Prévia do material em texto
A lesão do tórax é comum no doente com trauma multissistêmico e pode apresentar problemas com risco de vida, se não forem prontamente identificados durante a avaliação primária. A propedêutica do tórax é dividida em inspeção, palpação, percussão eausculta. Um paciente que apresenta edema facial, pode apresenta enfisema subcutâneo, sendo que o que está deformando sua face pode ser líquido infiltrado ou ar, sendo que se for o primeiro se terá um edema, mas se for ar, será chamado de enfisema subcutâneo, sendo que a palpação irá demonstrar, o líquido deixa ele endurecido e o ar deixa um barulho do ar se movendo (crepitação). Esse ar costuma vir das vias aéreas com lesão traqueal ou brônquica, ou uma lesão a nível pulmonar na sua relação com a pleura, o pneumotórax, ou as lesões por explosão que podem acometer as vias aéreas. Deve-se seguir o ABCDE do trauma, sendo o A (vias aéreas), B (respiração), o C (circulação) analisando os níveis de volemia, pulso, analisando seu débito cardíaco, para análise de um possível choque, analisando sua PA, perfusão sanguínea, palidez cutânea. Isso tudo é para identificar as lesões com risco de vida imediato durante a avaliação primária, identificar as lesões potencialmente fatais no trauma torácico e descrever o significado de pneumotórax, hemotórax e tamponamento cardíaco. A estrutura mais lesada no trauma torácico é o gradil costal (63%), seguido de hemo/pneumotórax (42%), contusão pulmonar (38%), lesão cardíaca e diafragmática seguem com 4%, lesão de grandes vasos (2%), lesão traqueobrônquica (0,5%), ruptura cardíaca (0,5%) e ruptura do esôfago (0,2%). Os mecanismos de lesão pode ser por trauma aberto ou penetrante (projétil de arma de fogo, arma branca e escavamento) ou trauma fechado (não se tem perfuração da cavidade torácica). A área Perigosa de Ziedler, limitada a linha paraesternal, até a linha axilar anterior, sendo a área principalmente cardíaca. LARISSA RODRIGUES SANTOSTRAUMA TORÁCICO sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021 14:06 Página 1 de CIRURGIA O trauma contuso, não tem área de continuidade do meio externo para interno na cavidade torácica, não é aberto. O acidente automobilístico para quem está dirigindo é o mais comum, batendo o esterno no volante, podendo apresentar lesões de vaso da base, protusão do coração, entre outros. Traumas torácicos: Causa significativa de mortalidade- Trauma fechado, representa menos de 10% das operações- Ferimentos penetrantes, representam de 15-30% dos que precisam de operação- Maioria são procedimentos simples, que requerem habilidade- A maior parte das lesões com risco de vida é identificada na avaliação primária- Quais são as lesões de tórax com risco de vida imediato? Lesão laringotraqueal/obstrução de via aérea- Pneumotórax hipertensivo- Pneumotórax aberto- Tórax instável e contusão pulmonar- Hemótorax volumoso- Tamponamento cardíaco- Página 2 de CIRURGIA Na avaliação primária, deve-se observar taquipneia, desconforto respiratório, hipóxia, desvio de traqueia, alteração da ausculta e percussão. O pneumotórax simples significa a presença ou acúmulo de ar na cavidade pleural, como consequência da solução de continuidade da integridade das pleuras. O espaço pleural, primariamente virtual, que se situa entre o pulmão e a parede torácica, mais precisamente entre os folhetos pleurais, visceral e parietal, se torna real devido à interposição gasosa. Esporadicamente pode haver a formação de gases no interior da cavidade pleural proveniente de fermentação pútrida, ocorrendo no curso de um empiema que, normalmente, é de pequena proporção. O pneumotórax traumático surge como conseqüência de um trauma de tórax aberto ou fechado, bem como conseqüência de procedimentos intervencionistas com finalidade terapêutica ou diagnóstica, sendo estes casos, frequentemente, rotulados como pneumotórax iatrogênico. O ar pode vir de fora por lesão da parede torácica do meio externo ou pode vir do próprio pulmão por lesão. A entrada de ar vai comprimindo o pulmão, diminuindo grandemente sua superfície, gerando hipóxia, falta de ar e diminuição da saturação. O tratamento da maioria dos casos de pneumotórax é feito pela inserção de um dreno de tórax (p. ex., 28 Fr) no 5º ou 6º espaço intercostal anterior à linha axilar média. Na inspeção se terá uma diminuição da expansibilidade, na palpação deverá se sentir FTV diminuído, o som estará timpânico (ar), a ausculta estará com MV diminuído ou abolido. O pneumotórax hipertensivo ocorre quando uma lesão no pulmão ou na parede torácica é tal que permite a entrada de ar no espaço pleural, mas não sua saída (válvula unidirecional). Como resultado, o ar se acumula e comprime o pulmão, com o tempo deslocando o mediastino, comprimindo o pulmão contralateral e aumentando a pressão intratorácica o bastante para diminuir o retorno venosopara o coração, o que causa choque. Esses efeitos podem ocorrer rapidamente, sobretudo nos pacientes submetidos à ventilação com pressão positiva. O tratamento por agulha de descompressão imediata inserindo uma agulha de grande calibre (p. ex., bitola 14- ou 16) no 2º Página 3 de CIRURGIA https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/choque-e-reanima%C3%A7%C3%A3o-vol%C3%AAmica/choque positiva. O tratamento por agulha de descompressão imediata inserindo uma