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Teísmo 
 
 
Teísmo 
 
TEONTOLOGIA 
 
TEOLOGIA PROPRIAMENTE DITA 
 
IBETEL 
Site: www.ibetel.com.br 
E-mail: ibetel@ibetel.com.br 
Telefax: (11) 4743.1964 - Fone: (11) 4743.1826 
 
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Teísmo 
 
 
 
(Org.) Prof. Pr. VICENTE LEITE 
 
 
Teísmo 
 
TEONTOLOGIA 
TEOLOGIA PROPRIAMENTE DITA 
 
 
 
 
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Teísmo 
 
Quem é o IBETEL 
 
O IBETEL é uma empresa de Sociedade Civil Ltda., fundada em 12 de 
Janeiro de 1995 pelo pastor e professor Vicente Paula Leite. 
 
Atualmente possui alunos em todo o território nacional e em alguns países da 
Europa, Ásia, África, América do Norte e América do Sul. 
 
O IBETEL além de sua sede em Suzano, São Paulo, possui várias unidades 
localizadas em várias regiões do Brasil, com endereços disponíveis em nosso 
Site: www.ibetel.com.br. 
 
O IBETEL não é administrado por nenhuma denominação eclesiástica, seus 
ensinos estão abertos às pessoas de qualquer denominação. É uma 
instituição particular, não possui patrocínio de nenhuma empresa, nem de 
instituições evangélicas. Sua “sobrevivência” tem perdurado unicamente com 
a ajuda de Deus. 
 
Alguém não evangélico pode estudar no IBETEL? Sim. O IBETEL é uma 
instituição educacional, e seria inconstitucional proibir o ingresso de qualquer 
pessoa, todavia é importante lembrar que todo o corpo docente é evangélico, 
e que todo o material didático oferecido e indicado, é também elaborado por 
educadores e escritores evangélicos, e sua Teologia é Protestante 
Pentecostal Ortodoxa. 
 
O IBETEL oferece cursos na modalidade frequencial e à distância. Para 
colação de grau do estudante no sistema EAD, o mesmo poderá receber o 
Histórico Escolar e Diploma ou Certificado pelos Correios, ou então marcar 
uma data para vir ser diplomado aqui em São Paulo, ou estar verificando a 
nossa agenda onde constam várias formaturas em endereços e ocasiões 
diversos, ou ainda, o aluno poderá solicitar a presença de um dos 
representantes do IBETEL para entrega de seus documentos, ou finalmente, 
o discente poderá esperar uma eventual colação de grau organizada pelo 
IBETEL mais próxima da sua região. 
 
As disciplinas cursadas em outros seminários, universidades, faculdades são 
aceitas pelo IBETEL? Sim, desde que legitimamente comprovadas. Algumas 
disciplinas serão averbadas e o aluno, se desejar, não precisará cursá-las 
novamente. 
 
 
 
 
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Teísmo 
 
 
Como o Estudar 
Teologia com Qualidade 
 
1 Preparação para o estudo teológico 
 
O bom estudo teológico exige preparação. Expomos a seguir quatro coisas que 
lhes trarão maiores benefícios no estudo. 
 
(a) Fixe um horário para o estudo teológico 
 
Separe uma quantidade específica de tempo para fazer o estudo teológico a 
cada semana. Isto dependerá de quanto tempo você quer passar estudando. Não 
exagere, mas também não se dedique de menos. Se você não colocar o estudo 
na agenda semanal, nunca encontrará tempo ou fará um estudo esporádico e 
pouco profundo. 
 
(b) Mantenha um caderno 
 
Você não pode estudar sem escrever as coisas que observou. 
 
(c) Adquira as ferramentas certas 
 
Considere fazer um investimento nestas ferramentas de referência e montar uma 
pequena biblioteca. Será um investimento que você usará pelo resto da vida. 
 
(d) Faça uma oração antes de cada estudo 
 
Primeiramente, peça ao Senhor que limpe sua vida de todo o pecado conhecido 
e o encha com o Espírito Santo, assim você estará em comunhão com ele 
durante o estudo. Portanto, certifique-se de que você está em comunhão com 
Cristo antes de estudar a Palavra. O apóstolo Paulo disse que se você estiver na 
carne, não poderá entender as verdades espirituais (1Co 2.10-3.4). Em segundo 
lugar, ore para que o Espírito Santo o guie no estudo. Memorize o Salmo 119.18 
e o use antes de cada estudo: ''Abre os meus olhos para que eu veja as 
maravilhas da tua lei". 
 
2 Como escolher as ferramentas certas para um bom estudo 
 
Nesta seção, examinaremos oito tipos de ferramentas indispensáveis para o 
estudo teológico. 
 
 
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(a) Bíblia de estudo 
 
Sua primeira e mais importante ferramenta é uma boa Bíblia de estudo. Certas 
Bíblias são mais adaptáveis ao estudo pessoal da Bíblia que outras. Uma boa 
Bíblia de estudo deve ter letras grandes o bastante para você ler por longos 
períodos de tempo sem ficar com dor de cabeça por forçar os olhos. Também 
deve ter papel espesso o bastante para você tomar notas sem que a tinta 
traspasse o outro lado do papel. Margens largas são úteis, porque permitem 
fazer anotações pessoais. 
 
(b) Várias traduções recentes 
 
Nos últimos 50 anos, vimos a produção de muitas novas traduções da Bíblia. 
Embora existam falhas em toda tradução, cada uma faz contribuição única para o 
melhor entendimento da Bíblia. O maior benefício que podemos obter destas 
versões é comparando-as umas com as outras no estudo. Os muitos possíveis 
significados e usos de certa palavra podem ser encontrados mediante a leitura de 
determinado versículo nas várias versões e anotar as diferenças. 
 
(c) Concordância exaustiva 
 
Sem dúvida, a ferramenta mais importante que você vai precisar para o estudo 
da Bíblia ao lado da Bíblia de estudo é a concordância. Esta ferramenta é um 
índice bíblico das palavras contidas em certa versão bíblica. Várias Bíblias 
possuem concordâncias limitadas a certo número de palavras e nomes 
importantes. Uma concordância exaustiva relaciona todos os usos de cada 
palavra da Bíblia, e dá todas as referências onde tal palavra é encontrada. 
Tratam-se de volumes grandes e vultosos, bastante caros, mas valem cada 
centavo investido. 
 
(d) Dicionário bíblico e/ou enciclopédia bíblica 
 
Um dicionário bíblico explica muitas das palavras, tópicos, costumes e tradições 
contidos na Bíblia, bem como presta informação histórica, geográfica, cultural e 
arqueológica. Também fornece material do cenário de cada livro da Bíblia e 
apresenta biografias curtas das principais pessoas de ambos os testamentos. 
Uma enciclopédia bíblica é um dicionário bíblico expandido com artigos mais 
longos que tratam com maiores detalhes de mais assuntos. 
 
(e) Bíblia temática 
 
Esta ferramenta é semelhante a uma concordância, exceto que categoriza os 
versículos da Bíblia por temas e não por palavras. Isto ajuda o estudante de 
teologia, porque é freqüente um versículo tratar de um tema sem nunca usar a 
palavra específica. Se você tivesse de confiar apenas na concordância, perderia 
alguns versículos ao estudar um tema. Por exemplo, se você procurar o assunto 
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Teísmo 
 
"Trindade" numa Bíblia temática, achará diversas referências alistadas, embora a 
palavra não ocorra na Bíblia. 
 
(f) Manual bíblico 
 
Esta ferramenta é a combinação de enciclopédia com comentário em forma 
concisa. É usado para referência rápida, enquanto se lê do princípio ao fim 
determinado livro da Bíblia. Em vez de estar organizado alfabeticamente por 
temas, os manuais são projetados a seguir a ordem dos livros da Bíblia. 
Fornecem notas de fundo, breve comentário e mapas, quadros, diagramas, notas 
arqueológicas e muitos outros fatos úteis. 
 
(h) Livro com estudo de palavras 
 
Esta é área na qual o cristão de hoje tem o grande privilégio de se beneficiar do 
trabalho dos estudiosos de teologia. Por causa da disponibilidade de ferramentas 
de referência práticas escritas para o cristão comum, você pode estudar as 
palavras originais da Bíblia sem saber nada de hebraico ou grego. Alguns 
autores têm passado a vida inteira procurando os significados completos das 
palavras originais para depois escrever sobre elas em linguagem simples e 
compreensível. 
 
Um bom livro com estudo de palavras lhe dará a seguinte informação: o 
significado da raiz original da palavragrega ou hebraica (sua etimologia), os 
vários usos da palavra ao longo da Bíblia e na literatura similar não-bíblica 
daquele período histórico e a freqüência na qual a palavra ocorre na Bíblia. 
 
(i) Comentários 
 
Um comentário é uma coletânea especializada de notas explicativas e 
interpretações do texto de determinado livro ou seção da Bíblia. Seu propósito é 
explicar e interpretar o significado da mensagem bíblica analisando as palavras 
usadas, o plano de fundo, a introdução, a gramática e a sintaxe, além da relação 
desse livro em particular com o restante da Bíblia. Usado corretamente, os 
comentários aumentam grandemente sua compreensão da Bíblia. Em geral, você 
não deve consultar um comentário até que faça seu estudo. Não deixe outra 
pessoa roubar-lhe a alegria de descobrir insights bíblicos por conta própria. 
Nunca permita que a leitura de um comentário tome o lugar do estudo pessoal da 
Bíblia. Os comentários são obras falhas, porque são escritas por homens. Às 
vezes, comentaristas igualmente capazes discordam entre si no que tange a 
interpretações do mesmo texto bíblico. O melhor modo de usar um é conferir os 
achados em seu estudo com os do autor! 
 
 
 
 
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Teísmo 
 
Declaração de fé 
 
A expressão “credo” vem da palavra latina, que apresenta a mesma grafia e 
cujo significado é “eu creio”, expressão inicial do credo apostólico -, 
provavelmente, o mais conhecido de todos os credos: “Creio em Deus Pai 
todo-poderoso...”. Esta expressão veio a significar uma referência à 
declaração de fé, que sintetiza os principais pontos da fé cristã, os quais são 
compartilhados por todos os cristãos. Por esse motivo, o termo “credo” jamais 
é empregado em relação a declarações de fé que sejam associadas a 
denominações específicas. Estas são geralmente chamadas de “confissões” 
(como a Confissão Luterana de Augsburg ou a Confissão da Fé Reformada 
de Westminster). A “confissão” pertence a uma denominação e inclui dogmas 
e ênfases especificamente relacionados a ela; o “credo” pertence a toda a 
igreja cristã e inclui nada mais, nada menos do que uma declaração de 
crenças, as quais todo cristão deveria ser capaz de aceitar e observar. O 
“credo” veio a ser considerado como uma declaração concisa, formal, 
universalmente aceita e autorizada dos principais pontos da fé cristã. 
 
