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DOCÊNCIA EM SAÚDE GRIPE A 1 Copyright © Portal Educação 2013 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842g Gripe A / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2013. p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-840-6 1. Influenza A (H1N1). 2. Influenza A (H1N1) – Tratamento 3. Influenza A (H1N1) – Prevenção. I. Portal Educação. II. Título. CDD 614.4 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO (HISTÓRICO) .......................................................................................................... 8 2 SURTOS ANTERIORES................................................................................................................... 13 3 PANDEMIA IINFLUENZA A – H1N1 – 2009 .................................................................................... 14 3.1 SHIFTS ANTIGÊNICOS DO INFLUENZA TIPO A ......................................................................... 14 4 COMPOSIÇÃO DO VÍRUS DA INFLUENZA E SUA MUTAÇÃO ................................................... 15 4.1 MUDANÇAS ANTIGÊNICAS DO INFLUENZA .............................................................................. 15 4.2 COMPOSIÇÃO DO VÍRUS – TIPO INFLUENZA A – PROTEÍNAS ............................................... 18 4.3 PATOGÊNESE DO INFLUENZA A ................................................................................................ 20 4.3.1 A Estrutura do Vírus .................................................................................................................... 22 4.3.2 Como o Vírus Age ...................................................................................................................... 23 4.3.3 Fases de Transmissão ................................................................................................................ 24 4.3.4 Principais Fatores de Risco ........................................................................................................ 26 5 DEFINIÇÃO DE CASO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG) ..................... 29 5.1 ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O MANEJO CLÍNICO ................................................................. 29 5.1.1 Informações Gerais ..................................................................................................................... 29 5.1.2 Avaliação Simplificada de Gravidade em Serviços de Saúde de Atenção Primária e Secundária ........................................................................................................................................... 30 5.1.3 Avaliação em Adultos ................................................................................................................. 31 5.1.4 Avaliação em Crianças ............................................................................................................... 31 6 ASPECTOS LABORATORIAIS ....................................................................................................... 32 6.1 INFORMAÇÕES GERAIS .............................................................................................................. 32 6.2 INDICAÇÃO PARA A COLETA DE AMOSTRAS NO INDIVÍDUO DOENTE ................................. 32 6.3 TÉCNICA PARA A COLETA .......................................................................................................... 33 6.3.1 Acondicionamento, Transporte e Envio de Amostras para Diagnóstico ...................................... 34 6.4 INDICAÇÃO PARA A COLETA DE AMOSTRAR EM SITUAÇÃO DE ÓBITO .............................. 36 6.4.1 Informações Gerais ..................................................................................................................... 36 6.4.2 Coleta dos Espécimes Teciduais ................................................................................................ 36 6.4.3 Pontos Anatômicos de Coleta de Amostras ................................................................................ 37 6.4.4 Acondicionamento das Amostras ................................................................................................ 37 3 6.4.4.1 Para Diagnóstico Viral.............................................................................................................. 37 6.4.4.2. Para Diagnóstico Diferencial Bacteriano ................................................................................. 38 6.4.4.3 Para Diagnóstico Histopatológico ............................................................................................ 38 6.4.5 Envio de Amostras e Documentação Necessária ....................................................................... 38 6.4.5.1 Recebimento dos Resultados .................................................................................................. 39 6.5 DESCENTRALIZAÇÃO DA REALIZAÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAS ............................... 39 7 INDICAÇÕES PARA O USO DO OSELTAMIVIR (TAMIFLU) ......................................................... 40 7.1 TRATAMENTO .............................................................................................................................. 40 7.2 INDICAÇÕES PARA TRATAMENTO ............................................................................................ 41 7.3 DOSAGEM RECOMENDADA ....................................................................................................... 42 7.4 QUIMIOPROFILAXIA ..................................................................................................................... 46 7.5 INFORMAÇÕES ADICIONAIS ....................................................................................................... 46 8 FORMULÁRIO DE DISPENÇÃO DO OSELTAMIVIR ...................................................................... 49 9 FORMULÁRIO DE NOTIFICAÇÃO DO INFLUENZA TIPO A ......................................................... 50 10 MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E CONTROLE A SEREM ADOTADAS NA ASSISTÊNCIA............ 52 10.1 INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................................................ 52 10.2 MEDIDAS PREVENTIVAS ........................................................................................................... 52 10.3 QUEM DEVE ADOTAR AS MEDIDAS DE PRECAUÇÃO ........................................................... 55 10.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI .............................................................. 55 10.4.1 Máscara Cirúrgica ..................................................................................................................... 55 10.4.2 Máscara de Proteção Respiratória (Respirador Particulado) .................................................... 56 10.4.3 Luvas ........................................................................................................................................ 57 10.4.4 Protetor Ocular ou Protetor de Face ......................................................................................... 59 10.4.5 Gorro Descartável .....................................................................................................................59 10.4.6 Capote/Avental ......................................................................................................................... 60 10.4.7 Propés ...................................................................................................................................... 61 10.5 HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS ....................................................................................................... 61 10.5.1 Higienização das Mãos com Água e Sabonete ......................................................................... 62 10.5.2 Técnica Higienização Simples das Mãos com Água e Sabonete ............................................. 63 10.5.3 Higienização das Mãos com Preparação Alcoólica .................................................................. 64 10.5.4 Técnica Fricção Antisséptica das Mãos (com Preparações Alcoólicas) .................................... 65 4 11 MEDIDAS A SEREM IMPLEMENTADAS NO ATENDIMENTO AMBULATORIAL E PRONTO ATENDIMENTO ................................................................................................................................... 66 12 MEDIDAS A SEREM IMPLEMENTADAS NO TRANSPORTE DE PACIENTES ........................... 68 13 ORIENTAÇÕES PARA O ISOLAMENTO NO AMBIENTE HOSPITALAR .................................... 69 13.1 ISOLAMENTO EM QUARTO PRIVATIVO DOS CASOS DE DOENÇA RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE ................................................................................................................................... 69 13.2 ISOLAMENTO POR COORTE .................................................................................................... 69 13.3 OUTRAS ORIENTAÇÕES ........................................................................................................... 69 14 PROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE ................................................................ 71 14.1 INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................................................ 