Prévia do material em texto
615HABILIDADE 25.2 Tratamento de Úlceras por Pressão e Manejo de Feridas Revisar o cronograma de mudança de posicionamento, con- forme necessário. Registro e Relato • Registrar o risco do paciente e avaliações da pele, intervalos de reposicionamento, superfícies de suporte e intervenções para proteção contra umidade. • Relatar a necessidade de consultas adicionais (se indicado) para pacientes de alto risco. Amostra de Documentação 15h00 A avaliação de risco pela escala Braden foi realizada na admissão do paciente. O escore da avaliação do risco é 12 (alto risco). A pele está intacta sobre todas as superfí- cies; implementado protocolo de prevenção de úlceras por pressão. Considerações Especiais Pediatria • A pele imatura em pacientes jovens é suscetível a lesões por fricção. • A pele úmida coberta por uma fralda pode ocasionar lesão cutânea, como dermatite associada à incontinência (DAI). Geriatria • No paciente idoso, a junção epiderme-derme torna-se achata- da, colocando o paciente em risco de lesão epidérmica. Assistência Domiciliar (Home Care) • Avaliar o ambiente domiciliar em relação à possibilidade do uso de superfícies de suporte para redistribuição da pressão (incluindo cadeira de rodas). • Avaliar o assento da cadeira, buscando uma superfície de su- porte apropriada para redistribuição da pressão. HABILIDADE 25.2 TRATAMENTO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO E MANEJO DE FERIDAS O tratamento de um paciente com úlceras por pressão inclui um suporte sistemático do paciente, redução ou eliminação das causas da lesão cutânea e manejo adequado das feridas, criando um ambiente favorável à sua cicatrização. A cicatrização da ferida não ocorre ou progride lentamente em pacientes desnutridos ou com condições cardiovasculares inadequadas, por isso, são necessárias medidas sistemáticas de suporte ao paciente. Outros fatores que impedem a cicatrização das feridas incluem terapia imunossupressora e diabetes melito descompensada. As causas da ferida devem ser avaliadas antes do início do trata- mento. Se as causas contribuintes para o desenvolvimento de uma úlcera por pressão (pressão, cisalhamento, fricção e/ou umidade) não são abordadas, a lesão tecidual persiste e a cicatrização não ocorre. Um ambiente favorável à cicatrização é alcançado pelo uso de tratamentos tópicos com os seguintes objetivos: prevenção e controle de infecções, limpeza da ferida, remoção de tecido não viável, manutenção de um nível apropriado de umidade, eliminação de espaço morto, eliminação ou minimização da dor e proteção da ferida (Rolstad e Ovington, 2007). A escolha da terapia tópica (curativos e soluções) é ditada por esses objetivos. A monitorização contínua avalia a efetividade do manejo da ferida. AVALIAÇÃO 1. Avaliar o nível de dor do paciente em uma escala de 0 a 10. Se o paciente estiver sentindo dor, determinar se foi prescrito o uso de medicações conforme necessidade, administrando-as em conjunto com estratégias não farmacológicas apropriadas (Cap. 13). Justificativa: O paciente deve estar o mais confortável possível durante a troca do curativo. 2. Determinar se o paciente é alérgico a agentes tópicos. Jus- tificativa: Agentes tópicos contêm elementos que podem causar reações cutâneas localizadas. 3. Identificar as razões para a ocorrência de úlceras por pres- são, para controlá-las ou eliminá-las. Justificativa: A falha em abordar os fatores causais resulta na não cicatrização da ferida. 4. Revisar a prescrição médica e/ou de enfermagem acerca do(s) agente(s) tópico(s) e/ou curativos. Justificativa: Garante que o paciente correto receba a medicação e o tratamento adequados. 