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Fundamentos da Matemática Elementar CATALOGAÇÃO NA FONTE NÚCLEO DE COORDENAÇÃO DE BIBLIOTECAS – UNIGRANRIO A447f Almeida, Vania Mara Ferreira de. Fundamentos da Matemática Elementar / Vania Mara Ferreira de Caxias, RJ: Almeida. – Duque de Caxias, RJ: UNIGRANRIO, 2020. 146 p. : il. ; 23 cm. Referências: p. 145-146. ISBN: 978-65-89635-03-1 1. Matemática. 2. Funções algébricas. 3. Coordenadas (Matemática). I. Título. CDD – 510 Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Vania Mara Ferreira de Almeida 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Sistemas Cartesianos e Relações Binárias Objetivos ........................................................................................... 07 Introdução ......................................................................................... 09 1. Conceitos Básicos de Funções ................................................ 11 1.1 Plano Cartesiano ................................................................. 12 1.2 Par Ordenado ...................................................................... 13 1.3 Representação do Par Ordenado no Plano Cartesiano ................ 14 Referências Bibliográficas .................................................................... 19 Funções Reais Objetivos ........................................................................................... 21 Introdução ......................................................................................... 23 1. Conceitos Básicos de Funções ................................................ 25 1.1 Definição ............................................................................ 25 1.2 Domínio e Contradomínio de uma Função ................................ 30 1.3 Formas de Representação de uma Função ............................... 32 1.4 Classificação das Funções ...................................................... 34 1.5 Composição de Funções ....................................................... 36 Referências Bibliográficas .................................................................... 39 Análise de Gráficos Objetivos ........................................................................................... 41 Introdução ......................................................................................... 43 1. Análise de Gráfico de Funções ............................................... 45 1.1 Domínio e Contradomínio de uma Função ............................... 46 1.2 Sinal de uma Função ........................................................... 47 1.3 Variação de uma Função ........................................................ 49 1.4 Máximo e Mínimo Local ........................................................ 50 Referências Bibliográficas .................................................................... 51 Análise de Gráficos Objetivos ........................................................................................... 53 Introdução ......................................................................................... 55 1. Função Afim ........................................................................ 57 1.1 Função Polinomial do 1º Grau ou Função Afim .......................... 57 2. Crescimento e decrescimento ................................................. 65 2.1 Sinal ................................................................................... 66 Referências Bibliográficas .................................................................... 69 Funções Quadráticas ou Polinomial do 2º Grau Objetivos ........................................................................................... 71 Introdução ......................................................................................... 73 1. Funções Quadráticas ............................................................ 75 1.1 Gráfico da Função Quadrática ................................................. 76 1.2 Zero da Função Quadrática ................................................... 80 1.3 Máximo e Mínimo da Função Quadrática ................................. 84 1.4 Construção da Parábola ......................................................... 87 1.5 Estudo Final da Função Quadrática .......................................... 89 Referências Bibliográficas .................................................................... 95 Função Exponencial Objetivos ........................................................................................... 97 Introdução ......................................................................................... 99 1. Função exponencial .............................................................. 101 Referências Bibliográficas .................................................................... 109 Logaritmos e Funções Logarítmicas Objetivos ........................................................................................... 111 Introdução ......................................................................................... 113 1. O Surgimento dos Logaritmos ................................................ 115 1.1 Definição de Logarítmo .......................................................... 117 1.2 Propriedades Operatórias dos Logaritmos ................................. 120 Referências Bibliográficas .................................................................... 131 Funções Lineares e Grandezas Proporcionais Objetivos ........................................................................................... 133 Introdução ......................................................................................... 135 1. Função Linear e Grandezas .................................................... 137 1.1 Conceitos Básicos ................................................................. 138 2. Proporcionalidade e Funções Lineares ..................................... 139 Referências Bibliográficas .................................................................... 145 Sistemas Cartesianos e Relações Binárias Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Assimilar os conceitos de plano cartesiano e de par ordenado; ▪ Identificar o plano cartesiano como um objeto matemático capaz de ilustrar pares ordenados geometricamente; ▪ Sistematizar a noção de função. 7Fundamentos da Matemática Elementar Introdução Nesta unidade, daremos início ao estudo do sistema de coordenadas cartesianas, mais conhecido como plano cartesiano. Este sistema foi criado pelo matemático René Descartes, que associava a geometria à álgebra por meio de representações gráficas. Além do sistema de coordenadas cartesianas, estudaremos também as relações binárias entre os dois conjuntos, possibilitando, assim, a compreensão entre diferentes associações em pares. Esses dois conceitos são fundamentais para que possamos avançar nos estudos de forma adequada. Ao longo do curso, trabalharemos com situações em que a representação gráfica se fará necessária, estabelecendo uma estreita relação entre o gráfico e oalgébrico. Além da construção com a utilização de lápis e papel, também é possível construir um gráfico utilizando alguns recursos computacionais, como por exemplo, o Geogebra, Winplot, Cabri entre outros. Portanto, é fundamental que você conheça a técnica de construção de gráficos por meio do lápis e papel, para que sirva de base para as representações em meios digitais. 9Fundamentos da Matemática Elementar 1. Conceitos Básicos de Funções Todos nós precisamos nos deslocar por diferentes trajetos em diferentes momentos, dos quais nem sempre conhecemos a localização. Os mapas e GPS representam um bom recurso de que podemos lançar mão para nos auxiliar. Para compreender melhor, vamos ver como exemplo o caso do estado do Rio de Janeiro, do qual destacamos a baixada fluminense, representada abaixo: Mapa da Baixada Fluminense – Rio de Janeiro. Observe que o município de Belford Roxo está localizado entre as coordenadas G4,H4,G5 e H5. Já o município de Nilópolis ocupa os espaços G5 e G6. Você consegue localizar no mapa quais são as coordenadas do município de São João? Quais cidades você encontra em E3? 11Fundamentos da Matemática Elementar Essa mesma ideia poderá ser usada em situações que precisam de uma precisão maior. Nesses casos, é possível usar como artifício o par de eixos cartesianos representados por x e y. Mapa da Baixada Fluminense – Rio de Janeiro. Utilizando como referência os eixos coordenados x e y, encontre a localização pelas coordenadas cartesianas dos municípios de Magé e Itaguaí. 1.1 Plano Cartesiano É muito comum em diferentes situações referentes à localização utilizarmos o sistema de coordenadas cartesianas, que é formado por duas retas perpendiculares, uma horizontal, chamada eixo x, e outra vertical , chamada eixo y, que se interceptam num ponto chamado origem do sistema. A cada ponto no eixo fazemos corresponder um número. Os números positivos estão à direita e acima da origem, e os negativos, abaixo e à esquerda da origem. 12 Fundamentos da Matemática Elementar Todo ponto no plano cartesiano fica determinado por um par ordenado de números reais. Esses números são as coordenadas do ponto. 1.2 Par Ordenado É o conjunto ordenado de dois elementos, representado pelo símbolo (x; y) onde x e y são números reais, denominados respectivamente de abscissa e ordenada. No Ponto A(2; 4), 2 é o primeiro elemento (abscissa) e 4 é o segundo elemento (ordenada). 