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Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume Fisiopatologia Patologia Ginecológica Colo Uterino, Vulva e Vagina Aspectos de Normalidade: • Ectocérvice: epitélio escamoso estratifi- cado → é rosa devido a maior quanti- dade de “camadas” • Endocérvice: epitélio simples colunar → secretor de mucina • Região de transição entre esses dois epi- télios: transição ou junção escamo-colu- nar • Ectopia cervical: é a eversão do epitélio cervical do endocérvice para o ectocér- vice • Devido ao pH ocorre metaplasia esca- mosa na região da junção escamo-colu- nar → chamada zona de transformação. LEGENDA: o parte superior: ectocérvice → queratinócitos que realizam a produção de glicogênio nas porções mais superficiais o lado esquerdo: zona de transformação o dobra: endocérvice • Teste de Schiller (Iodo): o iodo impregna as regiões ricas em glicogênio → o epité- lio maduro não se cora com o iodo. Quando o teste for positivo, significa que não há maturação do epitélio esca- moso. o Teste positivo: não há coloração o Teste negativo: há coloração • HPV → região na zona de transformação • Colpocitológico normal: núcleo pequeno e citoplasma grande • Vaginose bacteriana: alguns núcleos ficam maiores atipias devido a inflamação. Caso não parece ser induzida por HPV → atipia em células escamosas de significado indetermi- nado. • Candidíase: hifas de cândida • Colpocitológico da paciente: mudança da relação núcleo citoplasma quase 1/1 → Dis- plasia (desorganização das camadas do epitélio) NIC → Neoplasia Intraepitelial Cervical. Repre- senta uma das manifestações subclínicas da in- fecção pelo papilomavírus humano (HPV). O que diferencia NIC 1, NIC 2 e NIC 3: • NIC 1: atipia presente apenas no ⅓ infe- rior do epitélio. Pode voltar a normali- dade com a depleção pelo sistema imune. • NIC 2: atipia presente apenas nos ⅔ infe- riores do epitélio → Devem ser entendi- das como uma lesão de alto risco. • NIC 3: atipia presente em todas as cama- das Obs: coilócitos → queratinócitos com núcleo al- terado e ao redor com um halo claro, alteração provocada pelo HPV. O que define a gravidade da neoplasia é o grau de displasia e os coilócitos não influenciam. epitélio escamoso com disqueratose, binucleação e halos perinucleares Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume HPV - alterações provocadas: 1. Displasia: mais relevante para o tratamento 2. Coilocitose: não tem relevância para a classi- ficação da NIC Lesões/Neoplasias Intraepiteliais Cervicais: Alterações múltiplas HPV induzidas no epitélio. → Nomenclatura: • Exame citológico: lesão. • Biópsia: Neoplasia → Definição: lesões precursoras da mucosa cer- vical associadas à infecção pelo papilomavírus hu- mano (HPV). → Fatores de risco: • Início sexual precoce. • Múltiplos parceiros. • Parceiro com múltiplas parceiras. • Predisposição (subtipos de HLA e de ví- rus). • Exposição a ACO e nicotina (tabagismo) → Classificação: lesões/neoplasias intraepiteliais de baixo (NIC 1) e alto risco (NICs 2 e 3). → Melhor estratégia de abordagem: diagnóstico precoce com papanicolau. NIC 1 → displasia apenas no ⅓ inferior 1. HPV: → Patogênese: infecção crônica associada ao HPV com preferência pela zona de transição. Le- são durante o ato sexual, o vírus é inoculado nas porções inferiores. • E6 se liga ao p53 • E7 se liga a proteína pRb (retinoblas- toma) Resulta em bloqueio da regulação negativa → Principal mecanismo: regulação positiva do ciclo celular que permite a ocorrência de muta- ções A infecção pelo HPV produz alterações morfoló- gicas detectáveis no epitélio cervical que permi- tem o diagnóstico das lesões/neoplasias intrae- piteliais cervicais. Legenda: 1. Neoplasia intraepitelial de baixo risco 2. Imuno-histoquímica: proteína Ki-67 (expressos por células que fazem mitose) → núcleos castanhos indicam replicação. Na imagem é possível observar proliferação em todas as camadas. 