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Anestesiologia Sara Vitória Técnicas anestésicas Em maxila – aula 4 RELEMBRANDO A Anestesia local é um método de controle da dor mais utilizado na odontologia com grande eficiência, quando se obedecidos todos os princípios básicos: - Conhecimento anatômico - Técnica específica - Técnica de injeção básica O passo a passo de uma anestesia abrange o: - Preparo físico e psicológico (anamnese, exames físicos e controle da ansiedade) - Preparo do material - Preparo da técnica a ser utilizada Os equipamentos utilizados são: - Seringa tipo carpule - Agulha - Tubete Anestesiologia Sara Vitória Seringa tipo carpule Seringa carpule refluxo Seringa carpule aspiração Agulha O uso de agulhas grossas é recomendado. (ex: calibre 25 ou 27) Quanto menor a numeração mais grossa é a agulha. Tubete (cartucho) Anestesiologia Sara Vitória Para se obter uma técnica anestésica atraumática deve-se: - Fazer uso de uma agulha afiada e verificar a temperatura e o fluxo da solução (caso tenha ar, este deve ser removido); - Uso de antisséptico e uso de anestésico tópico, quando se necessário; - Conversar com o paciente, obter um melhor posicionamento e deixar a seringa fora do campo de visão dele. - Obter apoio firme das mãos, evitando-se colocar e tirar a agulha muitas vezes. - Secar e tencionar os tecidos, (para que se afaste a mucosa e se observe as referências anatômicas). Técnicas de anestesia maxilar Existem vários métodos para se obter o controle da dor com anestésicos locais. O local de infiltração do fármaco em relação à área de intervenção determina o tipo de injeção a ser administrada. Há 3 tipos principais de injeção de anestésico local: - Infiltrativa: pequenas terminações nervosas na área do tratamento odontológico são infiltradas com solução de anestésico local. A incisão (ou tratamento) é então realizada na mesma área na qual o anestésico local foi depositado. Anestesiologia Sara Vitória - Bloqueio regional / de campo: o anestésico local é infiltrado próximo ao ramos nervosos terminais maiores, de modo que a área anestesiada será estrita, impedindo a passagem de impulsos do dente para o SNC. A incisão (ou tratamento) é então realizada na área distante do local da injeção do anestésico. - Bloqueio troncular: o anestésico local é depositado a um tronco nervoso principal (nervo maxilar), geralmente distante do local de intervenção operatória. Assim, a anestesia por infiltração pode ser suficiente para o tratamento de pequenas áreas isoladas; o bloqueio regional é indicado quando dois ou três dentes estão sendo restaurados, enquanto anestesia troncular é indicada para o controle da dor em um quadrante. Infiltração local Infiltração regional Infiltração troncular Anestesiologia Sara Vitória Anestesia terminal infiltrativa - Supraperiosteal - Subperiosteal - Intraligamentar - Intraseptal - Intrapulpar - Submucosa Infiltrativa supraperiosteal Indicação: tratamentos limitados a áreas circunscritas. (ex: intervenções em dentes superiores, quando o tratamento é limitado a um ou dois dentes), e/ou anestesia em tecidos moles. Deve ser aplicada pela vestibular e/ou pela palatina Possui melhor eficácia em osso poroso (maxila) do que em osso compacto (mandíbula). Contraindicação: áreas onde apresentem infecções Nervos anestesiados: ramos terminais do plexo dentário Áreas anestesiadas: polpa dentária, raízes, periósteo (acima do osso), tecido conjuntivo e mucosa Injeção supraperiosteal na região anterior da maxila. Note a área anestesiada (amarela) Anestesiologia Sara Vitória Técnica: é recomendada a agulha de calibre 27. Área de introdução: altura da prega mucovestibular acima do ápice do dente a ser anestesiado. Com os dedos indicador e polegar da mão esquerda distende-se o lábio do paciente para cima e para fora, a fim de evidenciar o fundo de vestíbulo. Em seguida, punciona-se a mucosa com o conjunto agulha e seringa, deixando-os paralelos ao longo do eixo do dente que irá sofrer a intervenção. A agulha deve penetrar até a altura do ápice do dente. Infiltrativa