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INSTITUIÇÃO DE SAÚDE
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE - O TRABALHO 
COM A DOENÇA E A MORTE
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar as particularidades do trabalho em instituições de saúde;
2- Distinguir a fonte geradora de estresse em função da natureza da atividade;
3- Relacionar a construção histórica das instituições de saúde com as características atuais apresentadas por elas.
1 Construção histórica
Nesta primeira aula, abordaremos a construção histórica das instituições como um campo de práticas que
institucionaliza o cuidado, transformando-o simultaneamente em um processo tecnológico e em um negócio.
Historicamente, o cuidado é transferido do âmbito doméstico para um espaço criado especificamente para este
fim. De início, como um espaço asilar e de caridade para, depois, transformar-se em um negócio altamente
tecnológico e submetido às regras do Capitalismo.
Esta transformação gradativa faz com que o trabalho destas instituições tenham que atender à uma dupla
vinculação, ou seja, que acolham, obrigatoriamente, às necessidades de cuidados da população em seus diversos
segmentos, mas que também acatem as demandas do mercado e as questões financeiras que as regem.
Isto pode ter um peso diferente quer se trate de uma instituição pública ou uma instituição privada, colocando o
profissional frente à difíceis questões que envolvem o valor da saúde e até mesmo da vida de uma pessoa.
Essas características das instituições de saúde fazem com que o trabalho nelas se torne, por vezes,
extremamente penoso, justamente em função dos juízos de valor exigidos dos diversos profissionais que
compõem o seu quadro funcional de quem, muitas vezes são cobradas decisões difíceis de serem tomadas.
Para compreender o trabalho, na área da saúde, abordaremos ainda as particularidades deste que se constitui
simultaneamente em um local de trabalho, escolhido pelo indivíduo, e em uma fonte geradora de estresse para
um grande número de profissionais.
Isto em função da natureza da própria atividade, tendo em vista que, ao optar pelo trabalho como um
cuidador, objetivando a manutenção da saúde e da qualidade de vida das pessoas, trabalha-se,
necessariamente, com o adoecimento e a morte.
Talvez, a esta altura, você esteja se perguntando: mas o que eu, que estou me propondo a ser gestor de uma
clínica ou hospital, tenho a ver com estes assuntos?
A minha resposta imediata à essa pergunta, seria:
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Tudo!
2 Importância
A compreensão do contexto, no qual se inserem as instituições de saúde, assim como a sua evolução histórica, é
de extrema relevância para o tecnólogo em gestão hospitalar, visto que ele atuará nos processos de
planejamento, organização e gerenciamento dos serviços de saúde.
Sua prática será embasada em , compondo os quadros gerenciaisprincípios éticos, humanizados e técnicos
nos mais diversos setores de saúde, organizando equipes de trabalhos, identificando prioridades e
implementando ações inovadoras ao serviço.
Estas tarefas só se tornam possíveis na medida em que se entende a natureza e as particularidades da
instituição de saúde que se propõe a gerenciar e o custo emocional, físico e cognitivo do trabalho
envolvido.
Em outras palavras, para que possamos compreender quem você é hoje e como se comporta na atualidade,
precisamos conhecer sua história de vida e como, progressivamente, em função da influências recebidas,
assumiu sua forma atual.
3 Habilidades importantes
O gerenciamento de conflitos, a tomada de decisões e a solução de problemas são habilidades cognitivas
importantes na administração não apenas de equipes de saúde, mas de qualquer grupo de pessoas onde,
potencialmente, essas questões tendem a aparecer. Precisam ser resolvidas adequadamente a fim de não
causarem danos ao funcionamento do grupo, prejudicando assim o serviço prestado por eles.
Essas habilidades podem ser desenvolvidas tornando-se um passo importante na formação do tecnólogo em
gestão hospitalar, assim como a qualquer outro administrador.
Pode-se observar, hoje em dia, que a maioria dos dirigentes das instituições de saúde são médicos que
aprenderam a gerenciar a instituição no dia a dia de trabalho e que carecem, entretanto, de um preparo
específico para a função de gestão e de todas as variáveis envolvidas nesta atividade.
Este fato pode fazer com que a gestão de tais profissionais fique aquém de sua qualidade técnica fazendo com
que a instituição perca um bom técnico, porém não ganhe um bom chefe, tendo em vista ele ter sido preparado
para o atendimento à população e não para o gerenciamento da instituição onde tais atendimentos ocorrem.