71 14.2 LIMPEZA E DESINFECÇÃO ....................................................................................................... 71 14.3 PROCESSAMENTO DE ROUPAS .............................................................................................. 72 14.4 TRATAMENTO DE RESÍDUOS ................................................................................................... 72 15 VIGILÂNCIA DE DOENÇAS RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE ................................................... 74 15.1 DEFINIÇÕES ............................................................................................................................... 75 15.1.1 Caso de Doença Respiratória Aguda Grave ............................................................................. 75 15.1.2 Caso confirmado de doença respiratória aguda grave por influenza do tipo A ......................... 76 15.1.3 Caso descartado de doença respiratória aguda grave por influenza ........................................ 76 15.1.4 Contato próximo de caso suspeito ou confirmado de Doença Respiratória Aguda Grave ........ 76 15.1.5 Período de transmissão da influenza ........................................................................................ 77 15.2 CONDUTAS FRENTE À IDENTIFICAÇÃO DE CONTATOS PRÓXIMOS COM SINAIS E SINTOMAS DE DOENÇA RESPIRATÓRIA AGUDA ........................................................................... 77 16 DETENÇÃO E INVESTIGAÇÃO DE SURTOS DE SÍNDROME GRIPAL ...................................... 78 16.1 DEFINIÇÕES ............................................................................................................................... 78 16.1.1 Definição de caso de síndrome gripal ....................................................................................... 78 16.1.2 Definição de surto de Síndrome Gripal (SG) ............................................................................. 79 16.1.3 Critério de confirmação para surto de Síndrome Gripal ............................................................ 80 16.1.4 Critério de descarte de surto de Síndrome Gripal ..................................................................... 80 17 ETAPAS DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA ....................................................................... 81 17.1 CARACTERIZAÇÃO CLÍNICO – EPIDEMIOLÓGICA INICIAL .................................................... 81 17.2 COLETA DE AMOSTRAS CLÍNICAS EM SITUAÇÃO DE SURTO ............................................. 82 17.3 CONTROLE DE SURTOS EM COMUNIDADES FECHADAS/ RESTRITAS ............................... 82 5 18 TRATAMENTO DE CASOS, EM SITUAÇÃO DE SURTO ............................................................. 84 19 MEDIDAS GERAIS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE DONÇA RESPIRATÓRIA AGUDA ..... 85 19.1 INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................................................ 85 20 MEDIDAS GERAIS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE DOENÇA RESPIRATÓRIA AGUDA ................................................................................................................................................ 86 20.1 INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................................................ 86 20.2 CUIDADOS EM CRECHES ......................................................................................................... 86 20.3 CUIDADOS COM GESTANTES, PARTURIENTES E RCÉM – NASCIDOS ............................... 87 21 VACINA PARA A INFLUENZA A – H1N1 ...................................................................................... 92 21.1 O INSTITUTO BUTANTÃ............................................................................................................. 92 21.2 INÍCIO DA VACINAÇÃO .............................................................................................................. 92 21.3 GRUPO DE PRIORITÁRIOS ....................................................................................................... 93 22 ORIENTAÇÕES PARA OS VIAJANTES SOBRE A INFLUENZA A ............................................. 95 22.1 DEFINIÇÃO DE CASOS DOS PASSAGEIROS QUE VIAJAM INTERNACIONALMENTE OU NACIONALMENTE .............................................................................................................................. 96 22.2 OBJETIVOS DA PRECAUÇÃO E PROCEDIMENTOS ADOTADOS EM VIAGENS ................... 97 23 PLANO DE INFORMAÇÃO ............................................................................................................ 98 23.1 OBJETIVO ................................................................................................................................... 98 23.2 MEDIDAS GERAIS ...................................................................................................................... 98 24 PLANO OPERACIONAL ............................................................................................................... 100 24.1 PREMISSAS ............................................................................................................................... 100 24.2 COMPETÊNCIAS ....................................................................................................................... 100 24.3 PROCEDIMENTOS PARA VIAJANTE APRESENTADO SINAIS E SINTOMAS COMPATÍVEIS COM A DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE A BORDO DE AERONAVE ..................................................................................... 106 24.4 PROCEDIMENTOS PARA VIAJANTE APRESENTANDO SINAIS E SINTOMAS COMPATÍVEIS COM A DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE A BORDO DE EMBARCAÇÃO ................................................................................ 108 24.5 PROCEDIMENTOS PARAVIAJANTE APRESENTANDO SINAIS E SINTOMAS COMPATÍVEIS COM A DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIO AGUDA GRAVE A BORDO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO COLETIVO DE PASSAGEIROS NA PASSAGEM DE FRONTEIRA ...................................................................................................... 112 6 24.6 PROCEDIMENTOS PARA VIAJANTE APRESENTANDO SINAIS E SINTOMAS COMPATÍVEIS COM A DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE NO SOLO – AEROPORTO ...................................................................................... 114 24.7 PROCEDIMENTOS PARA VIAJANTE APRESENTANDO SINAIS E SINTOMAS COMPATÍVEIS COM A DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE NO SOLO – PORTO ................................................................................................ 116 24.8 PROCEDIMENTOS PARA VIAJANTE APRESENTANDO SINAIS E SINTOMAS COMPATÍVEIS COM A DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE NO SOLO – PASSAGEM DE FRONTEIRA ............................................................. 118 24.8.1 Após remoção do caso suspeito até a unidade de saúde de referência, cabe aos administradores das passagens de fronteira ...................................................................................... 119 25 PLANO DE GESTÃO DE RESÍDUOS ........................................................................................... 120 25.1 OBJETIVO .................................................................................................................................. 120 25.2 DEFINIÇÕES .............................................................................................................................. 120 25.3 PRINCÍPIOS DE PREVENÇÃO SANITÁRIA E AMBIENTAL ..................................................... 120 26 LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE ÁREAS EM MEIOS DE TRANSPORTE E SUPERFÍCIES ...... 122 27 ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS NA ATENÇÃO BÁSICA/ SAÚDE DA FAMÍLIA NO CONTROLE DO INFLUENZA A (H1N1) ............................................................................................ 125 27.1 ATRIBUIÇÕES COMUNS A TODOS OS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA/SAÚDE DA FAMÍLIA ........................................................................................................................................ 125 27.2 ATRIBUIÇÕES DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (ACS) ...................................... 126 27.3 ATRIBUIÇÕES DO MÉDICO ...................................................................................................... 127 27.4 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO ............................................................................................ 128 27.5 ATRIBUIÇÕES DOS TÉCNICOS E AUXILIARES DE ENFERMAGEM ...................................... 129 27.6 ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE BUCAL: CIRURGIÃO-DENTISTA, TÉCNICOS DE SAÚDE BUCAL (TSB) E AUXILIAR DE SAÚDE BUCAL (ASB) ......................................................... 129 27.7 ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DO NASF – NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA .............................................................................................................................................. 130 28 MONITORAMENTO DAS INTERNAÇÕES E DA MORTALIDADE POR INFLUENZA E PNEUMONIA ...................................................................................................................................... 