subperiosteal Indicação: Intervenções em dentes superiores. Pode ser aplicada tanto pela vestibular como pela palatina Técnica: punciona-se a mucosa na altura e eleva-se o conjunto agulha e seringa à 45º ao longo do eixo do dente que irá sofrer a intervenção. A seringa deve ser mantida paralela ao longo eixo do dente e inserida na parte alta da prega mucovestibular sobre o dente. Anestesiologia Sara Vitória A agulha deve atravessar o periósteo. Infiltrativa intraligamentar Técnica utilizada para complemento de outras técnicas. Indicação: SOMENTE PARA EXODONTIAS (luxação da raiz dentária de molares) Técnica: introdução da agulha no sulco gengival e ligamento periodontal, isto é, deve-se introduzir a ponta da agulha entre o osso alveolar e a raiz dentária de modo que penetre o ligamento periodontal. Infiltrativa Intraseptal Indicação: raspagem periodontal, visto que a solução é rapidamente absorvida pela estrutura esponjosa óssea, anestesiando filamentos nervosos terminais que inervam o alvéolo, membrana periodontal e câmara pulpar. Técnica: consiste em penetrar a agulha através da papila gengival Anestesiologia Sara Vitória de modo que a agulha penetre no septo entre dois dentes. Infiltrativa Intrapulpar Técnica utilizada como complemento. Geralmente dolorosa. Indicação: muito utilizada na endodontia, pois há a introdução da agulha dentro do canal radicular. Técnica: introduzir a ponta da agulha dentro da polpa dentária exposta, se possível penetrar dentro do canal radicular. Infiltrativa submucosa Indicação: intervenções em tecidos moles da cavidade bucal (ex: mucocele, fibromas traumáticos, biópsias de glândulas salivares e etc...) Técnica: consiste em puncionar a mucosa, atravessando a agulha até a submucosa próxima da área de intervenção. Deve-se ir injetando o anestésico na medida em que se for introduzindo a agulha. Anestesiologia Sara Vitória Anestesia por bloqueio regional - Nervo alveolar superior anterior - Nervo alveolar superior médio - Nervo alveolar superior posterior - Nervo nasopalatino - Nervo palatino maior Nervo alveolar superior anterior Produz anestesia profunda da polpa e tecidos vestibulares, desde o incisivo central até os pré-molares (em cerca de 72% dos pacientes). Áreas anestesiadas: polpa do incisivo central superiores até canino superior; em 72% dos pacientes, as polpas dos pré- molares superiores e a raiz mésiovestibular do 1º molar superior, periodonto vestibular Taquifillaxia: é o aumento da tolerância de uma droga que é administrada repetidamente. Anestesiologia Sara Vitória (labial) e osso desses mesmos dentes; pálpebra inferior, lateral do nariz e lábio superior. Nervos anestesiados: alveolar superoanterior, nervo infraorbitário (palpebral inferior, nasal lateral e labial superior), alveolar superior médio (parte dele). Indicações: procedimentos odontológicos envolvendo mais de dois dentes superiores e os tecidos vestibulares sobrejacentes. Área de introdução: altura da prega mucovestibular sobre o primeiro pré-molar superior. Área alvo: forame infraorbitárioTécnica: recomenda-se o uso de agulha longa de calibre 25 ou 27. Bloqueio do nervo alveolar superior anterior Agulha introduzida na prega vestibular acima do primeiro pré-molar superior Anestesiologia Sara Vitória A agulha pode ser introduzida na altura da prega mucovestibular, acima de qualquer dente, desde o segundo pré molar anteriormente até o incisivo central, contudo o primeiro pré-molar geralmente proporciona o menor trajeto até a área alvo (forame infraorbitário). Ponto de referência: linha pupila do olho com comissura labial Nervo alveolar superior médio Presente em apenas 2% da população. Utilizado quando o bloqueio do nervo ASA (alveolar superior anterior) não produz anestesia pulpar distal ao canino superior, isto é, usado para procedimentos em pré-molares e para raiz mesiovestibular do 1º molar. Nervos anestesiados: alveolar superior médio e ramos terminais. Posição do profissional para um bloqueio do nervo alveolar superoanterior. A cabeça do paciente deve estar levemente girada para