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Assoeste, Cascavel, 2016. 2 Página de rosto 3 Ficha catalográfica 4 Dedicatória Dedico esta obra a todos que contribuíram para a recuperação de minha saúde, a Psiquiatra Doutora Andreia Maria Rigo Lise, aos zeladores, zeladoras, secretários, secretárias, médicos, médicas, enfermeiros, enfermeiras, diretores, diretoras, proprietários, proprietárias, aos governantes que edificaram os hospitais: Hospital Santa Izabel, de Santo Antônio do Sudoeste – Pr., Hospital Regional e Hospital São Francisco de Francisco Beltrão – Pr. e do Hospital São Lucas de Cascavel - Pr. A Minha namorada Lidinalva Rufino dos Santos, por todo o apoio e compreensão. A meu filho, André Cassiano Messias Valdameri, pela compreensão e motivação, desde seu nascimento tem me motivado a lutar pela construção de um ambiente ecologicamente equilibrado. A Professora Maristela Becker Miranda, que sempre soube compreender as dificuldades pelas quais eu passei. A Professora, Doutora Irene Carniatto de Oliveira, que desde a orientação de meu Mestrado me cobra e orienta a escrever, que colaborou com esta obra escrevendo seu prefácio e um artigo. Aos amigos Edegar Bueno, Jair Pereira, Miriam Jaqueline de Araújo Carlotto , José Peixoto da Silva Neto (Peixoto), bem como, o piloto, enfermeiros, Medicos e Medicas, a todos que trabalham no CONSAMU, que se dedicaram na minha transferência para o Hospital São Lucas em Cascavel. Ao Jornalista Jairo Eduardo, a Senhora Vania de Souza, Pastor Denny Peterson Martins, Doutor Roberto Almeida, Professor e Empresário Ivo José Triches, a Jornalista Miriam Duailibi, por gentilmente terem concedido entrevistas e escrito artigos enriquecendo este material. Ao senhor Airton Arezi, que dedica a vida na produção de alimentos livres de agrotóxicos, um homem e sua família dedicados a produção agroecológica, contribuindo para a saúde humana e do ambiente. 5 6 Agradecimento Para que esta obra se tornasse realidade muitas pessoas colaboraram, mas, preciso dizer que não apenas a obra em si foi viabilizada, a minha vida adquiriu novo sentido graças a contribuição deles. O trabalho para realizar esta obra iniciou no exato momento em que Deus, o ser supremo a quem sempre agradeço inspirou minha mãe a voltar à minha procura e encontrasse força interior e física para me tirar do varal onde eu estava enroscado, portanto, são muitas pessoas a serem agradecidas. Agradeço a Deus pelo dom da vida, Minha mãe Terezinha Santos Matos Valdameri, meu pai Irani Valdameri, ao Elizeu Lorini, aos motoristas, enfermeiros e médicos que se dedicaram para minha recuperação. As minhas irmãs Ivanilde Salete Valdameri e Elizete de Fátima Valdameri, as minhas sobrinhas, Ivanete Paula Valdameri de Sá, Leticia Michelle Hortelib e Milena Hortolib. Aos amigos e amigas que se juntaram a mim pela oração. Ao amigo Plácido Luiz Paraná de Oliveira Neto e todo o grupo da Renovação Católica Carismática, que todas as terças-feiras se reúnem em oração na Igreja Matriz, Santo Antônio de Pádua, de Santo Antônio do Sudoeste. A assistente Social Kauana C. Fogari, a Psicóloga Andressa Veiga pelo gentil empréstimo de material para pesquisa. A Amiga Professora Silvana Ferreira Messias, pelo empréstimo de material para pesquisa e pela compreensão em todos os mementos que vivemos juntos, pelo muito que ensinamos e aprendemos um ao outro. Aos meus tios, tias primos, primas e amigos que estiveram a meu lado nos hospitais, orando, louvando pedindo a Deus pela minha completa recuperação. Ao Professor Luiz Carlos Bernardi e a Professora Lunalva Bernardi, por tudo que me ensinara, principalmente a dar os primeiros passos no Magistério. 7 Aos integrantes da ONG Amigos dos Rios, que todos os sábados domingos e feriados se reúnem para desenvolver ações ambientais, o trabalho de todos tem sido fundamental na minha recuperação, Abigail dos Santos de Oliveira, Alberto Rodrigues Pompeu (Professor Beto Pompeu), Joao Ailton Beckert, Paulo Candido de Oliveira, Carmo Silvestre Henz (Guri), Felipe Denis, Janari Ivo Messias Denis, Gesse Alves Lopes e Jair Pereira Gomes. Aos que se dedicam a organizar a documentação Ailton Martins Lima, Villimar Pedro Irber, Suzana Zilio, Izabel Machado, Alvaro M. Deluca, Aderbal de Holembren Melo, Rodrigo Becker Miranda, Marcos Otone. Aos que sempre nos dão todo o suporte para desenvolver ações Jairo Eduardo, Laidir Dalberto, Jair Cleiton da Costa, Ivo Pegoraro, Elton Aluisio Stein, Jairo A. Moretti, Vera Teresinha Fortti, Luiz Antonio Lopes, João Batista Nunes Vieira, Josue de Souza, João Batista Cunha Junior, Jaime Vasatta, Nei Haveroth, Luiz Frare, Leila Marta Martins Viana, Carlos Constantino, Adenir de Lourdes Molina Mori (Mariana), Professor Ivo José Triches, Paulo Luiz Cordeiro, Professora Andrelina Pedroza Batisti, Professor Nildo Santello, Professor Deonir Giacomini, José Francisco Konolsaisen (Chico). A todos os veículos de comunicação que repercutem nossas ações, a seus diretores, diretoras, proprietários, proprietárias, e todos os funcionários das Rádios, Colmeia, CBN Cascavel, Independência, Tarobá, T, Capital, Jovem Pam, CATVE, Cultura, Norte e Integração. Aos canais de televisão, CATVE, Tarobá, RPC TV Oeste, RICTV, TV FAG, Araça, Stop, Naipi (Rede Massa). Aos Portais de notícias CGN, CATVE, An6. Aos jornais O Paraná, Hoje, Pitoco, Gazeta do Paraná, Gazeta do Povo, O Mercadão, Tribuna das Cidades, O Comunitário, Manchete Popular. As Revistas Aldeia, Fatos, Nova Fase, Diference, Gente & Notícias, Ação Empresarial e Revista Catedral. Graças ao trabalho destes organismos de comunicação nosso trabalho é divulgado possibilitando a entrada de novos membros na ONG e levando esta mensagem inspiram muitos outros a repliquem estas ações, colaborando na preservação de “nossa casa comum”. Sempre serei grato pelo apoio de todos estes organismos, peço desculpas por não citar nomes de pessoas, certamente deixaria alguém sem citar deste modo seria injusto, sintam-se todos agradecidos. 8 Prefácio A presente obra VERDADES E SONHOS: uma História Real sobre Depressão e Tentativa de Suicídio, de Adelar José Valdameri, remete a uma das perguntas ontológicas mais importantes, que o homem busca respostas quanto à sua existência: Quem sou? De onde venho? Para onde vou? Por que estou aqui? Responder a estas perguntas e entender o significado da vida tem sido crucial para a vida, a permanência e a saúde emocional de todas as pessoas. Esta obra tem uma grande importância e mérito, quando alguém como o autor tem a ampla capacidade de expondo seus sonhos, suas dificuldades, seus medos, abrir seu coração e sua vida, dividindo com todos nós sua experiência traumática de depressão e tentativa de suicídio. Nesta obra Adelar abre sua alma e relata com clareza, como viveu e sentiu as etapas da depressão e como ocorreu sua tentativa de suicídio, a qual segundo seu relato, ele não consegue se lembrar, de ter tentando absolutamente nada. Isso pode realmente ajudar a você, em quadros semelhantes que estejam à sua volta. Porque o autor toma essa decisão? Ouvindo-o e acompanhando, como amigo, durante esse processo e também muito antes como aluno, pois o Adelar foi meu primeiro orientando de Mestrado, o que nos causa muito orgulho, também como grande parceiro das causas ambientalistas, e mesmo depois, nestes tempos após esse acidente, não tenho dúvida de afirmar que ele faz isso, até porque ele próprio me disse: que era para compreender o fenômeno e desequilíbrio físico-emocional que tomou conta de sua vida. E também, por generosidade, o Adelar é naturalmente uma pessoa muito generosa, se você precisar dele, ele sempre estará pronto a fazer o maior esforço para acolher a tua necessidade e ajudá-lo, pronto a atender. Outras característicasdo autor: 9 ele parece sempre tranquilo, nunca o vi nervoso, bom amigo, educado, polido, faz amizade fácil e tem sempre um sorriso calmo no rosto. E nesta descrição eu gostaria de também ajudar a alguém ou alguma família a começar a se indagar: Como pode alguém assim, estar em profunda depressão e tentar suicídio? Como entender o palco das idéias, das emoções e da alma, que vai dentro de um ser humano, que parece ser totalmente tranquilo e ajustado às situações normais da vida? Como nós famílias e amigos poderemos ter uma relação pessoal e emocional com os que nos cercam, para que possa ter espaço nas conversas e nas confidências, o abrir do coração e da alma, daqueles que passam por uma angústia e desequilíbrios deste tamanho? Nesta obra você vai encontrar nos primeiros capítulos: “Nossas Escolhas”; “A Pedinte”; “O Exemplo das Pombinhas”; “Poesia e Versos”, muito da vida, as preocupações e ocupações do Autor. Também seus versos e amores. Você poderá começar a compreender um pouco de sua história e sua postura diante da vida. Também, nos capítulos “Morte e Vida em Quarenta e Sete Dias, Meu Calvário”; “A Doença do Século”; “Suicídio”; “Repetindo”; “Doenças Ocupacionais”, o autor relata sua doença e passo a passo, tudo que ocorreu nos dias de seu tratamento e tentativa de suicídio. Ele abre, com toda generosidade e reparte