13Fundamentos da Matemática Elementar No ponto B(4; 2), 4 é o primeiro elemento (abscissa) e 2 é o segundo elemento (ordenada). Exemplo: Observe que os pares (2; 5) e (5; 2) são diferentes entre si pela ordem de seus elementos: Dois pares ordenados (x, y) e (r, s) são iguais somente se x = r e y = s. Exemplo: Determine o valor de x e y, de modo que se tenha (x, 7)=(4, y-3): Primeiro elemento igual ao primeiro elemento: x = 4; Segundo elemento igual ao segundo elemento: 7 = y - 3 → y = 10. 1.3 Representação do Par Ordenado no Plano Cartesiano O par ordenado é representado geometricamente no plano cartesiano e, a seguir, é descrito um roteiro da construção deste plano. 14 Fundamentos da Matemática Elementar 1. O plano cartesiano é formado por dois eixos perpendiculares: um horizontal x e o outro vertical y. O horizontal é chamado de eixo das abscissas, o vertical, eixo das ordenadas; 2. A interseção entre os dois eixos é usada como origem para cada eixo, isto é, tem valor igual a zero nos dois eixos. Este ponto é representado por O; 3. O eixo das abscissas tem sentido positivo para a direita, e o das ordenadas, para cima; 4. As quatros regiões delimitadas pelos eixos são classificadas em quadrantes, como é mostrado na figura. Para representarmos o ponto P, dado pelas coordenadas do par ordenado (a; b), seguiremos os seguintes itens: 1º Passo – Traçamos pelo ponto a no eixo horizontal uma reta r paralela ao eixo vertical; 2º Passo – Traçamos pelo ponto b no eixo vertical uma reta s paralela ao eixo horizontal; 3º Passo – A interseção entre as retas r e s e o ponto P, que é obtido pelo par ordenado (a; b). Importante 15Fundamentos da Matemática Elementar = n (x) : n (y) Produto Cartesiano Considerando A e B dois conjuntos não vazios, definimos o produto cartesiano de A por B como o conjunto cujos elementos são todos os pares ordenados (x, y) em que o primeiro elemento pertence a A e o segundo elemento pertence a B. Indicamos o produto cartesiano de A por B por A X B. Simbolicamente temos A X B = {(x, y) / x A e y∈B}. Exemplo: Dados os conjuntos X = {1; 2} e Y = {5; 7; 9}, determine os produtos cartesianos X X Y e Y X X: X x Y = {(1; 5); (1; 7); (1; 9); (2; 5); (2; 7); (2; 9)} Y x X = {(5; 1); (5; 2); (7; 1); (7; 2); (9; 1); (9; 2)} O número de elementos de um produto cartesiano X X Y é dado por: n(X):n(Y). Neste exemplo, temos: n(X x Y) = n(X).n(Y) → n(X x Y) = 2.3 = 6 O produto cartesiano é definido quando os conjuntos X e Y são segmentos de reta, isto é, intervalos reais. ∈ 16 Fundamentos da Matemática Elementar Exemplo: Sejam dados dois segmentos de reta MN e PQ, determine o produto cartesiano MN x PQ. Fica simples de resolver quando interpretamos como um retângulo, como mostra a figura a seguir: É muito comum escutarmos a fala “a ordem do produto não altera o resultado”. Portanto, isso depende da operação que estamos realizando. Na prática, o produto cartesiano trata-se de uma operação que não é comutativa como foi visto no exemplo. Exemplo: Sejam dados os conjuntos X = {0, 1, 2} e Y = {1, 5, 9}, determine a relação R de X em Y, definida por y = 2x + 1, com x ∈X e y ∈ Y. Primeiramente substitua os valores de x na relação: y = 2.0 + 1 = 1 → (0,1) y = 2.1 + 1 = 3 → (1, 3) y = 2.2 + 1 = 5 → (2, 5) Agora tomamos os pares ordenados obtidos que pertencem ao conjunto X x Y, pois a relação R deve ser subconjunto do produto cartesiano. Logo, a relação obtida é: R = {(0; 1); (2; 5)} Importante 17Fundamentos da Matemática Elementar Note que o par ordenado (1, 3) foi descartado por não pertencer ao conjunto X X Y. Uma forma muito comum de representar as relações é utilizando o plano cartesiano ou diagrama de flechas. Observe a relação obtida no exemplo, utilizando o diagrama de flechas. Importante 18 Fundamentos da Matemática Elementar Referências Bibliográficas GOLDSTEIN, Larry J.; LAY, David C.; SCHNEIDER, David I. Matemática aplicada: economia, administração e contabilidade. 12 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. [Minha Biblioteca] FLEMMING, Diva Marília; GONÇALVES, Mirian Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. [Biblioteca Virtual Pearson] IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de matemática elementar: conjuntos, funções. v.1. São Paulo: Atual, 1993-2013. 19Fundamentos da Matemática Elementar Funções Reais Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Identificar o domínio, contradomínio e imagem de uma função; ▪ Classificar uma função em injetiva,sobrejetiva ou bijetiva; ▪ Realizar os procedimentos para inverter e compor funções. 21Fundamentos da Matemática Elementar Introdução A ideia que temos hoje em dia do conceito de função foi construída ao longo do tempo por vários matemáticos. Entre eles, podemos citar: ▪ G.W. Leiniz (1646 - 1716) - Responsável por introduzir as palavras função, constante e variável na linguagem matemática; ▪ L. Euler (1707 - 1783) - Matemático suíço que introduziu a notação f(x) para indicar a lei de uma função; ▪ E P.G. Lejune Dirichlet (1805 - 1859) - Responsável por dar uma definição de função muito próxima da qual relembraremos nesta unidade. Nesta unidade, conceituaremos os termos funções, domínio, contradomínio e imagem. O conceito atual de funções só foi possível no século XIX, após a criação da teoria de conjuntos. Porém, antes de conceituarmos função, vamos pensar de forma intuitiva, através de uma situação do dia a dia, paraque a sua definição aconteça de forma mais concreta. Estudaremos também os conceitos de função injetora, sobrejetora e bijetora, fundamentais para entendermos os procedimentos de inverter e compor funções. 23Fundamentos da Matemática Elementar 1. Conceitos Básicos de Funções No dia a dia utilizamos diferentes unidades de medidas. Para medir uma corda, por exemplo, usamos o metro (m); já a temperatura média corporal é medida por graus celsius (ºC); e para calcular uma área a ser construída, usamos o metro quadrado (m²). Toda característica que pode ser expressa por uma medida é chamada de grandeza. A variação da medida de um grandeza associada a um determinado objeto normalmente está ligada à variação das medidas de outras grandezas. Vamos imaginar por exemplo, o preço a ser pago por uma peça de tecido. Este preço irá variar de acordo com a metragem comprada. Outro exemplo que podemos citar é a quantidade de horas que um automóvel leva para ir de uma cidade a outra. Essa hora vai depender da velocidade deste automóvel ao longo do trajeto. Mais um exemplo: o valor a ser resgatado em uma aplicação vai depender do tempo que este valor fica depositado. Podemos estudar todos esses exemplos recorrendo às equações matemáticas que relacionem as grandezas envolvidas. 1.1 Definição Considerando os conjuntos A e B não vazios e uma relação binária de A em B, dizemos que essa relação é função de A em B, se, e somente se, a cada elemento x do conjunto A corresponder a um único elemento y do conjunto B. Simbolicamente: f: A=>B (lê-se: f é função de A em B). Ou no caso de ser possível 25Fundamentos da Matemática Elementar escrever uma lei de correspondência através de uma expressão matemática: y=f(x) (lê-se: y é função de x, com x ∈ a A, e y ∈ a B. Exemplo 1: Para prestar consultoria em empresas, um administrador cobra R$ 1.000,00 a visita e um adicional de R$120,00 por cada hora de trabalho. 1. Quanto o administrador deverá receber, se ele trabalhou seis horas em um dia? Vamos analisar a situação: Pelo enunciado, sabemos que o administrador cobra R$1000,00 a visita, ou seja, independentemente do número de horas de trabalho, o valor da visita será o mesmo. Valor fixo: R$1000,00 Porém, além da visita, o administrador cobra por hora trabalhada. Então, esse valor vai depender do número de horas trabalhadas, que neste caso, são seis horas. Valor variável: nº de horas trabalhadas Horas trabalhadas Valor a ser pago (R$) 0 1000 1 1000 + 1.120= 1000 + 120 = 1120 2 1000 + 2.120= 1000 + 240 = 1240 3 1000 + 2.120= 1000 + 360 = 1360 4 1000 + 4.120= 1000 + 480 = 1480 5 1000 + 5.120= 1000 + 600 = 1600 6 1000 + 6.120= 1000 + 720 = 1720 Logo, o valor a ser pago ao administrador será de R$1720,00. 26 Fundamentos da Matemática Elementar 2. Como podemos escrever uma lei matemática que exprima o total pago y por uma consultoria de x horas? Chamaremos de x o número de horas trabalhadas, ou seja, o valor variável. Horas trabalhadas Valor a ser pago (R$) 0 1000 1 1000 + 1.120= 1000 + 120 = 1120 2 1000 + 2.120= 1000 + 240 = 1240 3 1000 + 2.120= 1000 + 360 = 1360 4 1000 + 4.120= 1000 + 480 = 1480 5 1000 + 5.120= 1000 + 600 = 1600 6 1000 + 6.120= 1000 + 720 = 1720 x 1000 + x.120 = 120.x + 1000 Para montarmos a lei, basta observarmos que temos um valor fixo, e outro valor que muda conforme o número de horas trabalhadas. y = 120x + 1.000 Neste modelo matemático, x é a variável independente, e y é a variável dependente, ou seja, o valor recebido pelo administrador depende do número de horas trabalhadas. 3. Utilize a lei obtida no item 2 e resolva novamente o item 1. y = 120x + 1.000 => y = 120.x + 1.000 = 1.720,00 Qual o número mínimo de horas necessário para que em uma visita, o administrador receba um valor superior a R$ 2.000,00? Vimos no item 2 que o valor a ser recebido será: f(x) = 120.x + 1000 27Fundamentos da Matemática Elementar Queremos que f(x) seja maior que 2000, ou seja: 120.x + 1000 > 2000 120.x + 1000 – 1000 > 2000 – 1000 120.x > 1000 x > 8,333… Exemplo 2: André depositou R$ 4.000,00 em uma poupança que rende 2% ao mês. Diante disso, qual o saldo de sua conta após um mês de depósito? Para calcularmos o saldo na poupança após um mês de depósito, precisamos: 1º) Encontrar o quanto esses R$ 4000,00 aplicados rendem em um mês, ou seja: 4000. 