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Infarto Agudo do Miocárdio Introdução IAM é uma síndrome caracterizada por dor retroesternal ou precordial, constritiva e duradoura (mais de 15 minutos), dura mais tempo que a angina, irradia para os braços em 25% dos casos, é acompanhada de sensação iminente de morte, vômito, palidez, sudorese e extremidades frias. A dor é causada pela oclusão total de um ramo das artérias coronárias, o que provoca cessação total do suprimento sanguíneo para uma região do coração levando à necrose. O IAM se apresenta de diferentes maneiras na macroscopia, dependendo do tempo e da artéria acometida. Epidemiologia IAM pode ocorrer a qualquer idade. 5% ocorrem em pessoas com menos de 40 anos, sendo casos que possuem maior risco de morte pela menor quantidade de vascularização colateral do coração. 45% ocorrem em pessoas com menos de 60 anos, sendo que os homens apresentam um risco muito maior do que as mulheres, exceto quando elas são tabagistas, fazem uso de contraceptivos orais e tem mais de 35 anos. O IAM em mulheres tende a ser mais grave e letal no primeiro episódio durante a fase aguda. Fatores de Risco e Prognóstico Os principais fatores de risco para IAM são a predisposição à aterosclerose, HAS, DM, tabagismo, hipercolesterolemia genética e frio, porque causa vasoconstrição e aumento da PA. Quanto mais artérias envolvidas e mais fatores de risco relacionados, pior o prognóstico do paciente, sendo que IAM tem índice médio de 4% de mortalidade ao ano. História Típica de um IAM A oclusão clássica de uma coronária se inicia com a alteração súbita da morfologia de uma placa de ateroma. A força de cisalhamento do sangue lesa o endotélio e surgem microtrombos por exposição do colágeno subendotelial e do conteúdo necrótico da placa. Após isso, as plaquetas liberam tromboxano que promove vasoespasmo e intensifica a agregação plaquetária. A cascata de coagulação é ativada graças a fatores teciduais como tromboxano, ADP e serotonina. O trombo aumenta de tamanho e rapidamente oclui a luz do vaso. Se o trombo for mural ele provoca isquemia e angina instável, se for obstrutivo levará ao IAM. Alterações pós-IAM Nos primeiros 40 minutos o IAM produz alterações reversíveis pela depleção de ATP. Entre 1 e 2 horas já se tem alterações irreversíveis. Entre 4 e 12 horas já se tem necrose coagulativa ativando um processo inflamatório agudo, hemorragia e exsudato neutrofílico. Neutrófilos são recrutados para realizar fagocitose e reparo tecidual, porém, quando morrem essas células liberam enzimas digestivas que destroem ainda mais o tecido cardíaco. Entre 1 e 3 dias há necrose completa e denso exsudato neutrofílico. Entre 3 e 7 dias se observa palidez e amolecimento do centro da área infartada, cujas bordas são hiperemiadas. A partir do 10º dia começa a surgir tecido fibroso cicatricial de reparação, como não se trata de um processo regenerativo, a área infartada perde sua função. Por fim, a partir da 7ª semana desde o IAM já se tem uma cicatriz completamente formada, capaz de favorecer o turbilhonamento do sangue e a formação de trombos. Além disso, a fibrose facilita a ocorrência de aneurismas. Tipos de IAM Infarto transmural apresenta necrose em toda a espessura da parede de uma região do miocárdio, sendo 90% causados por complicações de placas de ateroma. Infarto subendocárdico apresenta necrose confinada a região interna da parede do miocárdio, sendo causado principalmente por suboclusão arterial generalizada. Complicações As possíveis complicações agudas são elétricas como arritmias e mecânicas como ruptura da parede cardíaca e consequente hemopericárdio, ruptura do septo interventricular ou dos músculos papilares. As complicações tardias mais comuns são o aneurisma e a trombose mural graças a perda de função da área infartada e