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Ulisses Vieira Moreira Peixoto Advogado. Especialista em Direito Processual Civil pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Autor de diversas Obras da Área Jurídica. 3ª EDIÇÃO Revista, Atualizada e Ampliada © Ulisses Vieira Moreira Peixoto EDITORA MIZUNO 2021 Revisão: Paulo Morais Nos termos da lei que resguarda os direitos autorais, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial destes textos, inclusive a produção de apostilas, de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, reprográficos, de fotocópia ou gravação. Qualquer reprodução, mesmo que não idêntica a este material, mas que caracterize similaridade confirmada judicialmente, também sujeitará seu responsável às sanções da legislação em vigor. A violação dos direitos autorais caracteriza-se como crime incurso no art. 184 do Código Penal, assim como na Lei n. 9.610, de 19.02.1998. O conteúdo da obra é de responsabilidade do autor. Desta forma, quaisquer medidas judiciais ou extrajudiciais concernentes ao conteúdo serão de inteira responsabilidade do autor. Todos os direitos desta edição reservados à EDITORA MIZUNO Rua Benedito Zacariotto, 172 - Parque Alto das Palmeiras, Leme / SP - 13614-460 Correspondência: Av. 29 de Agosto, nº 90, Caixa Postal 501 - Centro, Leme - SP, 13610-210 Fone/Fax: (0XX19) 3571-0420 Visite nosso site: www.editoramizuno.com.br e-mail: atendimento@editoramizuno.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil Usucapião e Usufruto; Inventário e Partilha; Divórcio e União Estável; Protesto e outros Documentos de Dívida; Demarcação e Divisão de Terras Particulares EXTRAJUDICIAIS - 3ª Edição Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) P379u Peixoto, Ulisses Vieira Moreira. Usucapião e usufruto; inventário e partilha; divórcio e união estável; protesto e outros documentos de dívida; demarcação e divisão de terras particulares EXTRAJUDICIAIS / Ulisses Vieira Moreira Peixoto. – 3. ed. – Leme, SP: Mizuno, 2021. 477 p. : 17 x 24 cm Inclui bibliografia ISBN 978-65-5526-100-4 1. Usucapião – Brasil. 2. Processo civil – Brasil. I. Título. CDD 349.3 Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 Dedicatória Dedico a presente obra às pessoas que buscam, cotidianamente, estudar, detectar e combater, com reponsabilidade, a corrupção. Dedico ainda, em especial, a minha esposa e a meu filho, meus grandes amores... OBRAS DO AUTOR • CLT Comentada Artigo por Artigo - Doutrina e Prática • Reforma Trabalhista Comentada - Doutrina e Prática • Manual Prático do Inventário e da Partilha - Doutrina e Prática • Família, Alimentos e Guarda Compartilhada - Doutrina e Prática • Execução e Recursos no Processo do Trabalho - Doutrina e Prática • Inventário e Partilha no Novo CPC. Direito das Sucessões - Doutrina e Prática • Família, Sucessões, Guarda Compartilhada, Inventário e Partilha, Alimentos, União Homoafetiva, Adoção, Divórcio, Investigação de Paternidade, União Estável e Concubinato - Doutrina e Prática • Leis Extravagantes do Novo CPC Anotadas e Aplicadas na Prática • Recursos e Defesas do Réu - Área Cível - Doutrina e Prática • A Prova no Novo Código de Processo Civil - Doutrina e Prática • Novo Código de Processo Civil Comentado Artigo por Artigo e Aplicado na Prática • Inovações e Alterações no Novo Código de Processo Civil - Doutrina e Prática • Erros Médicos e Perícias Judiciais - Doutrina e Prática • Prescrição e Decadência - Doutrina e Prática • Código de Defesa do Consumidor Comentado Artigo por Artigo - Doutrina e Prática Forense • Os Prazos Processuais no Novo Código de Processo Civil - Doutrina e Prática • Empregado Doméstico - Lei Complementar nº 150, de 1º de Junho de 2015. Doutrina e Prática • Lei de Drogas Comentada Artigo por Artigo - Doutrina e Prática • Manual Jurídico Descomplicado - Doutrina e Prática Forense • Manual Prático Previdenciário e Trabalhista - Doutrina e Prática • Práticas Abusivas da Serasa, do SPC e das Instituições Bancárias - Doutrina e Prática • Recursos e Defesas do Réu - Doutrina e Prática Forense Cível, Criminal e Trabalhista • Revisional dos Contratos Bancários - Doutrina e Prática • Direito para Concursos Públicos • Roteiro Prático Direito do Trabalho e Processo - Teoria, Prática Forense e Legislação • Nova Lei de Recursos no Processo do Trabalho Comentado Artigo por Artigo - Prática Forense • A Técnica das Petições Penais - Doutrina e Prática • Código Penal Comentado Artigo por Artigo + Prática Forense Criminal • Petições Penais de Defesa - Doutrina e Prática APRESENTAÇÃO O autor escreveu a Obra em destaque com a finalidade de esclarecer a Usucapião e o Usufruto; o Inventário e a Partilha; o Divórcio e a União Estável; o Protesto e outros Documentos de Dívida; a Demarcação e a Divisão de Terras Particulares (Novo CPC) de forma EXTRAJUDICIAIS, dividindo o Livro em partes com doutrina e parte prática ao final de cada tema. Citaremos como exemplo a parte da Usucapião Extrajudicial, pois está con- forme o art. 216-A da Lei nº 6.015/73, com inclusões e alterações trazidas pelo Novo CPC, pela Lei nº 13.465/17 e com a regulamentação dada pelo Provimento nº 65, do CNJ, de 14 de dezembro de 2017. Assim os demais temas foram desenvolvidos com a mesma sintonia, com doutrina e prática, proporcionando ao operador do direito um material capaz de auxiliá-lo nas suas atividades forenses. PARTE 1 USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL DOUTRINA 1. Disposições Gerais ............................................................................................................................ 23 2. Usucapião Extrajudicial no CPC de 2015 .......................................................................................... 23 3. Tipos de Usucapião ........................................................................................................................... 27 3.1. Usucapião no Código Civil ....................................................................................................... 27 3.1.1. Usucapião Urbana ou Usucapião Especial Urbana (art. 1.240 e seus parágrafos) ........ 27 3.1.2. Usucapião Ordinária (art. 1.242, parágrafo único) .......................................................... 30 3.1.3. Usucapião Ordinária de Bem Móvel (art. 1.260) ............................................................. 34 3.1.4. Usucapião Extraordinária de Coisa Móvel (art. 1.261) ................................................... 35 3.1.5. Usucapião Extraordinária (art. 1.238, parágrafo único) .................................................. 37 3.1.6. Usucapião Pró-Labore (art. 1.239).................................................................................. 41 3.2. Usucapião na CRFB/1988 ........................................................................................................ 43 3.2.1. Usucapião Constitucional Habitacional (art. 183, da CRFB/1988 e 1.240, do Código Civil) .................................................................................................................................... 43 3.2.2. Usucapião Constitucional Pró-Labore (art. 191, da CF/88 e 1.239, do Código Civil) ..... 43 3.3. Usucapião na Lei nº 6.969/1981 .............................................................................................. 44 3.3.1. Usucapião Especial:........................................................................................................ 44 3.4. Usucapião no Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001) .......................................................... 46 3.4.1. Usucapião Especial de Imóvel Urbano ........................................................................... 46 4. Vantagens da Usucapião Extrajudicial .............................................................................................. 47 5. Momento de optar pela Via Extrajudicial ...........................................................................................47 6. Interessado/Requerente .................................................................................................................... 48 6.1. Documentos Pessoais das Partes ........................................................................................... 48 6.1.1. Pessoas Físicas .............................................................................................................. 48 6.1.2. Pessoas Jurídicas ........................................................................................................... 48 Sumário 7. Contratação do Advogado Habilitado ................................................................................................ 48 7.1. Qualificação do Advogado ....................................................................................................... 48 7.2. Qualificação Completa das Partes ........................................................................................... 50 8. Análises dos Documentos ................................................................................................................. 