0,02= 80 2º) Encontrado o valor do rendimento, somamos esse valor aos R$4000,00 que foram aplicados: 4000 + 80 = 4080 Valor aplicado + rendimento = saldo De foma proporcional, poderíamos calcular o saldo após um mês da seguinte forma: 4000. 1,02= 4080 Se abrirmos 1,02 como resultado de uma soma, teremos: 1,02 = 1 + 0,02 , então 4000. 1,02= 4000.(1+0,02) Aplicando a distributiva, teremos: 4000 + 4000. 0,02= 4000+ 80=4080 28 Fundamentos da Matemática Elementar Porcentagem é um substantivo feminino que indica uma taxa ou proporção calculada em relação ao número 100 (por cem). A porcentagem consiste em uma fração em que o denominador é 100 e é representada pelo símbolo %. Logo, 2% = 2 100 = 0,02 2. Qual o saldo após dois meses de depósito? De forma semelhante ao calculado anteriormente, teremos: 1º mês …………. 4000 + 0,02. 4000 = 4000+80 = 4080 2º mês …………. 4080 + 0,02.4080 = 4080 +81,60 = 4161,60 Logo, o saldo após o segundo mês será de R$4161,60. Para encontrarmos o saldo após dois meses, multiplicamos duas vezes por 0,02. Proporcionalmente, poderíamos calcular o saldo após dois meses usando: 4000. 1,02. 1,02 =4000. (1,02)² = 4000. 1,0404 = 4161,60 3. Qual o saldo após três meses de depósito? Após três meses, teremos três aumentos sucessivos de 2%. Chamaremos S o saldo após t meses. Logo: 4000 x 1,02 x 1,02 x ... x 1,02 S = 4.000 (0,02)1 onde S é o saldo, após t meses do depósito inicial. Importante t vezes 29Fundamentos da Matemática Elementar 4. Vamos utilizar a lei encontrada no item 3 para obtermos o saldo após cinco meses de depósito. S = 4000.(1,02)t S = 4000. (1,02)5 S = 4000. 1,104080832 S = 4416,3232128 aproximado S= 4416,32 1.2 Domínio e Contradomínio de uma Função Definição 1 - Chama-se domínio da função f , o conjunto D de todos elementos x do conjunto A, chamado conjunto de partida. Matematicamente, temos: Definição 2 – Chama-se contradomínio da função f , o conjunto CD de todos elementos de B. Esse conjunto, onde podem ser relacionado os elementos do domínio. Matematicamente, temos: Definição 3 - Chama-se imagem da função f, o conjunto formado por todos elementos y de B pelos os quais existe x em , ou seja, todos os elementos efetivamente relacionados aos elementos do domínio. O conjunto de imagem Im é um subconjunto do contradomínio CD. Matematicamente, temos: Vamos explicar melhor o que foi dito acima por meio de um diagrama. Neste caso temos: ( ) { | } ( )D f x x A D f A= ∈ ∀ ∈ → = ( ) {y | }CD f y B CD B= ∈ ∀ ∈ → = ( ) ( )Im f CD f⊂ 30 Fundamentos da Matemática Elementar In Imagem Contradomínio ou conjunto de partida Contradomínio ou conjunto de chegada Exemplo 1: Seja a função f: A=>B representada no diagrama abaixo, determine: a. Domínio Solução: D(f)= A= {1,2,3,4} b. Contradomínio Solução: Cd(f)= B={2,3,4,5} c. Imagem Solução: Im(f)= { 2,4,5} 31Fundamentos da Matemática Elementar Exemplo 2: Seja a função f:A=>B, f = 2 x - 1 onde A={0,1,4,5} e B={-1,0,1,2,3,4,5,7,9} e com x A∈ e y B∈ , determine o domínio, o contradomínio e a imagem. Resolução 1º) O domínio é D ( f ) = A = {0, 1, 4, 5} O contradomínio é Cd ( f ) = B = {-1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9} A imagem será determinada atribuindo a variável x a todos os valores do domínio na lei dada. Então, os seus resultados serão as imagens. Logo, temos: Para x=0, temos: Para x=1, temos: Para x=4 , temos: Para x=5, temos: Logo, os resultados ou os valores numéricos que determinamos são as imagens. O conjunto é Im(f)= {-1,1,7,9} 1.3 Formas de Representação de uma Função Podemos representar uma funçãoatravés de diagramas, tabelas, gráficos cartesianos ou equações. (0) 2(0) 1 (0) 0 1 (0) 1f f f= − ↔ = − ↔ = − (1) 2(1) 1 (0) 2 1 (0) 1f f f= − ↔ = − ↔ = (4) 2(4) 1 (4) 8 1 (0) 7f f f= − ↔ = − ↔ = (5) 2(5) 1 (5) 10 1 (5) 9f f f= − ↔ = − ↔ = 32 Fundamentos da Matemática Elementar Vamos voltar ao exemplo apresentado no início desta unidade: Para prestar consultoria em empresas, um administrador cobra R$ 1.000,00 a visita, e um adicional de R$120,00 por cada hora de trabalho. Nomearemos de conjunto A, o conjunto com o número de horas trabalhadas, e conjunto B, o valor a ser recebido pelo administrador. Assim, temos uma f : A B , a qual podemos representar por: Diagramas: A B Tabelas: Horastrabalhadas Valor a ser pago (R$) 0 1000 1 1120 2 1240 3 1360 4 1480 5 1600 6 1720 33Fundamentos da Matemática Elementar Gráfico: Equação: f(x) = 120x + 1000 1.4 Classificação das Funções Uma função pode ser classificada em três possíveis casos, por meio da relação: uma única saída para cada entrada. Funções injetoras - São funções em que cada elemento do conjunto de partida está associado a um único elemento do conjunto de chegada, isto é, uma relação um para um, entre os elementos do domínio e da imagem. 34 Fundamentos da Matemática Elementar Os elementos do conjunto de chegada B só podem receber uma única flecha, e não há problema em existirem elementos que não estão associados ao conjunto de partida A. Funções sobrejetoras - São funções em que todos os elementos do conjunto de chegada estão associados a algum elemento do conjunto de partida. Em outras palavras, isso significa que o conjunto imagem é igual ao contradomínio. Funções bijetoras - São funções que são injetoras e sobrejetoras, isto é, todos os elementos do conjunto de partida estão associados a todos os elementos do conjunto de chegada, de forma um para um. Função inversa: A inversa de uma função f: A => B é dada por uma lei de B em A. Esta relação é representada por f-1. Somente as funções bijetoras apresentam inversas, pois qualquer elemento do conjunto de partida tem um único correspondente no conjunto de chegada (injetividade), e este tem todos os seus valores relacionados uma única vez (sobrejetividade). Assim, podemos estabelecer uma relação inversa, transformando o conjunto de chegada no conjunto de partida e vice-versa. 35Fundamentos da Matemática Elementar Exemplo: Determine a inversa das funções abaixo: 1) f(x)=2x-3 Uma forma bem simples consiste em trocar x por f(x) e vice-versa, e em seguida, explicitar f(x). f(x)=2x-3gx=2f(x)-3g f(x)= 2) g(x)=(4x+5)/10 3)h(x) =x² +6 h(x) =x²+6 trocando x por h(x), temos: x = [h(x)]²+6 x - 6 = [h(x)]² 6x − = h(x) 1.5 Composição de Funções Composição de funções é uma operação que pode ser realizada com duas ou mais funções. Por exemplo, sejam dadas as funções f: A => B e g: x+3 2 4 5 4 ( ) 5 10 5( ) ( ) 2 10 4 x g x xg x x g x+ + −− → − → − 36 Fundamentos da Matemática Elementar B => C. Observe que a função f “vai de A em B” e a g “vai de B em C”, ou seja, para ir do conjunto A até o C são necessárias as duas funções f e g. Entretanto, é possível obtermos uma função h que faça a ligação de A em C, sem passar por B. Para isso, basta compor g com f, ou seja: : ( ( ))h gof g f x= = Exemplo: Sejam dadas as funções: - 3x+12 e 1. fog= f(g(x)) = 2g(x)-5 = 2(-3x+12)-15 = -6x+24-5 = -6x+19 2. fof= 2 f(x)-5 =2(2x -5) - 5 =4x -10 -5 = 4x =15 3. foh= 2h(x) -5 = 2(x² -1) - 5 = 2x² - 2 - 5 = 2x² -7 37Fundamentos da Matemática Elementar Referências Bibliográficas BEZERRA, Manoel Jairo. Matemática para o ensino médio. São Paulo: Scipione, 2004. CASTANHEIRA, Nelson Pereira. Noções básicas de matemática comercial e financeira. 3 ed. rev. atual. e ampl. Curitiba: IBPEX, 2010. FLEMMING, Diva Marília; GONÇALVES, Mirian Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. GOLDSTEIN, Larry J. et al. Matemática Aplicada: economia, administração e contabilidade. 10 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. IAN, Jacques. Matemática para economia e administração. Tradução Regina Célia Simille de Macedo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. IEZZI, G; MURAKAMI, C; MACHADO, N. J. Fundamentos de Matemática Elementar.V.1. Editora Atual, 1993. LIMA, E. L. et al. A Matemática do Ensino Médio. V. 1. Sociedade Brasileira de Matemática, 1997. MACHADO, Antônio dos Santos. Matemática Temas e Metas. V. 1 – Conjuntos Numéricos e Funções. Editora Atual, 1988. 39Fundamentos da Matemática Elementar Análise de Gráficos Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Reconhecer no gráfico domínio, imagem, variação, sinal e pontos de máximos/mínimos. 41Fundamentos da Matemática Elementar Introdução Nesta unidade de aprendizagem, iremos aprofundar nossos estudos sobre funções reais por meio de sua representação gráfica. Veremos que, com essa representação, é possível identificar domínio, contradomínio, imagem, bem como estudar a variação de sinal e pontos de máximos e mínimos em gráficos. Podemos dizer que as primeiras “representações gráficas de funções” foram feitas por Nicolau de Oresme (1323-1382), matemático do século XIV. Essas representações eram conhecidas como latitude das formas, nas quais também pode ser encontrado o conceito de variação entre duas grandezas, relacionado com a noção de continuidade. Apesar do importante papel desta representação da latitude das formas na história da matemática, há argumentos de que o gráfico elaborado por Oresme não pode ser considerado como uma antecipação ao conceito de função, já que ele representava quantidades físicas. No entanto, podemos dizer que essa foi a primeira vez que foi utilizado um gráfico para representação de grandezas variáveis, que teve como primeiro exemplo um gráfico de velocidade-tempo. 