com os seus leitores, seus medos, seus pensamentos e suas angústias. Ainda, escreve muito do que ele aprendeu, para compreender e se preparar para seguir em frente na Vida. Assim ele apresenta as “Entrevistas”, quando ele procurou por inúmeros profissionais que lhe explicasse a depressão e o suicídio à luz da medicina, da ciência e da religião. Muitos apesar de prometerem participar, não o fizeram. Não nos cabe aqui pensar nos motivos, mas três grandes profissionais aceitaram o desafio e respondem as suas perguntas: um jornalista “JAIRO EDUARDO – Editor do jornal Pitoco e diretor comercial da Revista Aldeia”; Uma médica “Andreia Maria Rego Lise – Psiquiatra” e o pastor “Denny Peterson Santos Ribeiro Martins - formado em Teologia Pastoral pela Universidade Adventista de São Paulo”. Uma grande 10 contribuição desses profissionais para a compreensão de diferentes opiniões sobre a depressão e o suicídio. Nos quatro capítulos seguintes o autor solicitou de outros profissionais renomados, que também trazem artigos sobre o tema, para ampliar a visão do leitor e contribuir para prevenir e detectar sintomas e seu tratamento, estes são os seguintes capítulos: “Depressão e Neurociências” por Roberto Almeida; “Conatus e Suicídio: Uma Abordagem à Luz da Filosofia Clínica” escrito pelo Prof. Ivo José Triches, Conferencista, Escritor, Filósofo Clínico, Empresário e Ambientalista; “Depressão, Natureza e Alimentação Saudável” por Miriam Duailibi, Jornalista, educadora ambiental, especialista em sustentabilidade, mudanças climáticas e escritora; “A Vida – Perguntas Ontológicas que Fundamentam a nossa Existência: Quem Sou? De Onde Venho? Por Que Estou Aqui? Para Onde Vou?” Por Irene Carniatto – Professora, Pesquisadora, conferencista, ambientalista da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, que me foi pedido, pelo amigo Adelar, para escrever. O Autor retoma sua história nos capítulos finais em “Conectando Informações” e “O Que Faço Hoje”. Muito otimista e com ânimo redobrado faz planos e assume desafios. Ele nos fala com muita propriedade: “Eu morri, morri e renasci e agora mais do que nunca, me sinto no dever de dizer a todos, o quanto vale a vida e ela com certeza, não tem valor e nem peso material, portanto, vamos todos juntos defender a vida”. “O Amor que só aumenta, jamais se acaba. Mas o amor jamais retorna, jamais se desfaz...” Desejo a todos boa leitura e compartilhe conosco suas experiências (Adelar – amigodosrios2000@gmail.com; Irene – irenecarniatto@gmail.com). Profª Drª. Irene Carniatto – Professora e Pesquisadora do Curso de Ciências Biológicas e do Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Rural Sustentável da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. mailto:rios2000@gmail.com 11 SUMÁRIO PREFÁCIO 8 SUMÁRIO 11 NOSSAS ESCOLHAS 13 A PEDINTE 16 O EXEMPLO DAS POMBINHAS 21 POESIAS E VERSOS 23 MORTE E VIDA EM QUARENTA E SETE DIAS, MEU CALVÁRIO 35 A DOENÇA DO SÉCULO 45 SUICÍDIO 47 REPETINDO 51 DOENÇAS OCUPACIONAIS 53 ENTREVISTAS 56 DEPRESSÃO E NEUROCIÊNCIAS 67 CONATUS E SUICÍDIO: UMA ABORDAGEM À LUZ DA FILOSOFIA CLÍNICA 72 DEPRESSÃO, NATUREZA E ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL 79 A VIDA – PERGUNTAS ONTOLÓGICAS QUE FUNDAMENTAM A NOSSA EXISTÊNCIA: QUEM SOU? DE ONDE VENHO? POR QUE ESTOU AQUI? PARA ONDE VOU? 84 CONECTANDO INFORMAÇÕES 93 O QUE FAÇO HOJE? 116 12 13 NOSSAS ESCOLHAS A vida nos oferece diversos caminhos, cabe unicamente a cada um de nós a escolha sobre o qual deles devemos seguir, ocorre que abrimos mão de muitas coisas ao longo da vida, não é raro condicionarmos a nossa felicidade pelo ’Quando’’, e o ‘quando’ é o sonho que pode nunca acontecer, naturalmente ouvimos pessoas dizendo: quando tiver aquele carro, serei feliz, quando tiver minha casa, serei feliz, quando conquistar aquela namorada, ou aquele namorado aí sim serei feliz. Falta-nos a compreensão de que a felicidade é um estado de espírito não depende de outros ou de determinados bens para que ela exista ela pode ser encontrada nas situações mais simples, onde muitas vezes não há nenhuma atribuição de valor. Na busca da felicidade muitas vezes perdemos o foco da vida, e com a perda do foco também perdemos o sentido dela, ouvindo pessoas ou buscando soluções para coisas ou falas sem fundamento algum, o certo é que perdemos grande parte da vida com coisas banais, picuinhas, coisas que poderíamos deixar passar despercebidas, trocamos a felicidade pelo nada. Deixamos de nos preparar para o agora. Enquanto a doença não passa rente a nós, a vida nos parece infinita e acreditamos que sempre haverá tempo para lutarmos pela felicidade. Antes preciso obter meus diplomas, receber meus créditos é preciso que as crianças cresçam, que me aposente... mais tarde pensarei na felicidade. Adiando sempre para o dia seguinte a busca do essencial, corremos o risco de deixar a vida escoar entre nossos dedos, sem jamais tê-la de fato saboreado. (SERVAN-SCHREIBER, 2011, p. 42). Em nosso dia a dia nos deparamos com situações que provocam reações nem sempre esperadas, temos ao longo da vida muitos lutos, entramos em crises que são perdas materiais, sentimentais, pessoais, de entes 14 queridos à trabalho, algumas superamos rapidamente, outras nos trazem magoas, rancor, que não são superados e nos deprimem, nos oprimem, nos humilham, na verdade nos fazem mergulhar em depressão profunda, que pode ser rapidamente superada ou que pode se agravar em alguns casos até a morte nos levar. Há as crises vitais do desenvolvimento e as crises circunstanciais. As primeiras ocorrem à medida que envelhecemos, quando surgem dificuldades na passagem de uma fase da vida para a outra. Elas são inerentes ao desenvolvimento humano. Já as crises circunstanciais originam-se de acontecimentos raros e extraordinários, situações que o indivíduo não tem como controlar. (BOTEGA, 2015, p. 12). Como seria bom se entendêssemos que em cada um de nós está a chave para a solução de todos os problemas, as atitudes que tomamos trarão os resultados, sejam eles de nossa vontade ou não, portanto, precisamos entender que não adianta ficar reclamando, nos tornar pessoas amargas, insensatas, culpar os outros pelos nossos fracassos, o que vivemos hoje é resultado de atitudes tomadas ontem, ou antes, mas sempre é resultado de nossas atitudes, é claro que esta afirmação não é válida para aquelas pessoas que nasceram em regimes ditatoriais,que nasceram escravizadas, ou que por motivos de grupos de nascimentos se tornaram escravas, ou ainda nasceram com determinadas deficiências ou doenças, há ainda doenças que surgem por questões genéticas. O grande problema quando tomamos uma atitude errada é a dificuldade de nos reabilitarmos, erguer a cabeça e caminhar novamente rumo ao acerto, nestes momentos, parece que o mundo vai acabar e naturalmente mergulhamos num mar obscuro, a vida perde o sentido, perdemos o rumo. Nos momentos de dificuldade encontramos amigos verdadeiros, mas, é também o momento exato para compreendermos a quem e a que devemos dar valor. A palavra valor empregada neste material não é a mesma que usualmente empregamos em nosso dia a dia, pois, não se trata de valor 15 comercial e sim sentimental. É na dificuldade que compreendemos os objetivos de alguns estarem em nossa volta, se por afeto ou interesse, mas é também o momento da introspecção, ou seja, de voltar para si mesmo e analisar com profundidade qual o sentido da vida, se a vida que se leva tem mesmo sentido ou se ela é desprovida de atitudes e comportamentos agregadores. O certo é que quanto mais diverso for o número de opções, mais dúvidas teremos, é certo que a verdade vai além das doutrinas que muitas vezes tentam nos convencer do correto e do errado, o interesse pela verdade deve sempre permear todas as ações humanas, mas, a verdade não está apenas em um conjunto de regras ou normas. A vida deve ser um eterno aprender, aprendo para mim... aprendo para você... aprendamos todos o melhor modo de viver... Muitos acreditam que a solução de todos os problemas e o verdadeiro sentido da vida está em acumular bens materiais, dedicam toda a sua vida para ganhar dinheiro, não medem esforços quando se trata de obter lucro. Não podemos afirmar que aqueles que dedicam sua vida para ganhar dinheiro e acumular riqueza estejam errados, mas, seguramente praticar atividades que tragam a possibilidade de melhorar o ambiente ao seu redor, oferece muito mais que ganho material, as atividades coletivas que buscam o bem-estar de todos, nos trazem uma energia totalmente enriquecedora, renovadora e profunda paz de espirito. “O dinheiro faz homens ricos, o conhecimento faz homens sábios e a humildade faz grandes homens”. (IANESCO, Pedro, 2016). 