5. Avaliar as feridas do paciente utilizando os parâmetros des- critos a seguir e manter a avaliação de acordo com o protocolo da instituição. Nota: Isso pode ser feito durante o procedi- mento, após a remoção do curativo. Justificativa: Determina a eficácia do manejo da ferida e direciona o plano terapêutico (WOCN, 2010). a. Localização da ferida: Descrever o local do corpo onde a ferida está localizada. b. Estágio da ferida: Descrever a extensão e a profundidade da destruição tecidual (Tabela 25-4). c. Tamanho da ferida: Comprimento, largura e profundida- de da ferida são aferidos de acordo com o protocolo da instituição. Utilizar uma régua descartável para medir o comprimento e largura. Utilizar um swab ou cotonete de algodão para avaliar a profundidade (Fig. 25-3). d. Presença de descolamento, sinos e túneis: Utilizar um swab ou cotonete de algodão para medir a profundidade e, se necessário, um dedo calçado com luva para examinar as bordas da ferida. FIG 25-3 Avaliação de comprimento, largura e profundidade de uma úlcera por pressão. 616 CAPÍTULO 25 Úlceras por Pressão TABELA 25-4 CLASSIFICAÇÃO DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO* Suspeita de Lesão Tecidual Profunda Áreas localizadas de coloração roxa ou marrom na pele intacta descolorida ou vesícula de sangue causada por lesão do tecido mole subjacente a partir de pressão e/ou cisalhamento. A área pode ser precedida por tecido dolorido, firme, mole, úmido, quente ou frio, quando comparado ao tecido adjacente. Estágio I A pele está intacta com áreas localizadas de hiperemia que não clareiam, geralmente sobre uma proeminência óssea. Pele de pigmentação escura pode não apresentar clareamento visível; a sua coloração pode diferir da área circunjacente. Descrição adicional: A área pode estar dolorida, firme, macia, quente ou fria comparada ao tecido adjacente. Pode ser difícil detectar o estágio I em indivíduos de pele de tonalidade escura. Pode indicar pessoas em risco (um sinal precoce de risco). Estágio II Perda de espessura parcial da derme está presente como uma úlcera superficial aberta com um leito avermelhado sem exsudação. Este estágio pode se apresentar como uma bolha preenchida por soro intacta ou aberta/rompida. Descrição adicional: Este estágio apresenta-se como uma úlcera superficial brilhante ou seca, sem descamação ou hematoma.* Não deve ser utilizada para descrever lesões por fricção, causadas por fita adesiva, dermatite perineal, maceração ou exposição da pele. Estágio III O estágio III compreende uma perda tecidual completa. O tecido adiposo subcutâneo pode estar visível; mas ossos, tendões, ou músculos não estão expostos. Pode haver exsudação, mas sem esconder a real profundidade da perda tecidual. Pode incluir undermining e galerias. Descrição adicional: A profundidade da úlcera de estágio III varia de acordo com a localização anatômica. A ponte nasal, a orelha, a região occipital e os maléolos não possuem tecido subcutâneo; e úlceras de estágio III podem ser superficiais. Em contraste, áreas de tecido adiposo abundante podem sofrer com o desen- volvimento de úlceras de estágio III extremamente profundas. O osso ou o tendão não é visível ou diretamente palpável. Estágio IV A úlcera de estágio IV é uma perda tecidual de espessura total com exposição óssea, tendínea ou muscular. Exsudatos ou escaras podem estar presentes em algumas partes do leito da ferida. Geralmente inclui undermining e galerias. Descrição adicional: A profundidade da úlcera de pressão de es- tágio IV varia de acordo com a localização anatômica. A ponte nasal, a orelha, a região occipital e os maléolos não possuem tecido subcutâneo; e estas úlceras podem ser superficiais. As úlceras de estágio IV podem se estender para músculos e/ou estruturas de suporte (p. ex., fáscia, tendões ou cápsulas arti- culares), tornando possível a ocorrência de osteomielite. Os- sos/tendões expostos são visíveis ou diretamente palpáveis. Estágio Indeterminado Perda tecidual de espessura total na qual a base da úlcera está coberta por exsudato (amarelo, vermelho, cinza, verde ou marrom) e/ou escara (vermelha, marrom, preta) no leito da ferida. Descrição adicional: Até que haja remoção do exsudato e/ou escara para exposição do leito da ferida e real profundidade, o estadiamento não pode ser determinado.Escaras estáveis (secas, aderidas, intactas sem eritema ou flutuação) nos calcanhares