O cotidiano de trabalho de um gestor de saúde envolve, além de atividades específicas de compra de materiais e
gerenciamento de pessoal, atividades diversas como a promoção de programas de capacitação profissional; a
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motivação dos diversos profissionais que compõem o serviço e a negociação de situações conflituosas que
compõem o cotidiano das instituições de saúde.
Estes fatores fazem da administração em saúde uma tarefa complexa devido aos altos custos operacionais dos
serviços, a reunião de um grande número de diferentes categorias profissionais direcionados a um único fim e a
rotina de trabalho ligada à polos opostos como vida e morte; alegrias e tristezas; reconhecimento e revolta;
realização e estresse.
4 Natureza da atividade
Neste sentido, é importante conhecer bem a natureza da atividade com a qual se propõe a trabalhar a fim de, a
partir desta compreensão, conseguir proporcionar o bom desenvolvimento e a execução das mais diversas
atividades técnicas que compõem as instituições de saúde na atualidade.
Nem sempre, as instituições de saúde tiveram a mesma configuração que apresentam na atualidade, assim como
nem sempre, a relação que o homem manteve com a é a que temos hoje em dia.doença e a morte
Hoje, a morte nos causa horror sendo um tema evitado ao máximo, como se não fizesse parte da própria vida,
devendo ser excluído dela.
5 Gerenciar a força de trabalho
Em especial, no sentido de gerenciar a força de trabalho que compõe o quadro funcional das instituições de
saúde, composta hoje por com um grande número de profissionaisequipes multidisciplinares complexas
direcionados para um único objetivo mas tomando, para alcançá-lo, diferentes caminhos e estratégias e tendo, ao
mesmo tempo que interagir entre si, visto dividirem o mesmo local de trabalho e os mesmos usuários de seus
serviços.
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A busca da integração dos diversos profissionais que compõem o quadro funcional das instituições de saúde é
uma estratégia importante como uma das formas de se superar a compartimentalização e a estratificação do
conhecimento e do atendimento, que pode ser historicamente observada e que reflete em uma divisão de poder
e prestígio nas equipes de saúde.
Em função desta divisão do trabalho surgem conflitos que são normalmente encontrados em tais equipes e que
precisam ser adequadamente gerenciados em prol da busca por excelência do serviço prestado.
Por este motivo, é de fundamental importância que o gestor hospitalar exerça um frente apapel de liderança 
essas diversas equipes que compõem a força de trabalho da unidade em questão, atuando no sentido de
construir relações de confiança, pautadas por , tendo assim um efeitoprocessos de diálogo e negociação
positivo sobre o funcionamento da equipe de trabalho.
A liderança efetiva só pode se estabelecer, entretanto, através da manutenção de bons canais de comunicação
entre os profissionais que compõem as equipes de saúde a fim de melhorar não apenas a qualidade dos serviços
oferecidos pelos mesmos, mas também a própria qualidade de vida do profissional envolvido, já que uma
comunicação fluida e sem ruídos consegue reduzir muito os problemas advindos do cotidiano de trabalho. 
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6 Processos motivacionais
Para se atingir este objetivo é importante ainda compreender a influência dos processos motivacionais na
determinaçãodo comportamento humano. Podemos afirmar que todo e qualquer comportamento é motivado,
sendo influenciado por um ou mais motivos que iniciam, dirigem e mantém tal comportamento.
Assim, se queremos compreender e mesmo alterar um determinado comportamento é importante compreender
os processos motivacionais que o estão influenciando, observando-se ainda as respostas emocionais do ser
humano que podem, em igual intensidade, influenciá-lo.
7 Processo de estresse
Como já citamos, o trabalho em instituições de saúde apresenta uma forte carga emocional absorvida pelo
trabalhador e pode iniciar o seu processo de estresse.
A fim de reconhecer e combater adequadamente este inimigo silencioso, que pode prejudicar intensamente o
trabalho do profissional iremos, em aulas futuras, apresentar o processo de evolução do estresse.
Vamos reconhecer a existência de um estresse benigno de baixa intensidade - eustresse - que auxilia na
manutenção de níveis adequados de atenção e na motivação, energizando o indivíduo para alcançar os seus
objetivos; e um estresse de alta intensidade, patológico – distresse - que prejudica o sujeito cognitiva, emocional
e fisiologicamente.
8 Estressores
Além disso, apresentaremos e discutiremos as principais categorias de estressores que podem iniciar, manter e
agravar o processo de estresse, com especial ênfase aos estressores encontrados na área da saúde.