43Fundamentos da Matemática Elementar 1. Análise de Gráfico de Funções Quem de nós nunca viu um gráfico ou até mesmo tentou compreender alguma situação por meio de gráficos? Fato é que, por meio deles, podemos obter muitas informações. Observe o exemplo: Marta pratica exercícios todos os dias. Dentre as atividades que ela pratica está a corrida, que faz às segundas, quartas e sextas. Ela sempre corre do início até o final de uma avenida e depois retorna ao ponto de partida. O gráfico abaixo mostra a distância percorrida por Marta do ponto de partida (em km), em função do tempo (em minutos). Distância Tempo Analisando este gráfico, podemos analisar as seguintes afirmações: 45Fundamentos da Matemática Elementar ▪ Nos primeiros 2,5km do percurso, Marta desenvolveu uma velocidade constante; ▪ Após percorrer esses 2,5km, ela ficou parada por 10 minutos; ▪ Em seguida, correu até o final da avenida, que mede 5km; ▪ Ao retornar ao ponto de partida, Marta manteve a mesma velocidade desenvolvida no trecho depois da parada. Essas conclusões sobre a velocidade de Marta podem ser retiradas analisando a declividade dos segmentos de reta que formam o gráfico: quanto maior a declividade da reta, maior a velocidade de Marta naquele trecho do percurso. O patamar deste gráfico indica uma parada no trajeto: dos 20 aos 30 minutos após a partida, a distância da maratonista ao início da avenida permaneceu a mesma. Observe que, a partir do ponto 40,5, a distância de Marta ao ponto de partida, que estava aumentando, começa a diminuir. Isto significa que ela chegou ao final da avenida e começa a retornar ao seu início. Este ponto (40,5) permite concluir, também, que a maior distância da atleta ao ponto de partida foi de 5km. Como ela correu do início até o final da avenida, concluímos que a avenida tem uma extensão de 5km e que Marta levou 40 minutos para chegar ao seu final. O percurso de ida e voltalevou 1 hora (60 minutos) e Marta percorreu uma distância total de 10km. Você imaginava que, a partir de um gráfico, poderíamos ter tantas informações e descrever todo o trajeto de Marta? No estudo dos gráficos de funções, podemos obter muitas informações a respeito do comportamento de uma função. Por meio dele, podemos ter uma visão do crescimento ou decrescimento da função, dos valores máximos ou mínimos que ela assume, de eventuais simetrias, do zero da função, bem como seu domínio, seu contradomínio e sua e imagem. 1.1 Domínio e Contradomínio de uma Função Uma função f, por mais simples ou complicada que seja, é sempre definida em um conjunto D, chamado de domínio de f, e os valores assumidos por f formam um conjunto Im, chamado de imagem. Quando representamos uma função real de duas variáveis no plano cartesiano, o domínio D é um 46 Fundamentos da Matemática Elementar subconjunto do eixo Ox e a imagem Im do Oy. ▪ Para obter o domínio D de uma função f a partir de seu gráfico, basta projetarmos o mesmo sobre o eixo Ox. ▪ Para obter imagem Im de uma função f a partir de seu gráfico, basta projetarmos o mesmo sobre o eixo Oy. Exemplo: Determine o domínio D e a imagem Im da função f: Imagem Domínio O domínio da função f é D = [-4, + ]; O domínio da função f é Im = [-3,5]. 1.2 Sinal de uma Função Estudar o sinal de uma função consiste em determinar os intervalos nos quais a função tem imagem negativa e imagem positiva. De forma bem simples, podemos dizer que toda parte do gráfico da f que está acima do eixo Ox tem sinal positivo e o que está abaixo, negativo. 47Fundamentos da Matemática Elementar Os pontos de interseção do gráfico com o eixo Ox apresentam ordenadas nulas, ou seja, suas abscissas x0 são tais que f(x0) = 0. Essas abscissas x0 são os zeros ou as raízes da função f. Os pontos do gráfico situados acima do eixo Ox apresentam ordenadas positivas (Y>0), ou seja, suas abscissas x0 implicam em f(x0) > 0. Os pontos do gráfico situados abaixo do eixo Ox (Y<0) apresentam ordenadas negativas, ou seja, suas abscissas x0 implicam em f(x0) < 0. Exemplo: Veja o estudo do sinal da função f: ▪ A função tem seus valores positivos nos intervalos: (-4,1) e (3,5); ▪ A função tem seus valores negativos nos intervalos: (1,3) e (5, + ); ▪ Os zeros da função {-4,1, 3, 5}, isto é, os pontos onde a função intercepta o eixo Ox f(-4)=0, f(1)=0, f(3)=0, e f(5)=0. Enumerar todos os elementos de um conjunto nem sempre é possível. Por isso, quando queremos representar um intervalo numérico, usamos uma simbologia. Importante 48 Fundamentos da Matemática Elementar Veja agora a simbologia: Sentença matemáticaRepresentação na reta real Intervalo aberto: Intervalo fechado: Intervalo semiaberto à direita Intervalo semiaberto à esquerda Notações simbólicas 1.3 Variação de uma Função Quando é estudada a variação de uma função em um intervalo (a; b) e R, são três as classificações possíveis: a função pode ter variação positiva, negativa ou nula. ▪ Se para quaisquer valores x1 e x2 de um intervalo (a; b), com x1 < x2, temos f(x1) < f(x2), então f é crescente em (a; b). ▪ Se para quaisquer valores x1 e x2 de um intervalo (a; b), com x1 > x2, temos f(x1) > f(x2), então f é decrescente em (a; b). Se para quaisquer valores x1 e x2 de um intervalo (a; b), com x1 = x2, temos f(x1) = f(x2), então f é constante em (a; b). Observe no gráfico: 49Fundamentos da Matemática Elementar Exemplo: uma função f é representada no gráfico abaixo: 1. Em qual(is) intervalo(s) do domínio a função f é crescente? A função é crescente nos intervalos [-4, -1] e [2, 4]; 2. Em qual(is) intervalo(s) do domínio a função f é decrescente? A função é decrescente nos intervalos [-1, 2] e [4, 6]; 3. Em qual(is) intervalo(s) do domínio a função f é constante? A função é constante no intervalo [6,+ ]. 1.4 Máximo e Mínimo Local Definição: dada uma função f, seja c ∈ D ( f ) ▪ f possui um máximo local em c, se existe um intervalo aberto I contendo c, tal que f(c) ≥ f(x) para todo x em I D( f ). ▪ f possui um mínimo local em c, se existe um intervalo aberto I contendo c, tal que f(c) ≤ f(x) para todo x em I D( f ). ▪ Se f possui um máximo ou mínimo local em c, dizemos que f possui um extremo local em c. Usa-se o termo local porque fixamos a nossa atenção em um intervalo aberto, suficientemente pequeno, contendo c, tal que f tome seu maior (ou menor) valor em c. Fora deste intervalo aberto, f pode assumir valores maiores (ou menores). Às vezes usa-se o termo relativo em vez de local. Exemplo: 1) f(x) = x3 – 3x2 + 5 50 Fundamentos da Matemática Elementar Referências Bibliográficas IEZZI, Gelson; MURAKAMI, Carlos. Fundamentos da matemática elementar: conjuntos e funções. São Paulo: Atual Editora, 2013. LAPA, Nilton. Matemática aplicada – uma abordagem introdutória. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 42-51. 51Fundamentos da Matemática Elementar Análise de Gráficos Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Construir um gráfico a partir de uma função afim; ▪ Determinar a lei de associação a partir do gráfico de uma função; ▪ Identificar uma propriedade característica da função afim: o crescimento (ou decrescimento) linear; ▪ Analisar problemas do cotidiano e possíveis intervenções, com base no conhecimento sobre funções afim. 53Fundamentos da Matemática Elementar Introdução Nesta unidade, aprofundaremos nossos estudos sobre as funções, estudando, especificamente, as funções afins, também chamadas de funções polinomiais de 1º grau. Essas funções podem fornecer uma interessante gama de aplicações, motivando ainda mais os seus estudos por meio de exemplos e aplicações ao longo desta unidade de aprendizagem. Você verá como um simples conceito matemático pode ser utilizado para resolver problemas variados do nosso dia a dia, constituindo modelos matemáticos para as questões referentes à proporcionalidade e alguns tópicos da matemática financeira, sendo, há séculos, um dos instrumentos matemáticos mais empregados nas aplicações e na teoria. 55Fundamentos da Matemática Elementar 1. Função Afim O estudo de funções afim pode ser aplicado em diversas situações no dia a dia, seja para calcularmos o valor de uma corrida de táxi, ou para sabermos quanto pagamos pela compra de x quilos de carne etc. Antes de iniciarmos nossos estudos, vamos pensar a seguinte situação: Um corretor recebe da empresa em que trabalha, mensalmente, um salário composto de duas partes: ▪ Uma parte fixa de R$880,00; ▪ Outra parte variável, que corresponde a um adicional de 2% sobre o valor das vendas realizadas no mês. Em certo mês, as vendas somaram R$300.000,00. Sendo assim, responda: ▪ Qual será o salário líquido desse corretor no mês em questão? ▪ Expresse uma fórmula matemática que forneça o salário deste corretor para uma venda de x reais. Para resolvermos situações desse tipo, podemos utilizar os conceitos que abordaremos a seguir. 1.1 Função Polinomial do 1º Grau ou Função Afim Chamamos função polinomial de 1º grau, ou função afim, qualquer função f de em , dada por uma lei f (x)=ax +b, em que a e b são números reais dados e a≠0. f(x) = ax+b ou y = ax +b 57Fundamentos da Matemática Elementar Na lei f(x) = ax +b, dizemos que os números a e b são os coeficientes da função. Exemplos: 1. f (x) = 2x + 3, onde a = 2 e b = 3; 2. f (x) = -x - 7, onde a = -1 e b = -7; 3. f (x) = 3x, onde a = 3 e b = 0; 4. f (x) = x, onde a = 1 e b = 0. Vamos ver algumas aplicações de funções afim? O preço P a pagar por uma corrida de táxi é obtido por uma função afim P = ax + b, na qual x é a distância percorrida em quilômetros; o valor inicial b é chamado de bandeirada e o coeficiente a é o preço por cada quilômetro rodado. Um táxi de luxo, em certa cidade, cobra R$5,40 de bandeirada e R$1,10 por quilômetro rodado. Sendo assim: a. Qual é o valor P que será cobrado em uma corrida de x quilômetros?Vamos analisar a situação: Pelo enunciado, sabemos que o valor fixo ou bandeirada é de R$5,40, e o valor variável cobrado por km rodado é R$1,10. Analogamente, podemos fazer a seguinte tabela: Km rodados Valor a ser pago (R$) 0 P= 5,40 1 P= 5,40 + 1. 