basta fazer a relação 
entre o volume aparente (vap) da mistura e o número de cápsulas (n). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Passo 3  verificar na tabela qual a cápsula com volume mais próximo. 
 
 
Passo 4  calcular a quantidade de excipiente a ser adicionada em cada cápsula. 
 
 
Passo 5  determinar a quantidade total de excipiente a ser empregado, 
multiplicando pelo número de cápsulas. 
 
 
**Nota** 
Para pesar os pós, determinar a dap inicialmente, pesando a proveta cheia e calculando a 
massa, subtraindo a massa da proveta vazia. Aplicar na fórmula de densidade para posterior 
conversão do vap em massa. 
= vap 
 n 
Exemplo: 
Volume total da mistura = 25 mL 
Número de cápsulas = 30 
Volume de mistura por cápsula = 25  0,83 mL 
 30 
Cápsula 00  v = 0,95 mL 
0,95 mL – 0,83 mL = 0,12 mL 
0,12 mL x 30 cápsulas  3,6 mL 
 
 
 
 
 
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Método 3 – leitura no nomograma: também é baseado no volume aparente dos 
pós. 
 
Passo 1  transferir o ativo ou a mistura de ativos já homogeneizada para uma 
proveta e bater sobre a bancada três vezes (3 x) até que o pó “assente”. Verificar o 
volume. 
 
Passo 2  interpretar o nomograma do seguinte modo: 
2.1 determinar o ponto no eixo X que corresponde ao volume de pó obtido; 
2.2 verificar o total de cápsulas a serem preenchidas; 
2.3 determinar o ponto onde as retas se encontram; 
2.4 traçar uma linha paralela ao eixo x, partindo do ponto onde as retas se 
encontram, até o eixo y - onde se encontram os números dos invólucros (de 
000 até 5); 
2.5 verificar o número do invólucro a ser utilizado: será o de número 
imediatamente superior ao ponto no eixo y; 
2.6 traçar uma reta paralela ao eixo X que vai do número do invólucro 
determinado até o número de cápsulas a serem preenchidas; 
2.7 traçar uma reta perpendicular a X desde o ponto marcado no item 2.6 até 
o eixo X, determinando o volume total de pó nas cápsulas; 
2.8 subtrair este valor do volume obtido no passo1. Este é o volume de 
excipiente a ser empregado na manipulação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Exemplo: 
 
 
 
No nomograma: 
 Intersecção entre o volume de pó e o número de cápsulas a serem 
preenchidas 
( ). 
 Intersecção entre o número do invólucro e o número de cápsulas a serem 
preenchidas ( ). 
 Volume total de pós ( ). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Volume obtido = 25 mL 
Número de cápsulas = 30 
Cápsula superior a de número 0  00. 
Requer 29 mL para preencher 30 cápsulas. 
 
Volume de excipiente: 
29 mL – 25 mL = 4 mL 
 
 
 
 
 
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4.1 SOLUÇÕES ISOTÔNICAS E CÁLCULOS DE ISOTONIA 
 
 
As soluções que apresentam pressão osmótica** (PO) aproximadamente 
igual aos fluidos corporais são ditas isosmóticas, ou seja, apresentam a mesma 
tonicidade que os líquidos orgânicos (isotônicas). Tais soluções são preparadas para 
administração na corrente sanguínea, em músculos, órgãos ou tecidos, ou sobre 
outras membranas sensíveis (ocular, nasal, intestinal). Quando isotonizadas, as 
soluções não induzem movimentos de água para dentro ou fora da célula, não 
ocorrendo danos teciduais ou qualquer tipo de desconforto para o paciente. 
O sangue e o líquido lacrimal têm PO correspondente a de uma solução de 
cloreto de sódio (NaCl) a 0,9%. Por outro lado, soluções hipotônicas apresentam PO 
inferior à dos líquidos corporais ou à da solução de NaCl a 0,9% e induzem a 
passagem de água a partir do local de aplicação, através do tecidos. Já as soluções 
hipertônicas têm maior PO e direcionam água para o local de aplicação. Em ambos 
os casos, podem ocorrer desconforto na administração dos medicamentos. 
 
 
**Pressão osmótica  a diferença na concentração de soluto dentro e fora da célula 
origina a pressão osmótica. Na osmose, ocorre a passagem de solvente, através de uma 
membrana semipermeável para a solução, na qual há maior concentração do soluto. 
 
