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LETHICIA BEATRIZ ACALASIA: • Também conhecida como megaesôfago • Distúrbio de motilidade do esôfago • Falha do esfíncter esofágico inferior (EEI) em relaxar • Atinge o esfíncter distal do esôfago, fica hipertônico e impede a passagem dos alimentos • Principais causas: ✓ Idiopática ✓ Chagásica (principal causa do Brasil, tripanosoma cruzi tem tropismo pelo EEI) ✓ Traumática EPIDEMIOLOGIA: • Acalasia idiopática tem 8 a 14% das causas de disfagia (incidência de 8 em 100000) • Onde existe doença de chagas, essa é a principal causa • Esofagopatia em 8%, com predominância de acalasia chagásica Etiopatogenia: • Não se sabe qual a causa quando não se é doença de chagas, existem hipóteses de ser genética, auto-imune, vírus ou doença neuronal, que faz com que o sistema nervoso do esôfago seja afetado e o EEI não consegue mais funcionar • Independentemente da causa, os músculos do esôfago e do EEI são afetados • Causa destruição dos plexos mioentericos por neurotoxina Fisiopatologia: • Desnervação esofágica • O relaxamento é ausente ou incompleto, devido a perda dos neurônios inibitórios que contem NO e peptídeo intestinal vasoativo DIAGNÓSTICO: • Quadro clínico: ✓ Disfagia (dificuldade para engolir): poder ser por transferência (paciente se engasga e o alimento não chega ao esôfago, causado por doenças neurogênica como AVC, tumor cerebral, tumor na cavidade oral) e por condução (dificuldade para chegar até o estomago, alimento fica entalado, exemplo acalasia) ✓ Regurgitação: volta do alimento, sem náuseas. Difere do vômito que precede de uma náusea ✓ Perda de peso devido a dificuldade para se alimentar (pode perder até 10% do peso) ✓ Halitose: devido o alimento ficar preso no esôfago Obs: disfagia de tumor é progressiva, paciente primeiro não come sólidos, depois não consegue comer pastoso, e depois não consegue líquidos, com evolução de meses. Já na acalasia a disfagia que os pacientes experimentam começa com líquidos e evolui para sólidos. Obs: A maioria dos pacientes descreve o comer como um processo trabalhoso ao qual precisam dar grande atenção. Eles comem vagarosamente e usam grandes volumes de água para ajudar a levar o alimento para o estômago. Como a água acumula e eleva a pressão no esôfago, sente-se dor torácica retroesternal e pode ser intensa até o EEI abrir, o que fornece alívio rápido. LETHICIA BEATRIZ Obs: Os pacientes, em geral, não buscam atenção médica até que seus sintomas estejam avançados e apresentem-se com distensão acentuada do esôfago. • Exames complementares: ✓ Endoscopia digestiva alta ✓ Esofagografia ✓ Esofagomanometria ESOFAGOGRAFIA: • Utiliza contraste • O Raio X tem que ser feito após engolir o contraste, o contraste passa para estomago com dificuldade • Espasmo do esfíncter e retardo do esvaziamento pelo EEI, bem como uma dilatação do corpo esofágico, são observados. A ausência de ondas peristálticas no corpo e ausência de relaxamento do EEI também são observados →Sinal do bico do pássaro (esôfago dilatado com estreitamento distal) Obs: tumor de esôfago fica o sinal da maça mordida, tumor obstrui mesmo. →dilatação do esôfago ajuda a classificar a acalasia em grau I, II, III e IV DIAGNÓSTICO: • Esofagograma- classifica o megaesôfago em 4 grupos de acordo com os parâmetros radiológicos (Rezende) (Mascarenhas)→ajuda a definir o tratamento ✓ Grau I: calibre <4cm, o esôfago apresenta dificuldade de esvaziamento e leve hipotonia, surtos de ondas terciarias e não há dilatação do órgão ✓ Grau II: calibre de 4 a 7cm, já aparece o aspecto de contração da musculatura da cárdia (acalasia). O esôfago apresenta de leve a moderado aumento do calibre, as ondas terciarias são mais frequentes. ✓ Grau III: calibre de 7 a 10 cm, o esôfago tem evidente aumento do calibre. A porção distal apresenta o clássico aspecto de “bico de pássico”. Há casos (maioria) com acinesia total do esôfago que sofrem violenta contrações da musculatura circular ✓ Grau IV: calibre >10cm. Observa-se, além das alterações descritas para o grau III, dilatação intensa do esôfago, que parece se apoiar na hemicupula frênica direita. Este aspecto é chamado de “dolicomegaesôfago”. Esôfago doente, provavelmente precisa de esofagectomia LETHICIA BEATRIZ →ajuda