Esses estressores, comuns a profissionais que se dedicam à função de cuidar de outro ser humano, em especial
quando se encontra doente, apresentam a grande probabilidade de iniciar um quadro específico de estresse
laboral denominado Síndrome de Burnout.
Síndrome de Burnout
A identificação da Síndrome de Burnout é tão importante quanto o é seu adequado gerenciamento e prevenção a
fim de garantir a saúde física e mental dos profissionais denominados cuidadores ou core givers.
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9 Tomada de decisão
Tão importante quanto considerar as peculiaridades do trabalho ou o custo do trabalho na área da saúde é
considerar a importância do processo de tomada de decisão e solução de problemas a nível gerencial.
Para tal, detalharemos todas as etapas de tais processos a fim de auxiliar na sua execução, no cotidiano de
trabalho, buscando, desta forma, a melhoria dos indicadores de qualidade do serviço em questão. Os processos
de tomada de decisão e solução de problemas serão apresentados como queatividades cognitivas complexas
podem, entretanto, ser desenvolvidas.
10 Função do gestor
Por fim, trataremos dos significados da função do gestor em instituições de saúde, discutindo as vivências de
prazer e o sofrimento que a função impõe ao (Ou seja, você), devido às particularidades da tarefa trabalhador 
executada. Envolve a coordenação de diversos grupos profissionais, diferentes pontos de vista e diferentes
interesses que, por vezes, são conflituosos.
De forma similar aos profissionais de saúde, você, gestor hospitalar, escolheu o trabalho com essa área específica
que envolve o cotidiano com os binômios vida – morte, saúde – doença, e estará igualmente submetido à mesma
carga emocional que os demais profissionais. Além disso, enfrentando os dilemas técnico-financeiros que afligem
as empresas de prestação de serviços em saúde na atualidade.
Lidar com problemas que envolvem a insuficiência de pessoal, escassez de recursos econômicos e materiais,
espaços e equipamentos inadequados ou obsoletos, com locais que funcionam 24 horas exige do gestor uma
adequada para se atingir os objetivos propostos, sendo um hábil negociador paracoordenação das atividades
equilibrar todos os pontos de tensão envolvidos no dia a dia das instituições de saúde.
Espera-se assim, desenvolver em você o entendimento do processo de trabalho na área de saúde, a visão
 de todos os serviços que unem a instituição, , calcados emintegrada autonomia, iniciativa e poder de decisão
sólidos princípios éticos e no comprometimento com a instituição em si e com as propostas de serviços ofertadas
por ela, conhecendo os aspectos éticos e legais que a envolvem e aliando todas essas necessidades da tarefa aos
recursos disponíveis.
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11 Análise psicossocial
Após a consideração de todos esses aspectos, realizaremos, para finalizar nossa tarefa de compreender as
instituições de saúde, uma análise psicossocial do usuário de tais instituições de saúde para onde convergem
todas as atividades realizadas.
A efetivação de uma adequada possibilitará a oferta de um serviço de leitura social deste paciente
atendimento global de qualidade por parte das instituições de saúde. É necessário considerar que, de forma
análoga ao que ocorre com profissionais de saúde, o paciente e seus familiares estarão intensamente
mobilizados com o quadro de doença que os faz procurar os serviços ofertados pelas instituições de saúde.
Estar doente é um forte estressor que modifica a forma habitual de ser do indivíduo e muitas vezes o tira de sua
rotina habitual, confinando-o em um hospital que, por vezes, o infantiliza, não considera suas opiniões, trata-o
como um diagnóstico desprovido de subjetividade, omitindo informações sobre o seu real estado a fim de poupá-
lo de suas próprias notícias.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes:
• Integração dos diversos profissionais que compõem o quadro das instituições de saúde;
• Compartimentalização do conhecimento e do atendimento;
• Conflitos encontrados nas equipes de saúde;
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• Conflitos encontrados nas equipes de saúde;
• Diretrizes de gerenciamento dos conflitos.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu a evolução histórica das instituições de saúde;
• Identificou a carga do trabalho incidente sobre os trabalhadores que se propõe a atuar em tal atividade;
• Avaliou os pontos relevantes a serem desenvolvidos por um gestor em saúde.
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	Olá!
	1 Construção histórica
	2 Importância
	3 Habilidades importantes
	4 Natureza da atividade
	5 Gerenciar a força de trabalho
	6 Processos motivacionais
	7 Processo de estresse
	8 Estressores
	9 Tomada de decisão
	10 Função do gestor
	11 Análise psicossocial
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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