131 28.1 ESTRATÉGIAS DE MONITORAMENTO .................................................................................... 131 29 VIGILÂNCIA SENTINELA PARA INFLUENZA ............................................................................. 134 7 30 NOTIFICAÇÃO E ANÁLISE .......................................................................................................... 135 30.1 ASPECTOS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS NA ANÁLISE .............................................. 135 30.2 PRODUÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES .............................................................. 137 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 139 8 1 INTRODUÇÃO (HISTÓRICO) Diante da pandemia de influenza desencadeada pela circulação, entre seres humanos, do novo vírus da influenza A (H1N1) e com base no conhecimento atual sobre a disseminação mundial deste novo vírus, o Ministério da Saúde elaborou e vem revisando este Protocolo com o objetivo de adequar as medidas estabelecidas no Plano Brasileiro de Preparação para uma Pandemia de Influenza (PBPPI), a cada novo cenário que o país se encontra. A situação epidemiológica atual, no Brasil e no mundo, caracteriza-se por uma pandemia com predominância de casos clinicamente leves e com baixa letalidade. Diante dessa situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando da passagem para o nível seis de Alerta Pandêmico, estratificou os países em: “Com transmissão sustentada”, “Sem ocorrência de casos” e “Em transição” (ainda sem evidências de transmissão comunitária). Esse fenômeno pode favorecer a recombinação genética deste novo vírus, podendo levar ao surgimento de novas ondas epidêmicas e eventual alteração de sua virulência. Esses fatores podem levar ao aumento da demanda por serviços de saúde ambulatoriais e hospitalares, principalmente por indivíduos com condições de risco para complicações e óbito pela doença. Durante os últimos dois meses, a estratégia de enfrentamento desta Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) foi baseada em medidas de contenção – identificação precoce, tratamento e isolamento de casos e no seguimento de seus contatos próximos. No cenário atual, essa estratégia perde importância e efetividade, fenômeno esperado na transmissão de agentes infecciosos, particularmente com as características do vírus influenza – requerendo medidas mais integradas de monitoramento da situação epidemiológica e de priorização da assistência aos casos graves ou com potencial de complicação. Desse modo, considerando a discussão acumulada ao longo dos últimos anos e materializada nas orientações técnicas contidas no Plano Brasileiro de Preparação para a Pandemia de Influenza (PBPPI) e a necessidade de aprimorar a vigilância da influenza no Brasil, o Ministério da Saúde atualizou o presente Protocolo, reiterando que apenas os tópicos aqui descritos devem substituir o que consta no PBPPI. As demais medidas devem ser aplicadas conforme as recomendações do Plano. 9 Ressalta-se que ele se aplica ao cenário epidemiológico brasileiro na atual fase pandêmica, de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A influenza é uma doença infecciosa aguda de transmissão respiratória e elevada transmissibilidade. Da perspectiva da Saúde Pública esta doença representa três distintos problemas que, apesar de inter-relacionados, precisam ser claramente entendidos: a influenza sazonal, a influenza aviária e a pandemia de influenza. a) Influenza Sazonal Corresponde à circulação anual, geralmente nos meses mais frios nos locais de clima temperado ou no período chuvoso nos locais de clima tropical, de variantes antigênicas dos vírus da influenza humana que resultam de alterações parciais da sua estrutura genética. Este fenômeno propicia a ocorrência cíclica da doença na população, motivo de absenteísmo escolar e no trabalho e uma grande sobrecarga aos serviços de saúde. No Brasil, o padrão de sazonalidade varia entre as diversas regiões, sendo mais marcado naquelas que têm estações climáticas bem definidas. A influenza sazonal manifesta-se por meio de surtos anuais de magnitude, gravidade e extensão variáveis. Este é um problema permanente e a principal medida de prevenção é a vacinação anual dos grupos de maior risco para as complicações e óbitos pela doença. b) InfluenzaAviária Como o próprio nome diz, é uma doença de aves, que são o principal reservatório dos vírus influenza na natureza. Há outras espécies animais que também são reservatórios dos vírus influenza, tal como focas, suínos e equídeos. Nas aves, esses vírus são classificados como de alta ou baixa patogenicidade, de acordo com a capacidade de provocar doença grave. A infecção de seres humanos com vírus da influenza aviária é um evento raro que pode resultar em doença de diferentes graus de gravidade, dependendo da patogenicidade e virulência da cepa viral. 10 Atualmente, verifica-se a existência de epizootias de influenza aviária de alta patogenicidade (vírus A/H5N1) na Ásia, África e Europa, com repercussões para a economia dos países afetados e para a saúde humana. c) Pandemia de Influenza Corresponde à circulação de uma cepa de um vírus da influenza humana com características antigênicas completamente distintas das cepas até então circulantes, em razão de um processo de mutação completa, em geral por meio da recombinação de genes entre cepas de distintas espécies. No século passado, ocorreram três pandemias (as chamadas Gripe Espanhola, Gripe Asiática e Gripe de Hong Kong) que repercutiram de forma distinta na morbimortalidade pela doença e suas complicações. A primeira atingiu cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo, com pelo menos 40 milhões de óbitos. As duas outras tiveram repercussão maior na morbidade do que na mortalidade, tendo sido registrados em torno de um milhão de óbitos em cada uma delas. O tempo histórico em que a Gripe Espanhola ocorreu e o estágio do desenvolvimento científico e tecnológico daquele momento seguramente foram fatores determinantes do impacto daquela pandemia. Uma pandemia de gripe pode ser descrita como um evento epidemiológico caracterizado pela circulação mundial de um novo subtipo de um vírus influenza ao qual a população apresenta pouca ou nenhuma imunidade, com características de patogenicidade e virulência suficientes para, sob condições favoráveis de transmissão, infectar um grande número de pessoas. O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, vem desenvolvendo uma série de atividades para aprimorar o conhecimento sobre a situação epidemiológica do país e para aumentar a capacidade de detecção e resposta rápida de doenças infecciosas que representam risco de disseminação em território nacional. Em relação à vigilância, prevenção e controle da influenza, destacam-se: A implantação da vacinação anual para o idoso e demais grupos de risco desde 1999, com a manutenção de elevadas coberturas vacinais desde então; A implantação do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Influenza a partir do ano 2000; 11 A realização, no período de 2003 a 2005, de um monitoramento de vírus da influenza aviária em aves migratórias (atividade conjunta com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)); O estudo sobre a sazonalidade da circulação dos vírus influenza em uma região tipicamente tropical do país, em parceria com a OPAS/OMS; Estudos ecológicos sobre internações por influenza e causas associadas; A designação, em 2003, de um Comitê Técnico para iniciar a elaboração do Plano de Preparação para a pandemia; A contratação de uma consultoria específica para desenvolver um estudo de modelagem para a elaboração de cenários pandêmicos, para subsidiar o planejamento e a programação de atividades nos níveis federal e estaduais; A aquisição de um estoque estratégico de oseltamivir para uso em situações específicas; Investimentos no Instituto Butantã/SP para a produção de vacinas contras as cepas sazonais e contra a cepa pandêmica; na atualidade, este Instituto já possui a capacidade tecnológica de fabricar uma vacina contra a cepa aviária A/H5N1, para uso em situações emergenciais. A Presidência da República criou, por meio de um Decreto, o Grupo Executivo Interministerial (Decreto de 24 de outubro de 2005/PRE), que reúne representantes da Presidência da República (Casa Civil e Gabinete de Segurança Institucional); do Ministério da Saúde (responsável pela coordenação deste Grupo); do Ministério da Fazenda; do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; do Ministério da Integração Nacional; do Ministério das Relações Exteriores; do Ministério da Justiça e do Ministério da Defesa. Mais recentemente, a inauguração do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) aumenta a capacidade tecnológica e de inteligência epidemiológica para o monitoramento e a tomada de decisão relativas às situações que se configurem como emergências potenciais ou reais em Saúde Pública no Brasil. Objetivos do Plano Brasileiro de Preparação para uma pandemia de influenza: a) Gerais 12 Reduzir os efeitos da disseminação de uma cepa pandêmica do vírus influenza sobre a morbimortalidade da população brasileira; Reduzir as repercussões de uma pandemia de influenza na economia e no funcionamento dos serviços essenciais do país. b) Específicos Retardar