3. Hibridização in situ: identifica patógenos mi- crobiológicos em tecidos. Pesquisa o mate- rial genético específico de algum patógeno com uma substância que confere cor e per- mite sua identificação. 4. Imuno-histoquimica p16: superexpressão da proteína p16 em blocos (núcleo e cito- plasma corados) → as alterações teciduais são HPV induzidas. 2. De baixo risco: → Definição: lesões precursoras da mucosa cer- vical associadas à infecção por cepas de baixo risco do papilomavírus humano (6, 11, 42, 43 e 44). → Epidemiologia: identificadas em até 3,0% dos exames de colpocitologia oncótica. Mulheres em idade reprodutiva. → Clínica e colposcopia: assintomáticas. Podem ser planas ou exofíticas (condiloma). Lesões ace- tobrancas, leucoplásicas (manchas brancas) ou papilomatosas. Leucoplasia: Sua coloração branca é resultado de um espessamento da camada superficial de queratina → Prognóstico: até 15% progridem para lesão de alto risco. Pessoas imunocompetentes → O epi- télio pode progressivamente involuir as custas de uma boa atividade imunológica. Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume imagem central: lesão plana Imagem a direita: lesão condilomatosa 3. De alto risco: → Definição: lesões precursoras da mucosa cer- vical associadas à infecção por cepas de alto risco do papilomavírus humano (16, 18, 31, 33, 35, 45 e 56). Corresponde ao NIC 2 e NIC 3. → Epidemiologia: identificadas em até 0,8% dos exames de colpocitologia oncótica. Pico de in- cidência entre 35-40 anos. → Clínica e colposcopia: assintomáticas. Podem ser planas ou exofíticas (condiloma). Lesões ace- tobrancas ou leucoplásicas. Modificações vas- culares. Conização: remoção de um cone cirúrgico do colo uterino com o objetivo de remover uma le- são de alto risco no colo uterino. → Prognóstico: 22-72% progridem para carci- noma invasor. As lesões devem ser cirurgica- mente removidas. → Rastreamento: • Colpocitologia oncótica: (Geórgios Pa- panicolaou - 1883-1962) - detecção pre- coce (teste de screening) • Colposcopia - testes com iodo - Schiller (glicogênio) e ácido acético. • População alvo de rastreio: pessoas com útero (mulheres, homens trans e pessoas não binárias) entre 25 e 64 anos (Ministé- rio da Saúde). 1. Se colpocitológico normal: • < 25 anos: repetir exame aos 25 anos. • > 25 anos: acompanhar com exames tri- enais após 2 exames anuais normais con- secutivos. 2. Se LSIL (lesão intraepitelial escamosa de baixo grau) ou ASCUS (atipia de células escamosas de significado indeterminado): • < 25 anos: após 2 exames normais (12 me- ses), acompanhar com exames trienais • > 25 anos: após 2 exames normais (6 me- ses), acompanhar com exames trienais. 3. Se HSIL (lesão intraepitelial escamosa de alto grau): • Encaminhar para colposcopia, indepen- dentemente da idade. 4. Se AGC (células glandulares atípicas): • Encaminhar para colposcopia. • > 35 anos: USG transvaginal e, se acha- dos anormais, histeroscopia + anatomia patológica. 