50 8.1. Títulos e Documentos do Imóvel Usucapiendo ........................................................................ 50 8.2. Título de Origem ....................................................................................................................... 52 8.3. Documentos do Imóvel sem Justo Título ................................................................................. 53 8.4. Qualquer outro Tipo que Comprove ......................................................................................... 53 8.5. Benfeitorias .............................................................................................................................. 53 9. Lavratura da Ata Notarial ................................................................................................................... 53 10. Notificação ....................................................................................................................................... 57 11. Impugnação ..................................................................................................................................... 58 12. Conciliação ...................................................................................................................................... 59 13. Edital ................................................................................................................................................ 60 14. Suscitação de Dúvida ...................................................................................................................... 61 15. Pedido ............................................................................................................................................. 62 16. Registro da Usucapião .................................................................................................................... 64 17. Inafastabilidade do Poder Judiciário ................................................................................................ 65 17.1. Disposições Gerais ................................................................................................................ 65 17.2. Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição ............................................................................ 68 18. Temas oriundos do site do CNJ referente a Usucapião .................................................................. 70 18.1. Pleno virtual do CNJ confirma que Cartório pode Homologar Usucapião ............................. 70 19. Provimento n. 65, de 14 de dezembro de 2017 .............................................................................. 71 19.1. Considerações Gerais ............................................................................................................ 71 19.2. Comentário do Provimento n. 65, de 14 de Dezembro de 2017 ............................................ 73 20. Provimento originado do TJSP referente a Usucapião Extrajudicial (Provimento CG Nº 58/2015) ...... 114 PARTE PRÁTICA Modelo de Procuração para atuar em Nome do Usucapiente .............................................................. 117 Modelo de Procuração para atuar em Nome do Impugnante ............................................................... 119 Modelo de Usucapião Extrajudicial ....................................................................................................... 120 Modelo de Notícia de Procedimento de Usucapião Extrajudicial .......................................................... 124 Modelo de Autorização para propositura da Ação pelo Cônjuge – Regime da Comunhão Parcial – Imóvel Comum do Casal .............................................................................................................. 125 Modelo de Autorização para propositura da Ação pelo Cônjuge – Regime da Comunhão Parcial – Imóvel Exclusivo do Requerente .................................................................................................. 126 Modelo de Autorização para propositura da Ação pelo Cônjuge – Regime da Comunhão Universal de Bens ........................................................................................................................................... 127 Modelo de Declaração Específica de Usucapião Constitucional Urbano ................................................ 128 Modelo de Declaração Específica de Usucapião Constitucional Rural ................................................. 129 Modelo de Declaração Específica de Usucapião Urbana Coletiva ....................................................... 130 Modelo de Declaração Específica de Usucapião Familiar .................................................................... 131 Modelo de Solicitação de Ata Notarial de Usucapião ............................................................................ 132 Modelo de Ata de Depoimento .............................................................................................................. 136 Modelo de Ata Notarial de Depoimento e Constatação de Documentos .................................................... 140 Modelo de Ata Notarial de Usucapião Extrajudicial ............................................................................... 144 Modelo de Ata de Constatação ............................................................................................................. 150 Modelo de Certidão de Usucapião com Identificação de Área Maior .................................................... 153 Modelo de Certidão de Usucapião sem Identificação de Área Maior .................................................... 154 Modelo de Recurso de Apelação ........................................................................................................... 155 Modelo de Razões de Recurso de Apelação ........................................................................................ 156 Modelo de Recurso de Apelação ........................................................................................................... 164 Modelo de Razões de Recurso de Apelação ........................................................................................ 165 PARTE 2 USUFRUTO EXTRAJUDICIAL DOUTRINA 1. Disposições Gerais ............................................................................................................................ 171 2. Objeto do Usufruto ............................................................................................................................ 171 3. Registros no Cartório de Registro de Imóveis ................................................................................... 172 4. Acessórios da Coisa e seus Acrescidos ............................................................................................ 173 5. Título Gratuito ou Oneroso ................................................................................................................174 6. Direitos do Usufrutuário ..................................................................................................................... 175 7. Títulos de Crédito .............................................................................................................................. 176 8. Frutos ................................................................................................................................................ 176 9. Crias dos Animais .............................................................................................................................. 178 10. Frutos Civis ...................................................................................................................................... 178 11. Sem expressa Autorização do Proprietário ..................................................................................... 179 12. Deveres do Usufrutuário .................................................................................................................. 180 13. Direito de Administrar o Usufruto ..................................................................................................... 180 14. Deteriorações .................................................................................................................................. 181 15. Usufrutuário ..................................................................................................................................... 181 16. Reparações Extraordinárias ............................................................................................................ 182 17. Juros da Dívida ................................................................................................................................ 183 18. Lesão Produzida .............................................................................................................................. 184 19. Contribuições do Seguro ................................................................................................................. 