servem como “cobertura natural do organismo (biológica)” e não devem ser removidas. *Hematoma indica suspeita de lesão tecidual profunda. *Nota da Revisão Científica: Consultar a tradução feita por SANTOS E CALIRI e publicada na Revista Estima em 2007. Dados do National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP): Pressure ulcer stages revised by NPUAP, Fevereiro de 2007, http://www.npuap.org/pr2.htm, acesso em 27 de setembro de 2010. Fotos por cortesia de Laurel Wiersma, RN, MSN, CNS, Barnes-Jewish Hospital, St. Louis, MO. 617HABILIDADE 25.2 Tratamento de Úlceras por Pressão e Manejo de Feridas e. Condição do leito da ferida: Descrever o tipo e a porcenta- gem do tecido no leito da ferida. f. Volume de exsudato: Descrever a quantidade, a caracterís- tica, o odor e a coloração. g. Condição da pele adjacente à ferida: Examinar a pele bus- cando rachaduras, ressecamento e presença de erupções, edema, eritema ou calor. h. Bordas da ferida: Fornecer informações sobre epitelização, cronicidade e etiologia (Nix, 2007a). i. Presença de dor: Observar se há dor na ferida ou ao redor dela; pedir ao paciente que indique a intensidade de dor em uma escala de 0 a 10. 6. Observar fatores que afetam a cicatrização da ferida: baixa perfusão tissular, imunossupressão ou infecção preexistente. 7. Avaliar o estado nutricional do paciente. A desnutrição cli- nicamente significativa está presente se (1) níveis séricos de albumina menores do que 3,5 g/dL, (2) contagem de linfócitos menor que 1.800/mm3 ou (3) perda de peso corporal maior do que 15% (WOCN, 2010). Justificativa: Ocorre retardo na cicatrização da ferida em pacientes desnutridos. 8. Avaliar o grau de compreensão do paciente e dos familiares acerca das características das úlceras por pressão e dos objetivos do tratamento. Justificativa: As explicações aliviam a ansiedade e promovem cooperação durante o procedimento. PLANEJAMENTO Os Resultados Esperados focam na cicatrização das úlceras e prevenção de lesões cutâneas adicionais. 1. Diminuição do exsudato da úlcera. 2. O tecido de granulação está presente na base da ferida. 3. A nutrição é adequada para suporte da cicatrização da ferida. 4. A pele do paciente está protegida de outras lesões. Delegação e Colaboração A habilidade do tratamento de úlceras por pressão e do manejo de feridas não pode ser delegada a auxiliares e técnicos de enfer- magem. A equipe deve ser instruída a: • Perceber qualquer alteração de posicionamento específico do paciente. • Observar e relatar ao enfermeiro qualquer eritema ou lesão na pele do paciente. Equipamento • Luvas limpas • Luvas estéreis (opcional) • Óculos de proteção e gorro (se há risco de contaminação) • Saco plástico para depósito de resíduos • Dispositivo para medição da ferida • Swabs de algodão • Solução salina ou solução antisséptica (conforme prescrito) • Agente tópico ou solução (conforme prescrito) • Coberturas • Fita hipoalergênica, se necessário IMPLEMENTAÇÃO para TRATAMENTO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO E MANEJO DE FERIDAS ETAPAS JUSTIFICATIVA 1. Veja Protocolo Padrão (ao final do livro). 2. Identificar o paciente com dois identificadores (p. ex., nome e data de nascimento, ou nome e número de prontuário, de acordo com as regras da instituição local). Garante que o paciente receba a administração correta. Está em conformidade com os padrões de segurança institucional e aumenta a segurança do paciente.** 3. Explicar o procedimento ao paciente e aos familiares. 4. Selecionar a terapia tópica da úlcera por pressão mais ade- quada de acordo com os objetivos traçados em relação ao cuidado local da ferida: a. Prevenção e manejo de infecções. Feridas contaminadas não cicatrizam. b. Limpeza da ferida. Remove as bactérias do leito da ferida. c. Remoção de tecidos não viáveis que predispõem a in- fecções. Vários curativos favorecem o desbridamento dos tecidos não viáveis. d. Manutenção de um nível adequado de umidade. Um ambiente úmido predispõe à cicatrização da ferida. e. Eliminação de espaços mortos. Previne a formação de exsudato. f. Controle de odor. g. Eliminação ou minimização da dor. h. Proteção da ferida. Previne lesões adicionais. 