16 A PEDINTE Sábado pela manhã, estava na Feira do Pequeno Produtor (uma feira que há alguns anos foi instalada em Cascavel para fomentar o desenvolvimento de pequenos produtores rurais ou urbanos, acontece aos sábados, entre a prefeitura e a câmara de vereadores, domingos, terças e quintas na praça Wilson Jofre, na Rua Rio Grande do Sul, área central da Cidade), quando de súbito surge uma pedinte, blusa preta com capuz a cobrir a cabeça e parte do rosto, um óculos com armação preta a deixava com aspecto de senhora, bem mais velha do realmente é, calça suja a varrer o chão, um saco de rafia nas costas, cheio de quinquilharias, um copo com café na mão, o qual era colocado sobre a mesa que ela se aproximava à pedir doações, quando depositava seu copo de café sobre a mesa o olhar de todos se enchia de repulsa, nojo, medo, desencanto por seu aspecto de sujeira. A pedinte de posse de uma latinha, argumentava sobre suas necessidades, coletando assim, uma a uma, suas moedas. Após circular por toda a feira e coletar a quantia desejada de moedas, encostou-se em um carrinho de lanche, calmamente despiu-se de seu manto de pedinte, peça a peça, tirou: óculos, blusa, calça, ficando apenas de shorts e camiseta, a senhora repentinamente voltou a sua juventude, em sua face notava-se um ar de satisfação, como quem diz: “missão cumprida por hoje, agora é só desfrutar as conquistas deste dia”. Puxou uma cadeira sentando-se próximo a uma mesa, fixou os olhos no universo e repentinamente mergulhou num pensamento profundo, seu rosto cobriu-se de uma imensa e inexplicável luz, contrastando com seus cabelos de um amarelo desbotado pelo tempo, cuja tinta não fora retocada. Naquele instante, seu rosto de êxtase parecia sorrir, pensamento ao longe demonstrando que parecia ter se desvinculado do mundo terreno e entrado em outra dimensão, certamente naquele instante ela não fez parte do mundo dos homens, ou mulheres, mas, sim encontrou paz de espirito, a mais profunda e delicada paz. 17 Por um instante, como um peixe que morde a isca em um anzol, fui fisgado e me vi atraído pela jovem pedinte, tentando imaginar qual era o pensamento, que mesmo vindo de uma pessoa com uma condição financeira tão precária, certamente com sofrimentos inimagináveis, a faziam rir, ria para si mesma e aparentemente seu interior era só luz e energias positivas. Sem nenhuma maldade, na inocência da pedinte passei então a refletir, sobre nossas atitudes e o mundo que nos cerca, como crítico de mim mesmo e de alguns comportamentos sociais, passei a me perguntar, sobre nosso dia a dia, no trabalho, no lazer, no transito, na política, é, na política, seja ela partidária ou não, sabemos que nossa vida é rodeada pela política, que muitos tanto repudiam. Durante a vida terrena, esta breve passagem pelo planeta terra, como é nossa vida, me pergunto então: Quantas vestes temos de usar? Usamos a veste adequada em nossa caminhada, ou para cada situação? Quantas por dia? A troca será feita por hora? Quando somos verdadeiros? Que consequências a verdadeira face nos traz? No Brasil é comum percebermos a mudança de face em algumas categorias, alguns deles acreditam cegamente serem ‘DEUSES’, eles e só eles podem determinar seus próprios salários, as vantagens e complementos de salários, além do salário dos simples mortais, aqueles que só são considerados no período de pedir. Para eles, ‘os Deuses’, as mordomias são infindáveis, vantagens que nem mesmo imaginamos quantas são, sabemos apenas que só a eles pertencem. A pouco tempo passamos pela fase dos vales, vale paletó, gravata, auxílio moradia, entre tantos outros vales, fico cá a me questionar, será que vão instituir o vale ética? Vale moral? Vale vergonha, ah, desculpem 18 divaguei estas palavras eles fizeram questão de deletar, não conhecem e tem raiva de quem sabe seus significados. Estamos agora vivenciando a fase da Delação Premiada, pasmem, um bandido com privilégios rouba o dinheiro de todos, das mais diversas maneiras, o roubo é descoberto, então, ele faz um acordo com a justiça dispondo-se a colaborar, por esta colaboração ele entrega seus comparsas e pela devolução de parte do que roubou tem sua pena abrandada, oras, quem rouba dinheiro público comete todos os tipos de crime, de forma indireta ele mata, deixa pessoas com deficiências, pela falta de medicamentos, ou por terem distribuído medicamentos com data de validade vencida, falta de saneamento básico e outros bens públicos, cujo dinheiro foi roubado, deveria ser considerado como autor de um crime hediondo e não receber benesses. Alguns deles se vestem de pedintes de dois em dois anos (nosso sistema eleitoral prevê eleições municipais separada das estaduais e federal, sendo que dois anos após a eleição municipal acontece a eleição para cargos estaduais ou nacional, o melhor seria eleições gerais, isto diminuiria os custos com eleições e resolveria ao menos parcialmente a questão da infidelidade partidária), neste período se vestem de homens e mulheres normais, abraçam e beijam, homens e mulheres, pegam crianças no colo, distribuem simpatia. Passado o tempo da enganação, se enchem de seguranças, pagos com o dinheiro do povo, voltam a seus castelos, ou seus templos, o templo dos ‘DEUSES’, cercados por grades, distantes dos mortais. Fato marcante na história de um Estado da federação se deu durante a manifestação dos professores, o governo decidiu tirar dos trabalhadores do Estado direitos conquistados a muitosanos e a custa de muita luta, para encobrir despesas que provam a incompetência administrativa de tal governador recém reeleito, ocorre que durante sua mentirosa campanha dizia que o Estado estava com todas as suas contas em dia, que sua saúde financeira era a melhor possível, que ele deveria continuar no cargo pela sua competência administrativa, mas passada a eleição a conversa muda, a verdade vem à tona direitos precisam ser retiradas. As providencias então são tomadas, a primeira delas, proibir os professores e funcionários do Estado de 19 adentrarem a Assembleia Legislativa, oras, lá é o espaço para a discussão o debate de ideias, espaço para o qual todos os cidadãos e cidadãs deveriam ser motivados a ir e defender seus pontos de vista a qualquer tempo, mas nesta ocasião foram proibidos de entrar. Se estes debates acontecessem durante o tempo do fingimento, ou seja, a campanha eleitoral, os homens que se travestem de pedintes, certamente os servidores seriam recebidos de braços abertos e não proibidos de entrar no plenário. Outra providência foi retirar policiais dos seus locais de trabalho para cercar a assembleia e impedir que dela se aproximassem os manifestantes, além de utilizarem spray de pimenta, bala de borracha, cachorros e outros meios para agredir os professores e funcionários. Os homens que se acham ‘Deuses’ trataram os Professores e funcionários como se fossem os piores bandidos, pois, para eles não há perigo maior que uma população instruída, realmente a caneta e o conhecimento representa para eles um enorme risco, um risco mortal. Nas revistas, jornais, rádios e telejornais, diariamente vemos notícias de fraudes cometidas com dinheiro público, em todas as esferas do poder, compreendi então porque tantos têm medo, terríveis medo de ir de encontro ao povo. Cada dia fica mais claro o tamanho do rombo ao dinheiro público causado por alguns destes que se acham ‘Deuses’, é roubo de todo o tamanho, há investigações que nunca chegam ao fim, manobras de todos os tipos, acordos que jamais deveriam se quer serem imaginados, mas que estão acontecendo a luz do dia e o pior encontram amparo legal para o desrespeito ao povo, isto é fácil entender, são eles que fazem as leis certamente não iriam fazer algo para condená-los. Quando saem as ruas no período em que não estão travestidos de pedintes se protegem com a estrutura do Estado, se tivesse fazendo seu trabalho com humildade e honestidade, não precisaria de tão forte aparato policial! Me pergunto então! Como será sua próxima campanha? Será enclausurado? Esta pergunta faço a todos que usam de uma estrutura pública 20 para fins pessoais ao contrário do que deveria ser, pois, foram eleitos para servir ao povo e sobretudo os que mais precisam. Esperamos que um dia o povo acorde da sonolência profunda e dispense a eles o mesmo tratamento que dispensam ao povo quando se acham donos do poder. Saibam senhores, vocês que pensam serem ‘Deuses’, seu tempo é passageiro, seu poder é finito, por mais longo que seja e por mais que vocês consigam enganar a população por um longo tempo, o poder de vocês terá fim, ah..., mas como é certo que terá fim, no caso do Brasil as pessoas já não aguentam mais ver tanta falsidade, vocês são a cara da falsidade! A pedinte poderá continuar a pedir por toda sua vida, até por falta de políticas públicas de inclusão social, mas ela não é arrogante quanto vocês, que vivem do favor alheio, o Estado é um ente que nada produz, vive do trabalho alheio, mantido por valorosos servidores públicos, através dos impostos, taxas e tributos, vocês são os piores mendigos, são os trabalhadores em parceria com todo o setor produtivo que fazem a máquina girar, sem o setor produtivo não há ganho, não há impostos a receber. Se até hoje não demonstraram nenhuma gratidão com a população que os sustenta, saibam que passou da hora de demonstrarem, comecem a agradecer tudo o que já ganharam, sabendo que é bem mais que merecem. 