a introdução e a disseminação de uma cepa pandêmica entre a população brasileira; Reduzir a morbidade, principalmente das formas graves da doença, e a mortalidade por influenza; Fortalecer a infraestrutura do país para lidar com situações de emergência epidemiológica em doenças de transmissão respiratória; Fortalecer os mecanismos de cooperação e articulação técnica entre as distintas esferas da Administração Federal direta ou indiretamente envolvidas com a resposta rápida e efetiva às emergências em Saúde Pública; Desenvolver e/ou fortalecer os mecanismos jurídicos e político-gerenciais necessários para apoiar o processo de tomada de decisão nas situações de emergência em Saúde Pública; Desenvolver e/ou fortalecer os mecanismos de cooperação com centros de produção de conhecimento científico e tecnológico para estudar aspectos particulares das intervenções propostas (eficácia e efetividade de uma nova vacina, resistência aos antivirais, efetividade do uso de antivirais em situação pandêmica, eventos adversos, etc.); Desenvolver e/ou fortalecer os mecanismos de cooperação internacional. Esses objetivos somente serão alcançados com os esforços coordenados de todas as três esferas governamentais e de outros setores da sociedade no seu planejamento e execução. Como todo Plano, deve ser continuamente aperfeiçoado de acordo com a produção de novas evidências científicas, com a incorporação de novas tecnologias, com a necessidade de ajustes operacionais e com o amadurecimento do processo de integração político-institucional. 13 2 SURTOS ANTERIORES 1977 – Gripe Russa – H1N1 – afetou crianças e adolescentes; 1997 – Hong Kong – H5N1 – vírus aviário descrito pela primeira vez no homem, 18 pessoas hospitalizadas e cinco óbitos. Disseminação de aves para o homem, rara a transmissão de pessoas para pessoas; 2003 – Holanda – H7N7 – surtos em fazendas de aves seguidos por infecções em porcos e no homem; 89 pessoas com infecção confirmada e somente um óbito. Transmissão de aves para o homem, possivelmente três casos com transmissão pessoa para pessoa; 2003 – China e Hong Kong – H5N1 – até os dias atuais. Pico em 2006. 14 3 PANDEMIA DA INFLUENZA A – H1N1 – 2009 Primeiros casos em março e abril de 2009 no México e nos EUA – influenza-like ilness; 15/04/09: primeiro caso confirmado laboratorialmente de infecção por novo subtipo viral – EUA; 15 a 22/04/09: confirmada transmissão inter-humana; 24/04/09 – identificado novo subtipo viral A/California/04/2009; 25/04/09: OMS declara ESPII; 11/06/09: declarada pandemia – Fase 6. 3.1 SHIFTSANTIGÊNICOS DA INFLUENZA TIPO A ANO SUBTIPO GRAVIDADE DA PANDEMIA 1889 H3N2 Moderada 1918 H1N1 Grave 1957 H2N2 Grave 1968 H3N2 Moderada 1977 H1N1 Leve 15 4 COMPOSIÇÃO DO VÍRUS DA INFLUENZA E SUA MUTAÇÃO 4.1 MUDANÇAS ANTIGÊNICAS DO INFLUENZA DRIFTS ANTIGÊNICOS Alteração menor, mesmo subtipo; Causado por mutações gênicas pontuais; Pode resultar em epidemia – evasão imune. SHIFTS ANTIGÊNICOS Alteração maior, novo subtipo; Causado por rearranjo de segmentos gênicos; Pode resultar em pandemia – população – não imune. 16 FIGURA 1 - DRIFTS ANTIGÊNICOS FONTE: Drif Antigênico. Disponível em: <http://indiah1n1.com/doctrs2.htm>. Acesso em: 18 mar. 2010. 17 FIGURA 2 - SHIFTS ANTIGÊNICOS FONTE: Shif Antigênico. Disponível em: <http://indiah1n1.com/doctrs4.htm>. Acesso em: 18 mar. 2010. 18 4.2 COMPOSIÇÃO DO VÍRUS – TIPO INFLUENZA A – PROTEÍNAS HEMAGLUTININA: ligação a receptores de superfície para invasão celular – ácido siálico – 15 subtipos. NEURAMINIDASE: clivagem dos resíduos de ácido siálico para a liberação da nova partícula viral – 9 subtipos. FIGURA 3 - COMBINAÇÕES = SUBTIPOS VIRAIS FONTE: Medcel (2009). 19 FIGURA 4 - IMAGEM MICROSCÓPICA VÍRUS H1N1 FONTE: Instituto Butantã. FIGURA 5 - CICLO VÍRUS INFLUENZA FONTE: Disponível em: <http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/virus_container/influenza_ciclo.jpg>. Acesso em: 18 mar. 2010. 20 4.3 PATOGÊNESE DA INFLUENZA A O vírus da Influenza pertence à família dos Ortomixovírus e se apresenta em 3 tipos: A, B e C. O tipo A promove doença moderada a severa em todas as faixas etárias e pode causar epidemias, afetando até animais; O tipo B afeta somente humanos, principalmente crianças e causa epidemias leves; O tipo C não é epidêmico. Os vírus A e B são os mais comuns. Cada um dos tipos apresenta populações diversas, denominadas cepas. Os vírus da Influenza podem sofrer de forma permanente, pequenas alterações na sua superfície, caracterizadas como mudanças antigênicas leves. É por isso que a cada ano a composição da vacina contra o vírus da Influenza precisa ser alterada. Há no mundo uma rede de mais de cem laboratórios credenciados pela Organização Mundial da Saúde, que são responsáveis por captar os vírus circulantes na população e caracterizá-los. No ano passado, as cepas de vírus da Influenza circulantes no país foram: Influenza A/Sydney/05/97 Like (H3N2); Influenza A/Bayern/07/97 Like (H1N1); Influenza B/Beijing/184/93; Influenza B/Beijing/243/97. Em todo o mundo, o vírus da Influenza é bastante disseminado, produzindo epidemias anuais, com grau variado de gravidade. Os vírus multiplicam-se invadindo células hospedeiras e ordenando-lhes que produzam muitas cópias do seu próprio DNA, uma tarefa que o vírus é incapaz de desempenhar. Ligam-se ao exterior da célula e injetam-lhe o seu DNA. A célula não distingue entre o DNA oferecido pelo vírus e o seu próprio. Apenas segue as instruções genéticas inscritas no interior das suas paredes para fazer cópias de qualquer DNA que lhe apareça. Assim, em lugar de produzir novo material celular, a célula invadida transforma-se em uma fábrica de vírus. Esses abandonam a 21 célula que os gerou e partem em busca de outras células para multiplicar-se. E quando isso acontece em nosso corpo e o sistema imunitário não reconhece o vírus invasor, ficamos doentes. Em geral, somos imunes a esses vírus não porque o nosso sistema imunitário já tenha tido oportunidade de conhecê-los e de se apetrechar para enfrentá-los, mas, sobretudo, porque tais vírus nunca se aventuraram nesse novo território que é o corpo humano. Ora, é quando lhes propiciamos essa aventura, quer invadindo uma floresta virgem onde, por exemplo, o vírus Ebola levava uma vida pacata em um hospedeiro qualquer (talvez um roedor ou um inseto), quer criando aves em condições de grande promiscuidade, que os vírus procuram alargar o seu domínio às células humanas que, totalmente desprevenidas, ficam à mercê de legiões de micro- organismos. É que essa é uma característica intrínseca dos vírus: a necessidade de novos locais para infestação, "conquistar novos territórios". É o instinto natural de muitas espécies. Desenvolve-se, então, aquilo a que os médicos chamam um surto de nova cepa. E pouco há a fazer a não ser tentar circunscrever o surto. Como a cepa é nova, desconhecida, não existe qualquer forma de tratar a doença, nem alguma vacina que impeça o contágio. Todos se recordam das terríveis consequências do mais recente surto de Ebola na África Central; estamos familiarizados com as baixas que as novas estirpes de vírus da gripe costumam provocar, em especial nas pessoas menos resistentes – idosos e doentes do aparelho respiratório –, e também sabemos que certos vírus, apesar de conhecidos há muitos anos, insistem em não dar tréguas à humanidade. 22 4.3.1 A estrutura do vírus FIGURA 6 - ESTRUTURA DO VÍRUS INFLUENZA FONTE: Medcel (2009). 1) O RNA (Ácido Ribonucleico) é uma espécie de "livro de receitas" de como deve funcionar o micro-organismo. A combinação de ingredientes é que faz a diferença de um vírus da gripe para outro. Depois que o vírus entra na célula, o RNA guia a fabricação de novos micro-organismos. O RNA do Influenza tem alta capacidade de mutação. Por isso, cada gripe se apresenta de forma diferente. 2) Espículas: pequenas pontas que facilitam a fixação do vírus nas mucosas e nas membranas das células. 3) Cápside: tipo de capa para proteger o RNA, núcleo do vírus. 4) Envelope: estrutura que envolve a cápside, formada por proteínas e gorduras. 23 4.3.2 Como o vírus age FIGURA 7 - COMO O VÍRUS DA INFLUENZA AGE FONTE: Medcel (2009). 1) O vírus penetra no organismo, principalmente por meio das mucosas, pele que serve de revestimento para o nariz, a boca e os olhos. 2) Pela mucosa do nariz, o Influenza atinge a corrente sanguínea. A passagem do vírus pela mucosa nasal aumenta a produção de secreção e provoca o primeiro sintoma da gripe: a coriza. 3) Na corrente sanguínea, os vírus atacam as células. 4) O vírus, quando penetra na célula, libera o RNA, que é transformado em DNA (outro tipo de livro de receitas) graças à ação de uma enzima, a transcriptase reversa. 5) Quando o RNA se transforma em DNA, a célula é enganada, pois não interpreta o vírus como corpo estranho. 6) O DNA do vírus se funde com o da célula, impedindo assim seu funcionamento normal e obrigando-a a produzir cópias do vírus. 