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Beatriz Souza e Isabel Cristina Fisio 98 - UFPE Linfedema Definição: Edema por disfunção dos vasos linfáticos (que não carregam mais a linfa do tecido de volta para a circulação sanguínea) ocasionando acúmulo de líquido e proteínas na pele e no tecido subcutâneo. Esse edema acaba causando: • Aumento das dimensões do local acometido; • Aumento do peso do membro acometido; • Alterações funcionais; • Modificação do fator estético da área acometida. Doença Crônica: Não tem cura e exige manutenção dos cuidados sempre. Tratamento: • Reduzir dimensões; • Mantê-las controladas para não haver aumento novamente; • Preservar função do membro. OBS: Muitos pacientes deixam de andar devido ao peso e as deformidades causadas. Anatomia do Sistema Linfático: Os capilares linfáticos são mais terminais e dão origem a vasos linfáticos periféricos. Os vasos por sua vez se unem para originar os troncos linfáticos principais. As cadeias linfonodais estão entre os vasos e os troncos. Assim como as veias, os vasos linfáticos são valvulados. O fluxo no sistema linfático é unidirecional (de distal para proximal) como indicado nas setas da figura abaixo. Os troncos linfáticos principais desembocam no ducto torácico, que drena entre a veia jugular esquerda e a veia subclávia esquerda. Local onde a linfa é devolvida para o sistema sanguíneo. OBS: Não esquecer que o baço faz parte do sistema linfático. Fisiologia do Sistema Linfático: • Função Imunológica: Anticorpos são produzidos nos linfonodos. • Drenagem da Linfa (Sistema de drenagem valvular unidirecional): Transporta excesso de fluído tecidual de volta à circulação sanguínea. • Em condições normais quando há o equilíbrio entre produção de linfa e drenagem de linfa o paciente não vai ter linfedema. Quando há um desequilíbrio e o paciente passa a produzir mais linfa ou tem uma dificuldade na drenagem da linfa, o paciente terá linfedema. Fisiopatologia: Desequilíbrio entre a produção e drenagem da linfa → Acúmulo de fluido intersticial rico em proteínas → Linfedema → Fibrose do tecido subcutâneo → Fibroedema (Ocorre quando o edema não é tratado/controlado). O edema faz com que o membro fique cilíndrico. Etiologia: • Primário (anormalidade estrutural / má-formação) • Secundário (lesão linfática adquirida) – Pós cirurgia, trauma, esvaziamento axilar, etc. É o mais comum. A figura ao lado é um caso grave de fibroedema, em que o paciente começa a formar pregas que acabam sendo fonte de micose. Gerando uma infecção devido ao rompimento da barreira de proteção da pele com entrada de bactérias. Linfedema Primário: • Congênito (15%) • Precoce (75%) – Até os 15 anos, ou até os 30 (Depender do autor). • Tardio (10%) – Depois dos 30 anos. Linfedema Secundário: • Secundário a Traumas, • Resseção cirúrgica, • Iatrogenia, • Infecções (Erisipela, Filariose), • Tumores, • Radioterapia. Localização: • Membros inferiores: Mais comum. Pode ser uni ou bilateral. • Membros superiores • Bolsa escrotal Quadro Clínico: • Edema difuso • Sensação de peso ou pressão • Dor em queimação • Fadiga Características do Edema: • Duro (não forma cacifo) • Cilíndrico • Sinal de Stemmer positivo: Perda do pregueamento nas articulações dos dedos. • Edema do dorso do pé (Sinal da corcova búfalo) • Conforme o quadro evolui os dedos também são acometidos. Imagens da evolução da doença: • O linfedema pode acometer só a porção distal do membro ou o membro todo. • Na segunda imagem é possível observar a formação de um pedúnculo gigante e no pé um eczema com feridas que são porta de entrada de bactérias. A terceira imagem é um linfedema periescrotal inicial. Diagnóstico: • Clínico: Observa-se as características do edema e o relato do paciente. O paciente da imagem 1 vinha tendo vários episódios de infecção do membro. E a paciente da imagem 2 fez esvaziamento dos linfonodos axilares. Exames complementares: • Linfografia: Hoje em dia quase não se faz, fazia mais antigamente. Ele é feito através da dessecação um vaso linfático na região do dorso do pé, cateterizava e injetava o contraste. Mas de 30% das vezes não dava certo, ou seja, não conseguia identificar. Era um procedimento quase cirúrgico, pois você teria que fazer uma incisão para colocar a sonda e aplicar o contraste. • Linfocintigrafia: Mais utilizado atualmente. É feito geralmente, em pesquisa ou caso de dúvida de diagnóstico. É um exame de medicina nuclear, injetando um radioisótopo, que é um pouco incômodo pro paciente, pois ele recebe uma injeção de contraste no subcutâneo entre o primeiro e segundo dedo do membro inferior ou superior. Na imagem foi feito no mmii, sendo essa injeção ao mesmo tempo nos dois pés, depois aguarda um tempo para esperar a drenagem do contraste. No primeiro exemplo anterior, se ver que o paciente tem linfedema do lado direito, enquanto que no lado esquerdo têm uma concentração, mas não se vê