21 O EXEMPLO DAS POMBINHAS Certa manhã enquanto viajava em uma rodovia, o carro desenvolvia uma velocidade considerável, quando me deparei com um bando de pombas em meio à pista, como não gosto de matar animais esforcei-me ao máximo para reduzir a velocidade, na tentativa de não atingir nenhuma delas, para duas, porém, não houve tempo de voarem antes de minha chegada, mas foi delas que me veio uma importante lição que levarei para toda a vida e passarei a vocês: As duas pombas que ficaram sobre a pista decidiram em uma fração de segundos, tomar atitudes diferentes, uma esperou uns instantes e voou, sendo colhida pelo veículo e com certeza perdendo a vida, a outra percebendo minha aproximação, apenas abaixou-se e deixou o carro passar, garantindo assim a manutenção de sua vida. Destas duas atitudes tão distintas me veio uma série de reflexões. 1º é preciso saber a hora de voar, voe sempre que perceber o perigo a longa distância, não deixe o perigo aproximar-se demais de VOCÊ; 2º. Se por alguma razão você não conseguir voar, encolha-se ao máximo deixe o perigo ir embora antes de sair gritando apavorado; 3º. Se tiver realmente de tomar uma atitude respire fundo, busque alternativas, para depois reagir, mantendo sempre a cautela; 4º saiba que se existe um problema é porque existem também uma série de soluções, portanto a resposta está em VOCÊ mesmo; 5º. Por maior que seja o perigo que nos ronda, há sempre a possibilidade de nos defendermos, sem ter de atacar, sempre que deixamos o pavor tomar conta perdemos a noção de qual será a atitude correta e de qual será o tempo apropriado para nossa reação; 6º. Algo que não oferece o menor risco pode se transformar em nossa destruição, quando nos descuidamos, menosprezando os riscos ou subestimando o risco oferecido; 22 7º. Devemos estar sempre atentos a tudo que está em nossa volta, pois, nem sempre o local que parece ser seguro realmente o é; 8º cada ação resulta em uma reação, a falta dos dois ou de um dos dois, sempre traz consequências que poderão ser graves dependendo do momento e do local onde estamos, portanto, reaja, aja, se posicione, sua opinião sempre terá valor inestimável, sua omissão será percebida, muito mais que sua insistência em defender seus pontos de vista; 9º. Nunca fique em uma posição que lhe oferece riscos sem antes tomar todas as precauções devidas; 10º. Você é o ser mais importante do mundo, mantenha – se vivo, viver é o mais importante! 23 POESIAS E VERSOS Verdades e sonhos O que são as verdades, quantos sonhos há nelas... O sonho é a janela para a verdade olhar... Sonhos são belos, neles desenhamos nossos castelos... Enfeitamos com os tons que quisermos, damos a eles brilhos e luz, damos vida, deixamos fluir os desejos... Em nossos sonhos não encontramos o medo, neles acontecem todos os nossos segredos... A verdade nem sempre é tão bela, as vezes é só crueldade encontramos até falsidade, incertezas dureza e moleza também... O certo é que verdades e sonhos andam juntos lado a lado, de mãos dadas separados eles sentem profunda solidão. De tanta beleza... De tanta beleza, a beleza já não cabe em ti, De tanto te amar o amor já não me pertence, De tanto sonhar sonho o tempo todo, dia e noite, com você, De tanto quer, quero até ser você, pra viver sempre em mim, De tanto te olhar, meus olhos já não me pertencem, Será que um dia sonhou com um amor tão puro e tão leal a ti? Ou será que nunca parou pra pensar na dimensão do amor... 24 Se me pedisse provas, te daria sem nem mesmo pensar... Tocaria na lua, no sol, atravessaria os sete mares a nado, pra no outro lado te encontrar e receber de ti unicamente um sorriso, o seu riso, riso de perfeição... De todo beleza, Você é para as outras, fonte de inspiração... Eu QueriaEu queria poder sorrir em cada amanhecer, sem importar para onde ou para quem. Eu queria acreditar, no que me dizem sem precisar me preocupar Eu queria não ser massa de manobra, Eu queria que não me usassem, em lutas sem sentido, sem valor... Eu queria ser ouvido quando digo pra preservarem a vida, o ser, o ambiente, Eu queria ser eu mesmo em todos os lugares, ser aceito de a pé ou a cavalo e que meu carro não fosse símbolo de poder, Eu queria entender, por que será que muitos dizem que me defendem, se na verdade, só querem me enganar, Eu queria saber as causas de tantas guerras insanas, daqueles que só querem se manter no poder, Ah, mas como eu queria poder parar no tempo e reconstruir tudo que destruíram, em mim e em todos nós... A crença no amor, A fé na vida, O respeito ao poder Por que será??? 25 Que pensam que todos somos imbecis, nos enganam como se fôssemos absolutamente nada. Nos sindicatos da traição mentem números, invertem valores E os sonhadores continuam a acreditar, Na fé dos homens que se aproveitam, Que dão um jeito de nos enganar Eu queria Dizer a todos que o amor é real, é leal, é bem mais que legal... ADEUS POETA; Está é uma singela homenagem ao Professor, Filósofo e Poeta Lázaro Batista da Silva, escrevi no momento em que li nos portais de notícias que ele tinha partido. Lembra das manhãs de sábado, quantas vezes poetizamos, talvez ninguém nos ouvisse, mas para nós as manhãs de sábado eram sagradas! Eram dias de poesia lá na Rádio Cidade. Quantos questionamentos??? Quantas interrogações??? Quantas reclamações fazíamos??? Procuramos solucionar o mundo, para nós, todos os problemas têm soluções, Soluções simples em forma de poesia, Onde está tua alegria? Ou o teu questionamento? Na estrada por um momento, sei lá o que aconteceu, e de repente ele morreu, Ah me perdoe poeta, morte é apenas para simples mortais, nesta passagem, 26 poetas brilham ainda mais, pois, sua poesia o eterniza, você não será brisa será sim, inspiração. Poeta tenha certeza, que Deus em sua grandeza fará nascer outros versos e Você terá espaço especial, pra lá do céu combater o mal que nesta terra tanto te atormentou. Vá em paz poeta amigo, saibas que aqui boa semente você plantou... BELEZA RARA De beleza tão rara quanto ouro no deserto, Olhar tão profundo quanto a dimensão do UNIVERSO, Encanto sem igual, Corpo sedutor, Jeito menina em corpo de mulher, Curvas assombrosamente acolhedoras... Ah como quero sugar seu delicioso néctar, pra te devolver em beleza todo meu ser... Te levar comigo, mesmo em sonhos por onde eu for e tocar seu corpo com as mais belas e suaves pétalas, que é o que só as DEUSAS podem ter. MENINA Quando vi aquela menina, vindo em minha direção, Sorrindo, 27 Meus pés saíram do chão, senti minha pulsação, Subindo, Em um breve momento, desviei meu pensamento, vi o mundo bem mais lindo, Imaginei a alvorada, seguindo numa linda estrada, com jardins pra todo lado, passo a passo te seguindo... A noite brisa molhada, te deixava ainda mais bela, O seu sorriso de infância, completava a elegância de uma mulher tão linda. Voltando ao meu normal, vi a mulher real, em traços de perfeição, Queria tê-la em minhas mãos ao menos por um segundo, Com certeza tua beleza me faria neste instante o homem mais feliz do mundo. ME CONVIDE PRA DANÇAR Me convide pra dançar, deixe meus olhos em seus fixar, quero te hipnotizar pra, atender os meus apelos, Juntos a noite não vai passar, faremos o tempo parar, quando em tua pele tocar com plumas divinais, seu corpo dará sinais, querendo uma vez mais, se embrenhar em nossos desejos... Me convide pra dançar, quando este momento chegar, posso até ser seu escravo, será tanta empolgação te darei meu coração, mando embora a solidão e viverei por seus afagos. Me convide pra dançar, deixe a noite nos levar por onde forem nossos instintos. Por favor, me convide pra dançar, me chame pra qualquer lugar, pra viver um sonho lindo... 28 LAMENTO DO RIO Sabe, hoje quero te falar, eu nasci de uma pequena gota... Somada, a outra e milhões de outras gotas que se juntaram, formamos uma nascente... Nascentes que ao longo de quilômetros se somam a várias outras, formando um rio ... Rio desprezado por muito tempo, até que o homem percebeu que precisava de minha água, pra saciar sua sede, tomar seu banho, fazer a comida, para seu lazer... Descobriu o homem muitas utilidades pra minha água, mas, ainda assim não descobriu toda minha utilidade e nem mesmo sabe quantas vidas existem dentro de mim, são animais conhecidos e muitos desconhecidos do homem ... Ao longo do tempo sobrevivi calado as mais variadas agressões, desde papel de bala lançado ao chão por inocentes crianças, sobras de tudo que já não serve até o mais cruel veneno chamado agrotóxico, que mata toda a vida dentro de mim e até mesmo o mais arrogante capitalista que se acha acima de todos e de tudo, inclusive de Deus ... Para destruir, o homem não tem limites, não sei se tem raiva de tudo ou apenas de si mesmo, troca todo o tipo de vida e saúde por dinheiro e poder, podre poder ... Sofri calado as mais cruéis agressões, mas já não dá mais pra sobreviver calado, agora pasmem, querem destruir todas as nascentes ao longo de mim, fazendo minha água andar por tubos, tubos da morte, alegam eles que eu atrapalho, e eles precisam de meu corpo, para fazerem ruas, mansões, shoppings center, indústrias, enfim, querem me ver bem longe e morto por completo, já não querem minha vida. Não imaginam, aqueles que se acham “deuses” que sem mim haverá muito mais alagamentos, pois, a água das chuvas não terá pra onde escoar... 