O Credo tem como objetivo sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo 
para facilitar as confissões públicas, conservar a doutrina contra as heresias 
e manter a unidade doutrinária. Encontramos no Novo Testamento algumas 
declarações rudimentares de confissões fé: A confissão de Natanael (Jo 
1.50); a confissão de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); a confissão de Tomé (Jo 
20.28); a confissão do Eunuco (At 8.37); e artigos elementares de fé (Hb 6.1-
2). 
 
A Faculdade Teológica IBETEL professa o seguinte Credo alicerçado 
fundamentalmente no que se segue: 
 
(a) Crê em um só Deus eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, 
o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29). 
 
(b) Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé 
normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17). 
 
(c) No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, 
em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão 
vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9). 
 
(d) Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e 
que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora 
de Jesus Cristo é que o pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19). 
(e) Na necessidade absoluta no novo nascimento pela fé em Cristo e pelo 
 
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poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o 
homem digno do reino dos céus (Jo 3.3-8). 
 
(f) No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna 
justificação da alma recebidos gratuitamente na fé no sacrifício 
efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-
26; Hb 7.25; 5.9). 
 
(g) No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez 
em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme 
determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12). 
 
(h) Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa 
mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através 
do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que 
nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Jesus Cristo 
(Hb 9.14; 1Pe 1.15). 
 
(i) No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus 
mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em 
outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7). 
 
(j) Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à 
Igreja para sua edificação conforme a sua soberana vontade (1Co 
12.1-12). 
 
(k) Na segunda vinda premilenar de Cristo em duas fases distintas. 
Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, 
antes da grande tribulação; Segunda - visível e corporal, com sua 
Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts 
4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14). 
 
(l) Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de Cristo para 
receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo, 
na terra (2Co 5.10). 
 
(m) No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis, 
(Ap 20.11-15). 
 
(n) E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e 
tormento eterno para os infiéis (Mt 25.46). 
 
 
 
 
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Teísmo 
 
Sumário 
 
Quem é o IBETEL 5 
Como o Estudar Teologia com Qualidade 7 
Declaração de fé 11 
 
CAPÍTULO 1 
Prolegômenos 15 
1.1 Fundamentos Teológicos 15 
1.2 Definição de Teologia 16 
1.3 Outras Definições 17 
1.4 A Palavra Teologia 17 
1.5 Estudantes de Teologia 21 
1.6 Exigências Essenciais 22 
1.7 Sistemas Teológicos Protestantes 24 
1.8 A Necessidade da Teologia 27 
1.9 A Possibilidade da Teologia 29 
 
CAPÍTULO 2 
A Doutrina de Deus 
2.1 O Único e Verdadeiro Deus 33 
2.2 A Existência de Deus 33 
2.3 Evidências Racionais da Existência de Deus 35 
2.4 Os Nomes Bíblicos de Deus 40 
2.5 Formas de Negação da Existência de Deus 46 
 
CAPÍTULO 3 
A Natureza de Deus 49 
3.1 A Doutrina de Deus 49 
3.2 A Imanência e a Transcendência de Deus 50 
3.3 Os Atributos de Deus 54 
3.4 Classificações dos atributos de Deus 55 
 
CAPÍTULO 4 
Os atributos incomunicáveis de Deus 59 
4.1 Independência 59 
4.2 Imutabilidade - inalterabilidade 61 
4.3 Eternidade – infinitude 66 
4.4 Onipresença 69 
4.5 Onisciência - Conhecimento 73 
4.6 Onipotência - Poder 73 
4.7 Espiritualidade 75 
4.8 Vida 75 
4.9 Personalidade 77 
CAPÍTULO 5 
 
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Atributos Comunicáveis de Deus 79 
5.1 Pureza moral 79 
5.2 Integridade 82 
5.3 Amor 84 
 
CAPÍTULO 6 
A Triunidade de Deus: a Trindade 89 
6.1 Evidências Bíblicas para a Doutrina da Trindade 90 
6.2 A Deidade das Três Pessoas 93 
6.3 O Inter-relacionamento entre as Pessoas da Trindade 94 
6.4 A Trindade Explicada 96 
6.5 A Trindade e a Doutrina da Salvação 98 
 
Referências 101 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Teísmo 
 
 
Capítulo 1 
 
Prolegômenos 
 
1.1 Fundamentos Teológicos 
 
A boa teologia é escrita por aqueles que tomam o devido cuidado em deixar 
que suas perspectivas sejam moldadas pela revelação bíblica. Por isso, em 
toda esta obra, conservaremos como princípios básicos, as seguintes 
asseverações bíblicas: Deus existe, Ele se revelou e tem deixado esta 
revelação à disposição da raça humana. 
 
Na Bíblia, vemos Deus agindo na vida e na história da humanidade a fim de 
levar a efeito o seu grande plano de redenção. Noutras palavras, a Bíblia 
apresenta as suas verdades em meio aos acontecimentos históricos ao invés 
de apresentar-nosuma lista sistematizada de suas doutrinas. Todavia, 
carecemos sistematizar tais ensinos para que possamos compreendê-los 
melhor e aplicá-los à nossa vida. 
 
Por outro lado, a sistematização deve ser levada a efeito com muito cuidado, 
prestando-se especial atenção tanto ao contexto quanto ao conteúdo da 
doutrina bíblica usada em sua elaboração. A grande tentação de muitos 
teólogos é selecionar somente os textos que se acham de acordo com os 
seus pontos de vista, e rejeitar os que se mostram contrários. Outra tentação: 
usar o texto sem considerar o seu contexto. A Bíblia tem de ter a liberdade de 
falar com clareza sem ser influenciada pelos preconceitos e falsos conceitos 
do intérprete. 
 
Outra asseveração bíblica que orienta o desenvolvimento deste livro é que o 
Espírito Santo, que inspirou a escrita da Bíblia, também orienta a mente e o 
coração do cristão, hoje (Jo 16.13). A obra do Espírito Santo, ao ajudar o 
leitor a entender a Bíblia, não deve ser temida como se fosse levá-lo a 
interpretações estranhas e desconhecidas. Na verdade, guiando-nos em toda 
a verdade, o Espírito Santo esparge luz sobre, ou elucida, o que já é 
conhecido. Além disso, "não pode haver nenhuma diferença básica entre a 
verdade que a comunidade cristã conhece através do Espírito Santo que nela 
habita, e a que é exposta nas Escrituras". 
 
 
 
 
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Os pentecostais possuem uma rica herança no âmbito da experiência, 
demonstrando convicções fervorosas no tocante à sua fé. Todavia, não têm 
se mostrado igualmente dispostos a registrar, por escrito, as explicações a 
respeito de suas experiências com as verdades da Bíblia. Agora, porém, há 
uma literatura, cada vez mais notória, que, tendo-se em conta a perspectiva 
pentecostal, leva adiante o esforço de se expandir o entendimento entre os 
vários grupos dentro da igreja. 
 
Reconhecemos também que somente a Bíblia, por ser a Palavra de Deus, 
tem a resposta definitiva. Todas as palavras meramente humanas são, na 
melhor das hipóteses, meros ensaios, e só são verdadeiras à medida que se 
harmonizam com a revelação da Bíblia. Não nos consideramos superiores 
em virtude de nossas experiências. Pelo contrário: somos companheiros que, 
ao longo da viagem, desejam compartilhar o que têm aprendido a respeito de 
Deus e de suas diversas maneiras de lidar conosco. 
 
1.2 Definição de Teologia 
 
A teologia, definida com simplicidade, é o estudo de Deus e do seu 
relacionamento com tudo quanto Ele criou. Cremos que a teologia deriva-se 
da revelação de Deus na Bíblia, pois de nenhuma outra maneira poderia 
postar-se como testemunho fidedigno para os que buscam a verdade. 
 
A revelação bíblica não somente dirige o teólogo às doutrinas que devem ser 
cridas, como também define os limites do conteúdo da fé. A teologia deve 
referendar como crença obrigatória somente o que a Bíblia ensina explícita 
ou implicitamente. A teologia deve também importar-se vitalmente com a 
interpretação correta da Bíblia e sua aplicação apropriada. 
 
Embora a matéria fundamental da teologia seja tirada da Bíblia, a teologia 
também se interessa pela comunidade da fé de onde surgiu a revelação. E de 
igual modo se importa com a comunidade para a qual a mensagem será 
transmitida. Sem haver compreensão da comunidade da antiguidade, a 
mensagem não será corretamente aplicada. Esse duplo esforço pode ser 
ressaltado em deixar claro que a teologia empenha-se em "oferecer uma 
declaração coerente" dos ensinos da Bíblia, colocada no contexto da cultura 
em geral, expressada em linguagem idiomática contemporânea e relacionada 
com as questões da vida. Tem sido definida, ainda, como uma reflexão 
sistemática sobre as Escrituras... e a missão da igreja em mútuo 
relacionamento, tendo as Escrituras como a norma. A teologia é uma 
disciplina viva e dinâmica; sua fonte de autoridade não muda; esforça-se por 
comunicar as verdades eternas ao mundo que vive em constante mudança. 
 
 
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Teísmo 
 
A teologia sistemática é apenas uma divisão dentro do campo maior da 
teologia, que também inclui a teologia histórica, a teologia bíblica e exegética, 
e a teologia prática. Será útil examinar cada uma das demais divisões da 
teologia, e notar como a teologia sistemática se relaciona com elas. 
 
1.3 Outras Definições 
 
DR. W. Lindsay define a Teologia Sistemática como "a ciência de Deus... um 
sumário da verdade religiosa organizada cientificamente, ou como um digesto 
filosófico de todo conhecimento religioso". 
 
Dr. A. H. Strong define a Teologia Sistemática como "a ciência de Deus e das 
relações entre Deus e o Universo". 
 
Dr. Charles Hodge declara que a Teologia Sistemática tem como seu objeto 
"sistematizar os fatos da Bíblia, e averiguar os princípios ou verdades gerais 
que esses fatos envolvem". 
 
O Dr. W. H. Griffith Thomas afirma: "Ciência é a expressão técnica das leis da 
natureza; teologia é a expressão técnica da revelação de Deus. É a área da 
teologia que examina todos os fatos espirituais da revelação, que estima o 
valor deles, e que os dispõe num corpo de ensino. A doutrina, dessa forma, 
corresponde às generalizações da ciência." 
 