1,10= 5,40+ 1,10 = 6,50 2 P= 5,40 + 2. 1,10= 5,40+ 2,20 = 7,60 3 P= 5,40 + 3. 1,10= 5,40+ 3,30 = 8,70 58 Fundamentos da Matemática Elementar 4 P= 5,40 + 4. 1,10= 5,40+ 4,40 = 9,80 x P= 5,40 + 1,10.x b. Se uma pessoa rodar por 100 km, quanto pagará por essa corrida? Solução: Na questão anterior, vimos que o valor P a ser pago por uma corrida é calculado pela lei: P= 5,40 + 1,10x Nesta situação, x=100km, então, para encontrarmos o valor de P, basta substituir “x” por 100, ficando assim: P= 5,40 + 1,1.x P= 5,40 + 1,1.100 P= 5,40+ 110 P= 115,40 Logo, o valor a ser pago por uma corrida de 100km será R$115,40. No exemplo escrevemos a função afim P = ax + b, mas é claro que o valor da corrida é em função da distância percorrida, isto é, P = P(x). ▪ Esse número a da função afim f é chamado de coeficiente angular ou taxa de variação da função f; ▪ O coeficiente b determina onde a função irá interceptar o eixo das ordenadas (y). Vamos ver algumas aplicações de funções afim? Características de uma função polinomial do 1º grau ▪ A função de 1º grau é uma função bijetora, ou seja, é injetora e sobrejetora ao mesmo tempo; 59Fundamentos da Matemática Elementar ▪ O domínio e a imagem são o conjunto dos números reais (IR); ▪ O gráfico de uma função de 1º grau é sempre uma reta; ▪ A função admite inversa. Gráfico de uma função Polinomial do 1º grau O gráfico de uma função afim f (x) = ax + b é uma reta. Para verificar esta afirmação, basta mostrar que três pontos quaisquer desse gráfico são colineares. Para construirmos o gráfico de uma função do 1º grau, basta sabermos os dois pontos (pares ordenados) que fazem parte da função. Para isso, atribuímos valores aleatórios a x e encontramos o valor de y associado. Exemplo: Vamos construir o gráfico da função y = 3x - 1: a. Para x = 0, temos y=3 · 0 - 1 = -1; portanto, um ponto é (0, -1). b. Para y = 0, temos 0=3x-1; portanto, e outro ponto é . Marcamos os pontos (0, -1) e no plano cartesiano e ligamos os dois com uma reta: x y 0 -1 1/3 0 Vamos construir o gráfico da função y = 3x - 1: 1 3 x = 1 ,0 3 1 ,0 3 60 Fundamentos da Matemática Elementar a. Para x = 0, temos y = 3 · 0 - 1 = -1; portanto, um ponto é (0, -1). b. Para y = 0, temos 0 = - 3x - 1; portanto, outro ponto é (1/3,0). x y 0 -1 -1/3 0 Observe que a função f(x) = ax+b é crescente quando a > 0, e decrescente quando a <0. Note que o ponto em que a reta toca o eixo y corresponde às coordenadas (0;b). Taxa de variação da função afim Dados x, x + h ∈ R, com h = 0, a taxa de variação de uma função f no intervalo [x, x + h] é o número: ( ) ( ) f x h f xa h + − = Essa igualdade mostra que a função afim tem a mesma variação em todo seu domínio. Então, conhecendo essa variação, podemos classificar a função afim em: Crescente – quando sua taxa de variação é positiva (a > 0); Importante 61Fundamentos da Matemática Elementar Decrescente – quando sua taxa de variação é negativa (a < 0); Constante – quando sua taxa de variação é nula (a = 0). Como a taxa de variação é única em cada função f, logo o coeficiente a pode ser obtido quando são conhecidos dois pontos f(x1) e f (x2) quaisquer desta função, isto é, f (x1) = ax1+b e f (x2)=ax2 +b; subtraindo as igualdades membro a membro, temos: f (x2) - f (x1) = ax2 + b - ax1 - b Anulando os coeficientes b, teremos: f (x2) - f (x1) = ax2 - ax1 Colocando coeficiente a em evidência: f (x1) - f (x2) = a(x1 -ax2) Logo, Veja alguns exemplos: 1. Obtenha a taxa de variação da função afim cujo gráfico passa pelos pontos (3, 12) e (1, 2). 2. Suponha que um ônibus, partindo do repouso, percorra uma distância de 300 metros em 30 segundos. Qual será a taxa de variação média desse ônibus, durante os 30 segundos? Solução: Observe que o ônibus parte do repouso, então, sua distância inicial é 0 e o tempo também é zero. Perceba que há uma relação tempo x distância ( ) ( ) 1 2 1 2 f x f x a x x − − = 12 2 10 5 3 1 2 a −= = = − 62 Fundamentos da Matemática Elementar percorrida (t,d). Teremos, então, os pontos (0,0) e (30,300). 300 0 30 0 a −= − 300 30 a = 10 /a m s= Podemos concluir, então, que a taxa de variação média da distância do ônibus em relação ao tempo, no período considerado, é dada por 300 m/ 30 s, isto é, 10 m/s. Neste exemplo particular, esta taxa de variação é definida como a velocidade média do ônibus, no mesmo período. Zero de Função Afim Chama-se zero ou raiz da função afim f, com o coeficiente diferente de zero, o número real x, tal que, f(x)= 0. Note que, quando colocamos e calculamos o valor de que satisfaça a igualdade, estamos resolvendo uma equação do primeiro grau. Exemplo: Construir o gráfico da função f (x) = 2x - 6, utilizando sua raiz e seu coeficiente b. Raiz da equação: Valor inicial: ( ) 0 0 bf x ax b x a = => + = => =− 6(0) 2 6 0 3 (3,0) 2 f x x= − = => = = => 63Fundamentos da Matemática Elementar Observe que os pontos encontrados são as interseções com os eixos (raiz da equação) e (coeficiente b). Vejamos algumas aplicações: 1) As funções consumo e poupança de um operário de renda variável x são, respectivamente, Consumo: C = 100 + 0,6x e Poupança: S = 0,4x – 100 a. Qual o seu consumo e sua poupança, se ele ganhar R$ 480,00? Solução: Consumo: C = 100 + 0,6x C= 100 + 0,6.480 C = 100 +288 C = 388 Poupança: S = 0,4x – 100 S = 0,4.480 – 100 S = 192 – 100 b. Qual o seu consumo, se sua renda for nula? Solução: C = 100 + 0,6x C= 100 + 0,6.0 C = 100 +0 C = 100 c. Qual a sua poupança, se sua renda for nula? S = 0,4x – 100 64 Fundamentos da Matemática Elementar S = 0,4.0 – 100 S = 0 – 100 S = – 100 2. Crescimento e decrescimento Consideremos a função do 1º grau y = 3x - 1. Vamos atribuir valores cada vez maiores a x e observar o que ocorre com y: x aumenta x -3 -2 -1 0 1 2 3 y -10 -7 -4 -1 2 5 8 y aumenta Observamos novamente seu gráfico: Regra geral: A função do 1º grau f(x) = ax + b é crescente quando o coeficiente de x é positivo (a > 0); A função do 1º grau f(x) = ax + b é decrescente quando o coeficiente de x é negativo (a < 0). 65Fundamentos da Matemática Elementar Justificativa: ▪ para a > 0: se x1 < x2, então ax1 < ax2. Daí, ax1 + b < ax2 + b, de onde vem f(x1) < f(x2); ▪ para a < 0: se x1 < x2, então ax1 > ax2. Daí, ax1 + b > ax2 + b, de onde vem f(x1) > f(x2). 2.1 Sinal Estudar o sinal de uma função qualquer y = f(x), é determinar os valores de x para os quais y é positivo, os valores de x para os quais y é zero e os valores de x para os quais y é negativo. Consideremos uma função afim y = f(x) = ax + b, vamos estudar seu sinal. Já vimos que essa função se anula pra raiz . Há dois casos possíveis: 1º) a > 0 (a função é crescente) y > 0 ⇒ ax+b > 0 ⇒ x> y < 0 ⇒ ax+b < 0 ⇒ x> Conclusão: y é positivo para valores de x maiores que a raiz; y é negativo para valores de x menores que a raiz. bx a − = b a − b a − 66 Fundamentos da Matemática Elementar 2º) a < 0 (a função é decrescente) y > 0 ⇒ ax+b > 0 ⇒ y > 0 ⇒ ax+b < 0 ⇒ Conclusão: y é positivo para valores de x menores que a raiz; y é negativo para valores de x maiores que a raiz. Algumas funções especiais Função linear: trata-se de um caso particular de função afim, em que b=0. Nesse caso, temos uma função afim f de em dada pela lei f(x) = ax com a real e a≠0, que recebe a denominação especial de função linear. Exemplos: a) f (x) = x (a= 1 e b= 0) bx a <− bx a >− 67Fundamentos da Matemática Elementar b) f(x) = -2x (a= -2 e b= 0) Função constante: vimos que uma função afim f é uma função de em dada pela lei y= ax+b, com a ≠ 0. Quando em y = ax +b, temos a = 0, essa lei não define uma função afim, mas, sim, outro tipo de função, denominada função constante. Portanto, chama-se função constante uma função f:R R dada pela lei y=0x+b, ou seja y = b para todo x. Função identidade: uma função f de em recebe o nome de função identidade, quando associa, a cada elemento x ∈ o, próprio x, isto é f(x) = x. 68 Fundamentos da Matemática Elementar Referências Bibliográficas BEZERRA, Manoel Jairo. Matemática para o ensino médio. São Paulo: Scipione, 2004. CASTANHEIRA, Nelson Pereira. Noções básicas de matemática comercial e financeira. 3 ed. Curitiba: IBPEX, 2010. FLEMMING, Diva Marília; GONÇALVES, Mirian Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. GOLDSTEIN, Larry J. et al. Matemática aplicada: economia, administração e contabilidade. 10 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. IAN, Jacques. Matemática para economia e administração. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. IEZZI, G.; MURAKAMI, C.; MACHADO, N. J. Fundamentos de matemática elementar. Volume 1. Editora Atual, 1993. LIMA, E. L. et al. A matemática do ensino médio. Volume 1. Sociedade Brasileira de Matemática, 1997. MACHADO, Antônio dos Santos. Matemática, temas e metas. Volume 1 – Conjuntos Numéricos e Funções. Editora Atual, 1988. 69Fundamentos da Matemática Elementar Funções Quadráticas ou Polinomial do 2º Grau Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Identificar o domínio; ▪ Conceituar razão, proporção, proporcionalidade direta e inversa; ▪ Solucionar problemas utilizando a regra de três simples e composta. 