184 20. Edifício sujeito a Usufruto ................................................................................................................ 185 21. Ônus do Usufruto ............................................................................................................................ 185 22. Extinção do Usufruto ....................................................................................................................... 185 23. Usufruto em favor de duas ou mais Pessoas .................................................................................. 186 PARTE PRÁTICA Modelo de Escritura Pública para Instituição de Usufruto ..................................................................... 187 Modelo de Procuração de Doação Outorgante/Usufruto ...................................................................... 189 Modelo de Requerimento para Averbação de Cancelamento de Usufruto - Não Incidência de ITCMD ............................................................................................................................................. 190 Modelo de Requerimento de Cancelamento de Usufruto ..................................................................... 191 PARTE 3 INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAIS DOUTRINA 1. Disposições Gerais ............................................................................................................................ 195 2. Competência dos Notários ................................................................................................................ 195 3. Prazo para a Abertura do Inventário .................................................................................................. 198 4. Requisitos para a Realização do Inventário Extrajudicial .................................................................. 200 5. Documentos Necessários para a Realização do Inventário Extrajudicial .................................... 200 6. Eficácia da Escritura .......................................................................................................................... 201 7. Emolumentos ..................................................................................................................................... 202 8. Testamento ........................................................................................................................................ 202 9. União Estável .................................................................................................................................... 203 10. Inventário Judicial em Andamento ................................................................................................... 203 11. Renúncia de Herança ...................................................................................................................... 203 12. Sobrepartilha ................................................................................................................................... 204 13. Dívidas ............................................................................................................................................. 204 14. Efeitos .............................................................................................................................................. 204 15. Temas oriundos do site do CNJ referente ao Inventário ................................................................. 205 15.1. Corregedoria simplifica Procedimentos de Inventário, Partilha e Separação ........................ 205 15.2. CNJ Serviço: inventários ou divórcios consensuais extrajudiciais ......................................... 205 16. Inventário Extrajudicial segundo o Colégio Notarial do Brasil - Bahia ............................................ 206 17. Resolução nº 35, de 24 de abril de 2007 ........................................................................................ 211 18. Provimento nº 56, de 14 de julho de 2016 ...................................................................................... 245 19. Provimento originado do TJSP referente ao Inventário e Partilha Extrajudicial (Provimento CGJ N.º 37/2016) .................................................................................................................................... 246 PARTE PRÁTICA Modelo de Procuração de Inventário ..................................................................................................... 248 Modelo de Autenticação ........................................................................................................................ 249 Modelo de Reconhecimento de Firmas ................................................................................................. 250 Modelo de Reconhecimento de Sinal Público ....................................................................................... 251 Modelo de Reconhecimento de Firmas Autênticas ............................................................................... 252 Modelo de Requerimento (Geral) .......................................................................................................... 253 Modelo de Notificação Extrajudicial ....................................................................................................... 254 Modelo de Revogação de Procuração em Cartório .............................................................................. 255 Modelo de Inventário Extrajudicial ......................................................................................................... 256 Modelo de Escritura de Inventário e Partilha Extrajudicial .................................................................... 261 Modelo de Recurso de Apelação ........................................................................................................... 264 Modelo de Razões de Recurso de Apelação ........................................................................................265 PARTE 4 DIVÓRCIO EXTRAJUDICIAL DOUTRINA 1. Disposições Gerais ............................................................................................................................ 271 2. Opção entre as Vias Judicial e Extrajudicial ...................................................................................... 273 3. Requisitos .......................................................................................................................................... 277 4. Documentos Necessários .................................................................................................................. 278 5. Competência ..................................................................................................................................... 281 6. Possibilidade de Separação e Divórcio Extrajudiciais por Procuração ................................................... 282 7. Advogado........................................................................................................................................... 284 8. Restabelecimento da Sociedade Conjugal ........................................................................................ 284 9. Temas oriundos do site do CNJ referentes ao Divórcio .................................................................... 284 9.1. CNJ confirma gratuidade de divórcio consensual extrajudicial ................................................ 284 9.2. Existência de Filhos Emancipados não impede Divórcio Extrajudicial ............................... 286 9.3. Resolução é alterada para se adequar à Emenda do Divórcio ................................................ 287 9.4. Divórcio consensual em cartório não é possível caso a mulher esteja grávida ................. 287 9.5. Divórcio consensual no exterior agora pode ser averbado direto no cartório .......................... 288 10. Resolução nº 35, de 24 de abril de 2007 ........................................................................................ 289 11. Provimento originado do TJSP referente ao Divórcio, Inventário e Partilha Extrajudiciais (Provi- mento CGJ nº 33/2007) ................................................................................................................... 301 12. Provimento nº 51, de 22 de setembro de 2015 ............................................................................... 308 13. Provimento nº 53, de 16 de maio de 2016 ...................................................................................... 309 14. Recomendação nº 36, de 30 de maio de 2019 ............................................................................... 311 PARTE PRÁTICA Modelo de Procuração de Divórcio - Administrativo (Cartório) .............................................................. 313 Modelo de Procuração Divórcio - Extrajudicial - Assinar Escritura ........................................................ 