5. Consultar um médico ou enfermeiro especialista no cui- dado de feridas* sobre a seleção de um curativo adequado (Tabela 25-5), com base na avaliação da úlcera por pressão, princípios do manejo da ferida e condições do paciente. As opções de curativos incluem: O curativo fornece um ambiente apropriado para cicatrização da ferida (WOCN, 2010). a. Atadura de gaze Utilizada para absorção, manutenção de um ambiente úmido, preenchimento e distribuição de soluções para a ferida. *Nota da revisão científica: no Brasil há duas especialidades reconhecidas de enfermagem que capacitam os enfermeiros ao cuidado de feridas: Es- tomaterapia e Enfermagem Dermatológica. **Nota da Revisão Científica: No Brasil, existem vários programas de con- trole de qualidade institucional, sendo a Joint Comission apenas um deles. (Continua) 618 CAPÍTULO 25 Úlceras por Pressão ETAPAS JUSTIFICATIVA b. Filmes transparentes Utilizados em feridas de espessura parcial com pouca exsudação. c. Hidrogel (disponível em placas ou em gel) Mantém o ambiente úmido, favorecendo a cicatrização da ferida. d. Hidrocoloide Mantém o ambiente úmido favorecendo a cicatrização, enquanto protege a base da ferida. e. Alginato Alta absorção de exsudato, em feridas altamente exsudativas. f. Curativos de espuma Protegem e previnem a desidratação da ferida; absorvem pe- quenas a moderadas quantidades de exsudato. Mantém o ambiente úmido. g. Bandagens/géis impregnados com prata Controlam o crescimento bacteriano na ferida. h. Agentes debridantes enzimáticos Promovem o desbridamento e a remoção do tecido morto. i. Preenchedores de ferida Preenchem feridas superficiais, hidratam e absorvem. j. Antimicrobianos Controlam ou diminuem o crescimento microbiano. Incluem antibióticos e antissépticos. 6. Abrir os pacotes e os recipientes de solução tópica. Prepara o material buscando uma aplicação simples, para que sejam utilizados sem qualquer contaminação. 7. Posicionar o paciente a fim de expor a úlcera, mantendo o resto do corpo coberto pelo lençol. Previne a exposição desnecessária de outras partes do corpo. 8. Remover curativos antigos, descartando-os em um saco plástico descartável. Descartar as luvas; rea- lizar a higiene das mãos de acordo com as normas da instituição. TABELA 25-5 SELEÇÃO DO CURATIVO COM BASE NA AVALIAÇÃO DA FERIDA DESCRIÇÃO DA FERIDA NECESSIDADES JUSTIFICATIVA OPÇÕES DE CURATIVO Tecido necrótico Desbridamento A remoção do tecido desvitalizado diminui o risco de crescimento bacteriano e facilita a cicatrização (a cicatrização não ocorrerá na presença de tecido morto). Considere um curativo que mantenha a umidade da ferida (p. ex., hidrogel, gaze impregnada, hidrocoloide) sobre o tecido necrótico, permitindo o amolecimento e a destruição do tecido (autólise). Considere o uso de preparações enzimáticas para desbridamento químico. Tecido de granulação Proteção O apoio ao tecido de granulação com um ambiente úmido facilita a cicatrização. Considere o uso de hidrocoloide, hidrogel ou curativo de espuma para manter a umidade. Leito seco da ferida Hidratação A umidade no leito da ferida facilita a cicatrização pelo provimento de uma superfície que favorece a migração de novas células. Considere o uso de hidrogel para umedecer a ferida. Ou Considere o uso de gaze embebida em solução salina para fornecer umidade à ferida. Exsudato de moderado a intenso Absorção O excesso de exsudato hiper-hidrata as células, retardando a cicatriza- ção e macerando a pele adjacente. Considere o uso de espuma, hidrocoloide, alginato ou curativo de hidrofibra que absorvem grandes quantidades de exsudato. Grande profundidade Preenchimento O preenchimento previne o acúmulo de exsudato no espaço morto daferida profunda. Considere o uso de gaze, alginato ou preenchedores de espaços mortos; preencha suavemente os espaços mortos com a cobertura selecionada. Eritema, calor, edema, dor Controle da infecção A infecção da ferida prolonga a resposta inflamatória, retardando a cicatrização da ferida. Curativos ou soluções antimicrobianos diminuem a carga bacteriana. Maceração da pele adjacente Proteção A maceração pode causar mais lesões cutâneas e desconforto. Selante cutâneo ou cremes barreira fornecem proteção à pele ferida. 