um retardo na drenagem. Nesse lado direito aparentemente é um linfedema poplíteo e se ver o retardo da cadeia de drenagem. No exemplo posterior que foi feito depois de um tempo não se ver o contraste. Imagem de outro paciente: Está bem grave, primeiro exemplo anterior, se vê um refluxo dérmico importante, ou seja, é linfa na derme, pois não está sendo drenada. O paciente está com linfedema bilateral, sendo o lado esquerdo mais acometido do que o lado direito. No lado direito há a presença do linfedema poplíteo. No segundo exemplo anterior, que foi a segunda captura de imagem, após 30min, ela praticamente não tem contraste, o sistema linfático está tão acometido que não consegue drenar. Tratamento: • Redução do tamanho do membro • Manutenção da pele: Manter sua qualidade, ensinando aos pacientes os cuidados que eles devem ter. • Clínico: ➢ Terapia Física Complexa (TFC): Feito pelos fisioterapeutas ▪ Drenagem linfática manual ▪ Cuidados com a pele: Para não ter a piora da infecção ▪ Compressão: Com dispositivos de compressão elástica e inelástica ▪ Exercícios miolinfocinéticos: Fazendo com que a musculatura ajude na atuação dos vasos linfáticos • Cirúrgico: ➢ Em casos de grandes deformidades: ▪ Apêndice ▪ Dermolipectomia: É uma cirurgia que sangra muito e depois dá muita fistula linfática, fica drenando linfa e a incisão é de difícil cicatrização. É realmente um tratamento de exceção. ▪ Linfedema peno escrotal Corticoides tópicos, quando o paciente está com o equisema (pele descamando, com prurido, com hiperemia), faz a utilização de pomadas por períodos curtos. Paciente com pós mastectomia: na primeira imagem com um linfedema gigante no membro. Na segunda imagem, o membro após o tratamento só ficou com resto de pele. Depois a paciente foi submetida a uma cirurgia plástica, em que foi retirada o excesso de pele. Como o sistema linfático está atingido, a paciente vai ficar usando a malha de compressão, irá continuar fazendo os cuidados com a pele, os exercícios e a sessões de drenagem linfática. Complicações: • Úlceras • Fibroedema • Infecções de repetição (linfangites e/ou erisipelas) • Deformidades • Incapacidade funcional • Malignidade (linfangiossarcoma) Linfangites Definição: É o nome genérico dado a inflamação dos vasos linfáticos independentemente da etiologia. Atinge preferencialmente a pele e as mucosas. Ex: Na imagem provavelmente é uma linfangite por irradiação, vista pela mama irradiada depois da radioterapia e provavelmente deve ter irradiado a axila e acaba sendo uma linfangite secundária. Etiologia: • Agentesfísicos: queimadura por frio ou calor, choque elétrico, irradiação. • Agentes químicos: quimioterápicos injetados perifericamente, as vezes são tão irritantes que acabam lesando os linfáticos que estão ao redor; podem ser por contrastes vasculares que são injetados incorretamente no subcutâneo, linfangites em toxicômanos, que são pacientes que fazem uso de drogas injetáveis e as vezes eles injetam fora do vaso e ocorre a linfangite secundária a droga. • Agentes biológicos: A mais comum, que são as linfangites infecciosas. Agentes químicos: • Inseticidas • Quimioterápicos • Contrastes vasculares • Imunossupressores • Linfangite em toxicômanos Paciente usuário de droga injetável, com linfangite. Todo trajeto do linfático que foi acometido fica com hiperemia, sensível o local, doloroso e bem quente, ou seja, com os sinais inflamatórios. Agentes biológicos: • Bactérias: Streptococcus Pyogenes, Staphylococcus Aureus • Parasitas: Wuchereria Bancrotti- Filariose • Fungos: Candida Albicans, Criptococos Neoformans. Erisipela: • Síndrome clínica caracterizada por dermatite, celulite e linfangite aguda e severa reação sistêmica, o paciente vai ter febre, calafrio, queda do estado geral, ou seja, ele tem reação sistêmica além da reação local do membro acometido. • Causada pelo estreptococos beta-hemolítico do grupo A (Streptooccus Pyogeneses – causa mais comum de linfangite no nosso meio) • Mais comum nos membros inferiores, pois é uma área que mais exposta, e por isso a porta de entrada pode ser através da micose interdigital, trauma ou machucado na pele, picada de inseto etc. Não é só o trajeto do linfático que fica acometido, o membro fica hiperperimeado como um todo, fica também edemaciado, a pele chega brilha de tanto esticada. Fica também com aspecto de casca de laranja as vezes. Alguns pacientes podem evoluir com essas formações de bolhas, que é chamado de Erisipela bolhosa. Os casos mais graves podem evoluir até para uma área de necrose da pele e é chamada de Linfangite necrotizante. Diagnóstico diferencial: • Trombose venosa profunda • Tromboflebite superficial (Safena interna): A região da safena fica todo hiperemiado com hipertermia, dolorido. • Relações alérgicas • Dermatites e celulites Complicações: • Úlceras cutâneas: Feridas • Eczemas • Gangrena: Que pode evoluir para necrose • Linfedema