314 Modelo de Procuração Divórcio - Homologação de Sentença Estrangeira .......................................... 315 Modelo de Procuração de Divórcio litigioso .......................................................................................... 316 Modelo de Procuração de Divórcio ou Separação - Contratar Advogado "Cláusula Ad Judicia" ............... 317 Modelo de Pedido de Divórcio Administrativo em Cartório .................................................................. 318 Modelo de Escritura Pública de Divórcio ............................................................................................... 322 Modelo de Recurso de Apelação ........................................................................................................... 325 Modelo de Razões de Recurso de Apelação ........................................................................................ 326 PARTE 5 UNIÃO ESTÁVEL EXTRAJUDICIAL DOUTRINA 1. Disposições Gerais ............................................................................................................................ 333 2. Requisitos .......................................................................................................................................... 336 3. Documentos ...................................................................................................................................... 336 4. Efeitos ................................................................................................................................................ 337 5. Registro ............................................................................................................................................. 337 6. Distrato .............................................................................................................................................. 337 7. Escritura de União Homoafetiva ........................................................................................................ 337 8. Procedimentos a serem adotados para Formalização da Dissolução de União Estável Extrajudi- cial ................................................................................................................................................... 337 9. Temas oriundos do site do CNJ referente à União Estável ............................................................... 339 9.1. Corregedoria disciplina registro de união estável em Cartórios de Registro Civil .................... 339 9.2. CNJ determina que Cartórios terão de reconhecer União de pessoas do mesmo sexo .... 342 10. Inexistência de Filhos Menores e da Presença de Advogado ......................................................... 343 10.1. Consulta n° 2014.0098477-7/000 .......................................................................................... 344 PARTE PRÁTICA Modelo de Escritura Pública de União Estável ...................................................................................... 349 Modelo de Dissolução de União Estável Extrajudicial ........................................................................... 351 Modelo de Escritura Pública de Dissolução de União Estável .............................................................. 353 Modelo de Contrato de União Estável com Comunhão Parcial de Bens .............................................. 355 PARTE 6 PROTESTO E OUTROS DOCUMENTOS DE DÍVIDA EXTRAJUDICIAIS DOUTRINA 1. Disposições Gerais ............................................................................................................................ 359 2. Competência ..................................................................................................................................... 363 3. Ordem dos Serviços .......................................................................................................................... 363 4. Distribuição ........................................................................................................................................ 365 5. Apresentação e Protocolização ......................................................................................................... 366 6. Prazo ................................................................................................................................................. 368 7. Intimação ........................................................................................................................................... 368 8. Desistência e Sustação do Protesto .................................................................................................. 371 9. Pagamento ........................................................................................................................................ 372 10. Registro do Protesto ........................................................................................................................ 373 11. Averbações e Cancelamento ...........................................................................................................375 12. Certidões e Informações do Protesto .............................................................................................. 377 13. Livros e Arquivos ............................................................................................................................. 379 14. Emolumentos ................................................................................................................................... 381 15. Disposições Finais ........................................................................................................................... 382 16. Temas oriundos do site do CNJ referentes ao Protesto .................................................................. 383 16.1. CNJ Serviço: Como usar Protesto para recuperar Crédito sem ir à Justiça .......................... 383 16.2. Corregedoria regulamenta recepção e Protesto de Cheques para evitar Fraudes ................ 385 17. Provimento n. 72, de 27 de junho de 2018 ...................................................................................... 386 18. Provimento nº 30 do Conselho Nacional de Justiça ........................................................................ 390 19. Lei nº 13.775, de 20 de dezembro de 2018 (Emissão de Duplicata sob a Forma Escritural) ......... 393 20. Lei nº 9.492, de 10 de setembro de 1997 (Serviços Concernentes ao Protesto de Títulos e outros Documentos de Dívida) ................................................................................................................... 397 PARTE PRÁTICA Modelo de Requerimento para Protesto ................................................................................................ 418 Modelo de Solicitação de Apontamento de Títulos de Crédito .............................................................. 420 Modelo de Notificação Extrajudicial para fins de Cancelamento de Protesto de Título de Crédito ....... 422 Modelo de Carta de Anuência ............................................................................................................... 423 Modelo de Solicitação de Certidão de Protesto de Pessoa Física para Interesse Próprio ................... 424 Modelo de Requerimento para Solicitação de Certidão para Pessoa Jurídica ..................................... 425 Modelo de Requerimento para Solicitação de Certidão de Protesto de OUTRA para Pessoa Física .. 426 Modelo de Solicitação para Retirada de Títulos sem Protesto .............................................................. 427 Modelo para Solicitação de Certidão de Protesto de Pessoa Física para Próprio Interessado Referente ao Período dos 10 anos ....................................................................................................................... 428 Modelo de Recurso de Apelação ........................................................................................................... 429 Modelo de Razões de Recurso de Apelação ........................................................................................ 430 PARTE 7 DEMARCAÇÃO E DIVISÃO DE TERRAS PARTICULARES EXTRAJUDICIAIS (NOVO CPC) DOUTRINA 1. Disposições Gerais ............................................................................................................................ 437 1.1. Ação de Demarcação ............................................................................................................... 437 1.2. Cumulação ............................................................................................................................... 439 1.3. Demarcação e Divisão Extrajudiciais ....................................................................................... 440 1.4. Terceiros quanto ao Processo Divisório ................................................................................... 441 1.5. Dispensa da Prova Pericial ...................................................................................................... 