29 Vidas serão ceifadas o planeta deixará de existir, homens de bom senso, tenham piedade, enquanto é tempo restabeleçam a verdade, não deixem a vida acabar! DEUSA De traços perfeitos, discreta menina, Seu corpo esculpido em detalhes de pura exatidão, Parada, de tão bela parecia boneca de cera, Imóvel DEUSA, com brilho de luz, Sua beleza chama atenção pela discrição, Pode passar despercebida para simples mortais, mas não para a luz da poesia... O poeta te encontra e se encanta, pondo-se a meditar... Menina discreta, seus pensamentos vou roubar, só pra poetizar sobre seu encanto... De beleza tão rara... Anjo Anjo sem asas, mas que voa também, Anjo sem asas que me leva a sonhar, toda a imaginação de quem possa amar, Anjo que ampara e protege também, no céu desta terra me enche de bem, Anjo, seus olhos discretos a me olhar, 30 No passo da dança a me acompanhar, serena, discreta, displicente, anjo que é gente a me ensinar, Mostrando que um toque apenas pode ser suficiente pra encantar, Na compreensão do inimaginável que passa a ser real, Figura suprema, mulher, menina de cor morena, quantos poderes tem? Discreta me toca, retribuo também, mas o amor é transcendental, que força este amor de anjo tem... No toque sereno e discreto, como se nada quisesse, quem diria..., descubro por acaso, a força que tens e que só seu toque pra me proteger, em lugar do medo, medo que a noite nos traz, além da noite a estrada coberta de chuva, que mais parecia um túnel, mas nada ali me assustava, imagino que a chuva nada mais é que uma grande nuvem e estamos nela, pois pela primeira vez tenho um anjo a me proteger... O tempo passa e a manhã chega, calma como nunca havia chegado, a sonolência da chuva e um leve cansaço da estrada, continuam a nos acompanhar, a luz do dia me faz perceber que toda a proteção vem de seu olhar. Percebo então que na noite passada sem nada carnal, nos ligamos profundamente pela alma, nossos espíritos se juntaram, talvez por ser eu, alguém tão frágil precisando de alguém pra me proteger... O tempo passa e o momento da despedida chega, perceboem seu abraço que és real, corpo, alma em um perfeito SER; Como alento, sei que terei sempre seus olhos a me acompanhar e guiará meus passos, pois, este poder somente um anjo tem... 31 Eu não sou daqui, A ideia da poesia não é de autodestruição, nem de desprezo pela vida, é de contestação ao que está posto pelo capital, que impõe, humilha, oprime, ignora, ir embora na poesia significa, eu quero ver as ideias de que a terra tem dono, não tem razão de ser, afinal, estamos aqui de passagem e em nossa bagagem apenas o que é do espírito vai continuar. Eu não sou daqui, sou de outro lugar, por aqui vou passar, mas não vou entender, Por que tanta miséria, se a vida é tão séria porque matam irmãos, Por que brigam por terra? Se ela não tem dono! Deus é cigano está em todo lugar, Eu não sou daqui, aqui não quero ficar, vou seguir meu caminho, em outro canto (lugar) tentar... Vou tentar encontrar, um lugar verdadeiro, onde não haja primeiro e nem último lugar. Eu não quero competir, Quero apenas, sorrir pra vida, Em sociedades de amigos, os mais fortes devem dos mais FRAGEIS CUIDAR, Eu não sou daqui... Grande deus, quero ir indo, me leve enquanto estiver sorrindo, eu não quero chorar... Sábio pai, mãe terra, me digam se é certo, o homem planta em solo fértil até desertificar?... 32 Quero ir é agora, sinto o medo chegando, a ganância roubando, céu, terra e mar, Destruíram espécies, Construíram a bomba, Eu não quero esta onda, quero é paz encontrar... Não, definitivamente, não sou daqui, Eu nasci pra sorrir já não quero chorar... DEUSA DO PARAÍSO Deus deixou a porta aberta e você saiu, Assim que me viu olhou e sorriu, Foi o suficiente pra me apaixonar. Vem, deusa do paraíso, vem cuidar de mim, Estou só e carente de você pra mim, Preciso ter você pra me acompanhar. Meus sonhos com você são sonhos de cristais, Estando com você eu já não sofro mais, Eu estava tão carente de me apaixonar. Eu vi a sua aura quando você sorriu, Me olhou toda contente assim que me viu, Foi um piscar de olhos pra me apaixonar. 33 Você De seu sorriso me vem a paz, De teu olhar me vem a luz, De teu corpo a sedução, Meu coração bate no compasso do seu coração, seus passos me dizem por onde ir... Confesso que preciso de você em mim pra poder sorrir Meu caminhar depende de seu andar... Você deu sentido a minha vida, Sem você a vida é bandida... Os dias são escuridão, Então me diga qual o caminho pra encontrar seu coração? Uma multidão é ninguém sem você, você é a multidão que preciso, ou seja, pra ser feliz só preciso de você! Beija flor Beija flor de única flor eu sou Beijo a beijo nosso amor nasceu, em sua beleza pra sempre cresceu, Beija flor, minha beija sou eu... Minha flor seu pólen germina o amor, seu odor é que exala o amor, seu encanto me fez renascer, Flor de orquídea que perfume com cheiro de vida, 34 Vieste a mim pra que eu possa viver... Beija flor de única flor eu sou, Vamos juntos cultivar o amor... Chorei Chorei, chorei, muito imaginando sua face, quando soube que estávamos grávidos, eu sua mamãe... Chorei, quando falava contigo ainda no útero e você respondia, se mexendo, chutando, dando sinais que estava ouvindo e queria se comunicar... Chorei quando no hospital vi você entre tantos bebês. Chorei copiosamente ao ver seu riso pela primeira vez, quando falou papai a primeira vez, quando engatinhou, andou, caiu, rolou pelo chão... Chorei tantas vezes o choro da alegria, o choro da emoção... Em cada vitória sua eu choro e chorarei até meu ultimo dia, o choro que tem a lágrima do amor, da felicidade, por ter você... A única lágrima de dor é quando você sente dor, certamente ela dói mais em mim que em você mesmo... Saiba que cada lágrima valeu a pena, que cada sonho valeu a pena, que ter você vale a pena, meu filho meu herói, meu grande herói, meu filhão... Ah, ... ia esquecendo de explicar, pra mim existem dois tipos de lágrimas a da dor que não queremos experimentar, outro tipo é do amor a exaltar, da alegria, da emoção aquela que é só coração a lágrima da vitória da exaltação, lágrimas de vida de vitória que enobrece, enriquece... quem derrama jamais esquece, a lágrima que queremos ter, você pra mim, filhão é a lágrima que me faz viver ... 35 MORTE E VIDA EM QUARENTA E SETE DIAS, MEU CALVÁRIO Se existe um tema para o qual nos sentimos despreparados para conversar, este se chama morte, aliás, morte, futebol, religião e educação geram muitos palpites e quase todos achamos que sabemos, o analfabeto ao falar de educação, futebol, religião e morte é expert, imaginemos então os letrados, os quase letrados, os meio letrados... Acredito ser necessário um esclarecimento em relação a meu ponto de vista sobre este tema, para mim não há morte em nossa caminhada evolutiva, o que existe são várias etapas de transformações, quais sejam, junção do espermatozoide ao óvulo, primeira transformação, deixamos de ser duas células e passamos a ser um embrião, para aquele que acredita em morte, esta é a primeira morte, para quem acredita em evolução, primeira transformação, completada sua evolução, há então a saída do feto do útero, agora um bebê em condições de vida, ou seja, segunda grande transformação, para aquele que acredita em morte segunda morte, para quem acredita em transformação, segunda transformação da vida, completada a etapa terrena passamos então pela terceira transformação, ou seja, deixamos este plano para um novo plano, seguindo então nosso processo evolutivo. Há muitos anos sonho em escrever um livro, iniciei vários, de todos os gêneros todos eles pararam no mesmo lugar, o LIXEIRO. Escrevi inúmeras poesias, músicas, textos, sínteses e nada, quando chegava em determinada quantia de páginas lia, relia, pedia para outras pessoas lerem e jogava fora. Em algum dia do ano de dois mil e quatorze, morri, fui então para o céu, lá chegando, São Pedro, acreditem ao contrário da imagem que normalmente descrevem não é um velho é sim um jovem senhor com uma característica diferente, uma verdadeira irradiação de energia, sempre gentil, me recebe, me orienta a esperar por algum tempo e volta com a lista nominal daquele dia, e me diz em tom de brincadeira, ao que relutei a acreditar: - Desculpe moço, mas você não está na relação de hoje, acho que está na lista do inferno que tem outro endereço. 