 
Membrana 
semipermeável 
Solução Solvente 
 
 
 
 
 
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Na prática, a adição de fármacos e adjuvantes nas soluções farmacêuticas 
provoca alterações na PO das mesmas. Contudo, medidas de PO são de difícil 
determinação direta, e a utilização do abaixamento no ponto de congelamento de 
uma solução é a maneira mais simples de medir a influência dos fármacos e 
adjuvantes na tonicidade de uma solução. Para tanto, são preparadas soluções 
aquosas com concentrações conhecidas de ativos e adjuvantes e o ponto de 
congelamento das mesmas é determinado. Tanto a PO quanto o abaixamento 
crioscópico são propriedades coligativas. 
 
 
4.1.1 Valor de isotonicidade 
 
 
A PO está relacionada ao número de “partículas” de soluto em solução. Se o 
soluto for não eletrólito (como a sacarose), a concentração depende só do número 
de moléculas presentes na solução (i = 1). Se o soluto for um eletrólito (como cloreto 
de sódio), o número de partículas que contribui para a pressão osmóticada solução 
depende não só da concentração das moléculas presentes, como também do seu 
grau de ionização. 
A medida do número de partículas em solução aquosa é chamada de fator 
de dissociação (i). Embora o valor de i não tenha sido determinado para cada 
princípio ativo, os valores seguintes podem ser usados: 
 
 
Característica da substância i 
Não eletrólitos e substâncias de baixa dissociação 1,0 
Substâncias que se dissociam em 2 íons 1,8 
Substâncias que se dissociam em 3 íons 2,6 
Substâncias que se dissociam em 4 íons 3,4 
Substâncias que se dissociam em 5 íons 4,2 
 
 
 
 
 
 
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O sangue e o líquido lacrimal têm pressão osmótica correspondente a de 
uma solução de cloreto de sódio a 0,9%. Assim, diz-se que a solução de cloreto de 
sódio a 0,9% é isosmótica com os fluidos corporais. Como a solução de NaCl 0,9% é 
isosmótica com o líquido lacrimal, outros ativos são comparados com relação à sua 
“equivalência ao cloreto de sódio”. 
Quadro 2 - valores de fatores de dissociação e de equivalentes de cloreto de sódio 
para algumas substâncias (Adaptado de ALLEN, POPOVICH, ANSEL, 2005; 
ANSEL, PRINCE, 2005): 
Substância 
Peso 
molecular 
Íons i 
Equivalente 
de NaCl 
Sulfato de atropina. H2O 695 3 2,6 0,12 
Cloreto de benzalcônio 360 2 1,8 0,16 
Nitrato de prata 170 2 1,80 0,33 
Nitrato de pilocarpina 271 2 1,8 0,23 
Ácido bórico 61,8 1 1,0 0,52 
Clorobutanol 177 1 1,0 0,18 
Sulfato de efedrina 429 3 2,6 0,20 
Bitartarato de epinefrina 333 2 1,8 0,18 
Cloridrato de pilocarpina 245 2 1,8 0,24 
Cloridrato de nafazolina 247 2 1,8 0,27 
Sulfato de zinco. 7 H2O 288 2 1,4 0,16 
Cloridrato de tetraciclina 481 2 1,8 0,12 
Bromidrato de escopolamina. 3 H2O 438 2 1,8 0,13 
Cloridrato de procaína 273 2 1,8 0,21 
Maleato de timolol 432 2 1,8 0,14 
Tobramicina 468 1 1,0 0,07 
Cloranfenicol 323 1 1,0 0,10 
Penicilina G potássica 372 2 1,8 0,18 
Fosfato sódico dibásico. 7 H2O 268 3 2,6 0,29 
 
 
 
 
 
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Fosfato sódico monobásico. H2O 138 2 1,8 0,42 
Manitol 182 1 1,0 0,18 
Dextrose. H2O 198 1 1,0 0,16 
Glicerina 92 1 1,0 0,34 
Sacarose 342 1 1,0 0,08 
 
 
Como conveniência, algumas referências oferecem uma lista com as 
quantidades de certos fármacos a serem empregadas no preparo de soluções 
isotônicas. Para cada 1 g de fármaco listado pode ser preparado o volume (em mL) 
correspondente de uma solução isotônica, empregando-se água purificada como 
veículo. Por exemplo: com 1,0 g de sulfato de atropina podem ser preparados 14,3 
mL de solução isotônica. 
Quadro 3 - volume em mL de uma solução isotônica que pode ser preparada pela 
adição de água a 1g do fármaco (Adaptado de ALLEN, POPOVICH, ANSEL, 2005): 
 
