Prévia do material em texto
Cetoacidose diabética Cetoacidose diabética A cetoacidose diabética (CAD) é um distúrbio metabólico observado em clientes com diabetes tipo 1. A deficiência de insulina no diabetes provoca elevações da glicemia, resultando na formação de corpos cetônicos altamente ácidos, que resultam em acidose. Fisiopatologia Na ausência de insulina, a quantidade de glicose que penetra nas células é reduzida. As três características clínicas principais da CAD são: (1) Hiperglicemia, devido ao uso diminuído da glicose pelas células e à produção aumentada de glicose pelo fígado; (2) Desidratação e perda de eletrólitos, em consequência de diurese osmótica, que se caracteriza por poliúria, com perda de até 6,5 ℓ de água e até 400 a 500 mEq de sódio, potássio e cloreto, cada um, no decorrer de um período de 24 h; (3) Acidose, devido à degradação excessiva dos lipídios em ácidos graxos e produção de corpos cetônicos, que também são ácidos. As três principais causas de CAD consistem em dose diminuída, insuficiente ou omitida de insulina, doença ou infecção e manifestação inicial de diabetes não diagnosticado ou não tratado. Poliúria, polidipsia (sede aumentada) e fadiga acentuada; Visão turva, fraqueza e cefaleia ; Hipotensão ortostática em clientes com depleção de volume; Hipotensão franca, com pulso rápido e fraco; Sintomas gastrintestinais, tais como anorexia, náuseas, vômitos e dor abdominal (possivelmente intensa); Hálito cetônico (odor de frutas); Respirações de Kussmaul: hiperventilação com respirações muito profundas, mas não laboriosas; Estado mental que varia amplamente de um cliente para outro (alerta a letárgico ou comatoso). Manifestações clínicas Avaliação e achados diagnósticos Nível de glicemia: 300 a 800 mg/dℓ(possivelmente mais baixo ou mais alto); Nível sérico baixo de bicarbonato: 0 a 15 mEq/ℓ ; PH baixo: 6,8 a 7,3 • PCO2 baixa: 10 a 30 mmHg ; Presença de corpos cetônicos no sangue e na urina; Níveis baixos, normais ou altos de sódio e de potássio, dependendo da quantidade de água perdida (desidratação) ; Valores elevados de creatinina, ureia e hematócrito possíveis com a desidratação; após a reidratação, elevação contínua dos níveis séricos de creatinina e ureia, sugerindo a ocorrência de insuficiência renal subjacente Manejo clínico: Além de tratar a hiperglicemia, o manejo da CAD tem por objetivo corrigir a desidratação, a perda de eletrólitos e a acidose, antes de corrigir a hiperglicemia com insulina Os clientes necessitam de até 6 a 10 ℓ de soro fisiológico (NaCl a 0,9%) administrados em uma alta velocidade de 0,5 a 1 ℓ/h, durante 2 a 3 h) para repor a perda. hídrica causada pela poliúria, hiperventilação, diarreia e vômitos. Pode-se utilizar soro fisiológico hipotônico (NaCl a 0,45%) para clientes com hipertensão ou com hipernatremia, bem como para aqueles com risco de insuficiência cardíaca. Trata-se da reposição de escolha (200 a 500 mℓ/h por várias horas adicionais) após as primeiras horas, contanto que a pressão arterial esteja estável e que os níveis de sódio não estejam baixos. Quando o nível de glicemia alcança 300 mg/dℓ (16,6 mmol/ℓ) ou menos, a solução IV pode ser trocada por soro glicosado a 5% (SG a 5%) para evitar um declínio precipitado no nível de glicemia. Podem ser usados expansores do plasma para corrigir a hipotensão grave que não responde ao tratamento com soluções IV. Reidratação Restauração dos eletrólitos O potássio é o principal eletrólito objeto de preocupação no tratamento da CAD.O monitoramento frequente e a reposição criteriosa de potássio, porém no momento oportuno, são essenciais para evitar o desenvolvimento de arritmias cardíacas graves que podem ocorrer com a hipopotassemia. Alerta de enfermagem | Qualidade e segurança Como o nível sérico de potássio de um cliente pode cair rapidamente em consequência de reidratação e tratamento com insulina, a reposição de potássio deve começar quando os níveis estiverem caindo para o valor normal no cliente com CAD. Referência bibliográfica: HINKLE, Janice L.; CHEEVER, Kerry H.. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 13. ed.