442 2. Demarcação ...................................................................................................................................... 443 2.1. Finalidade e Requisitos da Demarcação .................................................................................. 443 2.2. Qualquer Condômino ............................................................................................................... 444 2.3. Citação na Ação Demarcatória ................................................................................................. 444 2.4. Prazo para Contestação ........................................................................................................... 445 2.5. Procedimento Comum .............................................................................................................. 445 2.6. Obrigatoriedade de Perícia ...................................................................................................... 446 2.7. Requisitos do Laudo Pericial .................................................................................................... 446 2.8. Natureza da Sentença da Demarcação ................................................................................... 447 2.9. Trânsito em Julgado ................................................................................................................. 447 2.10. Cadernetas de Operações de Campo e Memorial Descritivo ................................................ 448 2.11. Marcos .................................................................................................................................... 449 2.12. Arbitrador ................................................................................................................................ 449 2.13. Auto de Demarcação .............................................................................................................. 449 2.14. Homologação da Demarcação ............................................................................................... 450 3. Divisão ............................................................................................................................................... 451 3.1. Ação de Divisão........................................................................................................................ 451 3.2. Réus e Terceiros, na Ação Divisória ......................................................................................... 452 3.3. Prova Pericial ........................................................................................................................... 452 3.4. Títulos Condominiais e Pedido de Constituição de Quinhões ................................................. 453 3.5. Contraditório e Decisão Judicial ............................................................................................... 453 3.6. Benfeitorias de Confinantes ..................................................................................................... 453 3.7. Eficácia da Decisão de Divisão ................................................................................................ 454 3.8. Laudo Pericial sobre a forma de Divisão .................................................................................. 454 3.9. Decisão sobre a Divisão ........................................................................................................... 455 3.10. Folha de Pagamentos e Sentença Homologatória de Divisão ............................................... 455 3.11. Citação, Resposta e Produção de Provas, na Ação de Divisão ............................................. 457 PARTE PRÁTICA Modelo de Ação de Demarcação .......................................................................................................... 458 Modelo de Ação de Divisão ................................................................................................................... 461 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................463 ÍNDICE ALFABÉTICO REMISSIVO ............................................................................................... 467 Usucapião e Usufruto; Inventário e Partilha; Divórcio e União Estável; Protesto e outros Documentos de Dívida; Demarcação e Divisão de Terras Particulares EXTRAJUDICIAIS 21 PARTE 1 USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL Usucapião e Usufruto; Inventário e Partilha; Divórcio e União Estável; Protesto e outros Documentos de Dívida; Demarcação e Divisão de Terras Particulares EXTRAJUDICIAIS 23 » DOUTRINA 1. Disposições Gerais Leciona a doutrina que “o termo “usucapião” significa aquisição pelo uso (no sentido de posse), mas não é qualquer uso, é um uso prolongado, que demonstra a importância do tempo nessa forma de aquisição. O vocábulo originou-se das palavras latinas “usus” e “capire”, constituindo palavra do gênero feminino pela sua origem latina, embora no idioma português tenha se consolidado como do gênero masculino (assim como no idioma espanhol e, a tal ponto, que grandes gramáticos admitiam que os dois gêneros a designassem e foi adotada, dessa maneira, por inúmeros juristas).”1 2. Usucapião Extrajudicial no CPC de 2015 Ensina o jurista José Miguel Garcia Medina que: “Art. 1.071 do CPC/2015 disciplina o reconhecimento extrajudicial de usucapião. O reconhecimento da usucapião é realizado mediante simples requerimento do interessado. No caso previsto nesse dispositivo, não haverá, em princípio, oposição de eventuais interessados (cf. art. 216-A, II, da Lei 6.015/1973, que exige a assinatura de “titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes”). Caso uma dessas pessoas não tenha anuído previa e expressamente e assinado a planta, deve-se proceder de acordo com o que dispõem o § 2.º do art. 216-A da Lei 6.015/1973: aquele que não assinou a planta será notificado pelo oficial do registro para se manifestar, presumindo- se sua anuência, em caso de ausência de impugnação; havendo impugnação, será ouvido o requerente, e, não havendo acordo, o processo será enviado ao juiz, que decidirá a respeito (cf. § 10 do art. 216-A da Lei 6.015/1973). Esse procedimento administrativo não exclui a via judicial, mediante provocação do interessado ou daquele que se sentir prejudicado (cf. art. 212, caput, in fine, e parágrafo único da mesma Lei).”2 Vejamos a redação do art. 1.071 e seus dispositivos do CPC de 2015: Art. 1.071. O Capítulo III do Título V da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos), passa a vigorar acrescido do seguinte art. 216-A: 1 MORATO, Antônio C. (Organizador: Costa Machado). Código Civil Interpretado, p. 1.088. 2 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado, p. 970. ULISSES VIEIRA MOREIRA PEIXOTO 24 “Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com: (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) I – ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e de seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias, aplicando-se o disposto no art. 384 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil); (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) II – planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes; (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) III – certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente; (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) IV – justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) § 1º O pedido será autuado pelo registrador, prorrogando-se o prazo da prenotação até o acolhimento ou a rejeição do pedido. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) § 2º Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares de direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes, o titular será notificado pelo registrador competente, pessoalmente ou pelo correio com aviso de recebimento, para manifestar consentimento expresso em quinze dias, interpretado o silêncio como concordância. (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) § 3º O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao Município, pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou pelo correio com aviso de recebimento, para que se manifestem, em 15 (quinze) dias, sobre o pedido. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) § 4º O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande circulação, onde houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que poderão se manifestar em 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) § 5º Para a elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas diligências pelo oficial de registro de imóveis. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) § 6º Transcorrido o prazo de que trata o § 4º deste artigo, sem pendência de diligências na forma do § 5º deste artigo e achando-se em ordem a documentação, o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as descrições apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) Usucapião e Usufruto; Inventário e Partilha; Divórcio e União Estável; Protesto e outros Documentos de Dívida; Demarcação e Divisão de Terras Particulares EXTRAJUDICIAIS 25 § 7º Em qualquer caso, é lícito ao interessado suscitar o procedimento de dúvida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) § 8º Ao final das diligências, se a documentação não estiver em ordem, o oficial de registro de imóveis rejeitará o pedido. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) § 9º A rejeição do pedido extrajudicial não impede o ajuizamento de ação de usucapião. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) § 10. Em caso de impugnação do pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, apresentada por qualquer um dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, por algum dos entes públicos ou por algum terceiro interessado, o oficial de registro de imóveis remeterá os autos ao juízo competente da comarca da situação do imóvel, cabendo ao requerente emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento comum. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) § 11. No caso de o imóvel usucapiendo ser unidade autônoma de condomínio edilício, fica dispensado consentimento dos titulares de direitos reais e outros direitos registrados ou averbados na matrícula dos imóveis confinantes e bastará a notificação do síndico para se manifestar na forma do § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 12. Se o imóvel confinante contiver um condomínio edilício, bastará a notificação do síndico para o efeito do § 2º deste artigo, dispensada a notificação de todos os condôminos. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 13. Para efeito do § 2ºdeste artigo, caso não seja encontrado o notificando ou caso ele esteja em lugar incerto ou não sabido, tal fato será certificado pelo registrador, que deverá promover a sua notificação por edital mediante publicação, por duas vezes, em jornal local de grande circulação, pelo prazo de quinze dias cada um, interpretado o silêncio do notificando como concordância. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 14. Regulamento do órgão jurisdicional competente para a correição das serventias poderá autorizar a publicação do edital em meio eletrônico, caso em que ficará dispensada a publicação em jornais de grande circulação. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 15. No caso de ausência ou insuficiência dos documentos de que trata o inciso IV do “caput” deste artigo, a posse e os demais dados necessários poderão ser comprovados em procedimento de justificação administrativa perante a serventia extrajudicial, que obedecerá, no que couber, ao disposto no § 5º do art. 381 e ao rito previsto nos arts. 382 e 383 da Lei nº 13.105, de 16 março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)” Citaremos algumas passagens doutrinárias referentes a comentários do art. 1.071 e seus dispositivos do CPC de 2015: Os mestres Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de A. Nery ao comentarem o art. 1.071 do CPC de 2015 entendem que: ULISSES VIEIRA MOREIRA PEIXOTO 26 “Reconhecimento extrajudicial da usucapião. O procedimento para tanto é fixado por este novo LRP 216-A, talvez em compensação ao fato de que a usucapião não mais dispõe de um procedimento especial próprio no atual CPC, e levando em consideração o fato de que os notários e tabeliães estão assumindo diversas funções que antes eram exclusivas do Poder Judiciário, quando provocado. É provável que esse procedimento seja mais rápido e prático do que o judicial (que não foi extinto e deverá tramitar pelo procedimento comum). Segundo o RFS-Senado (p. 205), o modelo adotado para a elaboração do instituto foi o das experiências bem-sucedidas de usucapião extrajudicial constantes do programa Minha Casa Minha Vida, da retificação extrajudicial e da demarcação extrajudicial de terrenos públicos.”3 Ao comentar o art. 1.071 e seus dispositivos a jurista Elaine Harzheim Macedo entende que: “Adentra no âmbito da Lei dos Registros Públicos, instituindo, pela introdução do art. 216-A, a usucapião extrajudicial a ser processada perante o cartório de registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, e requerido pelo interessado, devidamente representado por advogado. Trata-se, a exemplo do que já ocorreu no passado, com a ação de retificação de registro imobiliário, de abrir um espaço extrajudicial para a aquisição e regulação da propriedade imobiliária, ainda que não haja prejuízo à opção judicial.”4 O(s) doutrinador(es) Luiz Guilherme Marrinoni e outros, ao comentar(rem) o art. 1.071 e seus dispositivos do CPC de 2015, leciona(m) que: “1. Usucapião Extrajudicial. Embora não se tenha extinto a ação de usucapião (como, aliás, se vê pelas referências ainda presentes no código novo a respeito dessa ação, arts. 246, § 3º, 259, I e 1.07l, CPC de 2015), a ação perdeu seu rito especial, sujeitando-se ao procedimento comum. Por outro lado, previu-se o procedimento de usucapião extrajudicial. O requerimento se processa perante o Cartório de Registro de Imóveis da Comarca do imóvel, e deve ser instruído com os documentos arrolados no art. 216-A da Lei nº 6.015/1973 (na redação dada pelo art. 1.071, CPC de 2015). 2. Intimação do Poder Público. Devem ser obrigatoriamente intimados do pedido a União, o Estado, o Distrito Federal e o Município (conforme o caso), pessoalmente, para que manifestem interesse no prazo de quinze dias. 3. Intimação de Terceiros. Deve-se publicar editais, em jornais de ampla circulação, para que terceiros eventualmente interessados também possam manifestar-se sobre o pedido de usucapião no prazo de quinze dias. 3 NERY JÚNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria A. Comentários ao Código de Processo Civil, p. 2.329. 4 MACEDO, Elaine Harzheim. Novo Código de Processo Civil Anotado – OAB/RS, p. 838. Usucapião e Usufruto; Inventário e Partilha; Divórcio e União Estável; Protesto e outros Documentos de Dívida; Demarcação e Divisão de Terras Particulares EXTRAJUDICIAIS 27 4. Procedimento. Havendo a necessidade de esclarecimentos, o oficial do registro de imóveis poderá solicitá-los ou realizá-los. Havendo a concordância expressa de todos os titulares de direitos reais ou outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo (e dos imóveis confrontantes), e estando em ordem a documentação, o oficial do registro registrará a aquisição do imóvel. Pode, entretanto, qualquer interessado suscitar dúvida (art. 216-A, § 7º, Lei nº 6.015/1973), levando a questão à análise judicial. Por outro lado, havendo impugnação ao pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, feita por qualquer titular de direito real ou direito registrado ou averbado na matrícula do imóvel, o interessado será remetido à via judicial da comarca de situação do imóvel, devendo emendar o requerimento para adequá-lo ao procedimento comum (art. 216-A, § 10, Lei nº 6.015/1973).”5 Assim, com o surgimento do CPC de 2015, o legislador trouxe enorme inovação para os notários, ou seja, com a previsão da Ata Notarial de Usucapião Extrajudicial. Dessa forma foi inserido aos Tabeliães de Notas em todo o processo de regularização fundiária no Brasil, favorecendo a prática da cidadania com a efetivação do direito fundamental à moradia. 3. Tipos de Usucapião Na prática o Cartório deverá observar em qual modalidade de usucapião o caso se engloba, pois existem inúmeros tipos encontrados no ordenamento jurídico. 3.1. Usucapião no Código Civil 3.1.1. Usucapião Urbana ou Usucapião Especial Urbana (art. 1.240 e seus parágrafos) Vejamos o art. 1.240 e seus dispositivos do Código Civil: “Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.” 5 MARRINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil Comentado, p. 1.001-1.002. ULISSES VIEIRA MOREIRA PEIXOTO 28 O jurista Antônio C. Morato ao comentar o art. 1.240 e seus parágrafos do Código Civil entende que: “A preocupação em regular a usucapião em área urbana é mais do que justificável, tendo em vista a mudança ocorrida durante o século passado, com o crescimento da área urbana e a redução proporcional do número de habitantes na área rural, fenômeno que ocorreu globalmente e não apenas no Brasil. Partindo de tal constatação, o próprio texto constitucional (art. 183) consagrou o que, acertadamente, seria denominado de usucapião habitacional eis que tal texto consagra também o direito à moradia (art. 6º alterado pela EC n. 64/2010), afastando a possibilidade de alegação quando o bem for público. Dessa forma, desde que o possuidor não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural, decorrido, sem qualquer oposição, o lapso temporal de cinco anos e em área que não exceda 250 metros quadrados, será reconhecido o direito a usucapir o imóvel urbano.”6 Decidiram os(as) desembargadores(as) do TJRS: “Usucapião especial urbano. Art. 183 da CF. Requisitos não preenchidos. Alegada posse sobre área superior ao limite estabelecidoconstitucionalmente a usucapião urbana. Não se mostra passível de usucapião na modalidade especial propriedade com área superior ao parâmetro constitucional, cujo instituto tem por objetivo primordial regularizar a posse sobre pequenas áreas urbanas àqueles que não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. Recurso de apelação improvido. Unânime.” (TJRS, Ap. Cível n. 70.004.670.550, 18ª Câm. Cível, rel. Des. Cláudio Augusto Rosa Lopes Nunes, j. 16.09.2004). 