 
FÁRMACO (1,0 g) 
Volume de solução 
isotônica (mL) 
Sulfato de atropina. H2O 14,30 
Ácido bórico 55,70 
Clorobutanol 26,70 
Sulfato de efedrina 25,70 
Bitartarato de epinefrina 20,00 
Cloridrato de pilocarpina 26,70 
Cloridrato de tetracaína 20,00 
Sulfato de zinco. 7 H2O 16,70 
Cloridrato de tetraciclina 18,70 
Bromidrato de escopolamina. 3 H2O 13,30 
Cloridrato de procaína 23,30 
 
 
 
 
 
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4.1.2 Cálculos de isotonia 
 
 
Quando 1 g, correspondente ao peso molecular de um não eletrólito é 
dissolvido em 1.000 g de água, o ponto de congelamento da solução é de 
aproximadamente - 1,86oC. Por regra de três, pode ser calculada a massa de um 
não eletrólito para preparar uma solução isosmótica com o líquido lacrimal e sangue, 
que possuem ponto de congelamento de - 0,52oC. 
Para o ácido bórico (PM = 61,8): 
 
 
 
Isto quer dizer que são necessários 17,30 g de ácido bórico para preparar 
1.000g de uma solução isosmótica com o sangue e a lágrima. 
Em casos nos quais há a presença de eletrólitos, o cálculo é diferente. 
Quanto maior o grau de dissociação da substância, menor será a quantidade 
necessária para produzir determinada PO. Para o NaCl, por exemplo: 
 
 
 
 
 
Isto quer dizer que 9,09 g de cloreto de sódio em 1000 g de água devem 
tornar a solução isosmótica com relação ao sangue ou a lágrima. 
 
Uma regra usada com freqüência afirma que: 
“Quantidades de duas substâncias equivalentes em tonicidade são proporcionais 
aos pesos moleculares de cada uma, multiplicados pelo valor de i da outra”. 
 
 
 
 
61,8 g - 1,86oC 
 X g - 0,52oC  17,30 g 
Equivalente NaCl = PM NaCl (g) x i A 
 PM A (g) x i NaCl 
 1,86 (oC) . 1,8 = 58,5 (g)  9,09 g 
 0,52 (oC) x (g) 
 
 
 
 
 
 
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Assim, pode-se obter o equivalente de NaCl para diferentes fármacos e adjuvantes. 
Por exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.1.3 Preparação de soluções isotônicas 
 
 
Quando uma combinação de substâncias é empregada na preparação de 
uma solução, a contribuição de cada uma delas para a isotonia da solução deve ser 
considerada. Se necessário, a isotonia pode ser ajustada com NaCl. Na prática, os 
limites de isotonicidade de uma solução oftálmica em termos de cloreto de sódio ou 
seu equivalente osmótico, podem variar de 0,6 a 2,0% sem causar desconforto no 
olho. 
O procedimento de cálculo fornece a quantidade de NaCl a ser adicionada em 
uma formulação para isotonizá-la: 
 
Passo 1  Calcular a quantidade de NaCl (%p/v) que seria requerido para isotonizar 
o volume de solução especificado na prescrição. 
Qual o equivalente de cloreto de sódio para a glicerina? (PM = 92) 
Equivalente NaCl = 58,5 g x 1  0,36
 92 g x 1,8 
 
 
Qual o equivalente de cloreto de sódio para o maleato de timolol? 
(PM = 432 e i = 1,8) 
Equivalente NaCl = 58,5 g x 1,8  0,135
 432 g x 1,8 
 
 
 
 
 
 
 
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Passo 2  Calcular o equivalente em NaCl para cada substância (ou consultar o 
quadro que fornece valores de fatores de dissociação e de equivalentes de cloreto 
de sódio, na página 61). 
 
Passo 3  Calcular a contribuição de cada componente da preparação, 
multiplicando a quantidade (em gramas) pelo seu equivalente em NaCl, obtido no 
passo 2. 
 
Passo 4  Subtrair a quantidade de cada componente (obtida no passo 3) da 
quantidade total de NaCl (obtida no passo 1). 
 
Passo 5  Caso o agente isotonizante não seja o NaCl, dividir a quantidade de 
NaCl obtida no passo 4 pelo equivalente do agente isotonizante. 
 
 
Exemplos de cálculos de isotonia: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rx 
*Maleato de timolol............................204,0 mg 
Cloreto de sódio................................q.s. 
Água purificada q.s.p.........................30,0 mL 
Preparar solução isotônica. 
 
6,8 mg de maleato de timolol equivalem a 5 mg de timolol; Feq = 
1,36. 
 