619HABILIDADE 25.2 Tratamento de Úlceras por Pressão e Manejo de Feridas ETAPAS JUSTIFICATIVA 9. Limpar a ferida com a solução prescrita, limpan- do da área menos contaminada para a mais con- taminada. Enxaguar com a solução; secar gentilmente a base da ferida e a pele adjacente com gaze umedecida. Usar uma gaze limpa úmida para limpar a superfície da pele; secar com uma gaze limpa e seca. Reduz a quantidade de bactérias; remove o exsudato da ferida e/ou resíduos do curativo. 10. Aplicar agentes tópicos à ferida utilizando swabs de algodão ou gaze, conforme prescrito. a. Antibióticos: Exemplos incluem bacitracina, metronida- zol e sulfadiazina de prata.* Destroem ou inibem o crescimento bacteriano. b. Antissépticos:** Exemplos incluem ácido acético e hipo- clorito. Reduzem o número de bactérias na superfície da ferida. O uso é limitado pela toxicidade celular. c. Agentes debridantes enzimáticos: Cobrir a ferida com agentes debridantes e aplicar um curativo de gaze úmida sobre a ferida ou a cobertura selecionada. Removem o tecido morto. A umidade deve estar presente para fazer com que a preparação enzimática atue. 11. Realizar o curativo prescrito: a. Curativo úmido a seco (1) Aplicar solução salina na gaze e retirar o excesso. Umedece a gaze, permitindo que drene o exsudato. (2) Desenrolar a gaze e, se a ferida for profunda, de- ve-se preenchê-la com o curativo; se superficial, colocar a gaze sobre a ferida. A gaze desenrolada permite a drenagem do exsudato. (3) Cobrir com outra bandagem e passar uma fita adesiva sobre a ferida. b. Filmes transparentes (Cap. 26) Aplicado apenas sobre feridas superficiais, atualmente possui outras indicações. c. Hidrogel O hidrogel mantém um ambiente úmido que facilita a cica- trização da ferida. (1) Cobrir o leito da ferida com uma camada do hi- drogel amorfo ou placa para ajustar ao tamanho da ferida. (2) Cobrir com curativo secundário e fixar com fita adesiva. (3) Quando for utilizada gaze impregnada com hi- drogel amorfo, deve-se preencher a ferida; cobrir com curativo secundário e fita adesiva. O preenchimento da ferida distribui o gel ao leito da ferida e permite que os debris celulares sejam aderidos na gaze. d. Hidrocoloide (Cap. 26) O hidrocoloide forma um gel sobre o leito da ferida; a borda externa cria a vedação. e. Alginato (1) Cortar do tamanho da ferida, preenchendo-a. Ao absorver o exsudato da ferida, o curativo se intumesce e aumenta seu volume; se muito apertado, pode comprometer o fluxo sanguíneo aos tecidos. (2) Cobrir com curativo secundário e fixar com fita adesiva. f. Curativos de espuma (cap. 26) Protetores. Previne a desidratação da ferida; absorve pequenas a moderadas quantidades de exsudato. 12. Reposicionar o paciente confortavelmente, sem apoiar o local da ferida. 13. Protocolo de Conclusão (ao final do livro). *Nota da Revisão Científica: a prata tem sido considerada como antisséptico e a literatura tem mostrado sua eficácia no uso tópico em feridas com colonização crítica e infecção. **Nota da Revisão Científica: além da prata, a biguanida (phmb) e o mel têm sido considerados antissépticos eficazes, quando adequadamente utilizados. Embora citotóxicos para tecido de granulação, seu uso tem sido recomendado nas situações descritas quando a carga bacteriana impede ou dificulta a formação do tecido de granulação. AVALIAÇÃO 1. Observar a presença de inflamação, edema ou dor na pele ao redor da ferida. 2. Inspecionar os curativos e as feridas expostas; avaliar a ex- sudação, o odor e a necrose tecidual. Monitorar o paciente buscando sinais e sintomas de infecção, incluindo febre e leucocitose. 3. Comparar as medidas subsequentes da ferida após cada troca de curativos. 