fibrosada. Como o IAM faz com que surjam mecanismos compensatórios para tentar suprir a área cardíaca infartada, a PA se eleva e as rupturas ocorrem. Hipertensão Arterial Sistêmica Regulação da Pressão Arterial PA = Débito Cardíaco x Resistência Vascular Periférica. Débito Cardíaco O débito cardíaco (DC) é determinado pela volemia, isto é, o volume de sangue circulante no organismo. A volemia é regulada pela eliminação ou retenção de sódio e água. Cabe a Atriopeptina (Hormônio Natriurético Atrial) estimular a eliminação e aos mineralocorticoides estimular a retenção. Além disso, existem fatores cardíacos que determinam o DC como a frequência e contratilidade cardíaca. Resistência Vascular Periférica ●Fatores humorais que levam à vasoconstrição são a angiotensina 2, catecolaminas, tromboxano, leucotrienos e endotelina. Fatores humorais que levam à vasodilatação são prostaglandinas, cininas, óxido nítrico e fator de crescimento endotelial (EDRF). ●Fatores locais determinam a RV por auto-regulação iônica. A vasoconstrição é promovida por baixo pH, já a vasodilatação pela hipóxia. ●Fatores neurais que promovem vasoconstrição são os alfa- adrenérgicos e a vasodilatação são os beta-adrenérgicos. Sistema renina-angiotensina-aldosterona O SRAA também é um importante regulador da PA. A queda da PA causa menor fluxo sanguíneo renal, isso é detectado pela mácula densa que promove a liberação que renina, que estimula a conversão de angiotensinogênio até que se forme angiotensina 2, substância vasoconstritora que aumenta a RV e também age na suprarrenal estimulando a formação de aldosterona, que age nos rins aumentando a retenção de sódio e água, levando ao aumento do DC. Conceito Hipertensão Arterial Sistêmica é a elevação da pressão arterial na grande circulação, o que causa alterações de função e estrutura de artérias, arteríolas e capilares. As alterações podem ser a causa ou consequências da HAS. Tipos HAS essencial é a mais comum, é hereditária e é causada por uma alteração primária na regulação da PA que desregula o DC ou a RV. HAS secundária é mais comum em jovens e idosos com HAS de difícil controle, é causada por alguma doença de base que deve ser controlada para que a HAS cesse. A HAS essencial e a secundária tem as mesmas consequências, a distinção entre os dois tipos só é necessária para um melhor direcionamento do tratamento. Patogenia da HAS Essencial A HAS essencial é determinada por fatores ambientais que potencializam fatores genéticos que predispõe à HAS. Os principais fatores ambientais são a obesidade, sedentarismo, dieta rica em sódio e tabagismo (porque promove vasoconstrição e aumento da RV). Quanto aos fatores genéticos, são 3, e sempre se herda os 3, o que difere entre os pacientes é a intensidade que cada fator é herdado. Defeitos na homeostasia renal do sódio Defeitos congênitos que levam à excreção inadequada de sódio e água pelos rins. Com a retenção de sódio se tem o aumento da volemia, do LEC e do DC. Por ser constante, o organismo aumenta a liberação de Hormônio Natriurético Atrial na tentativa de diminuir da PA. A liberação deveria ser pontual, mas nessa condição se torna constante, o que leva à alteração iônica da parede de pequenos vasos aumentando a reatividade vascular, o que facilita a vasoconstrição, levando ao aumento da RV. Vasoconstrição funcional A vasoconstrição funcional é um aumento da reatividade vascular que leva ao aumento da RV. A vasoconstrição é mais duradoura, o que provoca hipertrofia da musculatura lisa, aumentando a espessura da parede dos vasos, isso, além de aumentar a RV, ainda intensifica a reatividade vascular. Defeitos no crescimento e estrutura do músculo liso vascular Há aumento da espessura da parede vascular que, além de aumentar a RV, ainda intensifica a reatividade vascular. Patogenia da HAS Secundária