 
 
 
 
69 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Passo 2 
Para o maleato de timolol: 
Equivalente NaCl = 58,5 g x 1,8  .. 0,14 
 432 g x 1,8 
 
 
Passo 1 
Quantidade de NaCl para isotonizar 30 mL de solução: 
0,9 g100 mL 
 X g 30 mL  0,27 g (270 mg) 
 
Passo 3 
Contribuição do maleato de timolol: 
204 mg x 0,14 = 28,56 mg 
 
Passo 4 
Quantidade de NaCl para isotonizar a solução: 
270 mg – 28,56 mg = 241,44 mg de NaCl 
 
Rx 
Cloridrato de nafazolina.....................5,0 mg 
Sulfato de zinco.................................25,0 mg 
Cloreto de sódio................................q.s. 
Água purificada q.s.p.........................10,0 mL 
 
Preparar solução isotônica. 
 
 
 
 
 
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Passo 2 
Para o sulfato de zinco: Para o cloridrato de nafazolina: 
E NaCl = 58,5 g x 1,4  0,16 E NaCl ...=...58,5...x...1,8 ...  0,24 
 288 g x 1,8 247 x...1,8 
 
 
Passo 1 
Quantidade de NaCl para isotonizar 10 mL de solução: 
0,9 g 100 mL 
 X g 10 mL  0,09 g (90 mg) 
 
Passo 3 
Contribuição do sulfato de zinco: Contribuição do cloridrato de nafazolina: 
25 mg x 0,16 = 4,0 mg 5,0 mg x 0,24...=...1,2 mg 
 
Passo 4 
Quantidade de NaCl para isotonizar a solução: 
90 mg – (4 mg + 1,2 mg) . = 84,80 mg de NaCl 
 
Rx 
Cloreto de benzalcônio.....................1,0 mg 
Ácido bórico ....................................q.s. 
Água purificada q.s.p.........................10,0 mL 
Preparar solução isotônica. 
 
 
 
 
 
 
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Passo 2 
Para o cloreto de benzalcônio: 
E NaCl = 58,5 g x 1,8  0,1625 
 360 g x 1,8 
 
Passo 1 
Quantidade de NaCl para isotonizar 10 mL de solução: 
0,9 g 100 mL 
 X g 10 mL  0,09 g (90 mg) 
 
Passo 3 
Contribuição do cloreto de benzalcônio: 
1,0 mg x 0,1625 = 0,1625 mg 
 
Passo 4 
Quantidade de NaCl para isotonizar a solução: 
90 mg – 0,1625 mg = 89,84 mg de NaCl 
 
Passo 5 
Quantidade de ácido bórico para isotonizar: 
 mg de NaCl  equivalente do isotonizante 
 89,84 mg  0,52  173 mg 
 
 
 
 
 
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Outro método simples que pode ser empregado para preparar soluções 
isotônicas é conhecido como método USP, uma vez que ele é o preconizado pela 
Farmacopeia Americana. Ele emprega os valores demonstrados no quadro da 
página 62. 
 
Passo 1  Calcular a massa (em g) de fármaco em solução. 
Passo 2  Verificar no quadro da página 62 o volume em mL da solução isotônica 
correspondente. 
Passo 3  Calcular o volume (em mL) de água necessário para preparar a solução 
isotônica. 
Passo 4  Preparar a solução isotônica. 
Passo 5  Completar o volume final desejado com uma solução isotônica 
previamente preparada. 
 
Por exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rx 
Sulfato de atropina..........................300,0 mg 
Água purificada q.s.p.......................15,0 mL 
Preparar solução isotônica. 
 
Passo 1 
300,0 mg equivalem a 0,3 g 
Passo 2 
No quadro da página 62, para 1 g de sulfato de 
atropina, o volume correspondente é 14,3 mL 
 
 
 
 
 
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Observação: Tabelas que apresentam fatores de dissociação e de 
equivalentes de cloreto de sódio para algumas substâncias, e que fornecem o 
volume em mL de uma solução isotônica que pode ser preparada pela adição de 
água a 1g do fármaco, podem ser encontradas nas referências A prática 
farmacêutica na manipulação de medicamentos e no Manual de cálculos 
farmacêuticos, nas páginas 109 -110 e 284-285, respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
--------------- FIM DO MÓDULO III --------------- 
Passo 3 
1 g de sulfato de atropina 14,3 mL de solução 
0,3 g X  4,29 mL 
Completar para 15 mL com solução isotônica previamente preparada.

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