4. Pedir ao paciente que classifique a dor em uma escala de 0 a 10, durante e depois da troca de curativo. 620 CAPÍTULO 25 Úlceras por Pressão Resultados Inesperados e Intervenções Relacionadas 1. A pele ao redor da úlcera torna-se macerada. a. Reduzir a exposição da pele adjacente a agentes tópicos e à umidade. b. Considerar o uso de uma barreira protetora líquida na pele ao redor da ferida. 2. A úlcera torna-se mais profunda, com aumento do exsudato e/ou desenvolvimento de tecido necrótico. a. Notificar o médico sobre a possível alteração do estado da úlcera por pressão. b. Consultas adicionais com outros especialistas (p. ex., enfer- meiro especialista no cuidado em feridas, estomaterapeuta ou enfermeiro dermatologista) podem ser indicadas. c. Obter culturas de exsudato da ferida necessárias. Registro e Relato • Registrar a avaliação da úlcera, o tipo do agente tópico e/ou cura- tivo utilizado e a resposta do paciente no prontuário do paciente. • Relatar qualquer deterioração na aparência da úlcera. Amostra de Documentação 09h00 Úlcera por pressão sacral, estágio II, 2 × 3 cm com forma- to irregular. Leito da ferida totalmente (100%) coberta por tecido de granulação; ausência de exsudato ou odor. Pele adjacente intacta. Feita a limpeza da ferida com solução salina e realizado curativo com hidrocoloide. Em uma superfície de suporte com baixa perda de ar, o curativo foi reposicionado, a cada duas horas, conforme permitido por sua condição. Suplementos nutricionais foram ingeridos conforme oferecidos. O paciente e a irmã foram instruídos sobre o cuidado e a prevenção de lesões de pele e participaram corretamente do reposicionamento. Considerações Especiais Pediatria • Reforçar o curativo na região da fralda com uma fita resistente à água. Remover cuidadosamente a fita, evitando lesão por fricção. Geriatria • A pele em idosos possui uma reação inflamatória mais lenta e menos intensa; portanto, deve-se monitorar rigorosamente esse tipo de paciente. Assistência Domiciliar (Home Care) • Em casa, a cama deve ter o tipo apropriado de superfície de suporte. • Certificar-se de que o paciente e os familiares sabem como utilizar os produtos escolhidos para o cuidado tópico da ferida. • Escolher um curativo que não necessite de diversas trocas em um período de 24 horas. Isso diminui a quantidade de tempo empregado pela família para o cuidado da ferida, aumenta o compromisso da família e faz com que os recursos de cuidado domiciliar sejam bem aproveitados. P E R G U N TA S D E R E V I S Ã O Estudo de Caso para as Perguntas 1 e 2 O senhor Bass é internado em uma unidade cirúrgica após uma ressecção do intestino delgado. Ele está atualmente em jejum e apresentou episódios frequentes de fezes amolecidas e inconti- nência fecal. Ele está alerta e orientado, mas percebe um descon- forto abdominal quando se movimenta. Ele tem utilizado cadeira de rodas por vários meses após complicações de uma cirurgia no quadril. Sua esposa também apresenta problemas de saúde e é incapaz de fornecer cuidados de saúde ao seu marido em casa. 1. A enfermeira está avaliando o risco de úlceras por pressão pela escala de Braden. Por meio da subescala umidade, ela determinou que a umidade da pele do paciente está relacionada à incontinência fecal. Quais são as duas intervenções que a en- fermeira pode considerar ao desenvolver seu plano terapêutico para reduzir os efeitos da umidade sobre a pele? 1. Aplicação de talco em áreas de contato entre as fezes e a pele. 2. Utilização de um creme barreira protetora contra a umida- de após cada defecação. 3. Um coletor de fezes. 4. Colocação de várias toalhas sob os glúteos do paciente. 2. Durante a avaliaçãoda pele do senhor Bass, a enfermeira nota uma úlcera na região sacral. O leito da ferida está coberto por um tecido necrótico escuro e, quando ela pressiona o tecido, este parece amolecido. Qual é o estágio dessa úlcera? 1. Estágio II 2. Estágio III 3. Estágio IV 4. Estágio indeterminado 3. Quais dos seguintes pacientes apresentam fatores que pro- vavelmente afetarão negativamente a cicatrização da ferida? Selecione todos que se aplicam. 