melhorar a visibilidade. Anestesiologia Sara Vitória Indicações: quando o bloqueio do nervo infraorbitário não produzir anestesia distal ao canino superior; procedimentos dentários envolvendo os pré-molares superiores. Áreas anestesiadas: polpas do 1º molares e 2º pré molares, raiz mésiovestibular do 1º molar, tecidos periodontais vestibulares e osso sobre estes mesmos dentes. Área de introdução: altura da prega mucovestibular acima do 2º pré- molar superior. Área alvo: osso maxilar acima do ápice do segundo pré-molar Técnica: é recomendado o uso de uma agulha curta ou longa de calibre 27. Deve-se distender o lábio superior do paciente para tensionar os tecidos e obter visibilidade; introduzir a agulha na altura da Bloqueio do nervo alveolar superior médio Anestesiologia Sara Vitória prega mucovestibular acima do 2º pré-molar, com o bisel voltado para o osso; penetrar a mucosa e avançar a agulha lentamente até que sua extremidade esteja localizada acima do ápice do 2º pré-molar. Nervo alveolar superoposterior Penetração da agulha para o bloqueio do nervo alveolar superior médio (ASM) Posição do administrador para o bloqueio do nervo ASM Anestesiologia Sara Vitória É eficaz para o terceiro, segundo e o primeiro molar em 77% dos pacientes, no entanto a raiz mesiovestibular do primeiro molar não é consistentemente inervada pelo nervo alveolar superoposterior (ASP). Nervos anestesiados: Nervo alveolar superoposterior e seus ramos. Área anestesiada: polpas do 3º, 2º e 1º molar superior (exceto raiz mésio vestibular do 1º molar, em 72% dos casos). Indicações: tratamento de dois ou mais molares superiores. área de introdução: altura da prega mucovestibular acima do 2º molar superior com bisel voltado para o osso. Área anestesiada pelo bloqueio nervoso alveolar superoposterior Anestesiologia Sara Vitória Ponto de referência: tuberosidade e processo zigomático da maxila Área alvo: Nervo alveolar superoposterior Técnica: é recomendado o uso de uma agulha calibre 27. Deve-se preparar os tecidos na altura da prega mucovestibular para dentro e para trás; avançar lentamente através dos tecidos moles; avançar a agulha até a profundidade desejada. Nervo nasopalatino O bloqueio do nervo nasopalatino é uma técnica muito valiosa para o controle da dor palatina, pois, com a administração de um volume mínimo de solução anestésica (no máximo um quarto do tubete), uma ampla área dos tecidos moles palatinos Posição do profissional para um bloqueio do nervo alveolar superoposterior. Anestesiologia Sara Vitória é atingida, minimizando assim a necessidade de múltiplas injeções do palato. Duas técnicas para esta injeção são apresentadas: A primeira técnica envolve apenas uma penetração tecidual, lateralmente à papila incisiva na face palatina dos incisivos centrais superiores. Os tecidos moles nessa área são densos, firmemente aderidos ao osso subjacente e muito sensíveis; esses três fatores se combinam para aumentar o desconforto do paciente durante a injeção. A segunda técnica envolve três punções de agulha, porém, quando executada corretamente, é significativamente menos traumática que a técnica de perfuração única direta. Nela, os tecidos moles vestibulares entre os incisivos superiores são anestesiados (primeira injeção), e depois a agulha é direcionada a partir da face vestibular, atravessando a papila interproximal entre os incisivos centrais em direção à papila incisiva para anestesiar os tecidos superficiais nessa área (segunda injeção). Uma terceira injeção, aplicada diretamente nos tecidos moles palatinos sobrejacentes ao nervo nasopalatino, agora parcialmente anestesiados, é necessária. Embora, sempre que possível, deva ser preferida uma técnica com apenas uma perfuração, a segunda técnica pode produzir uma anestesia nasopalatina eficaz com um mínimo de desconforto. Anestesiologia Sara Vitória Nervos anestesiados: Nervos nasopalatino bilateralmente. Áreas Anestesiadas: Porção anterior do palato duro (tecidos moles e duros) bilateralmente desde a face mesial do primeiro pré-molar direito à face mesial do primeiro