Dr. W. G. T. Shedd define a Teologia Sistemática como "uma ciência que 
está preocupada tanto com o infinito quanto com o finito, tanto com Deus 
quanto com o Universo. O material, portanto, que ela inclui é mais vasto do 
que o de qualquer outra ciência. Ela é também a mais necessária de todas as 
ciências". 
 
Agostinho denota a teologia como "uma discussão racional a respeito da 
divindade". 
 
L. S. Chafer afirma que a Teologia Sistemática pode ser definida como a 
coleta, cientificamente organizada, comparada e defendida de todos os fatos 
e de toda e qualquer fonte a respeito de Deus e de suas obras. Ela é também 
chamada dogmática porque segue uma forma de tese humanamente legada 
e apresenta e verifica a verdade como verdade. 
 
1.4 A Palavra Teologia 
 
O Termo Teologia, segundo os seus aspectos etimológicos, é um vocábulo 
composto de duas palavras gregas theos - Deus, e logos - discurso ou 
expressão. Tanto Cristo, a Palavra Viva, quanto a Bíblia, a Palavra Escrita, 
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são Logos de Deus. Eles são para Deus o que a expressão é para o 
pensamento e o que o discurso é para a razão. A teologia é, portanto, a 
Theo-Iogia ou discurso sobre um assunto específico, a saber, Deus. 
Entretanto, visto que nenhuma consideração sobre Deus será completa que 
não contemple suas obras e os modos no Universo que Ele criou, assim 
como sua Pessoa, a teologia pode ser ampliada devidamente para incluir 
todas as realidades materiais e imateriais que existem e os fatos a respeito 
delas e contidos nelas. 
 
Embora não seja prático dificultar a ciência da teologia com amplos discursos 
que cubram todas as "logias" do Universo, permanece verdadeiro, não 
obstante, que o fato básico, o qual subjaz todas as ciências, é sua relação 
com o Criador de todas as coisas e o seu propósito na criação. 
 
Embora não comumente incluída na ciência da teologia, as outras ciências 
que se ocupam dos pensamentos dos homens seriam tanto santificadas 
quanto exaltadas, se fossem abordadas, como deveriam ser, com a 
reverência que reconhece nelas a presença, o poder e propósito do Criador. 
Grande prejuízo acontece, como é óbvio, da parte da tendência moderna de 
divorciar todos os assuntos que margeiam o natural de todo relacionamento 
divino quando, na realidade, não há base sobre a qual essas "logias" possam 
descansar, a não ser a do propósito original do Criador. 
 
Embora não encontrada nas Sagradas Escrituras, a palavra teologia, o 
composto de duas palavras bíblicas familiares, é escriturística no seu caráter. 
Em Romanos 3.2 aparecem as palavras ta logia tou Theou, ‘os oráculos de 
Deus’; em 1 Pedro 4.11 surgem as palavras logia Theou, ‘oráculos de Deus’; 
e em Lucas 8.21 encontramos a frase ton logon tou Theou, ‘a palavra de 
Deus’. 
 
Dentro da enciclopédia que o retrata, o termo teologia é usado com vários 
significados restritos.Quando se deseja o reconhecimento do primeiro 
expoente de um sistema teológico, o nome do indivíduo é combinado com o 
termo, como Teologia Agostiniana, Teologia Calvinista, Teologia Luterana, 
Teologia Arminiana. Quando a fonte do seu material está em foco, termos 
específicos são empregados, como Teologia revelada, Teologia natural, 
Teologia católica, Teologia evangélica. Assim, igualmente, a teologia pode 
ser classificada pelo lugar de sua origem, como, Teologia de Genebra, 
Teologia de Mercersburgo, Teologia de Oxford, Teologia da Nova Inglaterra, 
Teologia de Oberlin. 
 
Quando um conteúdo particular de determinada teologia está em foco, ela 
pode ser nomeada de acordo, como Teologia Bíblica, Teologia Fundamental, 
Teologia Histórica, Teologia Homilética, Teologia Ética, Teologia Prática ou 
Teologia Pastoral. De maneira semelhante, várias teologias podem ser 
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Teísmo 
 
classificadas pelo método que elas empregam, como Teologia Dogmática, 
Teologia Exegética, Teologia Apologética, Teologia Racional, Teologia 
Sistemática. 
 
Entre essas classificações gerais, há diversas formas de teologia que exigem 
uma definição especial. 
 
a) Teologia Natural. A teologia natural designa uma ciência que é 
baseada somente naqueles fatos concernentes a Deus e seu 
Universo que estão revelados na natureza. 
 
b) Teologia Revelada. Este termo designa uma ciência que está 
baseada somente naqueles fatos concernentes a Deus e seu 
Universo que estão revelados nas Escrituras da verdade. 
 
c) Teologia Bíblica e Exegética. A teologia bíblica e a exegética são 
disciplinas gêmeas. Enfatizam o emprego das ferramentas e 
técnicas interpretativas corretas a fim de poderem auscultar 
corretamente a mensagem dos textos sagrados. O empenho 
supremo é ouvir a mesma mensagem da Bíblia que os primeiros 
fiéis ouviram. Tal fato obriga esse departamento da teologia ao 
estudo dos idiomas bíblicos, dos costumes e da cultura daqueles 
tempos (especialmente o que a arqueologia tem descoberto) etc. 
 
A teologia bíblica não busca organizar o ensino total da Bíblia em categorias 
específicas; pelo contrário: o alvo é isolar os ensinamentos em determinados 
contextos, usualmente livro por livro, autor por autor, ou em agrupamentos 
históricos. A teologia exegética, aproveitando-se da estrutura da teologia 
bíblica procura identificar a única verdade que cada locução, cláusula e frase 
pretende transmitir ao perfazer o pensamento dos parágrafos, seções e, em 
última análise, de livros inteiros. A exegese (ou a teologia exegética) tem de 
ser vista à luz do contexto total do livro bem como no contexto imediato do 
trecho bíblico. 
 
A teologia do Antigo Testamento é a etapa inicial. É importante deixá-lo falar 
por si mesmo, comunicando sua própria mensagem, para sua própria época, 
ao seu próprio povo. Mas ao mesmo tempo, no desvendar progressivo do 
plano de Deus, ele prevê o futuro no seu olhar profético. 
 
A teologia do Novo Testamento também deve ser estudada, segundo seus 
próprios valores, procurando a mensagem que o autor tinha para os leitores 
aos quais escrevia, usando boa exegese para determinar seu significado 
original. 
 
Além disso, é importante perceber a união entre os dois Testamentos sem 
deixar de reconhecer a diversidade dos seus contextos históricos e culturais. 
20 
 
 
 
 
O autor divino, o Espírito Santo, inspirou todos os escritores da Bíblia, 
fornecendo-lhes a orientação que cimentou a união entre os seus escritos. 
Levou os escritores do Novo Testamento a citar o Antigo, e a apresentar 
Jesus como o cumprimento deste, e especialmente do plano divino da 
salvação. Essa união, na Bíblia, é importante porque possibilita a aplicação 
da teologia bíblica a situações diversas e em culturas diferentes, assim como 
a teologia sistemática procura fazer ao usar a teologia bíblica como fonte 
informativa. 
 
d) Teontologia - Teísmo (Teologia Propriamente Dita). Este termo 
designa uma ciência limitada que contempla somente a pessoa 
de Deus - Pai, Filho e Espírito Santo, e sem referência às obras 
de cada uma delas. 
 
e) Teologia Histórica. A teologia histórica é o estudo da maneira de 
a igreja ter procurado, no decurso dos séculos, esclarecer as 
suas afirmações a respeito das verdades reveladas das 
Escrituras. A Bíblia foi escrita no transcorrer de um período de 
tempo à medida que o Espírito Santo inspirava profetas e 
apóstolos a escrever a revelação divina. Semelhantemente, mas 
sem a inspiração que a Bíblia possui, a igreja, no decorrer dos 
séculos, tem afirmado e reformulado o que ela tem crido. O 
desenvolvimento histórico das afirmações doutrinárias é o 
assunto tratado pela teologia histórica. O estudo começa com o 
contexto histórico dos livros da Bíblia, e continua seguindo a 
história da Igreja até chegar aos nossos dias. 
 
De especial importância para a teologia histórica são as tentativas de se 
esclarecer e defender os ensinos da Bíblia. O mundo pagão, no qual a Igreja 
nasceu, requeria explicasse ela suas crenças em termos que todos 
pudessem compreender. À medida que ataques eram lançados contra seus 
dogmas, a Igreja era levada a defender-se contra acusações dos mais 
variados tipos. Os cristãos, por exemplo, eram acusados de canibais (por 
causa da Ceia do Senhor), ou eram tachados de revolucionários (porque 
adoravam um só Senhor, que não era César). Nessas disputas, a Igreja polia 
as suas declarações de fé; demonstrava de forma racional e lógica o 
verdadeiro teor de sua crença. 
 
f) Teologia Dogmática. Verdade teológica sustentada com certeza. 
 
g) Teologia Especulativa. Verdade teológica sustentada no abstrato 
e à parte de sua importância prática. 
 
h) Teologia do Antigo Testamento. Assim designada porque ela é 
restrita à porção da Escritura indicada. 
21 
 
Teísmo 
 
i) Teologia do Novo Testamento. Assim designada porque ela é 
restrita à porção da Escritura indicada. 
 
j) Teologias Paulina, Petrina, Joanina. Elas são designadas assim 
porque são restritas aos escritos das pessoas indicadas. 
 
k) Teologia Prática. Diz respeito à aplicação da verdade aos 
corações dos homens. É a divisão da teologia que coloca as 
verdades da investigação teológica em prática na vida da 
comunidade dos fiéis. Essa divisão inclui a pregação, o 
evangelismo, as missões, o atendimento e aconselhamento 
pastoral, a administração pastoral, a educação na igreja e a ética 
cristã. É nessa altura que a mensagem da teologia assume (por 
assim dizer) carne e sangue, e ministra entre os cristãos. 
 
l) Teologia Sistemática. Uma ciência que segue um esquema 
humanamente legado ou uma ordem de desenvolvimento 
doutrinário e que se propõe a incorporar em seu sistema toda a 
verdade a respeito de Deus e seu Universo de toda fonte. A 
Teologia Sistemática pode ser distinta da Teologia Natural no 
sentido em que esta última retira o seu material somente da 
natureza; é distinta da Teologia Bíblica no sentido que esta última 
retira o seu material somente da Bíblia; é distinta da Teontologia – 
Teísmo, no sentido em que esta última é restrita à consideração 
da Pessoa de Deus, e exclui as suas obras. 
 