24 4.3.3 Fases de transmissão FIGURA 8 - FASES DE TRANSMISSÃO Período Fases Definição da OMS Objetivos fundamentais de saúde pública Interpandêmico Fase 1 Não foram detectados novos subtipos do vírus da gripe em humanos. Um subtipo de vírus da gripe que já causou infecção em humanos pode estar em circulação entre animais, mas o risco de infecção ou doença humana é baixo. Reforçar a preparação/os planos de contingência para a gripe pandêmica, ao nível global, regional e nacional. Fase 2 Não foram detectados novos subtipos do vírus da gripe em humanos. No entanto, existe um subtipo do vírus da gripe em circulação em animais que apresenta um elevado risco de infecção humana. Minimizar o risco de transmissão aos humanos por meio da rápida detecção e declaração de situações de transmissão se ocorrerem. Alerta pandêmico Fase 3 Existe infecção humana com um novo subtipo do vírus, mas não foi detectada transmissão pessoa a pessoa ou, no máximo, houve situações de transmissão para contatos próximos. Assegurar a rápida caracterização do novosubtipo do vírus e a detecção rápida, declaração e resposta a casos adicionais. Fase 4 Existem um ou mais pequenos clusters/surtos com transmissão pessoa a pessoa limitada, no entanto a disseminação do vírus é completamente localizada, indicando que o vírus ainda não está bem adaptado ao hospedeiro humano. Manter/Conter o novo vírus em focos limitados ou retardar a sua disseminação de forma a ganhar tempo para implementar medidas de preparação/prevenção, incluindo o desenvolvimento de vacinas. 25 Fase 5 Existem clusters/surtos de maiores dimensões, mas a transmissão pessoa a pessoa ainda é localizada, indicando que o vírus está a adaptar-se gradualmente melhor ao hospedeiro humano, mas ainda não atingiu um nível de transmissão considerado eficaz (substancial risco pandêmico). Reforçar as ações de contenção ou retardamento da disseminação do vírus, de forma a evitar (possivelmente) a pandemia e ganhar tempo para implementar medidas de resposta à pandemia. Pandêmico Fase 6 A pandemia está instalada: existe um risco aumentado e substancial de transmissão na população em geral. Minimizar o impacto da pandemia FONTE: <http://pauloquerido.pt/economia/fases-pandemicas-o-que-significa-passar-de-3-para- 4/>. Acesso em: 18 mar. 2010. FIGURA 9 - FASES DE TRANSMISSÃO FONTE: Medcel (2009). 26 FIGURA 10 - FASES DE TRANSMISSÃO FONTE: ANVISA (2009). 4.3.4 Principais fatores de risco Idade inferior a dois anos ou superior a 60 anos; Imunodepressão como neoplasia, AIDS ou uso de medicação imunossupressora; Condições crônicas como hemoglobinopatias, diabetes mellitus, cardiopatias, pneumopatias, doenças renais crônicas, obesidade mórbida; Gestação. 27 FIGURA 11 - DISTRIBUIÇÃO DE CASOS DE SRAG, PELA NOVA INFLUENZA A (H1N1) E PELA INFLUENZA SAZONAL, SEGUNDO GRUPOS E FATORES DE RISCO. BRASIL, ATÉ SET. 31/2009 FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area =124&CO_NOTICIA=10450>. Acesso em: 18 mar. 2010. 28 FIGURA 12 - DISTRIBUIÇÃO DE CASOS DE SRAG, POR INFLUENZA EM MULHERES EM IDADE FÉRTIL, SEGUNDO GESTAÇÃO FONTE: SINAN (2009). 29 5 DEFINIÇÃO DE CASO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG) Indivíduo de qualquer idade com doença respiratória aguda caracterizada por febre superior a 38ºC, tosse e dispneia, acompanhada ou não de manifestações gastrointestinais ou dos sinais e sintomas abaixo: a) Aumento da frequência respiratória (> 25 IRPM - incursões respiratórias por minuto); b) Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente; c) Em crianças, além dos itens acima, observar também: batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência. O quadro clínico pode ou não ser acompanhado de alterações laboratoriais e radiológicas listadas abaixo: Alterações laboratoriais: leucocitose, leucopenia ou neutrofilia; Radiografia de tórax: infiltrado intersticial localizado ou difuso ou presença de área de condensação; Na presença desses sinais e sintomas, o paciente deve ser enviado para internação; Alerta: deve ser dada atenção especial a essas alterações quando ocorrerem em pacientes que apresentem fatores de risco para a complicação por influenza. 5.1 ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O MANEJO CLÍNICO 5.1.1 Informações gerais No indivíduo com manifestações clínicas compatíveis com doença respiratória aguda grave, deve-se: 30 Orientar o afastamento temporário, de acordo com cada caso, das atividades de rotina (trabalho, escola, etc.) avaliando período de transmissibilidade da doença; Utilizar equipamentos de proteção individual conforme orientações nesse Protocolo; Realizar avaliação clínica minuciosa; Coletar amostra de secreção nasofaringeana e de sangue até o sétimo dia de início dos sintomas; Recomenda-se fortemente internar o paciente, dispensando-lhe todos os cuidados que o caso requer; Todo paciente, uma vez instalado o quadro de síndrome gripal, MESMO EM QUADRO LEVE ONDE NÃO ESTÁ INDICADA A INTERNAÇÃO HOSPITALAR, deve ser orientado a ficar atento a todos os sinais e sintomas de agravamento e, em persistindo ou piorando um sinal ou sintoma entre 24 e 48 horas, consecutivas ao exame clínico, ele deve RETORNAR imediatamente a um serviço de saúde. Mecanismos adicionais podem ser desenvolvidos em cada unidade de saúde de modo a ajudar nesse monitoramento, no intervalo entre 24h e 48h, visando à identificação precoce de sinais de agravamento. Importante: para menores de 18 anos de idade é contraindicado o uso de salicilatos em casos suspeitos ou confirmados de infecção por vírus influenza, por causa do risco de desenvolvimento da Síndrome de Reye. 5.1.2 Avaliação simplificada de gravidade em serviços de saúde de atenção primária e secundária Os casos de DRAG deverão ser encaminhados para o Hospital de Referência, caso apresentarem um ou mais dos sinais e sintomas a seguir. 31 5.1.3 Avaliação em adultos Confusão mental; Frequência respiratória > 30 IRPM; PA diastólica < 60 mmHg ou PA sistólica < 90 mmHg; Idade > 60 anos de idade. 5.1.4 Avaliação em crianças Cianose; Batimento de asa de nariz; Taquipneia: dois meses a menor de um ano (>50 IRPM); um a cinco anos (>40 IRPM); Toxemia; Tiragem intercostal; Desidratação/ vômitos/ inapetência; Dificuldade para ingestão de líquidos ou amamentar; Estado geral comprometido; Dificuldades familiares em medicar e observar cuidadosamente; Presença de comorbidades/ imunodepressão. 32 6 ASPECTOS LABORATORIAIS 6.1 INFORMAÇÕES GERAIS Os agentes infecciosos prioritários para investigação etiológica são os vírus influenza e os agentes etiológicos responsáveis por quadros de pneumonia bacteriana; As amostras de secreções respiratórias devem ser coletadas preferencialmente entre o 3º (terceiro) e 7º (sétimo) dia, após o início dos sintomas; A técnica de diagnóstico preconizada pela OMS para confirmação laboratorial do novo vírus Influenza A(H1N1) é o RT-PCR; Não é recomendada a metodologia de Imunofluorescência Indireta (IFI) para detecção desse novo subtipo de Influenza A(H1N1), no momento atual; O processamento das amostras de secreção respiratória de casos suspeitos para o diagnóstico de infecção pelo novo vírus Influenza A(H1N1) será realizado exclusivamente pelos Laboratórios de Referência (LR): Instituto Adolfo Lutz (IAL/SP) em São Paulo; Instituto Evandro Chagas (IEC/PA) no Pará; Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/RJ) no Rio de Janeiro. Considerando as normas de biossegurança vigentes no país e as recomendações da OMS, o Ministério da Saúde reitera que a coleta de amostras de material humano seja realizada rigorosamente dentro das normas de biossegurança preconizadas para essa situação; Os Laboratórios Centrais de Saúde Pública - LACEN poderão processar amostras de sangue ou outras amostras clínicas que não sejam do trato respiratório para subsidiar o diagnóstico diferencial, conforme as hipóteses diagnósticas elencadas no hospital de referência e desde que façam parte da lista de exames próprios dessa rede de laboratórios, adotando-se as medidas de biossegurança preconizadas para cada situação. 33 6.2 INDICAÇÃO PARA A COLETA DE AMOSTRAS NO INDIVÍDUO DOENTE Diante de um caso suspeito de doença respiratória aguda grave (apresentando ou não fator de risco para complicações) poderão ser coletadas amostras clínicas de: Secreção nasofaringeana: para detecção de vírus influenza; Sangue para hemocultura:para realização de pesquisa de agentes microbianos e avaliação da resistência antimicrobiana; Outras amostras clínicas: serão utilizadas apenas para monitoramento da evolução clínica do paciente e/ou para realização de diagnóstico diferencial, conforme hipóteses elencadas pelo médico do hospital de referência e as evidências geradas pela investigação epidemiológica. 6.3 TÉCNICA PARA A COLETA Preferencialmente, utilizar a técnica de aspirado de nasofaringe com frasco coletor de secreção, pois a amostra obtida por essa técnica pode concentrar maior número de células; Na impossibilidade de utilizar a técnica de aspirado de nasofaringe, como alternativa, poderá ser utilizada a técnica de swab combinado de nasofaringe e orofaringe, exclusivamente com swab de rayon; Não deverá ser utilizado swab de algodão, pois o mesmo interfere nas metodologias moleculares utilizadas; As amostras de secreção respiratória coletadas devem ser mantidas em temperatura adequada de refrigeração (4º C a 8º C) e encaminhadas aos LACEN no mesmo dia da coleta. 34 FIGURA 13 - SWAB FONTE: Ministério da Saúde (2009). 6.3.1 Acondicionamento, transporte e envio de amostras para diagnóstico Todas as unidades coletoras (unidades de saúde) deverão encaminhar as amostras ao LACEN de seu Estado ou Distrito Federal acompanhadas da ficha epidemiológica devidamente preenchida. As amostras deverão ser colocadas em caixas (térmicas) de paredes rígidas, que mantenham a temperatura adequada de refrigeração (4º C a 8º C) até a chegada ao LACEN. O LACEN deverá acondicionar a amostra em caixas específicas para Transporte de Substâncias Infecciosas, preferencialmente em gelo seco. Na impossibilidade de obter gelo seco, a amostra poderá ser congelada a -70ºC e encaminhada em gelo reciclável. O envio e a comunicação com a informação do “número de conhecimento aéreo” devem ser imediatos para o respectivo laboratório de referência. O transporte deve obedecer as Normas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). 