agulha de grande calibre (p. ex., bitola 14- ou 16) no 2º espaço intercostal na linha hemiclavicular. O ar normalmente será expelido. Como a agulha de descompressão provoca um pneumotórax simples, o dreno de tórax deve então ser feito imediatamente depois. DIAGNÓSTICO EXCLUSIVAMENTE CLINICO! O aberto deve ser fechado o buraco, pela ventilação ineficaz, realizando o curativo de 3 pontas, em cima da lesão, fixando 3 lados e deixando um aberto, evitando a comunicação entre a área externa e a cavidade pleural, daí em diante se pode fazer um drenagem torácica mais segura. O hemotórax é o acúmulo de sangue na cavidade pleural, sendo que se for outro tipo de líquido, pode ser considerado um derrame pleural. Pode vir por uma lesão na cavidade torácica, no parênquima pulmonar ou em vasos. O tratamento é a drenagem de tórax.Ocorre o velamento do seio costo frênico, com 300 ml de líquido na cavidade pleural. Em um hemotórax maciço (volumoso), ocorre compressão do pulmão, com colapso parcial, ele pode ter efeito de desvio de mediastino para direita, isso demora um pouco mais do que o pneumotórax hipertensivo. A expansibilidade do pulmão estará diminuída, FTV reduzido, a percussão estará maciço (por conta do excesso de líquido) e na ausculta ocorrerá a diminuição do MV. Outra lesão que pode ser encontrada é a contusão do coração, que pode gerar um espectro grande de lesões com pequeno sangramento do epicárdio, com esmagamento de parte do miocárdio, ruptura de parede parcial do ventrículo, pode ser gerados também hematomas no miocárdio. Isso exige uma monitoração constante, com efeitos como arritmias, ruptura da parede e complicações mais complexas. Página 4 de CIRURGIA https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/choque-e-reanima%C3%A7%C3%A3o-vol%C3%AAmica/choque Esse machucado causa um sangramento, sendo que esse sangue se acumula no pericárdio (cavidade diferente da pleura, sendo virtual, parietal e visceral), a parte fibrosa do pericárdio parietal fica o coração, e ele tolera pouco volume (50 ml) e qualquer atividade inflamatória no pericárdio vai produzir serosidade, com produção aumentando desse líquido, que vai determinar o aparecimento do derrame pericárdico e se o líquido for sangue, se chama de hemo pericárdico, sendo ele, o que acontece no trauma e se ele for crescendo e pegando uma quantidade enorme, ele vai levar ao tamponamento cardíaco. O tamponamento cardíaco é o acúmulo de líquido no pericárdio em quantidade suficiente para gerar uma obstrução grave do fluxo de entrada do sangue nos ventrículos. Isso gera uma pressão maior dentro do saco pericárdico,espremendo o coração, não deixandoo coração fazer a diástole (enchimento), com pressão no átrio e ventrículos enormes, não deixando o sangue do retorno entrar, não enchendo o coração, com falta de sangue, porém o que chega vai bombear, com a função do miocárdio normal, mas com restrição diastólica, inicialmente com sangue represado no sistema da cava superior, gerando turgor da jugular, o edema de membros inferiores é causada por um pericardite que não tem a ver com o trauma propriamente dito. Do ponto de vista clínico se espera taquicardia (tentativa de aumentar o DC), desconforto torácico, dispneia (falta de oxigênio na periferia), oligúria que pode levar IRA, pode evoluir para hipotensão arterial, distensão da jugular, abafamento das bulhas cardíacas (o líquido irá abafar), extremidades frias por conta da hipotensão, hipóxia por falta de DC, cianose e alteração no pulso paradoxal (queda da pressão arterial maior que 10 mmHg durante a inspiração, e na expiração a pressão sobe). Página 5 de CIRURGIA - Essa tríade, está presente em 15% dos tamponamentos cardíacos, mas quando presente, é forte sugestivo do TC. Se o TC for agudo e se instala rapidamente, ele é grave , ele vai evoluir com a tríade de Beck e compressão do coração faz com que ele entre em parada cardíaca por atividade elétrica sem pulso, respondendo mal a cardio versão, para tirar a dúvida do TC, se faz o FAST, sendo um ultrassom, e o melhor tratamento é a operação em todos os casos, e mais fácil de ser identificado por trauma penetratante. Pericardiocentese: A técnica é feita por um punção abaixo do apêndice xifóide, com a agulha 45º sobre a pele, mais ou menos em direção ao mamilo, atinge o saco pericárdio e se aspira o líquido para esvaziar o pericárdio, para o coração conseguir fazer a diástole novamente. Uma agulha curta chanfrada de 75 mm, calibre 16, é conectada via uma válvula reguladora de fluxo de 3 vias a uma seringa de 30 ou 50 mL. Pode-se entrar no pericárdio através do ângulo xifocostal direito ou esquerdo ou da ponta do processo xifoide com a agulha direcionada para dentro, para cima e perto da parede torácica. A agulha é inserida com sucção constante aplicada à seringa. Página 6 de CIRURGIA Os exames complementares que podem ser pedidos nesses casos são : raio x de tórax, e-FAST, gasometria arterial, ECG (contusão), oximetria de pulso e TC de tórax. Imagens de TC: Lembrar que pneumotórax simples pode se tornar hipertensivo, lembrar que muitas vezes o hemotórax pode ficar retido em um lado só, não esquecer da lesão de diafragma, fazer um controle adequado da dor, cuidado com crianças e idosos, cuidado com a reanimação volêmica excessiva e também cuidado com dreno mal posicionado. Página 7 de CIRURGIA