Ao definir a Teologia Sistemática, certos termos enganosos e desautorizados 
têm sido empregados. Tem sido declarado ser "a ciência da religião"; mas o 
termo religião em senso algum é sinônimo da Pessoa de Deus e todas as 
suas obras. Igualmente, tem sido declarado ser "o tratamento científico 
daquelas verdades que são encontradas na Bíblia"; mas esta ciência, 
conquanto retire a porção principal de seu material das Escrituras, não 
obstante ela retira seu material de toda fonte possível. A Teologia Sistemática 
tem sido definida como o arranjo ordenado da doutrina cristã; mas como o 
cristianismo representa somente uma mera fração do campo total da verdade 
relativa à Pessoa de Deus e seu Universo, esta definição é inadequada. 
 
1.5 Estudantes de Teologia 
 
O indivíduo que se compromete ao estudo da ciência da Teologia Sistemática 
é propriamenteum theologos (teólogo). O termo grego - theologos deveria 
ser usado de maneira ativa como a sua ênfase indica, e denotaria aquele que 
fala por Deus, mas, se usado passivamente, ele se referiria àquele a quem 
Deus fala. Esses dois conceitos mostram que o uso aceito do termo teólogo é 
óbvio. Contudo, certas exigências necessárias são postas sobre o teólogo e 
22 
 
 
 
 
certas qualificações devem ser encontradas nele se ele quer fazer qualquer 
coisa nesta tarefa a que se comprometeu. 
 
1.6 Exigências Essenciais 
 
1.6.1 São Pressupostas a Inspiração e a Autoridade das Escrituras 
 
O teólogo pode ser chamado de apologeta, quando a ocasião exigir, para 
defender verdades específicas que pertencem ao domínio de sua ciência 
distintiva; e embora entre as doutrinas que ele defenda esteja a da autoridade 
e confiabilidade das Sagradas Escrituras, ele não está primariamente 
comprometido com a tarefa crítica de provar a inspiração e o caráter divino 
das Escrituras, mas, antes, comprometido com a formulação e apresentação 
da verdade positiva que as Escrituras demonstram. Por ser a Bíblia a 
principal fonte de todo o material que faz parte de sua ciência, o teólogo é 
obrigado a organizar o material dado por Deus em sua ordem lógica e 
científica. 
 
Ele é um biblicista, a saber, o que não somente considera a Bíblia como a 
única regra de fé e prática, mas como a única fonte confiável de informação 
nas esferas das quais a revelação divina fala. Como um químico não 
consegue fazer qualquer avanço em sua ciência se ele duvida ou rejeita o 
caráter essencial dos elementos que ele combina, assim um teólogo que não 
aceita a confiabilidadeda Palavra de Deus também vai falhar. É tarefa do 
crítico reverente descobrir e defender o caráter essencial da revelação divina; 
mas o teólogo deve estar comprometido com a tarefa de sistematizar e 
declarar a revelação divina como ela lhe foi apresentada. 
 
Por causa do fato de que a ciência da Teologia Sistemática deve proceder da 
certeza de que as Escrituras são os oráculos de Deus, o modernismo e o 
racionalismo, com suas dúvidas quanto à inspiração verbal, revelação e 
autoridade bíblica, não estão preocupados com este conhecimento científico 
e até se apartam dele com desprezo. Ao considerar o fato da revelação 
divina, a ciência da Teologia Sistemática é tanto possível quanto exigida, e 
imediatamente se descobre que ela excede todas as outras ciências como o 
Criador excede sua criação. 
 
1.6.2 As Leis da Metodologia 
 
O teólogo não cria seus materiais assim como o botânico não inventa as 
flores ou o astrônomo não ordena as estrelas. Como os outros cientistas, o 
teólogo deve reconhecer o caráter de seu material e dar a ele uma 
formulação ordenada. Ele nunca deveria deturpar ou alterar a verdade que 
lhe foi confiada, nem mesmo lhe dar uma ênfase desproporcionada. Se existe 
o cunho científico, necessariamente ele repele a inverdade, a verdade parcial, 
23 
 
Teísmo 
 
e toda forma de preconceito infundado ou noção preconcebida. A importância 
de se asseverar e de sustentar a verdade em sua pureza absoluta e 
proporções certas não pode ser superestimada. Este fim pode ser 
assegurado somente pelo método sistemático, por uma atitude de cunho 
científico e de labor continuado. 
 
Dos dois métodos de lidar com a verdade da Palavra de Deus - o dedutivo, 
pelo qual um tema é expandido em seus detalhes de expressão, um método 
que pertence amplamente ao campo da homilética; o indutivo, pelo qual as 
várias declarações sobre um assunto são reduzidas a uma afirmação 
harmoniosa e todo-abrangente - o indutivo é distintamente o método 
teológico. Uma indução perfeita acontece quando todos os ensinos da 
Escritura, de acordo com o significado exato deles, tornam-se a base de uma 
afirmação doutrinária. Está evidente que para as mentes finitas, a indução 
perfeita é mais ou menos ideal, e o fato de que existem induções variadas e 
imperfeitas mostra, em alguma medida, a ampla divergência nas crenças 
doutrinárias entre homens de igual sinceridade. 
 
1.6.3 As Limitações Finitas Devem Ser Reconhecidas 
 
Se não fosse o fato de que Deus concedeu uma revelação apropriada de si 
mesmo aos homens e de que Ele espera que eles dêem atenção a ela, 
poderia parecer ser uma presunção injustificada para a mente finita procurar 
compreender o que é infinito. O teólogo nunca deveria perder de vista o fato 
de que ele, como nenhum outro cientista, é obrigado a tratar das coisas 
sobrenaturais, que transcendem os limites do tempo e do espaço onde 
nenhuma ajuda do pensamento humano pode penetrar, e a tratar dos seres 
invisíveis, inclusive as três pessoas da Trindade e dos anjos. 
 
Confrontado com assuntos como esses, ele deveria permanecer em atitude 
de santa reverência, como Moisés quando esteve diante da sarça ardente, e 
ficou impressionado com a futilidade da dependência da mera opinião 
humana, assim como das conseqüências desastrosas a que tal dependência 
pode levar. Em termos mais simples, Deus falou de si mesmo, e das coisas 
infinitas e eternas. A Bíblia é essa mensagem, conquanto o homem não 
possa originar qualquer verdade similar, ele, embora finito, é privilegiado pela 
iluminação graciosa do Espírito ao receber, com algum grau de 
entendimento, a revelação a respeito de coisas que são infinitas. 
 
1.6.4 Uma Iluminação Espiritual é Necessária e Proporcionada 
 
Como já afirmamos embora a Bíblia seja expressa em termos muito simples, 
a sua mensagem, em muitos aspectos, transcende o alcance do 
entendimento humano; mas uma provisão divina é dada pela qual essas 
limitações humanas são vencidas. O Espírito de Deus é dado para cada 
24 
 
 
 
 
pessoa salva como o Paracleto que habita dentro dela, e proporciona assim 
um recurso ilimitado tanto para o entendimento quanto para a capacidade de 
aprender. Cristo, dessa forma, trabalhou nos corações dos dois discípulos 
que andavam com Ele no caminho de Emaús. O texto declara que Ele não 
somente abriu as Escrituras diante deles, mas que abriu-lhes o entendimento 
para que pudessem compreender as Escrituras (Lc 24.27-32, 45). 
Igualmente, o segundo Paracleto haveria de ministrar em favor de todos em 
quem Ele habita. 
 
1.6.5 Um Estudo Paciente e Incansável deve ser Exigido 
 
Assim como alguém pode se aventurar a ir cada vez mais longe sem 
nenhuma esperança de alcançar os seus limites distantes, assim o teólogo 
sempre é confrontado com um material ilimitado na esfera das doutrinas da 
Escritura. Tem sido costumeiro para o teólogo passar pelo menos três anos 
nas salas de aula no estudo da introdução da ciência da Teologia Sistemática 
e sob a instrução daqueles que, por meio de estudo paciente e experiência, 
são capazes de guiá-lo nessa pesquisa introdutória. Contudo, o estudo da 
doutrina bíblica é tarefa para a vida inteira e exige seu tempo e forças. 
 
1.6.6 A Fé 
 
Como já foi afirmado, o estudante de Teologia Sistemática é chamado para 
trabalhar no campo das coisas sobrenaturais. Sua pesquisa é quase toda 
restrita ao Livro, o qual é inspirado por Deus, e através do poder para 
compreender a mensagem que esse texto apresenta; ele avança somente na 
medida em que é capacitado e ensinado pelo Espírito de Deus. Não somente 
essas coisas são verdadeiras; mas o seu sublime e santo serviço como 
expositor deste Livro, seja pela palavra oral ou pela incorporação das 
verdades da mensagem bíblica em sua vida diária, será vantajoso e eficaz 
somente quando ele ministra essa Palavra no poder de Deus. A Bíblia não é 
entendida nem recebida pelo homem não-regenerado (1Co 2.14), nem 
podem as suas revelações mais profundas ser captadas pelos cristãos 
carnais (1Co 3.1-3). 
 
1.7 Sistemas Teológicos Protestantes 
 
Dentro do protestantismo há vários sistemas teológicos. O exame de cada 
um deles ocuparia mais espaço do que o podemos dispor. Examinaremos, 
portanto, dois deles que têm se destacado desde a Reforma: o calvinismo e o 
arminianismo. Atualmente, há muitos outros sistemasteológicos. Três deles 
serão considerados resumidamente: a teologia da libertação, o 
evangelicalismo e o pentecostalismo. Essa abordagem seletiva é necessária 
tanto por causa das limitações de espaço, quanto por causa do 
relacionamento entre esses sistemas e o estudo que ora fazemos. 
25 
 
Teísmo 
 
1.7.1 O Calvinismo 
 
O calvinismo deve seu nome e suas origens ao teólogo e reformador francês 
João Calvino (1509-64). A doutrina central do calvinismo é que Deus é 
soberano de toda a sua criação. 
 
A maneira mais fácil de entender o calvinismo é conhecer as suas cinco teses 
centrais: 
 
a) A total depravação: a raça humana, como resultado do pecado, 
está tão decaída que nada podemos fazer para melhorarmos ou 
para sermos aceitos diante de Deus. 
 
b) A eleição incondicional: o Deus soberano, na eternidade 
passada, elegeu (escolheu) alguns membros da raça humana 
para serem salvos, independentemente da aceitação de sua 
oferta, que tem como base sua graça e compaixão. 
 
c) A expiação limitada: Deus enviou seu Filho para prover a 
expiação somente para aqueles que Ele elegera. 
 
d) A graça irresistível: os eleitos não poderão resistir a sua oferta 
generosa; serão salvos. 
 
e) A perseverança dos santos: uma vez salvos, perseverarão até o 
fim, e receberão a realidade última da salvação: a vida eterna. 
 