6 “Além do próprio CC, a matéria foi regulada pelo art. 9º do Estatuto da Cidade, que tratou da matéria da mesma forma e, embora sustente-se que o dispositivo estaria em vigor (com o que se concorda somente em relação ao § 3º do art. 9º, que estabeleceu que o herdeiro continua a posse de seu antecessor, embora tal dispositivo, de forma mais ampla, já esteja no CC), acredita-se que estaria revogado pelo critério cronológico (lei posterior revoga a anterior quando regular da mesma forma a matéria), presente no art. 2º da Lindb. E, ainda, que o “caput” do art. 9º do Estatuto da Cidade tenha estabelecido que poderá usucapir aquele que “possuir como sua área” e acresça “ou edificação urbana”, sustenta-se que a menção à “área urbana”, que também consta no art. 1.240 do CC, seria suficiente para transmitir o que o dispositivo pretende. O direito à aquisição do bem será reconhecido tanto ao homem quanto à mulher, dispensada aí a análise do estado civil de ambos. A intenção do dispositivo é ampliar o direito ao reconhecimento desse direito, previsto também constitucionalmente (art. 183, § 1º) e que atende ao princípio constitucional da igualdade entre os sexos (art. 5º, I) e à necessidade de reconhecimento das novas espécies de família (em que pese a denominação “entidades familiares”) pelo mesmo texto constitucional, tais como a união estável (art. 226, § 3º) e a família monoparental (art. 226, § 4º). A limitação quantitativa do reconhecimento da usucapião habitacional visa a compelir aquele que usucapir o imóvel a efetivamente utilizá-lo e não a transmiti-lo imediatamente para depois retornar à situação anterior, em plena consonância novamente com o texto constitucional (art. 183, § 2º).” MORATO, Antônio C. (Organizador: Costa Machado). Código Civil Interpretado, p. 1.090-1.091. Usucapião e Usufruto; Inventário e Partilha; Divórcio e União Estável; Protesto e outros Documentos de Dívida; Demarcação e Divisão de Terras Particulares EXTRAJUDICIAIS 29 Decidiram os(as) desembargadores(as) do TJRS: “Ação de usucapião ordinário. Inexistência de justo título. Usucapião constitucional. 1- Entende-se por justo título o documento hábil para transferir o domínio, só não o fazendo por ser portador de falhas ou defeitos. Faltando o justo título, não há falar em usucapião ordinário. 2 - Demonstrado que os autores detêm a posse mansa, pacífica e sem interrupção, de uma área urbana de 255,81 m², há mais de dez anos, não sendo proprietários de outro imóvel urbano ou rural, aplicável se mostra o princípio da função social da propriedade, impondo-se a declaração de domínio com base no art. 183 da CF. 3 - Possibilidade de usucapião de área pouco superior a 250 m², com base na CF, insignificância da diferença de metragem, e aplicação, por analogia, do disposto no parágrafo único do art. 1.136 do CC então vigente.” (TJRS, Ap. Cível n. 70.007.119.803, 19ª Câm. Cível, rel. Des. José Francisco Pellegrini, j. 13.04.2004). Decidiram os(as) desembargadores(as) do TJRS: “Ação de usucapião especial urbano. Configuração dos requisitos estabelecidos no art. 183 da CF/1988, indispensáveis ao reconhecimento do direito pleiteado. O objeto da usucapião vem a ser apenas parte do total da área do imóvel em questão, sendo viável reduzir tal área ao limite constitucional de 250 m² com o fim de usucapi-la. Apelo provido.” (TJRS, Ap. Cível n. 70.002.229.748, 19ª Câm. Cível, rel. Des. Luís Augusto Coelho Braga, j. 26.11.2002). Decidiram os(as) desembargadores(as) do TJSP: “Usucapião constitucional. Imóvel urbano. Alegação, pela municipalidade, de o imóvel estar localizado em loteamento irregular. Questão administrativa, relativa à aprovação de parcelamento do solo, que não obsta o reconhecimento da prescrição aquisitiva. Aplicação do art. 183 da CF. Honorários do perito devidos pela contestante. Ação julgada procedente. Recurso não provido.” (TJSP, Ap. Cível n. 115.268-4, rel.ª Zélia Maria Antunes Alves, j. 19.02.2001). Decidiram os(as) desembargadores(as) do TJSP: “Usucapião especial urbano. Ação ajuizada em caráter individual com a finalidade do reconhecimento de domínio exclusivo sobre um cômodo de habitação coletiva. Inadmissibilidade. Situação a viabilizar em tese a ação de usucapião especial urbano coletivo, na qual a legitimidade ad causam é deferida a todos os moradores em litisconsórcio necessário ou à associação que os representa. Aplicação das regras dos arts. 9°, ULISSES VIEIRA MOREIRA PEIXOTO 30 10 e 12 da Lei n. 10.257/2001 (Estatuto da Cidade). Petição inicial indeferida. Recurso do casal autor desprovido.” (TJSP, Ap. n. 283.033-410, rel. Des. Morato de Andrade, j. 27.08.2003). 3.1.2. Usucapião Ordinária (art. 1.242, parágrafo único) Citaremos o art. 1.242, parágrafo único do Código Civil: “Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.” A mestre Maria Helena Diniz ao comentar o art. 1.242 e seu parágrafo único do Código Civil encontramos que: “Usucapião ordinária. É aquela que confere o domínio do imóvel a quem, por dez anos, o possuir com “animus domini” contínua e pacificamente, tendo justo título e boa-fé. Pressupostos da usucapião ordinária. Apresenta essa modalidade de usucapião os seguintes pressupostos: a) posse mansa, pacífica e ininterrupta, exercida com intenção de dono; b) decurso do tempo de dez anos, que, excepcionalmente, reduzir- se-á a 5 anos, se o bem de raiz houver sido adquirido onerosamente e cujo registro foi cancelado, desde que o possuidor tenha nele sua morada ou nele tenha realizado investimentos de interesse social ou econômico. Trata-se da posse-trabalho, que, para atender ao princípio da socialidade e dar efeito prático à função social da posse, punindo a inércia do proprietário e prestigiando o possuidor, reduz o prazo de usucapião; c) justo título formalizado, devidamente registrado (p. ex., formal de partilha, escritura de compra e venda, carta de arrematação, etc.), mesmo que esse contenha algum vício ou irregularidade (p. ex., cancelamento da titularidade por ato judicial; ausência de requisito legal), e boa-fé; d) sentença judicial que declare a aquisição do domínio, que deverá ser levada a assento em Registro Imobiliário.”7 O mestre Francisco Eduardo Loureiro (Coordenador: Cezar Peluso) ao comentar o art. 1.242 do CC entende que: “Trata o artigo em questão da usucapião ordinária, cuja posse, além dos requisitos já mencionados nos comentários ao art. 1.238 do CC - continuidade, pacificidade e “animus domini”, exige dois outros suplementares: justo título e boa-fé. 7 DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado, p. 863-864. Usucapião e Usufruto; Inventário e Partilha; Divórcio e União Estável; Protesto e outros Documentos de Dívida; Demarcação e Divisão de Terras Particulares EXTRAJUDICIAIS 31 Natural a aposição de dois novos requisitos. O prazo menor da posse exige, emcontrapartida, que seja esta mais qualificada. Em relação ao CC revogado, não mais persiste a questão da duplicidade de prazos da posse, de dez anos entre presentes - moradores do mesmo município - e quinze anos entre ausentes - os que habitam município diverso. Foi agora o prazo unificado em dez anos, para qualquer das hipóteses. Remanesce a questão ele direito intertemporal dos casos de usucapião ordinário nos quais parte ou a totalidade do prazo tenha ocorrido entre ausentes na vigência do Código revogado. Pode ser aplicado de imediato o prazo de dez anos, aproveitando-se o período de posse anterior ao atual CC? Remete-se o leitor ao que se disse anteriormente, na parte final do comentário ao art. l .238, quando se tratou da interpretação do art. 2.028 do CC, no caso de redução ele prazos de prescrição extintiva e aquisitiva. Justo título é aquele potencialmente hábil para a transferência da propriedade ou de outros direitos reais, que, porém, deixa de fazê-lo, por padecer de um vício de natureza substancial ou de natureza formal. O título pode se consubstanciar nos mais diversos negócios jurídicos aptos à transmissão de direitos reais, como a venda e compra, a doação, a dação em pagamento, a arrematação, a adjudicação, entre outros. Em tese, seria tal título suficiente, caso levado ao registro, para a transmissão do direito real. Ocorre, porém, que o título sofre de um vício, quer substancial, quer formal. Tomem-se como exemplos de vícios substanciais a aquisição a “non domino”, os negócios jurídicos nulos e os anuláveis. E como exemplos de vícios formais, o compromisso de venda e compra de um lote, sem prévio parcelamento do solo, ou de títulos em geral que não conseguem ingressar no registro, por ofender os princípios da especialidade ou da continuidade registrárias. O Enunciado n. 86 do