1. Um paciente no qual a ferida operatória está produzindo um exsudato amarelado e que apresenta leucocitose. 2. Um paciente oncológico que está recebendo anti-inflama- tórios esteroidais. 3. Um idoso que teve a recomendação de adicionar mais fontes de vitamina C à dieta. 4. Um paciente que apresenta uma ferida aberta por trauma e que se encontra em tratamento com um curativo úmido. 4. A senhora Gibbs é uma paciente de 71 anos de idade que esteve na unidade de terapia intensiva por 48 horas. Ela possui um tubo endotraqueal inserido pela boca para manter a ventilação. Ela possui uma linha intravenosa (IV) infundindo a 125 mL/h. Sua ferida abdominal, no quadrante inferior direito, está seca e intacta. Os enfermeiros colocam coxins e travesseiros sob seus tornozelos. É difícil mobilizar a paciente, pois ela pesa 145 quilogramas. Ela apresenta maior probabilidade de desenvol- vimento de úlceras por pressão em quais das seguintes áreas? Selecione todas que se aplicam. 1. Calcanhares. 2. Proeminências ósseas posteriores. 3. Nariz. 4. Boca. 5. Local de inserção do cateter IV. 5. Quando uma gaze umedecida em solução salina é utilizada como curativo, por que ela é torcida antes da colocação? 1. Para prevenir a liberação excessiva de solução na ferida. 2. Para manter a ferida úmida e absorver qualquer exsudação excessiva. 3. Para prevenir o umedecimento do curativo e a maceração. 4. Para permitir que a ferida fique levemente seca, facilitando a cicatrização. 6. Qual é o mecanismo primário do curativo de hidrocoloide? 1. Cobre a ferida, evitando a exposição da área afetada ao paciente e à equipe. 2. Forma um gel sobre a ferida, facilitando a cicatrização da ferida úmida. 621CAPÍTULO 25 Úlceras por Pressão 3. Forma uma membrana temporária sobre a ferida, per- mitindo transporte de oxigênio diretamente à ferida. 4. Fornece fator de crescimento epitelial ao leito da ferida. 7. O curativo prescrito para a úlcera por pressão em região sacral do paciente é de hidrocoloide. Coloque as seguintes etapas na ordem apropriada para a colocação do curativo: a. Limpeza da ferida com a solução prescrita. b. Remoção da embalagem protetora do curativo. c. Explicação ao paciente sobre o objetivo da troca do curativo. d. Posicionamento do paciente a fim de obter acesso à úlcera por pressão. e. Mensuração da ferida para determinar o tamanho cor- reto do curativo. f. Colocação do curativo sobre a ferida; aplicação de uma pressão leve por 30 a 60 segundos. 1. a, c, e, f, b, d 2. c, d, a, e, b, f 3. c, d, a, e, b, f 4. e, a, c, d, b, f 8. Qual dos seguintes pacientes apresenta maior risco de desen- volvimento de úlcera por pressão? 1. Um idoso de 80 anos com Alzheimer, com baixa ingestão de alimentos. 2. Um homem de 45 anos confinado a uma cadeira de rodas, em razão de uma paraplegia. 3. Um homem de 50 anos com diabetes do tipo I, que foi submetido a uma importante cirurgia cardíaca há 24 horas e apresenta diaforese. 4. Uma mulher de 60 anos que foi submetida a uma cirurgia na bexiga e agora apresenta incontinência urinária. 9. Um paciente é internado na unidade de terapia intensiva com pneumonia e insuficiência renal. Ele está recebendo solução glicosada 5% em solução salina e está em jejum. Ele está diafo- rético e febril e requer trocas de roupa de cama a cada plantão. Ele consegue se virar na cama, mas precisa ser estimulado. Ele está acamado. Ele é capaz de responder verbalmente e descreve locais de desconforto. Qual categoria da escala Braden não está inclusa nessa avaliação? 