1.7.2 O Arminianismo 
 
O teólogo holandês Jacob Arminius (1560-1609) discordou das doutrinas do 
calvinismo, argumentando que tendem a fazer de Deus o autor do pecado, 
por ter Ele escolhido, na eternidade passada, quem seria ou não salvo, e 
negam o livre arbítrio do ser humano, por declararem que ninguém pode 
resistir à graça de Deus. 
 
Os ensinos de Arminius foram resumidos nas cinco teses dos Artigos de 
Protesto (1610): 
 
a) A predestinação depende da maneira de a pessoa corresponder 
ao chamado da salvação, e é fundamentada na presciência de 
Deus. 
b) Cristo morreu em prol de toda e qualquer pessoa, mas somente 
os que crêem são salvos. 
 
26 
 
 
 
 
c) A pessoa não tem a capacidade de crer, e precisa da graça de 
Deus. 
 
d) A graça pode ser resistida. 
 
e) Nem todos os regenerados perseverarão. 
 
As diferenças entre o calvinismo e o arminianismo ficam, portanto, claras. 
Segundo os arminianos, Deus sabe de antemão as pessoas que lhe 
aceitarão a oferta da graça, e são estas que Ele predestina a compartilhar de 
suas promessas. Noutras palavras, Deus predestina todos os que, de livre e 
espontânea vontade, lhe aceitam a salvação outorgada em Cristo, e 
continuam a viver por Ele. A morte expiatória de Jesus foi em favor de todas 
as pessoas indistintamente. E a expiação será eficaz para todos quantos 
aceitarem a oferta da salvação gratuita que Deus a todos faz. Essa oferta 
pode ser recusada. Se corresponderem à aceitação da graça divina, é por 
causa da iniciativa dessa mesma graça, e não em virtude da vontade 
humana. A perseverança depende de se viver continuamente a fé cristã, e há 
a possibilidade de se desviar da fé, embora Deus não deixe que ninguém 
caia facilmente. 
 
A maioria dos pentecostais tende ao sistema arminiano de teologia tendo em 
vista a necessidade do indivíduo em aceitar pessoalmente o Evangelho e o 
Espírito Santo. 
 
1.7.3 A Teologia da Libertação 
 
Nascida na América Latina no fim da década de 1960, a teologia da 
libertação é um "movimento difuso" de vários grupos dissidentes (negros, 
feministas etc.). Seu interesse primário é a reinterpretação da fé cristã do 
ponto de vista dos pobres e dos oprimidos. Os proponentes dessa teologia 
alegam que o único evangelho que lida corretamente com as necessidades 
desses grupos é o que proclama a libertação destes da pobreza e da 
opressão. A mensagem dos defensores dessa teologia é a condenação dos 
ricos e dos opressores, e a libertação dos pobres e dos oprimidos. 
 
Um dos alvos principais da teologia da libertação é a questão da prática: a 
teologia deve ser posta em prática, e não apenas aprendida. Isto é: a 
essência do seu esforço é empenhar, se na renovação da sociedade a fim de 
libertar os pobres e oprimidos de suas circunstâncias. Para se alcançar esse 
alvo, seus elaboradores freqüentemente são obrigados a interpretar as 
Escrituras fora de seu contexto, além de em, pregar métodos que, na maioria 
das vezes, são considerados marxistas ou revolucionários. 
 
27 
 
Teísmo 
 
1.7.4 O Evangelicalismo 
 
O sistema teológico conhecido como evangelicalismo tem hoje uma influência 
mui considerável. Com a formação da Associação Nacional dos Evangélicos 
em 1942, um novo ímpeto foi dado às doutrinas desse sistema. E estas têm 
sido aceitas por membros de muitas denominações cristãs. O próprio nome 
revela-nos uma das preocupações centrais do sistema: a comunicação do 
evangelho ao mundo inteiro. Essa comunicação conclama os indivíduos à fé 
pessoal em Jesus Cristo. As expressões teológicas do evangelicalismo 
provêm, indistintamente, de arraiais calvinistas e arminianos. Declaram que o 
evangelicalismo nada mais é que o mesmo sistema de fé ortodoxa que se 
achava primeiramente na Igreja Primitiva. A agenda social do evangelicalismo 
conclama os fiéis a agirem em prol da justiça, na sociedade, bem como da 
salvação das almas. 
 
1.7.5 O Pentecostalismo 
 
Em sua maior parte, a teologia pentecostal encaixa-se confortavelmente nos 
limites do sistema evangélico. Por outro lado, os pentecostais levam a sério a 
operação do Espírito Santo como comprovação da veracidade das doutrinas 
da fé, e para outorgar poder à proclamação destas. Esse fato leva 
freqüentemente à acusação de que os pentecostais baseiam-se 
exclusivamente na experiência. Tal acusação não procede; o pentecostal 
considera que a experiência produzida pela operação do Espírito Santo acha-
se abaixo da Bíblia no que tange à autoridade. A experiência corrobora , 
enfatiza e confirma as verdades da Bíblia, e essa função do Espírito Santo é 
importante e crucial. 
 
1.8 A Necessidade da Teologia 
 
(a) O Instinto Organizador do Intelecto 
 
O intelecto humano não se contenta com uma simples acumulação de fatos: 
invariavelmente busca uma unificação e sistematização de seu 
conhecimento. A mente não se satisfaz apenas em descobrir certos fatos a 
respeito de Deus, do homem, e do universo; ela deseja conhecer as relações 
entre estas pessoas e coisas e organizar suas descobertas em forma de 
sistema. 
 
(b) A Natureza das Escrituras 
 
A Bíblia é para o teólogo o que a natureza é para o cientista, um conjunto de 
fatos desorganizados ou apenas parcialmente organizados. Deus não achou 
necessário escrever a Bíblia numa forma de Teologia Sistemática; é nossa 
28 
 
 
 
 
tarefa, portanto, ajuntar os fatos dispersos e colocá-los sob a forma de um 
sistema lógico. Veja como exemplo a doutrina da pessoa de Cristo: Jo 1.1-
18; Fp 2.5-11; Cl 1.15-19; Hb 1.1-4. É necessário, portanto, se quisermos 
conhecer todos os fatos a respeito de qualquer assunto, ajuntar os 
ensinamentos dispersos e colocá-los em sistema lógico e harmonioso. 
 
(c) A Natureza difundida da descrença de nossos Dias 
 
Os perigos que ameaçam a igreja vêm não da ciência, mas sim da filosofia. 
Nossas universidades, faculdades e seminários estão, na maioria, saturados 
de ateísmo, agnosticismo, e panteísmo. Alguns deles são unitarianos. 
Através daqueles que se formam nessas instituições, as escolas públicas, os 
jornais, revistas, rádios e as muitas organizações sociais, comerciais, 
políticas e fraternais, têm esses ensinamentos infundidos em todos os níveis 
da vida social. Os mais bem instruídos destes têm um conjunto de idéias 
relativamente completo com relação as coisas que os interessam mais de 
perto. Daí a necessidade que a igreja tem de mostrar a eles que a Bíblia é 
uma solução melhor para seus problemas que aquela que eles adotaram; que 
ela tem a resposta para muitos problemas que suas “filosofias” nem tentam 
responder; e que as Escrituras possuem uma visão plena e consistente do 
mundo e da vida. O homem que não possui umsistema organizado de 
pensamento está à mercê daquele que o tem. Em outras palavras, temos a 
obrigação de ajuntar todos os fatos revelados sobre um dado assunto ou 
organizá-los sob a forma de um sistema harmonioso se quisermos enfrentar 
aqueles que estão profundamente arraigados em algum sistema filosófico de 
pensamento. 
 
(d) As condições para o serviço cristão eficaz 
 
 Há em muitas igrejas, hoje em dia, uma aversão a pregações doutrinárias. O 
pastor sente que as pessoas exigem algo que seja oratório, que suscite 
emoções e que não requeira concentração de pensamento. Infelizmente, 
algumas congregações são assim, mas Cristo e os apóstolos pregavam 
doutrina (Mc 4.2; At 2.42; 2Tm 3.10), e somos exortados a pregar a doutrina 
(2Tm 4.2; Tt 1.9). Pregação oratória, textual ou atual pode prender a 
congregação ao pregador, mas quando o pregador for embora, o povo vai 
também. Tem sido freqüentemente demonstrado que é apenas na medida em 
que as pessoas forem completamente instruídas na Palavra de Deus que 
elas se tornarão cristãos firmes e trabalhadores eficazes por Cristo. Há, 
assim, uma relação definitiva entre a pregação doutrinária e o serviço cristão 
eficaz. 
 
 
29 
 
Teísmo 
 
1.9 A Possibilidade da Teologia 
 
Nunca poderíamos conhecer a Deus se ele não se revelasse a nós. O que é 
revelação? É o ato de Deus pelo qual Ele se mostra ou comunica verdade à 
mente; pelo qual Ele torna manifesto às Suas criaturas aquilo que não pode 
ser conhecido de nenhuma outra maneira. Há duas espécies de revelação: 
Geral e Especial. Vamos considerá-las brevemente. 
 
a) A revelação geral de Deus 
 
Ela é encontrada na natureza, na história e na consciência. É comunicada por 
meio de fenômenos naturais que ocorrem na natureza ou no decorrer da 
história; é endereçada a todas as criaturas inteligentes de modo geral, e é 
acessível a todas estas; tem por objetivo suprir a necessidade natural do 
homem e a persuasão da alma para buscar o Deus verdadeiro. Vejamos 
cada uma das três formas desta revelação. 
 
b) A revelação de Deus na natureza 
 
Os homens em geral sempre vêem na natureza uma revelação de Deus. Os 
mais bem dotados muitas vezes expressaram suas convicções em 
linguagem semelhantes a dos salmistas, dos profetas e dos apóstolos (Sl 
8.1,3; 19.1,2; Is 40.12-14,26; At 14.15-17; Rm 1.19,20). Muitos homens 
extraordinários no campo das ciências naturais e biológicas testificaram 
quanto a convicção de que a natureza revela Deus. 
 
c) A revelação de Deus na história 
 
O salmista faz a arrojada asserção de que os destinos dos reis e impérios 
estão nas mãos de Deus. “Porque não é do Oriente, não é do Ocidente, nem 
do deserto que vem o auxílio. Deus é o juiz; a um abate a outro exalta”. (Sl 
75.6,7; Rm 13.1). E Paulo declara que “Deus de um só fez toda raça humana 
para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos 
previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a 
Deus se, porventura, tateando o possam achar” (At 17.26,27). A Bíblia fala 
igualmente de como Deus lidou com o Egito (Êx 9.13-17; Rm 9.17), Assíria 
(Is 10.12-19; Ez 31.1-14), Babilônia (Jr 50.1-16; 51.1-4), Medo-Pérsia (Is 
44.24- 45.7) e o império Romano (Dn 7.7,23). Mostra também que apesar de 
Deus poder, para seus próprios sábios e santos propósitos, permitir que uma 
nação mais ímpia triunfe sobre uma menos ímpia, Ele no fim tratará a mais 
ímpia com maior severidade, do que a menos ímpia (Hc 1.1; 2.20). 
 