36 Cabisbaixo, calado, com um grande nó na garganta me encaminho então para lá, pensando, “triste sina a minha, sempre lutei tanto para melhorar a vida das pessoas, ajudei a plantar árvores, orquídeas nas árvores da cidade, colaborei e ajudei a fazer proteção com solo e cimento para proteger nascentes, fiz inúmeras palestras tentando sensibilizar pessoas a protegerem o ambiente e se afastarem das drogas, retirei cachorros abandonados das ruas e dei abrigo aos mesmos e vou parar no inferno!!! Depois de andar por longos metros neste profundo lamento, felizmente ouço a voz de São Pedro me chamando, dizia ele, novamente em tom de brincadeira, com seu aspecto juvenil, pois, para ele o tempo não passou: - Moço, você é aquele rapaz que organizava grupos para fazer a limpeza dos rios, plantio de orquídeas nas árvores da cidade, fazia proteção em solo e cimento, me equivoquei, sua hora ainda não chegou, volte pra terra, agora você precisa escrever um livro. Comemoro então a volta a vida e me encaminho pra terra agora determinado a escrever meu primeiro livro. Brincadeira a parte, eis que em dois mil e quatorze, num momento em que me sentia muito bem, estava neste período viajando bastante, algo que sempre quis mas antes não tinha tantas possibilidade de fazer, neste ano, depois de vários anos sem tirar férias havia tirado férias, eu, meu pai e minha namorada, fomos viajar,Matogrosso do sul, Matogrosso e Goiás, diversos dias na estrada, passamos por tropas de gado em meio ao asfalto (algo que eu só havia visto na televisão e sonhava em ver), rios belíssimos, vimos muitas espécies de animais, visitamos minha madrinha, faziam alguns anos que eu queria visita-la e não conseguia, mesmo morando tão perto, enfim, este ano iniciou muito bem, depois de bastante tempo, sofrendo intensa perseguição em um dos meus trabalhos e de um dois mil e treze com muitas dificuldades, inclusive financeira, o ano prometia e prometia muito. Fazia algum tempo que eu me sentia inseguro, não gostava de ficar sozinho, tinha um certo medo do entardecer principalmente em finais de semana, feriados e outros dias em que por alguma razão não havia trabalho. 37 Quando fugimos de nós mesmos, somos a última pessoa com a qual queremos ficar a sós e descobrir- lhe seus segredos mais profundos como medos e tendências. Por isso é necessário “passar” o tempo com atividades que mantenham os olhos para longe de si – de preferência, com o máximo possível de excitação. Nem todo aquele que passa os dias soltando gargalhadas, “se divertindo”, está de fato de bem consigo mesmo. (PETRICH, LADEMIR RENATO, 2014 P. 22). Durante a viagem, percebi que não conseguia parar, se sentava logo queria levantar, se parava o carro queria logo continuar a viagem, dificuldade para dormir e sempre querendo andar, parecia que a temperatura estava acima da média, me sentia trêmulo e inseguro, principalmente ao deitar, tinha sempre a impressão que não conseguiria dormir, ou que me sentiria mal durante a noite, sentia com muita frequência dor nas costas, tomava relaxante muscular, por diversas vezes levantava e ia ao banheiro fazer xixi. Fim de férias, volta ao trabalho, vida nova, novo ano, nas costumeiras reuniões pedagógicas distribuem então novas metodologias e regras para fazer o Plano Didático de Trabalho, sinto me apavorado, não falei nada pra ninguém, mas, o medo toma conta de mim e um único pensamento me apavora o de não conseguir fazer, todas as escolas concederam prazos para a entrega dos mesmos e eu, nem pensar de iniciar os meus, o pavor de não conseguir fazer me deixava inerte, sem reação ou iniciativa alguma, embora em termos de informática eu conte sempre com a gentil ajuda de meu filho André Cassiano. Neste momento eu iniciara também o trabalho na Agência do Trabalhador, estava muito motivado, mas, ali também o medo me apavora, embora, trabalhando com a Professora Maristela Becker Miranda, à quem considero como uma irmã, todo instante pensava, “não vou dar conta de trabalhar com este sistema”, os novos colega de trabalho me orientavam, eu manipulava o computador com o sistema nacional de emprego e sem conseguir me concentrar, me pegava no pensamento negativo de que não 38 daria certo, mesmo durante a noite vinha me a mente o medo, medo de não conseguir, desenvolver minhas atividades do dia seguinte. Por fim as aulas iniciam, converso então com a Coordenadora pedagógica do Colégio Estadual José Angelo Baggio Orso, Professora Jocilene Terezinha Otto Di Lauro, exponho à ela o que estava acontecendo, meus constantes medos e minha preocupação. Como trabalhar doze horas por dia sem dormir? Então ela me orienta a procurar um psiquiatra, nesta mesma noite retorno para casa e nada de dormir, me dirijo então a um hospital, o médico me aplica uma vacina e me manda para casa, após algumas horas rolando de um lado para o outro da cama finalmente consigo dormir. PRIMEIRO SURTO No dia seguinte, procuro atendimento especializado, uma psiquiatra, carismática, me faz uma série de perguntas e me prescreve alguns medicamentos, na primeira noite do tratamento um absurdo surto, apavorado não conseguia dormir, tomo então um banho, dois banhos, três banhos, cochilo por um curto tempo e comecei a delirar, imaginando que nunca mais conseguiria desenvolver qualquer trabalho, medo de absolutamente tudo, frustração, pavor, tudo misturado em um único pensamento, o de incapacidade, me sentia de pés e mãos amarrados, não vejo mais motivos para continuar vivendo, amarro então uma das pontas de meu lençol na grade da janela de meu quarto e a outra ponta em meu pescoço, algo me dizia que nunca mais eu conseguiria desenvolver uma atividade laboral, que não conseguiria conversar normalmente com ninguém que estava perdido, completamente perdido, depois de algum tempo, felizmente retomo a consciência, desisto da ideia, saio pra rua na madrugada em busca de uma luz, algo que me devolvesse o total domínio de meu corpo, de minha plena consciência, depois de algum tempo de caminhada mesmo sob o domínio do medo volto pra casa, tomo um banho, mais um banho como estava fazendo há vários dias, ou melhor há várias noites, só os seguidos e demorados banhos, momento onde curvo meus 39 joelhos e faço minhas orações, me permitiam dormir, pelo menos por um curto espaço de tempo, não mais que meia hora de sono e novamente acordava. INÍCIO DO CALVÁRIO Ao amanhecer, ligo para minha namorada e peço que me leve novamente a psiquiatra, ligo para a gerente da Agência do Trabalhador (onde trabalho) e digo que não sei que horas vou chegar ao trabalho, pois, não estou bem e tenho de ir a psiquiatra, a mesma pede se preciso de ajuda e se dispõe a me socorrer, digo que está tudo bem e então vamos ao consultório. Sempre muito carismática e simpática a psiquiatra nos faz uma série de perguntas, entre elas, se minha namorada tem condições de me socorrer, ou seja, se ela dispõe de tempo para ficar vinte e quatro horas por dia comigo, levantamos uma serie de hipóteses diante da afirmação da médica de que eu não poderia ficar sozinho nenhum minuto, melhor dizendo, nenhum segundo, ou seja, se eu precisasse ir ao banheiro a porta não deveria ser fechada, para que pudesse ser acessada rapidamente diante de qualquer atitude suspeita, concluímos então, que eu teria de ir para o sítio onde minha mãe e meu pai me acompanhariam dia e noite. DESABANDO O MUNDO Certamente a psiquiatra passou algumas orientações para minha namorada que não as passou para mim, diante disso, vejo meu mundo desabar, quinze dias longe do trabalho, meu filho, minha namorada, amigos e amigas, além de outras pessoas e a cidade que adoro, estes dias me pareciam uma eternidade, imaginei que não iria suportar, mas, era o único caminho viável naquele momento, haja visto que todos aqui trabalham ou estudam e não há ninguém que possa fazer marcação cerrada em todas as minhas 40 atitudes, e afinal, esta atitude fora tomada para preservar minha integridade física e mental. Entrar no carro e seguir para o sítio me parecia o fim de minha caminhada terrena, me sentia totalmente perdido, estar perto de meus pais, minhas irmãs, minhas sobrinhas e meu filho é algo que amo por demais, sofro muito todo a vez que me afasto deles. Meu pai toda vez que vamos sair de sua casa procura alguma desculpa, (pegar um animal, ver um jogo, uma carreira de cavalo), para não nos ver saindo e quando fica olhando um de nós sair, não controla as lágrimas e chora copiosamente, sofro muito sentindo sua falta e a falta de muitas pessoas de minha convivência. SOBREVIVÊNCIA NO SÍTIO Já no sítio, junto da minha mãe e meu pai e uma série de animais, entre eles os cachorros que adoro, especialmente o Bobi, (uma cruza de Rottweiler com Basset, de porte mediano, bem entroncado e forte, leal companheiro), só tenho um pensamento, recuperar logo minha saúde e voltar para a melhor cidade do mundo, a cidade que moro, Cascavel no Estado do Paraná. Inicio então o tratamento, percebo que minha mãe em momento algum se separa de mim, peço a meu pai que guarde tudo que ofereça risco, como: faca com ponta, corda, medicamentosa.... Meu pai questiona se realmente é importante escondertudo, não entende ele os reais riscos, mas, mesmo contestando sobre a real necessidade, ele esconde tudo deixando, objetos e produtos perigosos longe de meu alcance. Imediatamente, minha mãe acrescenta uma cama em meu quarto, (na casa de meus pais os quartos que ocupávamos quando morávamos com eles estão preservados) onde meu pai passa a dormir ao meu lado todas as noites, acredito que devido a dose de medicamento, acabo dormindo bem mais que o normal, durmo não apenas a noite, mas, o desânimo me toma e passo a dormir durante os dias, boa parte dos dias eu não via