71Fundamentos da Matemática Elementar Introdução Originalmente, a noção de função quadrática associa-se, à ideia de equações do 2º grau. Há registros deixados pelos babilônios, há aproximadamente 4000 anos, de problemas envolvendo equações quadráticas com três termos. Esses estudos demonstram uma grande flexibilidade existente na Álgebra. O estudo de funções quadráticas surge com o objetivo de descrever diferentes fenômenos físicos, químicos e biológicos. O mais comum é modelar, por meio de uma função polinomial do 2º grau, a trajetória de uma bola lançada em um jogo de basquete, até mesmo de futebol. Outro exemplo clássico é a descrição de uma função horária que fornece o espaço percorrido em relação ao tempo: sua representação gráfica é uma parábola, ou seja, uma função polinomial do 2º grau. Iniciaremos nossos estudos pensando em uma situação na qual podemos aplicar tal conceito. Em seguida, definiremos uma função polinomial do 2º grau, analisando seus pontos de máximo e mínimo, bem como as suas principais propriedades e os procedimentos a fim de solucionar problemas que envolvam esse tipo de função. 73Fundamentos da Matemática Elementar 1. Funções Quadráticas Iniciaremos os nossos estudos com as funções polinomiais do 2º grau ou funções quadráticas. Para isso, vamos pensar na seguinte situação: Um campeonato de futebol vai ser disputado por 12 equipes, pelo sistema em que todos jogam contra todos, em dois turnos. Sendo assim, quantos jogos serão realizados? Solução: Iniciaremos a nossa resolução contando o número de jogos que cada clube “fará” em casa, ou seja, no seu campo: 11 jogos. Como são 12 equipes, teremos: Número total de equipes Número total de equipes (menos 1) Total de partidas 12 * 11= 132 Se, assim como no Brasileirão, o campeonato fosse disputado por 20 clubes, poderíamos calcular quantos jogos seriam realizados utilizando o mesmo raciocínio: Número total de equipes Número total de equipes (menos 1) Total de partidas 20 * 19 = 380 Generalizando, para cada número de clubes (x), é possível calcular o número de jogos do campeonato (y). Então, podemos dizer que o valor de y é função de x, e a lei que define essa função é: 75Fundamentos da Matemática Elementar Número total de equipes Número total de equipes (menos 1) Total de partidas x * (x-1) = y Ou seja, y= f(x) =x.(x-1)= x² - x Esse é um exemplo de função polinomial do 2º grau ou função quadrática. Chama-se função quadrática ou polinomial do 2º grau qualquer função f de em dada por uma lei da forma f (x) = ax2 + bx + c, em que a, b e c são números reais e a = 0. Veja alguns exemplos: f (x) = 3 x2 -15x + 18, sendo a = 3, b = -15 e c = 18 f (x) = x2 - x, sendo a = 1, b = -1 e c = 0 f (x) = -x2 + 2, sendo a = -1, b = 0 e c = 2 1.1 Gráfico da Função Quadrática O gráfico de uma função polinomial do 2º grau dada por y= ax² + bx + c, com a≠ 0 é uma curva chamada de parábola. Exemplo: 1. Vamos construir o gráfico da função y = - x2 Solução: Inicialmente, atribuiremos a x alguns valores. Depois, calcularemos o valor correspondente de y e, em seguida, ligaremos os pontos obtidos. 76 Fundamentos da Matemática Elementar x -x2 y -3 -(-3)² -9 A= (-3; -9) -2 -(-2)² -4 B = (-2; -4) -1 -(-1)² -1 C = (-1; -1) 0 -0² -0 D = (0; 0) 1 -1² -1 E = (1; -1) 2 -2² -4 F = (2; -4) 3 -3² -9 G = (3; -9) 77Fundamentos da Matemática Elementar 2. Vamos construir o gráfico da função f(x) = x² Solução: Inicialmente, atribuiremos a x alguns valores. Depois, calcularemos o valor correspondente de y e, em seguida, ligaremos os pontos obtidos: x x2 y -3 (-3)² 9 A= (-3; 9) -2 (-2)² 4 B = (-2; 4) -1 (-1)² 1 C = (-1; 1) 0 0² 0 D = (0; 0) 1 1² 1 E = (1; 1) 2 2² 4 F = (2; 4) 3 3² 9 G = (3; 9) A figura a seguir mostra as duas possibilidades existentes para a parábola como uma curva originária de uma função quadrática: concavidade para cima (figura 1) ou para baixo (figura 2): 78 Fundamentos da Matemática Elementar a > 0 a < 0 Figura 1 Figura 2 Ao construir o gráfico de uma função quadrática dada por y= ax² + bx + c, notamos sempre que: ▪ Se a > 0, a parábola tem a concavidade voltada para cima; ▪ Se a < 0, a parábola tem a concavidade voltada para baixo. Exemplo: Os gráficos das funções dadas pelas leis seguintes são parábolas. Diante disso, quais são côncavas para cima e quais são côncavas para baixo? 1. f(x) = 3x2 -15x+18 2. f(x) = x2 - x 3. f(x) = - x2 + 2 4. f(x) = -2x2 Solução: Nas funções dadas acima, temos: Concavidade voltada para cima: 1. f(x) = 3x2 -15x+18 2. f(x) = x2 - x; pois a = 3 e a = 1 respectivamente; 79Fundamentos da Matemática Elementar Concavidade voltada para baixo: 3. f(x) = - x2 + 2 4. f(x) = -2x2; pois a = -1 e a = -2 respectivamente. Desenvolveremos alguns conceitos, organizando-os de modo a tornar a construção do gráfico mais simples. 1.2 Zero da Função Quadrática Chamam-se raízes ou zeros da função polinomial do 2º grau dada por f(x) = ax2+ bx +c, os números reais x1 e x2, tais que f(x1) = 0 e f(x2) = 0. Portanto, os zeros são as raízes da equação do 2º grau ax2 + bx + c= 0. Relembrando: para resolvermos uma equação do 2º grau, podemos utilizar a fórmula de Bháskara, dada por: Δ= b² - 4.a.c, Vamos ver alguns exemplos: 1. Quais os zeros da função f(x) = x² - 5x + 6 ? Vamos dividir a resolução em três etapas: 1. Destacar os coeficientes; 2. Calcular o discriminante; 3. Calcular as raízes. Etapa 1 a = 1, b = -5, c = 6 2. bx a − ± ∆ = 80 Fundamentos da Matemática Elementar Etapa 2 Δ= b² - 4.a.c=(-5)² - 4.1.6 =25 - 24=1 Etapa 3 ( ) 5 1 5 1 2. 2.1 2 bx a − − ±− ± ∆ ± = = = 1 5 1 6 3 2 2 x += = = 2 5 1 4 2 2 2 x −= = = Logo, as raízes da função são 2 e 3. Discussão das raízes A existência das raízes de uma função quadrática fica condicionada ao fato da R∆ ∈ . Assim, temos três casos: 1º caso: Δ > 0 (positivo) Quando Δ > 0, a função apresentará duas raízes reais distintas. 1 2. bx a − + ∆ = e 2 2. bx a − + ∆ = 2º caso: Δ =0 (nulo) Nestecaso, . Assim temos que: 3º caso: Δ < 0 (negativo) Quando Δ< 0, a função não apresentará raízes. 0∆ = 1 2 2. bx x a = =− 81Fundamentos da Matemática Elementar Graficamente, podemos representar esses três casos da seguinte forma: Relações entre coeficientes e raízes Sendo x1 e x2 as raízes de uma função do 2º grau do tipo f(x) = ax² + bx + c, com a≠0, podemos afirmar que: Estas relações são chamadas Relação de Girard e podem ser utilizadas para encontrar as raízes da equação do 2º grau, simplificando: ▪ Soma das raízes: S = -b/a ▪ Produto das raízes: P = c/a A função quadrática tem sua forma fatorada dada por f(x) = a(x -x1)(x-x2), onde x1 e x2 são as raízes da equação do 2º grau. 1 .2 2 1 bx a a xx x ce+ == − 82 Fundamentos da Matemática Elementar Exemplos: 1. Quais são as raízes da função f(x) = x2 - 5x + 6 ? Determine a forma fatorada da equação desta função. Solução: O primeiro passo é descobrir a soma e o produto da função: ▪ Soma das raízes: S = -b/a => S = -(-5)/1 = 5 ▪ Produto das raízes: P = c/a => P = 6/1 = 6 Agora, precisamos pensar em quais são os números cuja soma é igual a 5 e o produto é igual a 6. Os números procurados são 2 e 3. Encontradas as raízes, vamos à determinação da forma fatorada da função. Como na função quadrática, sua forma fatorada dada por f(x) = a(x -x1)(x-x2), onde são as raízes da equação do 2º grau, logo a forma fatorada é f(x) = (x - 2)(x - 3). 2. Encontre a função quadrática que tem seus zeros iguais 2 e -3 e f(0) = 30. Como os zeros são iguais a 2 e -3, usando a forma fatorada da função quadrática, teremos: f (x) = a (x - 2) (x - 3) Substituindo f(0)=30, ficamos com: f (0) = a (0 - 2) (0 - 3) Aplicando a distributiva e substituindo f(0) por 30, teremos: 83Fundamentos da Matemática Elementar 30 = 6a 30 5 6 a = = Logo, f (x) = -5 (x - 2) (x + 3) ou f (x) = 5x2 - 5x + 30 1.3 Máximo e Mínimo da Função Quadrática Agora, vamos imaginar a seguinte situação: O lucro (ou prejuízo) L de uma empresa é calculado pela diferença entre a receita (R) e o custo (C). Nessa empresa, a receita e o custo são dados, respectivamente, pelas funções R(x)= 180x - x² e C(x)= 30x + 1200, em reais, sendo que x representa a quantidade vendida mensalmente de determinados itens. Diante disso, qual é o lucro máximo, em reais, dessa empresa? Em situações como esta, em que procuramos encontrar o valor de máximo ou de mínimo em funções quadráticas, precisamos conhecer o seu ponto de máximo/mínimo ou as coordenadas do vértice. Considere o gráfico abaixo da função polinomial do 2º grau definida por f(x) = ax² + bx + c: 84 Fundamentos da Matemática Elementar O ponto V da função quadrática é chamado de vértice da parábola, podendo ser ponto de máximo (quando a < 0) ou ponto de mínimo (quando a >0). Como já sabemos, um ponto requer duas coordenadas, em particular, quando queremos determinar as coordenadas do vértice da parábola que será representado por V (xv; yv), onde: V( , y2 4v v bx a a − ∆ = = ) Demonstração: 2 2 ( ) ² ( ) ( ² ) ( ) ² 4 ² 4 ² ( ) 2 4 ² ( ) 2 4 ² f x ax bx c b cf x a x x a a b b b cf x a x x a a a a b b cf x a x a a a bf x a x a a = − + = + + = + + − + = + − + ∆ = + − Observe que somente x é variável. Logo, concluímos que o valor de máximo/mínimo da parábola ocorre quando x = -b/(2a), pois o termo ao quadrado é sempre maior ou igual a zero. A fatoração da função quadrática é denominada forma canônica. Além de ser utilizada para demonstrar o ponto de máximo/mínimo da parábola, também pode ser utilizada para demonstrar a fórmula que permite resolver a equação do 2 º grau. Exemplos: 1. Agora que já sabemos como encontrar o vértice da função, vamos retomar a situação inicial: 85Fundamentos da Matemática Elementar O lucro (ou prejuízo) L de uma empresa é calculado pela diferença entre a receita (R) e o custo (C). Nessa empresa, a receita e o custo são dados, respectivamente, pelas funções R(x)= 180x - x² e C(x)= 30x + 1200, em reais, em que x representa a quantidade vendida mensalmente de determinados itens. Diante disso, qual é o lucro máximo dessa empresa em reais? Solução: Para encontrarmos o lucro máximo, precisamos definir a função lucro (L). No enunciado, foi dito que a função lucro (L) é calculada pela diferença entre a receita (R) e o custo (C), ou seja: Lucro = Receita - Custo L(x) = R(x) - C(x) L(x) = (180x - x²) - (30x + 1200) L(x) = 180x -x² - 30x - 1200 L(x) = -x² + 150 x - 1200 Definida a função Lucro, precisamos encontrar yv. Como a função Lucro é L(x) = -x² + 150 x - 1200, teremos a = -1, b = 150 e c = 1200. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) [ ] ² ² 4. . [ 150 4 . 1 . 1200 4. 4. 4. 1 22500 4800 17700 4425 4 4 v b a c y a a − − − − − −−∆ = = = − − − = = = Logo, o lucro máximo será de R$4425,00. 2. Determine as coordenadas do vértice da parábola que representa graficamente a função f(x) = x² – 4x + 3. 86 Fundamentos da Matemática Elementar Solução: 4 2 2 2 ² 4 ( 4)² 4.1.3 1 4 4.3 v v bx a b acy a − − = − = − − − − − = − = − Então, V(-2, -1) 1.4 Construção da Parábola É possível construir o gráfico de uma função quadrática sem montar a tabela de pares (x; y). Para isso, basta obedecer à seguinte sequência: ▪ O valor do coeficiente define a concavidade da parábola; ▪ O vértice V indica a localização do ponto de mínimo ou máximo da parábola; ▪ Os zeros reais definem o(s) ponto(s) em que a parábola intersecta o eixo x; ▪ A parábola intersecta o eixo das ordenadas, no ponto (0; c); ▪ A reta vertical que passa por V é o eixo de simetria da parábola. Agora que já aprendemos a construir o gráfico de forma mais rápida, vamos a alguns exemplos: 1. Construa o gráfico da função f(x) = x2 -6x+5, utilizando o roteiro acima. Solução: Seguindo o roteiro apresentado acima, sabemos que: ▪ A parábola tem concavidade voltada para cima, pois a = 1; ▪ O vértice da parábola pode ser obtido pela fórmula: 87Fundamentos da Matemática Elementar 1 1 ( 6) (( 6)² 4.1.5). 2.1 4 y .1 (x 3, 4) v v − − − − − = = = = − ▪ Os zeros da função podem ser obtidos pela fórmula: 1 2 ( 6) ( 6)² 4.1.5 2.1 6 16 2 5 1 x x x e x − − ± − − = ± = = = ▪ E o ponto em que a função intersecta o eixo y é facilmente obtido, fazendo f(0). f (0)= 02 - 6.0 + 5 = 5 (0,5) Eixo de Simetria 88 Fundamentos da Matemática Elementar 1 2 ( 6) ( 6)² 4.1.5 2.1 6 16 2 5 1 x x x e x − − ± − − = ± = = = 1.5 Estudo Final da Função Quadrática Consideremos uma função quadrática dada por y=f(x)= ax² bx + c. Vamos determinar os valores de x para os quais y é negativo e de x para os quais y é positivo. Para analisarmos de forma prática o sinal da função quadrática, iremos: 1. Igualar a função a zero e calcular as raízes ou zeros da função. 2. Marcar, na reta numérica, as raízes encontradas. 3. Fora das raízes tem o mesmo sinal do coeficiente de a. E dentro, isto é, entre as raízes, a função terá sinal contrário ao coeficiente de a. De acordo com o valor do discriminante Δ= b² - 4.a.c , podem ocorrer três casos: 1. Se Δ>0, a função admitirá duas raízes reais distintas (x1≠x2) e a parábola intercepta o eixo Ox em dois pontos. O sinal da função é indicado nos gráficos abaixo: quando a>0 quando a<0 y>0⇔ (x<x1 ou x>x2) y<0⇔ x1<x<x2 y<0⇔ x1<x<x2 y<0⇔ (x<x1 ou x>x2) 89Fundamentos da Matemática Elementar Se Δ = 0, a função quadrática admite duas raízes reais iguais (x1=x2). Neste caso, a parábola tangencia o eixo Ox. O sinal da função é indicado nos gráficos a seguir: quando a>0 quando a<0 y>0⇔ 1x x∀ ≠ y<0⇔ 1x x∀ ≠ Não existe x tal que y<0 Não existe x tal que y>0 2. Se Δ< 0, a função quadrática não admiteraízes reais. Sendo assim, a parábola não intercepta o eixo Ox. O sinal da função é indicado nos gráficos abaixo: Exemplos: Vamos estudar o sinal da função: f(x)=x²-4x+3 Solução: O primeiro passo é calcularmos as raízes da função f(x)=x²-4x+ 3. Por meio da relação de Girard, obtemos: ▪ Soma das raízes: S = -b/a => S = -(-4)/1 = 4 ▪ Produto das raízes: P = c/a => P = 3/1 = 3 90 Fundamentos da Matemática Elementar Logo, as raízes são 3 e 1. Agora, iremos marcar as raízes na reta e analisar: Observe que, para x < 1 ou x > 3, vemos no gráfico que y > 0, já que estes pontos estão acima do eixo das abscissas. Para x = 1 ou x = 3, a função é nula, isto é, f(x) = 0. Para x > 1 e x < 3, vemos no gráfico que y < 0, visto que estes pontos estão abaixo do eixo das abscissas. Então, para a função f(x)=x²-4x+3, temos: A função é negativa para {x | x>1 e x<3}; A função é nula para {x | x=1 ou x=3}; A função é positiva para {x | x<1 ou x>3} ; A representação também pode ser assim realizada: ▪ {x ∈ | 1<x<3} => f(x)<0 ▪ {x ∈ | x=1 ou x=3} => f(x)=0 ▪ {x ∈ | x<1 ou x>3} => f(x)>0 Aplicações do estudo do sinal da função Retomemos ao exemplo do item 1.4, onde estudamos o ponto de máximo e de mínimo: O lucro (ou prejuízo) L de uma empresa é calculado pela diferença entre a receita (R) e o custo (C). Nessa empresa, a receita e o custo são dados, ∈ ∈ ∈ 91Fundamentos da Matemática Elementar respectivamente, pelas funções R(x)= 180x - x² e C(x)= 30x + 1200, em reais, em que x representa a quantidade vendida mensalmente de determinados itens. Diante disso, qual é o lucro máximo dessa empresa em reais? Suponhamos que agora, ao invés do lucro máximo, a pergunta seja a seguinte: Após obter lucro máximo, a partir de qual quantidade essa empresa começa a ter prejuízo? Solução: Vimos que a função Lucro encontrada a partir da diferença entre a função receita e a função custo, foi L(x)=-x²+150x-1200. Para fazermos essa análise, precisamos primeiramente encontrar as raízes dessa função, para, depois, fazermos o estudo do sinal. Calculando as raízes por Bháskara, temos: Δ=(150)² - 4.(-1).(-1200) Δ=22500 -4800 Δ= 17700 ( ) 150 17700 2. 1 x − ±= − 150 17700 2 x − ±= − x1 8,5 e x2 141,52 Agora, vamos marcar essas raízes para fazermos o estudo do sinal: 92 Fundamentos da Matemática Elementar Observe que, a partir de 142 unidades, a empresa começa a ter prejuízo. Isto significa que, a partir de 142 unidades, seria necessário que essa empresa fizesse uma alteração na forma como ela produz. Com esse exemplo, podemos ver o quanto o conceito de funções polinomiais pode auxiliar em diferentes situações, como ajudar a prever prejuízos em empresas, além de compreender a forma como uma função polinomial de 2º grau se comporta. Agora que você já estudou os conceitos e suas aplicações, vamos aos exercícios! 93Fundamentos da Matemática Elementar Referências Bibliográficas BEZERRA, Manoel Jairo. Matemática para o ensino médio. São Paulo: Scipione, 2004. CASTANHEIRA, Nelson Pereira. Noções básicas de matemática comercial e financeira. 3 ed. Curitiba: IBPEX, 2010. FLEMMING, Diva Marília; GONÇALVES, Mirian Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. GOLDSTEIN, Larry J. et al. Matemática aplicada: economia, administração e contabilidade. 10 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. IAN, Jacques. Matemática para economia e administração. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010 IEZZI, G. MURAKAMI; C. MACHADO, N. J. Fundamentos de matemática elementar. Volume 1. Editora Atual, 1993. LIMA, E. L. et al. A matemática do ensino médio. Volume 1. Sociedade Brasileira de Matemática, 1997. MACHADO, ANTÔNIO DOS SANTOS. Matemática temas e metas. Volume 1 – Conjuntos Numéricos e Funções. Editora Atual, 1988. 95Fundamentos da Matemática Elementar Função Exponencial Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Identificar uma função exponencial e suas principais propriedades; ▪ Identificar problemas que possam ser modelados pelas funções exponenciais; ▪ Solucionar problemas modelados por uma função exponencial. 97Fundamentos da Matemática Elementar Introdução As funções exponenciais, as afins e as quadráticas são os modelos mais aplicados para resolver problemas elementares. Porém, é muito comum utilizarmos funções exponenciais para problemas mais complexos, como: crescimento populacional de bactérias, rendimentos obtidos em uma aplicação de juros compostos e o tempo que certa substância leva para degradar em determinado ambiente. Os modelos exponenciais são aplicados em diversas áreas das ciências como: física, química, engenharias, economia, biologia e outras. Nesta unidade aprofundaremos nossos estudos sobre a função exponencial, identificando suas características, os problemas modelados por elas e suas formas de resolvê-los. 99Fundamentos da Matemática Elementar 1. Função exponencial Nesta unidade de aprendizagem iremos estudar as funções exponenciais. Esse tipo de função se aplica a várias situações do nosso cotidiano, inclusive em situações de transações financeiras. Imagine uma aplicação financeira na qual você investiu, inicialmente, R$2.000,00. Você terá rendimento mensal e taxa de juros de 2% ao mês. Qual será o valor acumulado em 8 meses? Solução: Sabemos que em transações bancárias operam o regime de juros compostos, ou seja, em um investimento com capitalização mensal, ao final de cada mês, o juro é acrescido ao montante do mês anterior. Nesta aplicação temos, então, o seguinte: Mês 40 horas Juros(%) Montante (R$)Capital+juros 1 2.000 2% de 2.000=40 2.040,00 2 2.040 2% de 2.040=40,8 2.080,80 3 2.080,80 2% de 2.080,80=41,62 2.122,42 4 2.122,42 2% de 2.122,42=42,45 2.164,87 5 2.164,87 2% de 2.164,87=43,30 2.208,17 6 2.208,17 2% de 2.208,17=44,16 2.252,33 7 2.252,33 2% de 2.252,33=45,05 2.297,38 8 2.297,38 2% de 2.297,38=45,94 2.343,32 101Fundamentos da Matemática Elementar Em situações como essa, podemos recorrer às funções exponenciais. Observe que o valor acumulado em 8 meses pela aplicação de R$2.000,00 à taxa mensal de 2% poderia ser expresso da seguinte forma, em que M é o valor acumulado e t é o tempo em meses: M= 2.000 + 2.000 . 