 
 
30 
 
 
 
 
d) A revelação de Deus na consciência 
 
Não faremos aqui um tratado sobre consciência, abordaremos apenas o 
necessário para o nosso entendimento. Basta dizer que a consciência não é 
inventiva, mas sim discriminativa e impulsiva. Ela julga se um curso de ação 
proposto em uma atitude está ou não em harmonia com nossos padrões 
morais e insta conosco para fazermos aquilo que estiver em harmonia com 
eles e a nos abstermos de participar daquilo que for contrário a eles. É a 
presença no homem desta ciência do que é certo e errado, deste algo 
discriminativo e impulsivo que constitui a revelação de Deus. Não é auto-
imposta, como fica evidenciado pelo fato de que o homem freqüentemente 
se livraria de suas opiniões se pudesse; é o reflexo de Deus na alma. Da 
mesma maneira que o espelho e a superfície tranqüila do lago refletem o sol 
e revelam não apenas a sua existência, mas também até certo ponto sua 
natureza, assim a consciência no homem revela a existência de Deus e, até 
certo ponto, a natureza de Deus. 
 
e) A revelação especial de Deus 
 
Como revelação especial queremos dizer aqueles atos de Deus pelos quais 
Ele dá a conhecer a Si próprio e a sua verdade em momentos especiais e 
específicos. É dada ao homem de várias maneiras: na forma de milagres e 
profecia, na pessoa e trabalho de Jesus Cristo, nas Escrituras e na 
experiência pessoal. 
 
f) A revelação de Deus em milagres 
 
Um milagre genuíno é um acontecimento fora do comum, que realiza uma 
obra útil e revela a presença e o poder de Deus (Êx 4.2-5; 1Rs 18.24; Jo 
5.36; At 2.22). Um milagre é um acontecimento fora do comum por não ser o 
mero produto das chamadas leis naturais. Milagres genuínos são revelações 
especiais da presença e do poder de Deus. Provam Sua existência, cuidado 
e poder. São ocasiões nas quais Deus como que sai de seu esconderijo e 
mostra ao homem que é um Deus vivo, que ainda está no trono do universo e 
que é suficiente para todos os problemas do homem. Se um milagre não 
produz essa convicção no tocante a Deus, então provavelmente não é um 
milagre genuíno. 
 
g) A revelação de Deus na profecia 
 
Usamos profecia aqui para indicar a predição de acontecimentos, não por 
virtude de mera percepção ou presciência humana, mas através de uma 
comunicação direta de Deus. Vejamos algumas predições acerca de Cristo 
que já foram cumpridas. Cristo deveria ser: nascido de uma virgem (Is 7.14; 
31 
 
Teísmo 
 
Mt 1.23); da semente de Abraão (Gn 12.3; Gl 3.8); da tribo de Judá (Gn 
49.10; Hb 7.14); da linhagem de Davi (Rm 1.3). Ele deveria: nascer em Belém 
(Mq 5.2; Mt 2.6); entrar em Jerusalém montado em um asno (Zc 9.9; Mt 
21.4,5); ser vendido por trinta moedas de prata (Zc 11.12,13; Mt 26.15; 
27.9,10). Ele seria: “Abandonado por Deus” (Sl 22.1; Mt 27.46); enterrado 
com os ricos (Is 53.9; Mt 27. 57-60). 
 
h) A Revelação de Deus em Jesus Cristo 
 
Ao mundo gentio. A revelação geral de Deus não levou o mundo gentio a 
uma apreensão clara da existência de Deus, da natureza de Deus ou da 
vontade de Deus. Paulo reclama disto em uma passagem clássica (Rm 1.20-
23). Mesmo a filosofia não deu aos homens uma concepção verdadeira de 
Deus. Paulo assim fala da sabedoria do mundo: “Na sabedoria de Deus o 
mundo não O conheceu por sua própria sabedoria” (1Co 1.21), e declara a 
verdadeira sabedoria: “nenhum dos poderosos deste século conheceu; 
porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da 
Glória” (1Co 2.8). Apesar de a revelação geral de Deus na natureza, na 
história, na consciência, o mundo gentio voltou-se para a mitologia, o 
politeísmo e a idolatria. Uma revelação mais plena se fazia grandemente 
necessária. 
 
A Israel. Tão pouco as outras revelações especiais de Deus nos milagres, 
profecia e teofania levaram Israel a um conhecimento real da natureza e da 
vontade de Deus. Israel cria na existência do Deus vivo e verdadeiro, mas 
possuía noções muito imperfeitas e até pervertidas a respeito dEle. 
Considerava-o principalmente o Grande Legislador e Juiz que insistia no 
cumprimento escrupuloso da letra da lei, mas que pouco se preocupava com 
a condição interior do coração e a prática da justiça, misericórdia e fé (Mt 
23.23-28); como Aquele que tinha de ser aplacado com sacrifícios e 
persuadido com holocaustos, mas que não precisava de um sacrifício infinito 
e não aborrecia verdadeiramente o pecado (Is 1.11-15; Mt 9.13; 12.7; 15.7-9; 
23.32-36); como Aquele que fez da descendência de Abraão a única 
condição para o Seu favor ebênção e que considerava os gentios inferiores a 
eles (Mt 3.8-12; 12.17-21; Mc 11.17). Israel necessitava também de uma 
revelação mais plena de Deus. E a temos na Pessoa e Missão de Jesus 
Cristo. Cristo é o centro da história e da revelação de Deus. O escritor aos 
Hebreus diz: “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitas 
maneiras, aos pais pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo filho” 
(Hb 1.1,2); e diz que Ele é o “resplendor da glória e a expressão exata do Seu 
ser” (Hb 1.3). Paulo diz que Ele é “a imagem do Deus invisível” (Cl 1.15), e 
diz que “nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). 
João diz: “Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do 
Pai é quem O revelou” (Jo 1.18). E o próprio Jesus disse: “Ninguém conhece 
32 
 
 
 
 
o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o filho, e aquele, a quem 
o Filho quiser revelar”(Mt 11.27); ainda mais: “Quem me vê a mim vê o Pai” 
(Jo 14.9). Conseqüentemente, a igreja tem, desde o princípio, visto em Cristo 
a Suprema revelação do Pai. 
 
i) Uma revelação tríplice 
 
Parece termos em Cristo uma revelação tríplice de Deus: Uma revelação de 
Sua existência, de Sua natureza e de Sua vontade. Ele é a melhor prova da 
existência de Deus, pois viveu a vida de Deus entre os homens. Ele tinha não 
apenas plena consciência da presença do Pai em sua vida e constante 
comunhão com Ele (Jo 8.18, 28,29; 11.41; 12.28), como também provava por 
meio de Suas reivindicações (Jo 8.58; 17.5), Sua vida sem pecados (Jo 8.46), 
Seus ensinamentos (Mt 7.28,29; Jo 7.46), obras (Jo 5.36; 10.37,38; 15.24), 
posições e prerrogativas (Mt 9.2,6), e relações com o Pai (Mt 28.19; Jo 10.38) 
que Ele próprio era Deus. Ele revelou a santidade absoluta de Deus (Jo 
17.11,25), o profundo amor de Deus (Jo 3.14-16), a Paternidade de Deus, 
não, em verdade, de todos os homens, mas dos crentes verdadeiros (Mt 
6.32; 7.11) e a natureza espiritual de Deus (Jo 4.19-26). Ele revelou também 
a vontade de Deus; de que todos se arrependam (Lc 13.1-5), creiam nEle (Jo 
6.28,29), sejam perfeitos como o Pai é perfeito (Mt 5.48), e que os crentes 
levem o Evangelho a todo o mundo (Mt 28.19,20). 
 
j) A revelação de Deus nas Escrituras 
 
Tem sido sempre afirmado pelo crente verdadeiro que temos na Bíblia uma 
revelação de Deus, certamente a revelação mais clara e a única que é 
infalível. Ela registra o conhecimento de Deus e de Seu relacionamento com 
a criatura. O cristão volta-se para as Escrituras como a única fonte suprema e 
infalível para a construção da sua teologia. 
 
l) A revelação de Deus na experiência pessoal 
 
Homens de todas as idades têm professado ter comunhão direta com Deus. 
Declaram que o conheceram, não simplesmente através da natureza, história 
e consciência, não apenas por meio dos milagres e profecias, mas também 
por experiência pessoal direta. Foi assim nos tempos do Velho Testamento. 
Enoque e Noé andaram com Deus (Gn 5.21-24; 6.9); Deus falou a Noé (Gn 
6.13); a Abraão (Gn 12.1-3) e a muitos outros. Da mesma maneira, no Novo 
Testamento Deus falou a Jesus (Mt 3.16,17) etc. 
 
 
 
 
33 
 
Teísmo 
 
 
Capítulo 2 
 
A Doutrina de Deus 
 
2.1 O Único e Verdadeiro Deus 
 
Muitas teologias sistemáticas do passado tentaram classificar os atributos 
morais e a natureza de Deus. O Supremo Ser, porém, não se revelou 
simplesmente para transmitir-nos conhecimentos teóricos a respeito de si 
mesmo. Pelo contrário: a revelação que Ele fez de si mesmo está vinculada a 
um desafio pessoal, a uma confrontação e a oportunidade de o homem reagir 
positivamente a essa revelação. Isso fica evidente quando o Senhor se 
encontra com Adão, com Abraão, com Jacó, com Moisés, com Isaías, com 
Maria, com Pedro, com Natanael e com Marta. Juntamente com estas e 
muitas outras testemunhas (Hb 12.1), podemos testificar que estudamos a 
fim de conhecê-lo experimentalmente, e não somente para saber a respeito 
dEle. "Celebrai com júbilo ao SENHOR, todos os moradores da terra. Servi 
ao SENHOR com alegria e apresentai-vos a ele com canto. Sabei que o 
SENHOR é Deus" (Sl 100.1,3). Todos os textos bíblicos que examinarmos 
devem ser estudados com um coração disposto à adoração, ao serviço e à 
obediência ao Único e Verdadeiro Deus. 
 