a definir o tratamento e prognostico Endoscopia digestiva alta: • Pode sugerir acalasia (EEI hipertônico difícil passar) • Importante para afastar câncer • Acalasia é fator de risco para câncer (alimento retido por vários dias), logo precisa fazer EDA seriadas (anual ou a cada dois anos) • EEI fica bem contraído e se tem uma grande quantidade de alimentos retidos MANOMETRIA: • Padrão-ouro para diagnosticar a acalasia e para qualquer distúrbio de motilidade do esôfago • Diagnosticar também DRGE (não é padrão- ouro, o padrão-ouro é a phmetria) • Acalasia fica com aperistalse (não tem contração para seguir o alimento) e o esfíncter esofágico inferior fica sempre contraído A: normal B: Acalasia clássica (I) C: acalasia espástica (tipo III) Na manometria se ver cinco achados que proporcionam o diagnóstico de acalasia: duas são do EEI (vai estar hipertônico e não relaxa) e três alterações no corpo do esôfago (aumento da pressão pressórica do corpo, aperistalse e o tônus muscular do esôfago vai estar diminuído) TRATAMENTO: • Como nenhum deles volta-se para a correção da motilidade alterada do corpo esofágico, estes são tratamentos paliativos. • Tratamento depende dos graus I, II, III e IV • Objetivos: ✓ Alívio dos sintomas ✓ Melhorar o esvaziamento esofágico ✓ Prevenir o desenvolvimento de megaesôfago • Drogas: LETHICIA BEATRIZ ✓ Nitratos e antagonistas dos canais de cálcios ✓ Toxina botulínica • Dilatação pneumática da cárdia DROGAS: • Utilidade em GRAU I • Nifedipina 10-20mg (relaxa a musculatura lisa distal) sublingual antes das refeições (30 min antes), inibem a musculatura lisa e agem por 30min • Nitratos: aumentam a concentração de oxido nítrico, reduzem a pressão do EEI dentro de 15 min e persistem por até 90min • Efeitos colaterais são cefaleias, tonteiras e edema de MMII Obs: nifedipina é usada para baixar pressão arterial. Nitratos é muito usado no infarto ou doenças cardíacas. Toxina botulínica: • Usado em grau II • Inibe a estimulação do EEI pela acetilcolina (que a Ach ajuda na contração), levando ao relaxamento do EEI • Porém, dura apenas 6 meses, e à medida que vai usando o corpo vai criando resistência e tento menos efeito • Ocorre por via endoscópica • Injetado 100 U nos quatros quadrantes da região do EEI • Vantagens são de baixo risco de perfuração e menores taxas de mortalidade e morbidade comparando com outros tratamentos invasivos DILATAÇÃO PNEUMÁTICA DA CÁRDIA: • Usado em grau II (4 a 7 cm) • Outro método endoscópico • O endoscópio vem ate o EEI, passa o guia e depois passa o balão para ficar na região do EEI, o balão é insuflado e o caminho é aberto • Desvantagens: pode romper o esôfago quando se dilata (4%), e quando se rompe o tratamento é cirúrgico TRATAMENTO CIRÚRGICO: →Mikulicz (tentou resolver a acalasia abrindo o paciente, abrindo o estomago e colocando uma pinça no EEI- ultrapassado), Sauerbruch tentou cortar os nervos mas sem sucesso, Rassi tentou substituir esôfago por alça intestinal e fazer gastrostomia mas sem sucesso. →Bier tentou tirar o EEI e anastomosa (teve alta taxa de refluxo, não deu certo), LETHICIA BEATRIZ Nissen tentou cortar e colocar o fundo do estomago para cobrir o defeito. O padrão-ouro é a heller CARDIOMIOTOMIA A HELLER: • Usada para GRAU III (7 a 10 cm), pode-se indicar para grau II • Cirurgiafeita por vídeo • Faz-se incisão na musculatura, sem furar a mucosa • Esôfago camadas: mucosa, submucosa, muscular e adventícia MIOTOMIA ENDOSCÓPICA PERORAL (POEM): • Usado em Grau III • Via endoscópica • Faz dissecção da mucosa, depois faz incisão na camada muscular (fibras circulares) por via endoscópica, ficando apenas a camada adventícia. Depois coloca-se uns clipes para fechar a mucosa (depois esses clipes caem). ESOFAGECTOMIA: • Usada em GRAU IV de acalasia (>10cm) • Usada quando todos os outros tratamentos falharem • Usada para tratar cânceres • Faz-se anastomose do estomago com esôfago cervical • Alta morbidade e mortalidade EFICÁCIA TERAPÊUTICA: • Dilatação pneumática: alívio da disfagia em 5 anos (40-78%) e em 15 anos (12 a 58%) • Miotomia laparoscópica: taxa de sucesso em torno de 26 meses (87% a 97%) e após 5 anos (84%) • POEM: taxa de sucesso em torno de 11 meses (82,4% a 100%) e aos 29 meses (77,5%). Vantagem de ser menos invasiva.