35 FIGURA 14 - EMBALAGEM PARA SUBSTÂNCIAS INFECCIOSAS FONTE: ANVISA (2009). FIGURA 15 - EMBALAGEM PARA SUBSTÂNCIAS INFECCIOSAS FONTE: ANVISA (2009). 36 6.4 INDICAÇÃO PARA A COLETA EM SITUAÇÃO DE ÓBITOS AMOSTRAS 6.4.1 Informações gerais Recomendado, APENAS NOS LOCAIS ONDE SEJA VIÁVEL A REALIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE COLETA DE AMOSTRAS, para diagnóstico post mortem de casos de doença respiratória aguda grave sem diagnóstico etiológico prévio em situações especiais indicadas pela vigilância epidemiológica, especificadas a seguir. Os ácidos nucleicos virais podem ser detectados em diversos tecidos, principalmente de brônquios e pulmões, que constituem espécimes de escolha para o diagnóstico laboratorial de vírus influenza pela técnica de Transcrição Reversa associada à Reação em Cadeia mediada pela Polimerase (RT-PCR). No entanto, considerando a principal infecção secundária à influenza, foram contempladas neste item orientações para coleta de amostras para o diagnóstico bacteriano diferencial, bem como para o diagnóstico histopatológico. 6.4.2 Coleta dos espécimes teciduais Devem ser coletados, no mínimo, oito fragmentos de cada tecido, com dimensões aproximadas de 1 a 3 cm. Amostras de outros sítios das vias aéreas também podem ser submetidas a culturas e a ensaios moleculares. Colocar em recipientes separados e devidamente identificados as amostras coletadas de órgãos diferentes. 37 6.4.3 Pontos anatômicos de coleta de amostras Da região central dos brônquios (hilar), dos brônquios direito e esquerdo e da traqueia proximal e distal; Do parênquima pulmonar direito e esquerdo; Das tonsilas e mucosa nasal; De pacientes com suspeita de miocardites, encefalites e rabdomiólise podem ser coletados fragmentos do miocárdio (ventrículo direito e esquerdo), SNC (córtex cerebral, gânglios basais, ponte, medula e cerebelo) e musculoesquelético, respectivamente; Espécimes de qualquer outro órgão, mostrando aparente alteração macroscópica, podem ser encaminhados para investigação da etiologia viral. 6.4.4 Acondicionamento das amostras 6.4.4.1 Para diagnóstico Viral As amostras frescas coletadas de diferentes sítios das vias respiratórias, ou qualquer outra localização anatômica, devem ser acondicionadas individualmente em recipientes estéreis e imersas em meio de transporte viral ou solução salina tamponada (PBS pH 7.2), suplementadas com antibióticos. Imediatamente após a coleta, os espécimes identificados com sua origem tecidual devem ser congelados e transportados em gelo seco. 38 6.4.4.2 Para diagnóstico diferencial bacteriano As amostras frescas coletadas de diferentes sítios das vias respiratórias, ou qualquer outra localização anatômica, devem ser acondicionadas individualmente em recipientes estéreis e imersas em solução salina tamponada (PBS pH 7.2), sem antibióticos. Imediatamente após a coleta, os espécimes identificados com sua origem tecidual devem ser mantidos e transportados sob refrigeração (4ºC) ao laboratório para diagnóstico. 6.4.4.3 Para diagnóstico histopatológico A coleta de amostras para realização do diagnóstico histopatológico deve ser feita observando-se os protocolos em vigência nos serviços locais de patologia. Acondicionar as amostras em frasco de vidro com boca larga com formalina tamponada a 10%. Utilizar parafina sem compostos adicionais (por exemplo: cera de abelha, cera de carnaúba, etc.) no processo de parafinização dos fragmentos. 6.4.5 Envio de amostras e documentação necessária Resumo do histórico clínico; Cópia do laudo preliminar ou conclusivo da necropsia; Cópia de qualquer resultado laboratorial pertinente; Ficha completa de identificação do indivíduo com o endereço para envio do resultado laboratorial. 39 Nota 1: Todas as amostras de tecidos deverão ser encaminhadas seguindo as normas de acondicionamento e transporte de substâncias infecciosas da IATA. Nota 2: Após o embarque da amostra, o Laboratório de Referência deverá ser informado do “número do conhecimento aéreo” para o monitoramento da recepção do material enviado. 6.4.5.1 Recebimento dos resultados Todos os resultados serão encaminhados para as respectivas Secretarias Estaduais de Saúde. 6.5 DESCENTRALIZAÇÕES DA REALIZAÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS O Ministério da Saúde, no início do mês de julho de 2009, orientado pelos dois Laboratórios de Referência Nacional LACEN e Instituto Butantã iniciou o processo de preparação da rede pública de laboratórios para a realização dos testes diagnósticos para identificação de Influenza A (H1N1), nos casos indicados neste protocolo. 40 7 INDICAÇÕES PARA O USO DO OLSETAMIVIR (TAMIFLU) 7.1 TRATAMENTO Segundo orientações do fabricante e da Organização Mundial da Saúde, o tratamento deve ser iniciado o mais breve possível dentro das primeiras 48 horas após o início dos sintomas. Como em toda prescrição terapêutica, atentar para as interações medicamentosas, as contraindicações formais e os efeitos colaterais descritos na bula do medicamento. Esse medicamento pode ainda induzir resistência dos vírus influenza, se utilizado de forma indiscriminada. Segundo a orientação do fabricante, o oseltamivir deve ser usado durante a gravidez somente se o benefício justificar o risco potencial para o feto. FIGURA 16 - OSELTAMIVIR FONTE: Ministério da Saúde (2009). 41 FIGURA 17 - AÇÃO DO OLSETAMIVIR INIBINDO A NEURAMINIDASE FONTE: Medcel (2009). 7.2 INDICAÇÕES PARA TRATAMENTO O medicamento antiviral oseltamivir (TAMIFLU®)deve ser utilizado, em princípio, até 48 horas a partir da data de início dos sintomas, observando-se as recomendações do fabricante constantes na bula do medicamento. São elegíveis para tratamento: Indivíduos com doença respiratória aguda grave (indivíduo de qualquer idade com doença respiratória aguda caracterizada por febre superior a 38ºC, tosse e dispneia e/ou outros sinais de gravidade, acompanhada ou não de dor de garganta ou manifestações gastrointestinais). A critério do médico-assistente, o oseltamivir poderá ser indicado nos casos de Doença Respiratória Aguda Grave após as 48 horas de início da doença, podendo ser usado até o sétimo dia. Sinais e sintomas preditivos de gravidade: 42 Adultos: Confusão mental; Saturação de O2 <93%; PA diastólica < 60 mmHg ou PA sistólica < 90 mmHg; Frequência respiratória > 30 mrm. Crianças: Cianose; Batimento de asa do nariz; Taquipneia; Toxemia; Tiragem intercostal; Desidratação. Obs.: Cabe ao médico assistente avaliar a gravidade do quadro clínico do paciente, podendo ser considerados outros critérios para indicação do oseltamivir, tais como febre elevada e persistente, sinais de toxemia, raios X de tórax com infiltrado intersticial localizado ou difuso, ou presença de área de consolidação. FACE À POSSIBILIDADE DE DESENVOLVIMENTO DE RESISTÊNCIA AO ANTIVIRAL, NÃO ESTÁ INDICADO O USO INDISCRIMINADO DO OSELTAMIVIR NA SÍNDROME GRIPAL. 7.3 DOSAGENS RECOMENDADA A dose recomendada é de 75 mg, duas vezes ao dia, por cinco dias, para adultos. Para crianças acima de um ano de idade e menores que 12 anos, com menos de 40 kg, as doses variam de acordo com o peso, conforme especificação a seguir, durante cinco dias: 43 FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. Nas crianças abaixo de um ano internadas com Doença Respiratória Aguda Grave, a critério do médico-assistente, o oseltamivir poderá ser administrado por cinco dias, de acordo com as dosagens abaixo: FONTE: Arquivo Pessoal do Autor ATENÇÃO: após a diluição, a suspensão do oseltamivir poderá ser utilizada por 10 dias, se mantida em temperatura ambiente, ou por até 17 dias, em temperatura de 4ºC-8ºC (refrigerador). É importante que os frascos sejam datados no momento da diluição, podendo ser reaproveitados para outros pacientes. 44 FIGURA 18 - ATENDIMENTO DE PACIENTES COM SUSPEITA DE INFLUENZA A (H1N1) NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 45 FONTE: BRASIL, Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/fluxograma_aps_28jul09.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2010. 46 7.4 QUIMIOPROFILAXIA Está absolutamente contraindicado o uso do oseltamivir para quimioprofilaxia em qualquer situação; O uso deste medicamento para profilaxia está indicado APENAS nas seguintes situações: Os profissionais de laboratório que tenham manipulado amostras clínicas que contenham a nova Influenza A (H1N1) sem o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) ou que utilizaram de maneira inadequada; Os trabalhadores de saúde que estiveram envolvidos na realização de procedimentos invasivos (geradores de aerossóis) ou manipulação de secreções de um caso suspeito ou confirmado de infecção pela nova Influenza A (H1N1) sem o uso de EPI ou que utilizaram de maneira inadequada. 