CEI é no mesmo sentido: “A expressão justo título, contida nos arts. 1.242 e 1.260 do CC, abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, independentemente do registro’’. O termo justo título tem duas acepções no CC. No art. 1.201, parágrafo único, significa uma causa que justifique, que explique a posse. No art. 1.242 tem sentido mais estrito, de título hábil em tese para a transferência da propriedade e de outros direitos reais. Para efeito do artigo em exame, deve o justo título emanar do titular efetivo ou aparente do direito real que se pretende transferir, podendo ser levado, ou não, ao registro imobiliário. Basta que haja negócio jurídico abstratamente apto a transferir o domínio ou os direitos reais. Entre os títulos hábeis, destaca-se por sua frequência o compromisso de venda e compra e respectiva cessão de direitos, por instrumento público ou particular, levado ou não ao registro imobiliário, desde que o preço se encontre pago. É título hábil à transferência da propriedade, tanto que se qualifica como direito real de aquisição e dá direito à adjudicação compulsória. Gera ao compromissário comprador mais do que simples posse direta, uma vez que a propriedade remanesce com o ULISSES VIEIRA MOREIRA PEIXOTO 32 promitente vendedor como mera garantia do recebimento do preço. Note-se que o termo inicial de contagem do prazo, pago o preço, retroage à data da imissão do compromissário comprador na posse do imóvel. Exige, ainda, o artigo em exame o requisito cumulativo da boa-fé do possuidor, qualidade que deve existir não só no momento da aquisição, como persistir durante todo o prazo necessário à consumação da usucapião. Como já visto no comentário ao art. 1.20 l do CC, cuida-se da boa-fé subjetiva, consistente no desconhecimento do vício que afeta a posse. O justo título faz presumir a boa-fé, mas os dois requisitos não se confundem. Pode haver justo título sem boa-fé, como no caso em que o possuidor, em determinado momento, toma conhecimento do vício que afeta o título e o torna impróprio para a transferência da propriedade. Pode haver também boa-fé sem justo título, como no caso do possuidor que acredita na força translativa de um negócio entabulado com quem não é proprietário nem real e nem aparente da coisa. Finalmente, o parágrafo único do art. 1.242 do CC reduz para cinco anos o prazo da usucapião ordinária, desde que se revista a posse de qualidades adicionais, especiais e cumulativas: tratar-se de posse-trabalho, qualificada socialmente pelo estabelecimento de moradia ou realização de investimentos de interesse social e econômico somados a um justo título especial, consistente na aquisição onerosa do imóvel, levada a registro, com posterior cancelamento deste. No que se refere à posse-trabalho, confere o legislador ao possuidor uma alternativa: ou estabelece no imóvel sua moradia, ou realiza investimentos de interesse social e econômico. Qualquer um dos requisitos deve persistir por todo o período aquisitivo. Note-se que o investimento deve não apenas revestir-se de caráter econômico, como deve cumulativamente atender o interesse social. No que tange ao justo título, o legislador o limita àqueles de aquisição onerosa, descartando, portanto, as doações, as heranças e legados. Exige, mais, que a aparência de autenticidade do título seja tal que supere ele o exame qualificador do oficial, ingressando no registro imobiliário. Alude o preceito a posterior cancelamento, que pode ocorrer tanto por vício substancial como formal do título, abrangendo casos de anulabilidade, nulidade e, até mesmo, de inexistência, em razão de falso consentimento do alienante, assim como por vícios do próprio mecanismo do registro (art. 214 da LRP). Óbvio, embora não diga o preceito, que também o título viciado, mas cujo registro ainda não foi cancelado, valha como justo para a usucapião ordinária com prazo de cinco anos. É o que a doutrina denomina usucapião tabular, que serve não para a aquisição do domínio, mas para sanar os vícios originais de aquisição a título derivado. Pode, por exemplo, se alegar exceção de usucapião em demanda que tenha por objeto a anulação, nulidade ou mesmo declaração de inexistência do negócio que deu origem ao registro. Embora haja controvérsia sobre o tema, não há necessidade de o registro inválido permanecer aparente por cinco anos. O que exige a lei é que a posse dure cinco anos e Usucapião e Usufruto; Inventário e Partilha; Divórcio e União Estável; Protesto e outros Documentos de Dívida; Demarcação e Divisão de Terras Particulares EXTRAJUDICIAIS 33 que o título aquisitivo oneroso tenha ingressado no registro em algum momento, ainda que seu cancelamento se dê antes do quinquênio. Finalmente, no que se refere à questão de direito intertemporal de redução do prazo, remete-se o leitor ao comentário do parágrafo único do art. 1.238 do CC, que aqui se aplica inteiramente.”8 Decidiram os(as) ministros(as) do STJ: “O instrumento de promessa de compra e venda insere-se na categoria de justo título apto a ensejar a declaração de usucapião ordinária. Tal entendimento agarra-se no valor que o próprio Tribunal - e, de resto, a legislação civil - está conferindo à promessa de compra e venda. Se a jurisprudência tem conferido ao promitente comprador o direito à adjudicação compulsória do imóvel independentemente de registro (Súmula n. 239) e, quando registrado, o compromisso de compra e venda foi erigido à seleta categoria de direito real pelo CC/2002 (art. 1.225, VII), nada mais lógico do que considerá-lo também como “justo título’ apto a ensejar a aquisição da propriedade por usucapião.” (STJ, REsp n. 941.464/SC, rel. Min. Luís Felipe Salomão, j. 24.04.2012). Decidiram os(as) desembargadores(as) do TJMG: “Ação de usucapião. Promessa de compra e venda. Justo título e boa-fé. Usucapião ‘tabular. Estabelecimento de moradia. Função social da propriedade. Posse não contestada. Redução do prazo. Art. 1.242, parágrafoúnico, do CC. Atribui-se a propriedade pela usucapião nos termos do art. 1.242, parágrafo único, do CC, se comprovada a existência de justo título e boa-fé, bem como a destinação do imóvel para moradia ou realização de investimentos de interesse social e econômico e, ainda, o decurso do prazo reduzido de cinco anos a despeito da inexistência de cancelamento de registro anterior.” (TJMG, AC n. l.0145.07.402445-9/001, rel. Estevão Lucchesi, j. 08.08.2012). Decidiram os(as) desembargadores(as) do TJRS: “Entende-se por justo título, o documento hábil, em tese, à transferência do domínio. Na hipótese, houve simples cessão de direitos de posse sobre o imóvel, a qual jamais seria suficiente à aquisição da propriedade. Não implementado o requisito, inviável o reconhecimento da propriedade originária na forma como postulada. Impossibilidade de se receber a ação de usucapião ordinária, fundamentada 8 LOUREIRO, Francisco Eduardo (Coordenador: Cezar Peluso). Código Civil Comentado, p. 1.183-1.184. ULISSES VIEIRA MOREIRA PEIXOTO 34 no art. 1.242 do CCB, como extraordinária. Sentença confirmada. Negaram provimento. Unânime.” (TJRS, Ap. Cível n. 70.029.452.190, 18ª Câm. Cível, rel. Nelson José Gonzaga, j. 02.09.2010). 3.1.3. Usucapião Ordinária de Bem Móvel (art. 1.260) Vejamos o art. 1.260 do Código Civil: “Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.” Segundo os ditames do mestre Antônio C. Morato ao comentar o art. 1.260 do Código Civil encontramos que: “A redação atual é mais concisa (antes, no parágrafo único do art. 618 do CC/1916, estabelecia-se que não gera usucapião a posse que não se firme em justo título, bem como a inquinada de má-fé). No texto em vigor, em vez de dizer o que não é a usucapião ordinária, o legislador adequadamente limitou-se a descrever quando ocorre tal espécie de usucapião, ao indicar os dois elementos necessários para sua configuração.”9 Esclarece o jurista Cristiano Chaves de Farias (e outros) ao comentar o art. 1.260 do CC que: “Conceito. Ao lado da propriedade imóvel, também os bens móveis são passíveis de apropriação. A usucapião ordinária desta natureza de bens se dá no curto prazo de 3 anos, destacando-se na jurisprudência a possibilidade de usucapião de linhas telefônicas. Mesmo mote, observe-se que aqui a função social não se faz sentir como um redutor de prazos, mas sim como um requisito intrínseco do próprio usucapião, que se manifesta a partir da utilização efetiva de um bem móvel antes abandonado.”10 Decidiram os(as) desembargadores(as) do TJSP: “Usucapião extraordinária de bem móvel. Automóvel que se encontrava alienado fiduciariamente no momento em que ocorreu a sua transferência à autora. Ausência de autorização do Banco arrendante, que inclusive havia promovido ação de busca e apreensão em face da arrendatária. Irrelevância de referida demanda ter sido julgada extinta sem julgamento do mérito. Clandestinidade da posse reconhecida. Art. 1.208 do 9 MORATO, Antônio C. (Organizador: Costa Machado). Código Civil Interpretado, p. 1.109. 10 FARIAS, Cristiano Chaves de (e outros). Código Civil para Concursos, p. 1.087.