Doenças renais São mais comuns em jovens e podem ser: ●Estenose da artéria renal: a estenose provocada por aterosclerose ou alteração congênita faz com que a artéria renal tenha sua luz diminuída. A irrigação renal diminui, a mácula percebe uma falsa queda da PA e ativa o SRAA. ●Glomerulonefritedifusa aguda: acomete mais crianças de 6 a 10 anos, é causada pelo depósito de imunocomplexos em uma região próxima da mácula densa, o que estimula ela e leva à ativação do SRAA. ●Doença policística renal: doença autossômica dominante onde há destruição do parênquima renal. A irrigação renal diminui, a mácula densa percebe uma falsa queda da PA e ativa o SRAA. Alterações hormonais ●Hiperaldosteronismo: aumento da aldosterona causado geralmente por tumor ou hiperplasia de adrenal. Aumenta a PA por aumentar o DC. ●Síndrome de Cushing: causada pelo aumento de corticoide geralmente por stress, uso de corticoides exógenos, tumor ou hiperplasia da adrenal. Aumenta a PA por aumentar o DC. ●Feocromocitoma: tumor da adrenal que leva ao aumento da secreção de catecolaminas, o que promove vasoconstrição e aumento da RV. Fármacos/ drogas Corticoides aumentam o DC, anticoncepcionais aumentam a PA porque os hormônios sexuais femininos estimulam a conversão angiotensinogênio-angiotensina 2, com isso levam à vasoconstrição e maior formação de aldosterona, o que aumenta o DC. O abuso de álcool aumenta a PA por mecanismos ainda desconhecidos Outras causas A HAS pode ser causada por gravidez complicada com pré- eclâmpsia, onde uma gestante hipertensa ou uma não- hipertensa desenvolve hipertensão na gestação graças a predisposição genética e aumento dos hormônios femininos. Complicações da HAS As complicações são decorrentes das alterações vasculares da HAS e os órgãos mais acometidos são a aorta, coração, rins, cérebro e retina. As alterações vasculares incluem aceleração da aterosclerose e arteriolosclerose hialina por microlesão endotelial, entrada e depósito de proteínas na parede arteriolar, com isso há isquemia parcial persistente, atrofia e perda de função do órgão. Dissecção de aorta A dissecção da aorta é a penetração e propagação de sangue na parede da aorta, acomete mais hipertensos e o arco da aorta. A dissecção acontece graças ao enfraquecimento do tecido conjuntivo do vaso. Durante a propagação, o sangue separa a parede da aorta em planos, o que oferece risco de ruptura total do vaso, o que levaria à morte por tamponamento cardíaco se a ruptura for no arco e por choque hipovolêmico se for em outro nível do vaso. O paciente apresentará dor súbita, hipotensão e possivelmente desmaio. Complicações cardíacas Com o aumento da volemia e da RV, o ventrículo esquerdo faz mais força para bombear o sangue, então sua parede sofre hipertrofia concêntrica que leva à Cardiopatia Hipertensiva Sistêmica. Quando a luz da câmara começa a se dilatar ela se tornou incapaz de bombear o sangue de maneira efetiva, caracterizando uma Insuficiência Cardíaca. Complicações renais Graças a arteriolosclerose hialina das arteríolas renais ocorre atrofia glomerular e atrofia renal associada à fibrose, o que caracteriza uma Nefrosclerose. Com a perda progressiva de função renal se instala a Insuficiência Renal. Quando a instalação leva meses, há Nefrosclerose Maligna, quando leva anos é Nefrosclerose Benigna, que é a mais comum. O que diferencia elas são os tipos de alterações arteriolares. Complicações cerebrais Diante da ruptura de vários capilares em uma mesma área do cérebro ocorre a Hemorragia Cerebral, principalmente nos núcleos da base. Uma complicação mais rara é o Edema Cerebral causado pelo aumento do LEC que a HAS provoca, o paciente tem herniação do cérebro e morre. Complicações oculares A principal é a Retinopatia Hipertensiva por arteriolosclerose hialina ou por hemorragia de retina.