Nossa maneira de compreender a Deus não deve basear-se em 
pressuposições a respeito dEle, ou em como gostaríamos que Ele fosse. Pelo 
contrário: devemos crer no Deus que existe, e que optou por se revelar a nós 
através das Escrituras. O ser humano tende a criar falsos deuses, nos quais 
é fácil crer; deuses que se conformam com o modo de viver e com a natureza 
pecaminosa do homem (Rm 1.21,25). Essa é uma das características das 
falsas religiões. 
 
2.2 A Existência de Deus 
 
A Bíblia não procura oferecer-nos qualquer prova racional quanto à existência 
de Deus! Pelo contrário: ela já começa tomando a sua existência como 
pressuposição básica: "No princípio, Deus" (Gn 1.1). Deus existe! Ele é o 
ponto de partida. Por toda a Bíblia, há evidências substanciais em favor de 
sua existência. Se de um lado "disseram os néscios no seu coração: Não há 
Deus" (SI 14.1); por outro: "os céus manifestam a glória de Deus, e o 
firmamento anuncia as obras das suas mãos" (SI 19.1). Deus se tornou 
conhecido mediante o seu ato de criar e de sustentar tudo quanto existe. Ele 
 
34 
 
 
 
 
dá vida, alento (At 17.24-28), alimento e alegria (At 14.17). Essas ações são 
acompanhadas por palavras que interpretam o seu significado e relevância, 
fornecendo um registro que explica sua presença e propósito. Deus também 
revela a sua existência através do ministério dos profetas, sacerdotes, reis e 
servos fiéis. Finalmente, Deus se revelou claramente a nós mediante o Filho 
e por intermédio do Espírito Santo que em nós habita. 
 
Os que, entre nós, acreditam que Deus haja se revelado nas Escrituras, 
descrevem a Deidade única e verdadeira tendo como base sua auto-
revelação. Vivemos, todavia, num mundo que, via de regra, não aceita esse 
conceito da Bíblia como fonte primária de informação. E são muitas as 
pessoas que preferem confiar na engenhosidade e percepção humanas para 
lograrem alcançar uma descrição particular da Deidade. 
 
Sob o ponto de vista secular de se entender a história, a ciência e a religião, 
a teoria da evolução tem sido aceita por muitos como fato fidedigno. Segundo 
essa teoria, à medida que os seres humanos foram evoluindo, também 
evoluíram suas crenças religiosas e seus modos de expressá-las. A religião é 
apresentada como um movimento que parte de práticas e crenças simples 
para as mais complexas. Os seguidores da teoria da evolução dizem que a 
religião começa no nível do animismo - a crença de que poderes 
sobrenaturais, ou espíritos desencarnados, habitam nos objetos naturais e 
físicos. Tais espíritos, segundo suas próprias vontades malignas, teriam 
influência sobre a vida humana. O animismo evoluiu-se até transformar-se no 
politeísmo simples, no qual certos poderes sobrenaturais são considerados 
deidades. O passo seguinte, ainda segundo os evolucionistas, é o 
henoteísmo: uma das deidades atinge uma posição de supremacia sobre 
todos os demais espíritos, e é adorada em detrimento das outras. Segue-se a 
monolatria, quando as pessoas optam por adorar um só dos deuses, sem, 
porém, negar a existência dos demais. 
 
A conclusão lógica (segundo essa teoria) é o monoteísmo que surge somente 
quando as pessoas evoluem-se ao ponto de negar a existência de todos os 
demais deuses e de adorar uma única deidade. As pesquisas realizadas 
pelos antropólogos e pelos missiologistas neste século, demonstram com 
clareza que essa teoria não é corroborada pelos fatos históricos, nem pelo 
estudo cuidadoso das culturas "primitivas" contemporâneas. Quando os seres 
humanos criam um sistema de crenças segundo seus próprios desígnios, ele 
não tende a se desenvolver em direção ao monoteísmo, mas, sim, ao 
animismo e à crença em vários deuses. A tendência é cair no sincretismo,acrescentando-se a estes deidades recém descobertas ao conjunto das que 
já são adoradas. 
 
 
35 
 
Teísmo 
 
Em contraste com a evolução, temos a revelação. Servimos a um Deus que 
tanto age quanto fala. O monoteísmo não é o resultado do caráter humano 
evolucionário, mas do desvendamento que Deus fez de si mesmo. A 
revelação divina é progressiva na sua natureza à medida que Deus se 
revelou através dos registros bíblicos. Já no dia de Pentecostes, após a 
ressurreição e ascensão de Cristo, temos a prova de que Deus realmente se 
manifesta ao seu povo em três Pessoas distintas. Nos tempos do Antigo 
Testamento, porém, a prioridade era estabelecer o fato de que há um só 
Deus em contraste com os inúmeros deuses cultuados pelos vizinhos de 
Israel, em Canaã, no Egito e - na Mesopotâmia. 
 
Através de Moisés, essa verdade foi proclamada: "Ouve, Israel, o SENHOR, 
nosso Deus, é o único SENHOR" (Dt 6.4). A existência de Deus e a sua 
atividade contínua não dependiam do seu relacionamento com qualquer outro 
deus, ou criatura. Pelo contrário: nosso Deus podia simplesmente "ser", 
optando por chamar o homem a estar ao seu lado (não porque Ele precisasse 
de Adão, mas porque este precisava de Deus). 
 
2.3 Evidências Racionais da Existência de Deus 
 
No transcurso dos tempos, filósofos e pensadores têm buscado na teologia, 
argumentos racionais sobre a existência de Deus. Alguns desses argumentos 
vêm de Platão e Aristóteles, filósofos gregos que viveram há mais de 300 
anos a.C. Outros argumentos foram formulados nos tempos modernos pelos 
estudiosos da filosofia da religião. Desses argumentos, vamos mencionar 
aqui os mais comuns. 
 
2.3.1 O Argumento Ontológico 
 
O Argumento Ontológico tem sido apresentado sob diversas formas, por 
diferentes pensadores. Em sua mais refinada forma, foi apresentado por 
Anselmo, teólogo e filósofo agnosticista, de origem italiana. Seu argumento é 
que o homem tem imanente em si, a idéia de um ser absolutamente perfeito 
e, por conseguinte, deve existir um ser absolutamente perfeito. Este 
argumento admite que existe na mente do próprio homem o conhecimento 
básico da existência de Deus, posto lá pelo próprio criador. 
 
2.3.2 O Argumento Cosmológico 
 
Este argumento tem sido apresentado de várias formas. Em geral encerra a 
idéia de que tudo o que existe no mundo, deve ter uma causa primária ou 
razão de ser. Emanuel Kante, filósofo alemão, indicou que se tudo que existe 
tem uma razão de existir, isto deve ter um ponto de origem em Deus. Assim 
sendo, deve haver um Agente único que equilibra e harmoniza em si todas 
as coisas. 
36 
 
 
 
 
2.3.3 O Argumento Teleológico 
 
O argumento teleológico pode ser enunciado assim: Ordem e organização útil 
em um sistema evidenciam inteligência e propósito na causa que o originou; 
o universo é caracterizado por ordem e organização útil; portanto, o universo 
tem uma causa inteligente e livre. A premissa principal é sugerida em Sl 94.9 
“O que fez o ouvido, acaso não ouviria? O que formou os olhos será que não 
enxerga?” Tem sido, em verdade, alegado que pode haver ordem e 
organização útil sem plano, isto é, essas coisas podem resultar de operação 
da lei do acaso. Mas a natureza dependente das leis da natureza exclui a 
primeira idéia. Essas leis não são auto-originadas nem auto-sustentadas; elas 
pressupõem um legislador e alguém que sustente a lei. A lei da gravitação, 
por exemplo, não é auto-explicativa; ainda perguntamos “Por que ela age 
dessa maneira?” E a doutrina matemática das probabilidades desqualifica a 
última. Shedd diz: “A probabilidade da matéria agir desta maneira não é uma 
em milhões. A adaptação natural, baseada nesta teoria, seria um fenômeno 
tão raro quanto um milagre”. 
 
Em suma, o argumento teleológico concentra-se na evidência da harmonia, 
da ordem e do planejamento no universo, e argumenta que esse 
planejamento dá provas de um propósito inteligente (a palavra grega telos 
significa "fim", "meta" ou "propósito"). Como o universo parece ter sido 
planejado com um propósito, deve necessariamente existir um Deus 
inteligente e determinado que o criou para funcionar assim. 
 
2.3.4 O Argumento Moral 
 
Este, como os outros argumentos, também têm diversas formas de 
expressão. Kante partiu do raciocínio que deduz a existência de um Supremo 
Legislador e Juiz, com absoluto direito de governar e corrigir o homem. Este 
filósofo era da opinião de que este argumento era superior a todos os demais. 
No seu intuito de provar a existência de Deus, ele recorria a este argumento. 
A teologia moderna utiliza este argumento afirmando que o reconhecimento 
por parte do homem de um bem supremo e do seu anseio por uma moral 
superior, indicam a existência de Deus que podem converter esse ideal em 
realidade. 
 
2.3.5 O Argumento Histórico 
 
A exposição principal deste argumento é a seguinte: entre todos os povos e 
tribos da terra é comum a evidência de que o homem é um ser religioso em 
potencial. Sendo universal este fenômeno, isso deve ser parte constituinte da 
natureza do homem. E se a natureza do homem tende à prática religiosa, isto 
37 
 
Teísmo 
 
só encontra explicação num ser superior que originou uma tal natureza que 
sempre indica ao homem um ser superior. E aqui milhões, por ignorarem o 
único e verdadeiro Deus, praticam as religiões mais estranhas e deturpadas. 
E o anseio da alma na busca do criador que ela ignora, por ter dele se 
afastado conforme Romanos 1.20-23. 
 
2.3.6 O Argumento Antropológico 
 
O argumento antropológico segue a mesma ordem a posteriori seguida pelos 
dois argumentos precedentes, mas diferindo do argumento cosmológico que 
considera todo o cosmos, e o argumento teleológico que observa o elemento 
do plano manifesto em todo o universo, o argumento antropológico restringe-
se ao campo da evidência, quanto à existência de Deus e Suas qualidades, 
que deve ser extraída da constituição do homem. Há aspectos filosóficos e 
morais na constituição do homem que podem ser encontrados para buscar a 
sua origem em Deus, e nessa base este argumento criou o argumento 
filosófico ou o argumento moral. Mas, considerando que a latitude 
compreendida no argumento é o todo do ser humano, a designação todo-
inclusiva, argumento antropológico, é a mais satisfatória. 
 