7.5 INFORMAÇÕES ADICIONAIS Os pacientes que desenvolvem efeitos colaterais gastrointestinais graves podem reduzir a absorção oral do oseltamivir. Porém, atualmente, não há nenhuma evidência científica para sugerir o aumento da dose ou do tempo de utilização do antiviral, nesta situação. Para os pacientes que vomitam até uma hora após a ingestão do medicamento, pode ser administrada uma dose adicional, conforme esquema anterior. Tão importante quanto o tratamento específico para a doença respiratória aguda grave é a adoção oportuna de todas as medidas de suporte clínico ao paciente, segundo avaliação médica de cada caso, além do uso de medidas não farmacológicas. IMPORTANTE: Se for afastado o diagnóstico de infecção por qualquer vírus influenza, suspender a administração do oseltamivir; 47 Na ficha de notificação, atualizar ou incluir no campo “informações adicionais” as atualizações sobre data de início do tratamento com oseltamivir e as medidas complementares adotadas; A notificação de eventos adversos ao medicamento deve ser feita à ANVISA por meio do endereço eletrônico anvisa@saude.gov.br. FIGURA 19 - CARTÃO DE ACOMPANHAMENTO DA SÍNDROME GRIPAL DO SUS mailto:anvisa@saude.gov.br 48 FONTE: Ministério da Saúde (2009). 49 8 FORMULÁRIO DE DISPENSAÇÃO DO OLSETAMIVIR FIGURA 20 - FORMULÁRIO DE DISPENSAÇÃO DE OSELTAMIVIR FONTE: Secretária da Saúde do Rio Grande do Sul (2009). 50 9 FORMULÁRIO DE NOTIFICAÇÃO DO INFLUENZA TIPO A FIGURA 21 - FORMULÁRIO DE NOTIFICAÇÃO DO INFLUENZA TIPO A 51 FONTE: Secretária da Saúde do Rio Grande do Sul (2009). 52 10 MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E CONTROLE A SEREM ADOTADAS NA ASSISTÊNCIA 10.1 INFORMAÇÕES GERAIS Com o aumento do número de casos de influenza A (H1N1), o que gerou um maior conhecimento sobre a epidemiologia viral, observou-se a necessidade de revisão das medidas de precaução e controle a serem instituídas nos serviços de saúde. Atualmente, as evidências sugerem que o vírus da influenza A (H1N1) está apresentando uma dinâmica de transmissão semelhante à da influenza sazonal. Sendo assim, recomenda-se que sejam instituídas medidas de precaução para gotícula e precaução padrão na assistência a casos suspeitos e confirmados de infecção pelo vírus da influenza A (H1N1) nos serviços de saúde. Entretanto, para procedimentos com risco de geração de aerossol, enfatiza-se que devem ser incluídas as precauções para aerossóis. 10.2 MEDIDAS PREVENTIVAS É importante destacar que a adoção de medidas de precaução deve estar sempre associada a outras medidas preventivas, tais como: Frequente higienização das mãos; Utilizar lenço descartável para higiene nasal; Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir; Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; Higienizar as mãos após tossir ou espirrar; Evitar tocar superfícies com luvas ou outro EPI contaminados ou com mãos contaminadas. As superfícies envolvem aquelas próximas ao paciente (ex.: mobiliário e 53 equipamentos para a saúde) e aquelas fora do ambiente próximo ao paciente, porém relacionadas ao cuidado com o paciente (ex.: maçaneta, interruptor de luz, chave, caneta, entre outros); Não circular dentro do hospital usando os EPI; esses devem ser imediatamente removidos após a saída do quarto, enfermaria ou área de isolamento; Restringir a atuação de profissionais de saúde com doença respiratória aguda na assistência ao paciente. 54 FIGURA 22 - COMO SE PROTEGER DA GRIPE A FONTE: Organização Mundial da Saúde (2009). 55 10.3 QUEM DEVE ADOTAR AS MEDIDAS DE PRECAUÇÃO Todos os profissionais de saúde que prestam assistência direta ao paciente (ex.: médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, equipe de radiologia, entre outros); Toda a equipe de suporte, que necessite entrar no quarto, enfermaria ou área de isolamento, incluindo pessoal de limpeza, nutrição e responsáveis pela retirada de produtos e roupas sujas da unidade de isolamento. Porém, recomenda-se que o mínimo de pessoas entre no isolamento; Todos os profissionais de laboratório, durante coleta, transporte e manipulação de amostras de pacientes com infecção por influenza A (H1N1); Familiares e visitantes que tenham contato com pacientes com infecção por influenza A (H1N1); Os profissionais de saúde que executam o procedimento de verificação de óbito; Outros profissionais que entram em contato com pacientes com infecção por influenza A (H1N1). Nota 1: Ressalta-se a necessidade do uso racional de EPI nos serviços de saúde. 10.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI 10.4.1 Máscara cirúrgica Deve ser utilizada para evitar a contaminação do profissional por gotículas respiratórias, quando o mesmo atuar a uma distância inferior a um metro do paciente suspeito ou confirmado de infecção pelo vírus da influenza. 56 FIGURA 23-MÁSCARA CIRÚRGICA FONTE: Ministério da Saúde (2009). 10.4.2 Máscara de proteção respiratória (respirador particulado) Quando o profissional atuar em procedimentos com risco de geração de aerossol nos pacientes com infecção por influenza deve utilizar a máscara de proteção respiratória (respirador particulado) com eficácia mínima na filtração de 95% de partículas de até 0,3μ (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3). São exemplos de procedimentos com risco de geração de aerossóis: a intubação traqueal, a aspiração nasofaríngea e nasotraqueal, broncoscopia, a autópsia envolvendo tecido pulmonar e a coleta de espécime clínico para diagnóstico etiológico da influenza, dentre outros. A máscara de proteção respiratória deverá estar apropriadamente ajustada à face. A forma de uso, manipulação e armazenamento deve seguir as recomendações do fabricante. Deve ser descartada após o uso. 57 FIGURA 24 - MÁSCARA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA FONTE: BRASIL, Ministério da Saúde, 2009. 10.4.3 Luvas As luvas de procedimentos não cirúrgicos devem ser utilizadas quando houver risco de contato das mãos do profissional com sangue, fluidos corporais, secreções, excreções, mucosas, pele não íntegra e artigos ou equipamentos contaminados, de forma a reduzir a possibilidade de transmissão do vírus da influenza para o profissional, assim como, de paciente para paciente por meio das mãos do profissional. Quando o procedimento a ser realizado no paciente exigir técnica asséptica, é necessário utilizar luvas estéreis (de procedimento cirúrgico). As recomendações quanto ao uso de luvas por profissionais de saúde são: Troque as luvas sempre que entrar em contato com outro paciente; Troque também durante o contato com o paciente se for mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, ou quando esta estiver danificada; Nunca toque desnecessariamente superfícies e materiais (tais como telefones, maçanetas, portas) quando estiver com luvas para evitar a transferência vírus para outros pacientes ou ambientes; 58 Não lavar ou usar novamente o mesmo par de luvas (as luvas não devem ser reutilizadas); O uso de luvas não substitui a higienização das mãos; Fazer a higienização das mãos imediatamente após a retirada das luvas, para evitar a transferência do vírus para outros pacientes ou ambientes; Observe a técnica correta de remoção de luvas para evitar a contaminação das mãos, abaixo descrita: Retire as luvas puxando a primeira pelo lado externo do punho com os dedos da mão oposta; Segure a luva removida com a outra mão enluvada; Toque a parte interna do punho da mão enluvada com o dedo indicador oposto (sem luvas) e retire a outra luva. FIGURA 25 - LUVAS FONTE: BRASIL, Ministério da Saúde, 2009. 59 10.4.4 Protetor ocular ou protetor de face Os óculos de proteção (ou protetor de face) devem ser utilizados quando houver risco de exposição do profissional a respingo de sangue, secreções corporais e excreções. Os óculos devem ser exclusivos de cada profissional responsável pela assistência, devendo, após o uso, sofrer processo de limpeza com água e sabão/detergente e desinfecção. Sugere-se para a desinfecção álcool a 70%, hipoclorito de sódio a 1% ou outro desinfetante recomendado pelo fabricante. FIGURA 26 - ÓCULOS DE PROTEÇÃO FONTE: BRASIL, Ministério da Saúde, 2009. 10.4.5 Gorro descartável O gorro deve ser utilizado pelo profissional de saúde apenas em situações de risco de geração de aerossol em pacientes com infecção por influenza A (H1N1). 60 FIGURA 27 - GORRO DESCARTÁVEL FONTE: Disponível em: http://www.silvauniformes.no.comunidades.net/index.php?pagina=1337136775. Acesso em: 10 maio 2013. 10.4.6 Capote/avental O capote ou avental deve ser usado durante procedimentos em que há risco de respingos de sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções, a fim de evitar a contaminação da pele e roupa do profissional. O capote ou avental deve ser de mangas longas, punho de malha ou elástico e abertura posterior. Além disso, deve ser confeccionado de material de boa qualidade, não alergênico e resistente; proporcionar barreira antimicrobiana efetiva, permitir a execução de atividades com conforto e estar disponível em vários tamanhos. O capote ou avental sujo deve ser removido após a realização do procedimento. Após a remoção do capote deve-se proceder a higienização das mãos para evitar transferência do vírus A (H1N1) para o profissional, pacientes e ambientes. 61 10.4.7 Propés Evita a contaminação de um ambiente para o outro por meio dos calçados. FIGURA 28 - PROPÉS FONTE: Disponível em: http://rs.quebarato.com.br/porto-alegre/prope__4A4E63.html. Acesso em: 10 maio 2013. 