5. Pacientes portadores de HIV ou imunossupri- midos: • Exames anuais após 2 exames semestrais normais. • Se ASCUS, LSIL, HSIL ou AGC, encaminhar para colposcopia. → Citopatologia: imagem esquerda: NIC 1 imagem central: NIC 2 imagem direita: NIC 3 Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume → Vacinação contra HPV: • Meninas e meninos devem ser igual- mente vacinados • Existem neoplasias HPV induzidas em ho- mens: carcinoma de orofaringe • Momento ideal para vacinação: antes do início da vida sexual ativa Carcinoma epidermoide invasor, não queratinizante Carcinoma Epidermoide Invasor→ Definição: neoplasia maligna invasiva com di- ferenciação em escamosa/ epidermoide. → Tipos histológicos: não queratinizante e que- ratinizante. → Epidemiologia: 5a causa de morte entre mu- lheres no Brasil. Segunda causa de morte em re- giões subdesenvolvidas. → Clínica: assintomáticos (lesões precoces - car- cinomas microscópicos). Dispareunia e sangra- mento pós-coito. Uropatia obstrutiva (hidrone- frose), hematúria, dor, mudança do hábito intes- tinal e sangramento retal em casos avançados. → Tratamento e prognóstico: o melhor fator prognóstico é o estadiamento, não é apliado pelo sistema TNM. Conização, histerectomia, exenteração pélvica. Radioterapia. Anti-VEGF em doença recorrente ou metastática. É utilizado o sistema FIGO → estadiamento para tumores do colo do útero. → Morfologia: infiltração local do útero e da pa- rede vaginal → histerectomia (re- moção do útero) lesão vegetante infiltrativa que se estende para a bexiga e reto Lesão de alto risco - NIC 3 Rompimento da membrana basal e infiltramento da membrana basal → diagnóstico como carcinoma epidermoide microinvasor. Profundidade de invasão determina o estadiamento Blocos de cels neoplasicas não se associam a produ- ção de queratina → maior parte dos Carcinomas Epi- dermoides Invasores. Variante não queratinizante Variante queratinizante Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume Adenocarcinoma Cervical → Definição: neoplasia maligna com diferencia- ção glandular. → Tipos histológicos: in situ e invasivo. Associado ao HPV (16 e 18 - tipos usual e variantes). Não associado ao HPV (tipos gástrico, de células cla- ras, mesonéfrico e endometrioide). → Epidemiologia: 1,4-2 casos /100.000, por volta dos 40 anos. Aproximadamente 25% dos carci- nomas cervicais. Se originam na zona de trans- formação. → Clínica: assintomáticos (adenocarcinoma in situ). Sangramento vaginal, corrimento. → Tratamento e prognóstico: prognóstico seme- lhante ao do carcinoma epidermoide e depen- dente do estadiamento. Dois grandes grupos: 1. Usual: induzido pelo HPV - mais comum 2. Não usual: não induzido pelo HPV Adenocarcinoma Usual in situ Ectopia → identificação de pontos esbranqui- çados que significam os óstios de abertura das glds endocervicais. Útero removido, mostrando a cavidade endo- metrial com lesão polipoide se projetando → adenocarcinoma cervical usual invasivo. epitélio glandular que infiltra o epitélio ao redor → adenocarcinoma invasivo do tipo usual Pólipos Endocervicais → Definição: proliferação exofítica benigna da região cervical composta por epitélio glandular associado a eixo de tecido conjuntivo. Lesão que se projeta a partir de uma mucosa processos patológicos: neoplasia e hiperplasia → Etiologia: pouco conhecida. Provável associ- ação entre processos inflamatórios e hiperplasia dos tecidos endocervicais. → Epidemiologia: muito comuns. Podem ser di- agnosticados em qualquer idade, mas são mais frequentes acima dos 40 anos. → Clínica: achado incidental durante exame gi- necológico. Ocasionalmente promovem san- gramento vaginal. → Tratamento: polipectomia, principalmente para lesões grandes (>3cm) ou sintomáticas. Patologia da Vagina e da Vulva 1. Lesões exofíticas benignas Condiloma acuminado • Condiloma: lesão verrucosa. • Condiloma acuminado: lesão verrucosa benigna associada a cepas de baixo risco do HPV (particularmente 6 e 11). Ana Fernanda Leal - @medicina.resume @medicina.resume • Lesões frequentemente multifocais, ocor- rendo em vulva, vagina, períneo e região perianal. • Não são lesões com potencial de malig- nização → São removidas para evitar a autoinoculação e produzir outras lesões, ou pode transmitir a cepa infectante do HPV.