Com base no princípio declarado pelo Salmista, "O que fez o ouvido, acaso 
não ouvirá? e o que formou os olhos, será que não enxerga?", o argumento 
antropológico indica que os elementos que são reconhecidos como 
propriedades inatas ao homem devem ser possuídas pelo seu Criador. Como 
base de prova, a constituição orgânica do homem pertence ao argumento 
teleológico, mas há aspectos específicos no ser humano que fornecem 
provas excepcionais da finalidade divina, e elas ficam devidamente expostas 
no argumento antropológico. 
 
No começo de suas considerações sobre o argumento antropológico, o Dr. A. 
A. Hodge declara: 
 
O argumento cosmológico leva-nos a uma Causa Primeira eterna e auto-
existente. O argumento da ordem e da adaptação descoberto no 
processo do universo revelou esta grande Causa Primeira como 
possuidora de inteligência e vontade; isto é, como um espírito pessoal. O 
argumento moral ou antropológico fornece novos dados por inferência, 
imediatamente confirmando as primeiras conclusões quanto ao fato da 
existência de uma Causa Primeira inteligente e pessoal, e ao mesmo 
tempo acrescentando ao conceito os atributos de santidade, justiça, 
bondade e verdade. O argumento a partir do plano inclui o argumento a 
partir da causa, e o argumento a partir da justiça e benevolência inclui os 
dois argumentos a partir da causa e do plano, e acrescenta-lhes um novo 
elemento seu próprio (Outlines of Theology, p. 41). 
 
O homem é composto daquilo que é material e daquilo que é imaterial, e 
estas duas partes constituintes não são relacionadas. A matéria possui os 
38 
 
 
 
 
atributos de extensão, forma, inércia, divisibilidade e afinidade química; 
enquantoque a parte imaterial do homem possui os atributos de pensamento, 
de razão, de sensibilidade, de consciência e de espontaneidade. Se fosse 
possível explicar a origem da parte física do homem através de uma teoria de 
desenvolvimento natural (o que não acontece), o imaterial, quanto à sua 
origem, permaneceria um problema insolúvel à parte do reconhecimento de 
uma causa suficiente. 
 
Embora em sua estrutura orgânica geral, a parte material do homem seja 
semelhante à estrutura das formas mais elevadas dos animais, ela é tão 
refinada que supera todos os aspectos da criação material. A mão do homem 
executa os elevados desígnios de sua mente de todas as maneiras na 
construção e na arte; sua voz atende às exigências de uma mente nobre para 
falar; seu ouvido ouve e seu olho vê os reinos da realidade além e de 
maneira diferente do animal. O corpo humano é, portanto, uma prova 
específica de um Criador, uma vez que não pode ser explicado de outra 
maneira. 
 
A parte imaterial do homem, que incorpora os elementos da vida, do intelecto, 
da sensibilidade, da vontade, da consciência e da crença inerente em Deus, 
apresenta uma exigência ainda mais insistente de uma causa adequada. A 
vida não pode evoluir da matéria inerte, e embora o evolucionista reivindique 
remontar tudo que agora existe à origem de uma neblina gasosa original, ou 
ao protoplasma, todas estas formas de vida, de acordo com esta teoria, 
deveriam estar presentes na forma latente nessa alguma coisa original. 
Essas teorias não comprovadas não deveriam ser toleradas em nenhum 
campo de investigação e não ser naquele onde as trevas da mente natural 
demonstraram sua incapacidade de aceitar as coisas de Deus. Além disto, a 
inteligência do homem com suas realizações nas descobertas, nas 
invenções, na ciência, na literatura e nas artes, exige com implacável 
insistência uma causa adequada. Semelhantemente e sob a mesma 
compulsão inflexível, tanto a sensibilidade como a vontade, com suas 
capacidades transcendentes, exigem uma causa digna. E, finalmente, a 
consciência como também a crença inerente, em Deus não podem ser 
explicadas em nenhuma outra base que não seja que o homem veio de 
Alguém que possuía todos estes atributos em um grau infinito. Uma força 
cega, por mais excepcional que fosse, jamais poderia produzir um homem 
com intelecto, sensibilidade, vontade, consciência e crença inerente em um 
Criador. O produto de uma força cega jamais se aplicaria na busca da arte e 
da ciência, e na adoração a Deus. 
 
De acordo com a teoria da evolução do desenvolvimento natural, a criatura é 
o efeito de uma causa natural e foi moldada e formada de acordo com as 
forças sobre as quais não tinha controle; mas, subitamente, este efeito se 
39 
 
Teísmo 
 
levanta e exerce autori-dade e poder sobre a própria natureza que 
supostamente a produziu, e coloca todos os recursos naturais ao serviço de 
seu propósito e sua vontade. Não seria pertinente perguntar quando o 
homem se tornou o senhor da criação que supostamente o criou? "Seria 
possível conceber", pergunta Janet: 
 
Que o agente assim dotado de poder de coordenar a natureza para os 
fins seja ele mesmo um simples resultado que a natureza realizou, sem 
se propor a um fim? Não é uma espécie de milagre admitir na série 
mecânica dos fenômenos um elo que subitamente tivesse o poder de 
reverter, de alguma forma, a ordem das séries, e que, sendo ele mesmo 
apenas o resultado conseqüente de um número infinito de antecedentes, 
impuzesse a partir daí sobre as séries esta nova e imprevista lei, que faz 
da conseqüente a lei e a regra da antecedente?" (Final Causes, p. 149, 
150, citadas por Miley,Systematic Theology, I, p. 103.) 
 
Escrevendo sobre os aspectos morais do argumento antropológico, o Dr. 
Augustus H. Strong declara: 
 
O argumento é complexo e pode ser dividido em três partes. 1. A 
natureza intelectual e moral do homem deve ter como autor um Ser 
intelectual e moral. Os elementos da prova são os seguintes: a) O 
homem, como um ser intelectual e moral, iniciou a sua vida sobre o 
planeta. b) Forças materiais e inconscientes não fornecem uma causa 
suficiente para a razão, a consciência e a vontade livre do homem. c) O 
homem, como um efeito, só pode ser atribuído a uma causa possuindo 
autoconsciência e uma natureza moral, em outras palavras, 
personalidade [...] 2. A natureza moral do homem prova a existência de 
um Legislador e Juiz santo. Os elementos da prova são: a) A 
consciência reconhece a existência de uma lei moral que tem autoridade 
suprema. b) Violações conhecidas desta lei moral são seguidas por 
sentimentos de demérito e temores de julgamento. c) Esta lei moral, 
considerando que não é auto-imposta, e estas ameaças de julgamento, 
considerando que não são auto-executantes, provam respectivamente a 
existência de uma vontade santa que impôs a lei, e de um poder punitivo 
que executará as ameaças de natureza moral [...] 3. A natureza 
emocional e voluntária do homem prova a existência de um Ser que 
pode fornecer em si mesmo um objeto de satisfação do afeto humano e 
um fim que convocará as atividades mais nobres do homem e garantirá 
o seu mais nobre progresso. Apenas um Ser de poder, de sabedoria, de 
santidade e de bondade, e tudo isso infinitamente maior do que qualquer 
coisa que conhecemos sobre a terra, pode atender a esta procura da 
alma humana. Tal Ser tem de existir. Caso contrário a maior 
necessidade humana ficaria insatisfeita, e a crença em uma mentira 
seria mais produtora de virtude do que a crença na verdade. (Systematic 
Theology, p. 45,46). 
 
 
40 
 
 
 
 
 
2.4 Os Nomes Bíblicos de Deus 
 
O nome é uma das mais fortes evidências da personalidade de um ser. Os 
nomes bíblicos de pessoas e lugares são geralmente significativos, e isto não 
é diferente para com os nomes de Deus. O dicionário de Webster define 
“nome” como “aquilo pelo qual a pessoa ou coisa é conhecida”. Os hebreus 
consideravam os nomes como uma revelação, encerrando algum atributo ou 
característica da pessoa nomeada. Por exemplo, o nome “Adão” significa “da 
terra” ou “tirado da terra vermelha”; o seu nome revela a sua origem. As 
Escrituras contêm vários nomes para Deus, pois nem um só nome nem uma 
multiplicidade de nomes podem revelar todos os seus atributos. 
 
Os muitos nomes de Deus nas Escrituras apresentam uma revelação 
adicional de seu caráter. Não são meros títulos dados pelas pessoas, mas, 
em sua maioria, descrições que ele fez de si mesmo. Sendo assim, revelam 
aspectos de seu caráter. Mesmo quando nenhum nome em particular é 
usado, a ocorrência da frase "o nome do Senhor" revela algo a respeito de 
seu caráter. Invocar o nome do Senhor era o mesmo que adorá-Io (Gn 
21.33). Usar seu nome em vão era desonrá-Io (Êx 20.7). Não seguir os 
requerimentos da Lei equivalia a profanar o nome do Senhor (Lv 22.2-32). Os 
sacerdotes realizavam seu serviço em nome do Senhor (Dt 21.5). Seu nome 
era a garantia da continuidade da nação (1Sm 12.22). 
 
2.4.1 Jeová (YHWH - Yahweh) 
 
Jeová é o nome para o Senhor Deus que ocorre com mais freqüência no AT 
(5.321 vezes). A forma hebraica verdadeira da palavra era YHWH (o alfabeto 
hebraico não possui vogais). Não sabemos realmente como os hebreus 
pronunciavam o nome (provavelmente Yahweh (Iavé), a transliteração grega 
de iaoue). Em vista dos Mandamentos proibirem que tomassem o nome do 
Senhor em vão, os hebreus temiam pronunciar o nome de Yahweh, 
substituindo-o na leitura pela palavra Adonai. 
 
Jeová é um dos nomes mais importantes pelos quais Deus tem feito 
conhecer no seu relacionamento com o homem. Foi por esse nome e suas 
várias combinações que Ele se revelou ao homem nos dias do Antigo 
Testamento. Tudo o que significa para nós o nome de Jesus, significa Jeová 
para o antigo Israel. Jeová é Deus em relação a aliança com aqueles que por 
Ele foram criados. Jeová, pois, significa o Ser único e imutável, que é, e que 
há de vir. É o Deus de Israel e o Deus daqueles que são remidos; pelo que

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