motivação para me levantar, mesmo diante da insistência 41 de meu pai para acompanha-lo em seus afazeres, ou quando algumas pessoas vinham me visitar e evidentemente queriam conversar comigo. Vejo que a preocupação de minha família e minha namorada é enorme, todos passam a me vigiar, minha mãe que é uma pessoa que se mantem viva graças a sua fé (tenho três irmãs já falecidas, sendo que a segunda mais velha faleceu em decorrência de um acidente de trânsito a exatos noventa dias antes de meu nascimento), passa a me convidar para acompanhá-la em suas orações, o que faço com muita convicção na minha rápida recuperação, nas terças íamos para a cidade participar do grupo de oração da renovação carismática, sempre peço a Deus que me devolva a qualidade de vida, afinal, queria voltar logo para Cascavel. Procurava encontrar forças na oração, na fé inabalável de minha mãe, confesso que até pedia para minhas três irmãs que são anjos, para me socorrerem, pois queria minha vida de volta, não suportava ficar longe de tanta gente que gosto, namorada, filho, dos alunos, amigas, amigos, trabalho, queria voltar, todas as manhãs era normal ouvir e rezar junto com o Padre Reginaldo Manzotti, mas por pura ironia quanto mais eu queria viver, mais eu morria, já não tinha vontade de levantar, queria ficar na cama, dormir, dormir, dormir... O ACIDENTE FATAL Perdi completamente a noção de tempo, mas, a vontade de viver era constante, lembro que um dia, eu já sem noção de hora, faço orações junto com minha mãe, lembro que saímos juntos do quarto, ela pegou um balde com comida para os cachorros e o Bobi sempre faminto a seguiu, (o único momento que ele se afasta de mim é quando lhe oferecem comida, do contrário ele arrisca-se a levar uma bronca ou até apanhar de meus pais, mas acaba entrando casa à dentro, faz de conta que não vê mais ninguém, abana o rabo e pé ante pé entra sorrateiramente, se der jeito até se arrisca a subir na minha cama), lembro que seguia minha mãe, lamentando, puxa logo agora que estou tão bem... mas de modo impiedoso sem nenhum aviso, nenhum escrúpulo, 42 nenhuma compaixão ela veio me buscar, logo eu que a algum tempo havia poetizado dizendo: ó morte, sábia morte, porque não vem me buscar, em uma dose de veneno, em uma curva de estrada, em um lugar esmo, de modo trágico ou fatal, a ti quero me entregar... eis que ela veio e veio de modo trágico, talvez o mais trágico e inesperado possível. Curiosamente no momento em que eu mais queria viver, uma série de projetos de vida para serem executados e ela veio, com as cores do medo, o cruel e covarde medo, depois de algum tempo tudo o que vejo é congelada em uma única imagem diante de mim, minha mãe, e meu amigo Bobi..., nada mais vi, nada mais senti, parti..., mas para minha sorte, meu anjo da vida e não o da morte estava ali, para me trazer novamente e pela terceira vez à vida (a primeira no seu útero, a segunda quando me encontrou com os dedos, entorno das unhas roxos e gritou por socorro no leito do hospital onde eu estava internado recebendo tratamento para reumatismo, sendo que o que eu tinha era hepatite e fui curado a base de chá composto por raiz de salsa, raiz de picão branco, casca de tarumã, flor de coqueiro, tudo fervido junto), e agora eu estava ali, enroscado em uma varal usado pelos meus pais para secar salame na cozinha de casa, inerte sem vida, morto. Minha mãe e anjo da guarda, consegue forças certamente do além, mas consegue me erguer e desvencilhar meu pescoço (o queixo estava enroscado no varal) levantou me e me deitou ao chão, implorou por socorro como alguém que desesperado suplica clemência, ela me contou que em sua súplica, implorou à Deus que a levasse, mas me devolvesse a vida... Por sorte e pela proteção divina nosso amigo Elizeu Lorini, estava a caminho de nossa casa para me visitar, encontrando me naquele estado, ajudou a me carregar na caminhonete e em velocidade bem superior ao que a lei permite me levou ao hospital mais próximo, Hospital Santa Izabel, ali recebo os primeiros procedimentos para ressuscitar, os médicos orientam minha família que preciso ser conduzido para um centro médico com mais recursos, é quando a central de leito nos indica o Hospital Regional de Francisco Beltrão, de lá, vem então uma ambulância com Unidade de Tratamento Intensivo, por ironia do destino, em meio a BR havia uma árvore caída em consequência de uma tempestade, o que atrasou em duas horas este transporte, fico por algum 43 tempo no Hospital Regional de Francisco Beltrão, sou transferido para o Hospital São Francisco, ainda em Francisco Beltrão. De lá, um Helicóptero equipado com UTI, me trouxe então para o Hospital São Lucas em Cascavel. Pausa – Quero aqui elogiar a atitude ousada do governo do Estado do Paraná em contratar este serviço, lamentar os críticos, pois, nenhum valor econômico supera o valor de uma vida. Parabéns governador, serei sempre grato por esta atitude. Parabéns Prefeito, pela instituição da parceria para implantar o CONSAMU. ORAÇÃO, MOBILIZAÇÃO E CURIOSIDADE O meu retorno à Cascavel fora feito com o helicóptero do CONSAMU, não vi, não senti absolutamente nada, fui levado direto para o hospital São Lucas. Em Cascavel houve grande movimentação, amigos, amigas, familiares, pessoas próximas, muitos se dirigiam ao hospital querendo me ver, nada vi, lembro me apenas do dia que acordei, a maior parte do tempo fiquei em coma na UTI, no dia que sai do hospital me perguntou a moça da portaria, qual a razão de tantas pessoas quererem me ver, que ela nunca havia presenciado um número tão grande de pessoas procurando e querendo visitar um interno, alguns até diziam na portaria que eram meu irmão ou irmã, para tentar me ver. Depois de alguns dias, volto à vida, acordo, vejo minha irmã e minha namorada ao meu lado, não entendi nada, no primeiro momento fiquei curioso, mas, nada perguntei, a curiosidade dura alguns dias, quando tive a oportunidade pergunto a minha namorada. Por que estou no hospital? Ela desconversa, não me responde com clareza, continuo sem saber... A movimentação em meu quarto era grande, embora houvesse limite de pessoas para a visita, olho para meu filho sem entender, por qual razão estou no hospital, meu primo Joacir Nicolau da Costa, o Tranquilo Nicolau, o Vanderlei Nicolau, o Claudio Bavio, a Iolanda da Costa, minhas irmãs, Elizete e 44 Ivanilde... quando anoitecia havia sempre um revezamento para um deles passar a noite sem dormir ao meu lado, era a cota de cada um para uma ação humanitária. Depois de algum tempo, minha namorada me diz brevemente que eu havia sofrido um acidente, me enroscado em uma corda de varal usada para secar salame na cozinha da casa de meus pais. Hoje o varal não está mais lá, meus pais moram na casa nova e eu salvo por um anjo de luz, minha mãe, sou sobrevivente, sobrevivente de uma história que eu mesmo sempre duvidei, nunca acreditei que pudesse existir depressão, quando me diziam que estavam com esta doença sempre tive dúvidas, me perguntava, se de fato existia esta doença, ouvi pessoas que sobrevivem com os sintomas que senti durante sua vida inteira, até por não conhecerem seus reais riscos. E a vida sorriu de repente, sorriu porque tinha razões,Razoes pra viver muitos sonhos, Sonhos com muita emoção... Se emotivo por instantes parti, renasci, ressurgi, ressuscitei, Voltei pra viver mais contente, pois a morte não é solução... A morte é o lado escuro da vida, sem saída, com ela encontramos, Nela mergulhamos pra sempre, seja feio, ou gente mais bela... Ela iguala ricos e pobres, humilde ou o sempre arrogante, se a vida sucumbe, da morte renasci, pois, morri por instantes. 45 A DOENÇA DO SÉCULO Segundo Paulo Geiger no minidicionário contemporâneo da Língua Portuguesa, no sentido psicológico depressão é um estado patológico, de natureza orgânica e psicológica, que envolve abatimento, desânimo, inercia, às vezes ansiedade. Certamente você leitor já ouviu falar em depressão, defendida por muitos como sendo a “doença do século”, alguns afirmam que é uma doença do espírito, outros que é doença orgânica, há ainda uma definição como orgânica ou decorrente do estresse. A verdade é que ela existe e está viva, fazendo uma serie de vítimas que não contam com as mesmas condições que tive ou com as pessoas em minha volta para me trazer a vida. Espero que este material seja útil para a quebra de alguns tabus, depressão é doença de qualquer um e não “coisa de fresco” é doença que mata sem nenhuma piedade e compaixão. Desde o momento que iniciei o tratamento na fase mais aguda da doença, perdi a consciência por algum tempo, para retomar minha vida tive e ainda tenho de ouvir as pessoas que estiveram em minha volta para reconstruir minha história, pois, dela nada sei, tudo que sei é que eu queria muito viver, mas a cada instante morria mais, até chegar ao fim, fundo do poço, morte, sim por alguns dias meus sentidos desapareceram, nada senti, nada vi, nada vivi, estive inerte no leito de alguns hospitais. Algumas pesquisas apontam para o fato de que suas causas estão relacionadas ao desequilíbrio químico do cérebro, além de acontecimentos desgastantes, tais como, a perda de um ente querido, separação, perda de emprego e tantos outros. A pessoas com depressão apresentam tristeza com grande frequência, ou seja, persistente, além da perda de interesse em realizar atividades que normalmente eram de seu interesse, uma depressão grave pode levar a uma ampla gama de problemas emocionais e físicos. Os sintomas do depressivo incluem a incapacidade de dormir ou de concentração em suas atividades, 46 mesmo as mais simples. Perda de apetite, níveis de energia reduzidos e pensamentos suicidas também são observados com muita frequência em pessoas afetadas pela doença. 