10.5 HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS As mãos dos profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas utilizando-se: água e sabonete, preparação alcoólica e antisséptica degermante. Os profissionais de saúde, pacientes e visitantes, devem ser devidamente instruídos e monitorados quanto à importância da higienização das mãos. 62 FIGURA 29 - HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS FONTE: Arquivo Pessoal do autor. 10.5.1 Higienização das mãos com água e sabonete A higienização das mãos com água e sabonete é essencial quando as mãos estão visivelmente sujas ou contaminadas com sangue ou outros fluidos corporais. A higienização das mãos com água e sabonete deve ser realizada: 63 Antes e após o contato direto com pacientes com influenza, seus pertences e ambiente próximo, bem como na entrada e na saída de áreas com pacientes infectados; Imediatamente após retirar as luvas; Imediatamente após contato com sangue, fluidos corpóreos, secreções, excreções e/ou objetos contaminados, independentemente se o mesmo tiver ocorrido com ou sem o uso de luvas (neste último caso, quando se tratar de um contato inadvertido). Entre procedimentos em um mesmo paciente, para prevenir a transmissão cruzada entre diferentes sítios corporais; Em qualquer outra situação onde seja indicada a higienização das mãos para evitar a transmissão da influenza para outros pacientes ou ambientes. 10.5.2 Técnica “Higienização Simples das Mãos com Água e Sabonete” Retirar acessórios (anéis, pulseiras, relógio), uma vez que sob estes objetos acumulam-se micro-organismos não removidos com a lavagem das mãos; Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando tocar na pia; Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de sabonete líquido para cobrir todas as superfícies das mãos (seguir a quantidade recomendada pelo fabricante); Ensaboar as palmas das mãos, friccionando-as entre si; Esfregar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa; Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais; Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai e vem e vice-versa; Esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda, utilizando-se movimento circular e vice-versa; Friccionaras polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada em concha, fazendo movimento circular e vice-versa; 64 Esfregar o punho esquerdo, com o auxílio da palma da mão direita, utilizando movimento circular e vice-versa; Enxaguar as mãos, retirando os resíduos de sabonete. Evitar contato direto das mãos ensaboadas com a torneira; Secar as mãos com papel toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos. No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize papel toalha; Duração do Procedimento: 40 a 60 segundos. 10.5.3 Higienização das mãos com preparação alcoólica Sabe-se que o vírus da influenza sazonal é rapidamente inativado em 30 segundos após antissepsia das mãos com álcool 70%. Determinados vírus envelopados (ex.: herpes simples, HIV, influenza, vírus respiratório sincicial) são susceptíveis ao álcool quando testados in vitro. Deve-se higienizar as mãos com preparação alcoólica (sob as formas gel ou solução), quando estas não estiverem visivelmente sujas. A higienização das mãos com preparação alcoólica (sob a forma gel ou líquida com 1- 3% glicerina) deve ser realizada nas situações descritas a seguir: Antes de contato com o paciente; Após contato com o paciente; Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos invasivos; Antes de calçar luvas para inserção de dispositivos invasivos que não requeiram preparo cirúrgico; Após risco de exposição a fluidos corporais; Ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o cuidado ao paciente; Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas ao paciente; 65 Antes e após remoção de luvas. 10.5.4 Técnica “Fricção Antisséptica das Mãos (com Preparações Alcoólicas)” Aplicar na palma da mão quantidade suficiente do produto para cobrir todas as superfícies das mãos (seguir a quantidade recomendada pelo fabricante); Friccionar as palmas das mãos entre si; Friccionar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa; Friccionar a palma das mãos entre si com os dedos entrelaçados; Friccionar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos e vice-versa; Friccionar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda, utilizando-se movimento circular e vice-versa; Friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fazendo um movimento circular e vice-versa; Friccionar os punhos com movimentos circulares; Friccionar até secar espontaneamente. Não utilizar papel toalha; Duração do Procedimento: 20 a 30 segundos. 66 11 MEDIDAS A SEREM IMPLEMENTADAS NO ATENDIMENTO AMBULATORIAL E PRONTO ATENDIMENTO As seguintes medidas devem ser observadas pelos serviços de saúde que prestam atendimento ambulatorial e pronto atendimento a casos de síndrome gripal ou doença respiratória aguda grave: Estabelecer critérios de triagem para identificação e pronto atendimento dos casos, com o objetivo de reduzir o risco de transmissão na sala de espera para outros pacientes, bem como priorizar o atendimento dos pacientes com síndrome gripal que apresentam fatores de risco ou sinais de agravamento; Orientar os profissionais do serviço quanto às medidas de precaução a serem adotadas; Colocar máscara cirúrgica nos pacientes suspeitos de síndrome gripal e doença respiratória aguda grave, desde que a situação clínica do caso permita; A máscara cirúrgica deve ser utilizada desde o momento da triagem até o encaminhamento para o hospital de referência, quando indicado, desde que a situação clínica do caso permita; Orientar os pacientes a adotar as medidas de precaução para gotícula e higienizar as mãos após tossir ou espirrar; Prover lenço descartável para higiene nasal na sala de espera; Prover lixeira, preferencialmente, com acionamento por pedal para o descarte de lenços e lixo; Prover dispensadores com preparações alcoólicas para as mãos (sob as formas gel ou solução) nas salas de espera e estimular a higienização das mãos após contato com secreções respiratórias; Prover condições para higienização simples das mãos: lavatório/pia com dispensador de sabonete líquido, suporte para papel toalha, papel toalha, lixeira com tampa e abertura sem contato manual; Manter os ambientes ventilados; 67 Realizar a limpeza e desinfecção das superfícies do consultório e de outros ambientes utilizados pelo paciente; Realizar a limpeza e desinfecção de equipamentos e produtos para saúde que tenha sido utilizado na atenção ao paciente; Se houver necessidade de encaminhamento do paciente para outro serviço de saúde, notificar previamente o serviço referenciado. 68 12 MEDIDAS A SEREM IMPLEMENTADAS NO TRANSPORTE DE PACIENTES Os profissionais envolvidos no transporte devem adotar as medidas de precaução para gotícula e precaução padrão; Melhorar a ventilação do veículo para aumentar a troca de ar durante o transporte; As superfícies internas do veículo devem ser limpas e desinfetadas após a realização do transporte. A desinfecção pode ser feita com álcool a 70%, hipoclorito de sódio a 1% ou outro desinfetante indicado para este fim; Notificar previamente o serviço de saúde para onde o paciente será encaminhado. 69 13 ORIENTAÇÕES PARA ISOLAMENTO NO AMBIENTE HOSPITALAR 13.1 ISOLAMENTO EM QUARTO PRIVATIVO DOS CASOS DE DOENÇA RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE O isolamento, quando indicado, deve ser realizado em um quarto privativo com vedação na porta e bem ventilado. 13.2 ISOLAMENTO POR COORTE Considerando a possibilidade de aumento do número de casos com complicações, se o hospital não possuir quartos privativos disponíveis em número suficiente para atendimento de todos aqueles que requeiram internação, deve ser estabelecido o isolamento por coorte, ou seja, separar em uma mesma enfermaria ou unidade os pacientes com infecção por influenza. Se existir um grande número de pacientes infectados, deve ser definida área específica do hospital para isolamento dos casos. É fundamental que seja mantida uma distância mínima de um metro entre os leitos. 13.3 OUTRAS ORIENTAÇÕES O quarto, enfermaria ou área de isolamento devem ter a entrada sinalizada com alerta referindo isolamento para doença respiratória, a fim de evitar a passagem de pacientes e visitantes de outras áreas ou de profissionais que estejam trabalhando em outros locais do hospital. O acesso deve ser restrito aos profissionais envolvidos na assistência; Também deve estar sinalizado quanto às medidas de precaução (gotículas e padrão) a serem adotadas; 70 Imediatamente antes da entrada do quarto, enfermaria e área de isolamento devem ser disponibilizadas: condições para higienização das mãos: dispensador de preparação alcoólica (gel ou solução a 70%), lavatório/pia com dispensador de sabonete líquido, suporte para papel toalha, papel toalha, lixeira com tampa e abertura sem contato manual. 71 14 PROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE 14.1 INFORMAÇÕES GERAIS Não há uma orientação especial quanto ao processamento de equipamentos, produtos para saúde ou artigos utilizados na assistência a pacientes com infecção por influenza, sendo que o mesmo deve ser realizado de acordo com as características e finalidade de uso e orientação dos fabricantes e dos métodos escolhidos. Equipamentos, produtos para saúde ou artigos para saúde utilizados em qualquer paciente devem ser recolhidos e transportados de forma a prevenir a possibilidade de contaminação de pele, mucosas e roupas ou a transferência de micro-organismos para outros pacientes ou ambientes. Por isso,