0,02= 2000 (1,02)¹ M= 2.000 (1,02)(1,02) = 2000 (1,02)² M= 2.000 . (1,02) (1,02) (1,02)…(1,02) t vezes M= 2.000 . (1,02)t Embora, neste caso, a variável t só possa assumir valores naturais, este é um exemplo de função exponencial. Definição Seja um número real positivo e diferente de 1, a função exponencial f: , de base, é dada pela seguinte lei correspondência: f(x) = ax. Exemplos: f(x) = 2x f(x) = 5x f(x) = ( 1 2 )x Gráfico de uma função exponencial: Seja f: , tal que f(x)=ax, o gráfico dessa função poderá ser esboçado de duas formas: 1º caso: Se a >0, a função é crescente para todo x ; portanto, dados dois números reais x1 < x2 , temos f(x1) < f(x2). ∈ 102 Fundamentos da Matemática Elementar 2º caso: 0<a<1, a função é decrescente para todo x R; portanto, dados dois números reais x1 < x2 , temos f(x1)>f(x2). Note, ainda, que, em ambos os casos, o gráfico da função não toca o eixo y e, além disso, a exponencial sempre toca o eixo y no ponto y=1 . Isso ocorre pois a0=1 . Vamos esboçar o gráfico de funções exponenciais a partir de alguns pontos obtidos por meio de uma tabela. Observe o exemplo a seguir: 1) Vamos construir o gráfico da função ( ) 1 2 x f x = . X f(X )=(1/2)x -4 f(-4)=(1/2)-4=16 -3 f(-3)=(1/2)-3=8 -2 f(-2)=(1/2)-2=4 -1 f(-1)=(1/2)-1=2 0 f(0)=(1/2)0=1 1 f(1)=(1/2)1=1/2 2 f(2)=(1/2)2=1/4 3 f(3)=(1/2)3=1/8 4 f (4)=(1/2)4=1/16 ∈ 103Fundamentos da Matemática Elementar 2) Vamos construir o gráfico da função: Propriedades da função exponencial: 1. Domínio: D(f)=R; 2. Imagem: Im(f)=R+ (ou seja, y > 0); 3. Se a>1 entãof é crescente; 4. Se 0<a<1, então f é decrescente; 5. Não existe x R, tal que ax=0, ou seja, a função exponencial não tem raiz real. Assim, o gráfico se aproxima do eixo x, mas não o intercepta. Dizemos, então, que o eixo x é uma assíntota horizontal; 6. A função exponencial é bijetora e, como consequência, é inversível (admite função inversa); 7. A interseção do gráfico da função exponencial com o eixo y é o ponto (0,1). Vejamos algumas aplicações das funções exponenciais: 1. Considere que as importações em milhões de reais em um país, ∈ 104 Fundamentos da Matemática Elementar a partir do ano de 2016, pode ser modelada por L(t) = 35,2(0,96) t, em que t representa o tempo em anos. Encontre qual foi a quantidade inicial de importações no respectivo ano. Solução: Para determinarmos a quantidade inicial, basta fazermos t=0, isto é: L(0) = 35,2(0,96)0 L(0) = 35,2 . 1 L(0) = 35,2 Logo, a quantidade inicial de importações foi de 35,2 milhões. 2. A produção de uma indústria vem diminuindo ano a ano. Num certo ano, ela produziu mil unidades de seu principal produto. A partir daí, a produção anual passou a seguir a lei y = 1000 . (0,9)x. Qual foi o número de unidades produzidas no segundo ano desse período recessivo? Solução: Para determinarmos a quantidade de unidades produzidas no segundo ano, basta fazermos x=0, isto é: y = 1.000(0,9)2 y = 1.000 . 0,81 y = 810 Logo, a quantidade no segundo ano foi de 810 unidades. Equações Exponenciais: Uma equação exponencial é aquela que apresenta a incógnita no expoente de, pelo menos, uma potência. Um método usado para resolver 105Fundamentos da Matemática Elementar equações exponenciais consiste em reduzir ambos os membros da equação a potências de mesma base. Quando isso for possível, chamamos equações exponenciais simples. ax=ak ⇔ x=k Exemplo: Resolva a equação exponencial 2x=16. Solução: Para encontrar o valor de x que satisfaça a igualdade, devemos fatorar, sempre que possível, ambos os membros, de modo que possamos escrever cada um como potências de mesma base. 16 2 Quando for possível, comece dividindo por 2. 8 2 4 2 2 2 1 2 Então 16=24, temos: 2x=24 x= 4 Inequação exponencial: Uma desigualdade ou inequação exponencial é aquela que apresenta a incógnita no expoente de, pelo menos, uma potência. Um método usado para resolver inequações exponenciais consiste em reduzir ambos os membros da inequação à potências de mesma base; em seguida, para determinar o intervalo da solução, verificar se a base obtida é maior que um (a>1) ou está entre zero e um (0<a<1). Vejamos alguns exemplos: 106 Fundamentos da Matemática Elementar Resolva as desigualdades exponenciais abaixo: a) 8x > 32⇔ 23x > 25 ⇒ 3x > 5⇔ x> 5/3 Pois, aumentando o valor de x, a potência 23x aumenta cada vez mais. b) (1/9)x>(1/27) ⇔ (1/3)2x>(1/3)3 ⇒ 2x < 3 ⇔ x 3/2 Pois, diminuindo o valor de x, a potência (1/3)2x aumenta cada vez mais. Observe que os conceitos estudados nesta unidade podem, e muito, auxiliar na compreensão das transações financeiras que fazemos no dia a dia, além de sua aplicação ser possível em diversas outras áreas. Essa é a beleza da matemática! Na história da matemática, há uma lenda que conta sobre um rei que solicitou aos seus súditos que inventassem um novo jogo, para que ele ficasse menos entediado. O melhor jogo teria direito a realizar qualquer desejo. Um dos seus súditos inventou, então, o jogo de xadrez. O rei ficou maravilhado com o jogo e viu-se obrigado a cumprir a sua promessa. Chamou, então, seu inventor e disse que ele poderia pedir o que desejasse. O astuto inventor pediu, então, que as 64 casas do tabuleiro do jogo de xadrez fossem preenchidas com moedas de ouro, seguindo a seguinte condição: na primeira casa seria colocada uma moeda, e em cada casa seguinte seria colocado o dobro de moedas que havia na casa anterior. Já podemos imaginar o que aconteceu! Você poderá conferir o fim dessa história no vídeo Prá lá de Bagdá, sugerido no material de estudo. Vamos aos exercícios! 107Fundamentos da Matemática Elementar Referências Bibliográficas BEZERRA, Manoel Jairo. Matemática para o ensino médio. São Paulo: Scipione, 2004. CASTANHEIRA, Nelson Pereira. Noções básicas de matemática comercial e financeira. 3 ed. Curitiba: IBPEX, 2010. FLEMMING, Diva Marília; GONÇALVES, Mirian Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. GOLDSTEIN, Larry J. et al. Matemática aplicada: economia, administração e contabilidade. 10 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. IAN, Jacques. Matemática para economia e administração. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010 IEZZI, G. MURAKAMI; C. MACHADO, N. J. Fundamentos de matemática elementar. Volume 1. Editora Atual, 1993. 109Fundamentos da Matemática Elementar Logaritmos e Funções Logarítmicas Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Conceituar e definir condições de existência de logaritmos; ▪ Aplicar os conceitos de logaritmo, a mudança de base e as propriedades operatórias na resolução de equações; ▪ Solucionar equações exponenciais e logarítmicas; ▪ Definir função logarítmica; ▪ Identificar as propriedades de uma função logarítmica. 111Fundamentos da Matemática Elementar Introdução Desenvolvido pelo escocês John Napier (1550-1617), os logaritmos tinham como objetivo principal minimizar os cálculos realizados pelos navegadores e astrônomos da época. Por meio da tábua de logaritmo dos senos de 0º a 90º, desenvolvida por Napier em 1614, esses cálculos puderam ser mais simplificados. Atualmente, com o uso de computadores e calculadoras científicas, realizar as operações como multiplicações e divisões já não é mais tão exaustivo. No entanto, a utilização dos logaritmos ainda é muito presente em diferentes situações. Nesta unidade de aprendizagem iremos estudar os logaritmos e as funções logarítmicas.Veremos sua definição, propriedades e gráficos, bem como algumas técnicas de resolução de equações e inequações exponenciais e logarítmicas. 113Fundamentos da Matemática Elementar 1. O Surgimento dos Logaritmos De acordo com a história da matemática, foi o escocês John Napier (1550-1617) quem elaborou a teoria dos logaritmos, embora outros matemáticos, como o suíço Jobsti Burgui (1552-1632) e o IngLês Henry Briggs (1561-1630), tenham contribuído de forma significativa para o desenvolvimento desta teoria. O surgimento dessa invenção teve grande impacto nos meios científicos da época, pois significava um grande avanço de cálculo numérico que ajudariam a impulsionar o desenvolvimento do comércio, da navegação e da astronomia, já que, na época, multiplicações e divisões com números grandes eram feitas com o auxílio de relações trigonométricas. A ideia de Napier era associar os termos da sequência (b;b²;b³;b4;…;bn) aos termos de outra sequência (1;2;3;4;…n), de forma que o produto de dois termos quaisquer da primeira sequência (bx . by = b x + y ) estivesse associado à soma dos termos da segunda sequência. Veja um exemplo: 1ª sequência 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 2ª sequência 2 4 8 16 32 64 128 256 512 1024 Para fazer 16.32, note que: 115Fundamentos da Matemática Elementar Para multiplicarmos 16 por 32, somamos os termos correspondentes a eles na 1ª sequência, ou seja, 4 + 5 = 9, e buscamos na 2ª sequência o número correspondente, que é 512. Logo, 16 x 32 = 512. Na linguagem dos logaritmos, os elementos da 1ª sequência da tabela correspondem ao logaritmo na base 2, dos respectivos elementos na 2ª sequência. Por longos anos, os logaritmos prestaram-se à finalidade para a qual foram inventados, que era facilitar cálculos para números muito grandes, porém, hoje, com o desenvolvimento das tecnologias e o surgimento das calculadoras eletrônicas, essa finalidade caiu em desuso. Contudo, quando aplicados ao estudo de funções logarítmicas, podem ser utilizadas para descrever diversos