pré-molar esquerdo, isto é, gengiva palatina de canino a canino. Área-alvo: forame incisivo, sob a papila incisiva Pontos de referência: incisivos centrais e papila incisiva Indicações: Quando for necessária a anestesia dos tecidos moles palatinos para tratamento restaurador em mais de dois dentes (ex: restaurações subgengivais e inserção de matriz subgengival); Controle da dor durante procedimentos periodontais ou cirúrgicos orais envolvendo os tecidos moles e duros do palato. Técnica: (Múltiplas Perfurações da Agulha) Recomenda-se o uso de uma agulha curta de calibre 27 é recomendada. Área anestesiada no bloqueio do nervo nasopalatino Anestesiologia Sara Vitória Trajetória de introdução: Primeira injeção: infiltração no freio labial, com o bisel voltado parra o osso; Segunda injeção: agulha mantida em ângulo reto com a papila interdentária; Terceira injeção: agulha mantida em um ângulo de 45º em relação à papila incisiva. Nervo palatino maior Nervos Anestesiados: Palatino maior. Áreas Anestesiadas: A parte posterior do palato duro e os tecidos moles sobrejacentes, anteriormente até o primeiro pré- molar e medialmente até a linha média; isto é, região de gengiva palatina de pré molares a molares. Posição do profissional para um bloqueio do nervo nasopalatino Área anestesiada pelo bloqueio do nervo palatino maior. Anestesiologia Sara Vitória Área de introdução: tecidos moles levemente anteriores ao forame palatino maior (aproximadamente na distal do 2º molar superior). Área-alvo: nervo palatino maior Pontos de referência: forame palatino maior e junção do processo alveolar maxilar e osso palatino Técnica: avançar a seringa a partir do lado oposto da boca formando um ângulo reto com a área-alvo, com o bisel voltado para os tecidos moles palatinos. Anestesia por bloqueio troncular O bloqueio do nervo maxilar (segunda divisão ou V2) é um método eficaz para produzir anestesia profunda de uma hemiarcada. Métodos: - Abordagem da tuberosidade alta - Abordagem pelo canal palatino maior Área alvo: Nervo maxilar no ponto onde ele atravessa a fossa pterigopalatina. Nervo Anestesiado. Divisão maxilar do nervo trigêmeo.Posição do profissional para o bloqueio do nervo palatino maior direito Anestesiologia Sara Vitória Áreas Anestesiadas: Anestesia pulpar dos dentes superiores no lado do bloqueio; Periodonto vestibular e osso sobrejacente a estes dentes; Tecidos moles e osso do palato duro e parte do palato mole, medialmente à linha média; Pele da pálpebra inferior, lateral do nariz, bochecha e lábio superior. Indicações: Controle da dor antes de procedimentos cirúrgicos extensos, periodontais ou restauradores que requeiram anestesia de toda a divisão maxilar Abordagem da tuberosidade alta Área-alvo: Nervo maxilar, no ponto onde ele atravessa a fossa pterigopalatina. Área de introdução: altura da prega mucovestibular acima da face distal do segundo molar superior. Pontos de referência: Prega mucovestibular na face distal do 2º molar superior; tuberosidade da Área anestesiada no bloqueio do nervo maxilar. Bloqueio do nervo maxilar, abordagem da tuberosidade alta. Anestesiologia Sara Vitória maxila e processo zigomático da maxila Técnica: Recomenda-se o uso de uma agulha longa de calibre 25 ou 27. A orientação do bisel deve ser voltada para o osso Abordagem pelo canal palatino maior Área de introdução: tecidos moles palatinos diretamente sobre o forame palatino maior. Área-alvo: o nervo maxilar, no ponto que atravessa a fossa pterigopalatina; a agulha deve atravessar o canal palatino maior para alcançar a fossa pterigopalatina. Pontos de referência: forame palatino maior, junção do processo alveolar maxilar e o osso palatino Técnica: Uso de uma agulha longa de calibre 25 ou 27. O bisel voltado para os tecidos moles palatinos. Bloqueio do nervo maxilar, abordagem do canal palatino maior. Bloqueio do nervo maxilar, abordagem do canal palatino maior Anestesiologia Sara Vitória Referências MALAMED, S.F. MANUAL DE ANESTESIA LOCAL. 6ED. RIO DE JANEIRO; ELSEVIER, (CAPITULO 13 - TÉCNICAS DE ANESTESIA MAXILAR)