1. Nutrição 2. Atividade 3. Cisalhamento e fricção 4. Umidade REFERÊNCIAS Ayello EA and others: Pressure ulcers. In Baranoski S, Ayello EA, editors: Wound care essentials: practice principles, ed 2, Philadelphia, 2008, Lippincott Williams & Wilkins. Baharestani MM: Quality of life and ethical issues. In Baranoski S, Ayello EA, editors: Wound care essentials: practice principles, ed 2, Philadelphia, 2008, Lippincott Williams & Wilkins. Bergstrom N and others: Pressure ulcers in adults: prediction and prevention, Clinical Practice Guideline No 3, AHCPR Pub No 92-0047, Rockville, Md, May 1992, Agency for Health Care Policy and Research, Public Health Service, US Department of Health and Human Services. Bergstrom N and others: The National Pressure Ulcer Long-Term Care Study: outcomes of pressure ulcer treatments in long-term care, J Am Geriatr Soc 53(10):1721, 2005. Braden BJ, Bergstrom N: Clinical utility of the Braden Scale for predicting pressure sore risk, Decubitus 2(3):441, 1989. Braden BJ, Maklebust J: Preventing pressure ulcers with the Braden Scale: an update on this easy-to-use tool that assesses a patient's risk, Am J Nurs 105(8):16, 2005. Comfort EH: Reducing pressure ulcer incidence thru Braden Scale risk assessment and support surface use, Adv Skin Wound Care 31(7):300, 2007. Courtney BA and others: Save our skin: initiative cuts pressure ulcer incidence in half, Nurs Manage 37(4):35, 2006. Doughty D, Sparks-Defriese B: Wound-healing physiology. In Bryant RA, Nix DP, editors: Acute and chronic wounds current management concepts, St Louis, 2007, Mosby. Gray M: Context for WOC practice: assessment, prevention, and intervention in wound, ostomy, and continence care, J Wound Ostomy Continence Care 36(1):11, 2009. McInnes E and others: Support surfaces for pressure ulcer prevention, Cochrane Database of Systematic Reviews 4, 2009. National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP): Pressure ulcer stages revised by NPUAP, February 2007a, http://www.npuap. org/pr2.htm, acessado em 27 de setembro, 2010. National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP): Support surface standards initiatives: terms and definitions related to support surfaces, 2007b, http://www.npuap.org/NPUAP_S31_TD.pdf, acessado em julho 2009. Nix D: Patient assessment and evaluation of healing. In Bryant RA, Nix DP, editors: Acute and chronic wounds current management concepts, St Louis, 2007a, Mosby. Nix D: Support surfaces. In Bryant RA, Nix DP, editors: Acute and chronic wounds: current management concepts, St Louis, 2007b, Mosby. Pieper B: Mechanical forces: pressure, shear and friction. In Bryant RA, Nix DP, editors: Acute and chronic wounds current management concepts, St Louis, 2007, Mosby. Rolstad BS, Ovington LG: Principles of wound management. In Bryant RA, Nix DP, editors: Acute and chronic wounds current management concepts, St Louis, 2007, Mosby. Stotts NA: Nutritional assessment and support. In Bryant RA, Nix DP, editors: Acute and chronic wounds current management concepts, St Louis, 2007, Mosby. The Joint Commission: 2010 National Patient Safety Goals, Oakbrook Terrace, Ill, 2010, The Commission, http://www. jointcommission.org/PatientSafety/NationalPatientSafety Goals/, acessado 14 de fevereiro 2010. Wound, Ostomy and Continence Nurses Society: Guideline for prevention and management of pressure ulcers, WOCN Clinical Practice Guidelines Series, Mount Laurel, NJ, 2010, WOCN.. - SANTOS VLCG, - Azevedo MAJ, Silva TS, Carvalho VMJ, Carvalho VF. Adaptação transcultural do Pressure Ulcer Scale for Healing (PUSH) para a língua portuguesa. Rev Latino-Am Enfermagem 2005;13(3):305-13. - SANTOS VLCG, SELLMER D, MASSULO MME. Confiabilidade interobservadores do Pressure Ulcer Scale for Healing (PUSH) em pacientes com úlceras crônicas de perna. Rev Latino-Am Enfermagem 2007;15(3):391-396. Além desse instrumento (push, validado para úlceras por pressão e para úlceras de perna), encontra-se adaptado e validadoem O Sistema de Classificação STAR - Lesão por Fricção. - PULIDO KCS. Adaptação cultural e validação do instrumento STAR Skin Tear Classification System, para a língua portuguesa no Brasil. [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2010. Disponível na Internet: www.tese.usp.br/teses/disponiveis (11 jan. 2012). - PULIDO KS, Santos VLCG. Cultural adaptation and validation of STAR Skin Tear Classification System for Brazilians. J Wound Ostomy Continence Nurs. 2011;38(3S):S92. REFERÊNCIAS