47 SUICÍDIO Outro tema muito complexo para ser abordado é o suicídio e suas diferentes formas, é sabido que em diferentes momentos da história humana sua definição passou por compreensões diferentes. Em certas culturas primitivas, o suicídio era um evento constituinte dos costumes tribais. Na Antiguidade greco-romana, o exercício racional de um direito pessoal. Pecado mortal na idade média, fruto de instigação demoníaca, o suicídio transformou-se em dilema humano no século XVII. A partir da segunda metade do século XX, a frequente associação entre suicídio e transtornos mentais embasou sua prevenção no âmbito da saúde pública. (BOTEGA, 2015, p. 14). Analisando o ponto de vista, em algumas religiões chega a ser apavorante, é claro e perfeitamente compreensível que as religiões se preocupam em manter a vida, e para tanto usem de todas as formas para valorizar a vida em sua plenitude, mas, a visão de algumas religiões a discussão sobre este tema é simplesmente cruel. Judaísmo. O quinto mandamento da lei mosaica proíbe matar, mas não especifica se isso se aplica a própria vida. A tradição dos suicídios heroicos do Antigo testamento permaneceu nas guerras judaicas dos primeiros séculos. No ano 73, em Massada, mais de mil judeus estavam prestes a sucumbir aos ataques romanos. Após o celebre discurso de exortação ao suicídio proferido por seu chefe, Eleazar, todos se mataram. O Talmud condena o suicídio e impede rituais fúnebres para o falecido, porém, atualmente, consideram-se exceções, como em casos de doença mental, tortura, honra e castidade (BOTEGA, 2015, p. 31). 48 Dia destes conversando com uma pessoa que frequenta uma religião, ele me dizia “há muitas formas de condenação no momento em que chegar a vida eterna a pior delas, no entanto é o suicídio, o suicida não tem nenhuma possibilidade de ser perdoado por ter tirado a própria vida, não haverá perdão”. Durante o velório de um aluno que se suicidou, sou abordado por um amigo, “não te passa um filme por sua cabeça”, respondo que não há consciência na tentativa de um suicídio, a atitude é tomada num momento de profunda perda de consciência, ao que ele prontamente conclui “então é coisa do diabo mesmo, que ilude o ser humano”. Na localidade onde cresci havia um cemitério, lembro-me que era dividido em grupos, os católicos, os não católicos e os suicidas, estes eram sepultados fora do campo santo, por serem considerados indignos de estar entre os outros mortos. Durante a Idade Média, dependendo dos costumes locais, o cadáver do suicida não poderia ser retirado de casa por uma porta, mas passado por uma janela ou por um buraco aberto na parede. Era, então, posto em um barril e lançado ao rio. Em algumas localidades, o cadáver era arrastado por um cavalo até uma forca, onde era pendurado com a cabeça para baixo. As mãos eram decepadas e enterradas separadamente. Os enterros deveriam ser feitos em uma estrada ou encruzilhada, nunca num cemitério do povoado (Botega, 2015, p. 18). No Filme Luther (Lutero), há uma sena que aborda este tema antes da Reforma Protestante, nela um jovem se enforca em uma construção, seu pai desesperado pergunta a Lutero, Padre o que Deus fala do suicídio? Lutero nada responde, na cena seguinte Lutero aparece desafiando o demônio, dizendo conhecer suas obras, “mandando um rapaz se suicidar”..., na sequência o coveiro tenta impedir Lutero de sepultar o jovem com os demais mortos, dizendo que aquele espaço é solo sagrado e que os demais não iriam mais descansar com a presença do suicida, Lutero então toma para si a cavadeira e faz a cova, dizendo: “há quem diga que de acordo com a justiça 49 divina este menino está condenado por ter se matado, pois eu digo que ele foi possuído pelo demônio, por acaso essa criança é mais culpada pelo desespero que a assolou, do que um inocente assassinado por ladrões na floresta?” O Médium e orador Divaldo Pereira Franco, no endereço eletrônico www.blogespirita.com afirma: Seja qual for a justificativa que o indivíduo aturdido procure para fugir da vida física, comete um crime hediondo, não sendo ele o autor da vida, não tem o direito de interromper, o suicídio esta catalogado como crime hediondo ... desta maneira o indivíduo quando opta em destruir a vida, mesmo que se encontre em profunda depressão, há no seu inconsciente uma rebeldia muito grande contra Deus, de alguma forma o indivíduo está tentando matar outrem, por denominados casos amorosos, e na impossibilidade de destruir aquele que o infelicitou investe contra si mesmo, procurando interromper o ciclo vital para despertar no além túmulo, com sofrimentos que desfruem da dor primitiva e da soma das aflições decorrentes de seu ato de rebeldia. O suicídio é também um atestado de covardia moral e de profunda ingratidão, de ingratidão por aqueles que ficam, por aqueles que amam, por aqueles que se devotam, e que ignoram os conflitos de que o paciente sempre é vítima, graças aos avanços das doutrinas psíquicas e ao estudo na atualidade da depressão, constata se que da raiz de todo ato dessa natureza há um distúrbio de comportamento depressivo que esclarece, mas que não justifica, porquanto a própria depressão está emcurso no fenômeno de causa e efeito e se o indivíduo elevar se à Deus pela oração, pela prática do bem, pela superação das paixões atormentadoras, é claro que ele irá contribuir grandemente para a sua saúde comportamental, a sua saúde emocional, a sua paz, evitando o suicídio, suicidar se nunca! Por sua vez, o Físico, médium e conferencista espirita, Raul Teixeira afirma: ... “Todo o indivíduo que se suicida, ele deve estar vivendo um quadro diferente na sua intimidade psicológica, na sua intimidade psíquica, a criatura que se suicida certamente está desgostosa da vida, certamente não admite as propostas que a vida está trazendo, deseja vingar se de algo ou alguém, ou simplesmente está motivada no que se chama de suicídio honroso” ... para o http://www.blogespirita.com/ 50 espiritismo, cada suicida tem um nível de reponsabilidade, não se pode tomar de uma craveira e a partir dali todos são medidos pela mesma craveira, pelo mesmo escalão. ... mesmo aqueles que estão fazendo por onde, se matar, nos consideramos como suicida indireto, como o caso dos que tem vício do tabaco, dos excessos da droga etc., se ele estiver fazendo aquilo como um hábito, um costume, mas não é com a intenção de se matar ele é suicida, mas um suicida indireto, muitas vezes a criatura sabe que aquilo vai levá-lo a morte, então ele é um suicida consciente, é um suicida direto por que ele sabe que aquilo mata. Raul diz também que é possível nos prepararmos para a morte, simplesmente nos preparando para a vida. ... quando procuramos cultura, aprendizado, isso é crescimento espiritual, quando nós estudamos, aprendemos a tocar música, a cantar, a desenhar, a falar outra língua, quando aprendemos matemática, física engenharia, lá o que for, nós estamos evoluindo espiritualmente, evolução espiritual não é apenas evolução religiosa, é evolução do ser como um todo de modo que vale a pena nós fazermos o melhor que pudermos, em todas as áreas enquanto estivermos no corpo porque como diz o brocado popular, tal vida tal morte. 51 REPETINDO Morte não é a palavra que gosto de usar, não acredito que haja morte e sim transformação da vida para estágios maiores e melhores, na medida que vamos melhorando nosso ser, evoluímos para o estágio seguinte, deste modo evoluímos desde a fecundação, junção do espermatozoide com o óvulo, o nascimento representa a saída de um local onde, via de regra, estamos todos bem protegidos, alimentados e guardados para este mundo exterior sem nenhuma garantia, segurança ou certeza e certamente teremos no mínimo mais uma evolução quando sairemos deste mundo para um lugar ainda desconhecido. O que dizer então aos que duvidam? Procurem especialistas e dediquem se aos que apresentam os sintomas descritos acima, leiam bons livros com especialistas da área, procurem nas religiões sérias, orientação para acompanhar e monitorar o comportamento da pessoa doente, do contrário só restará o lamento que não fará nenhum sentido, pois, o seu ente querido já terá partido, não por querer, de sã consciência ninguém quer ir para outro plano, portanto ninguém quer se suicidar, o suicídio é algo frio e sem a atitude consciente, há no momento em que ele acontece uma perda total da consciência, você é conduzido a algo sem saber o que está fazendo. Muitas pessoas dizem que beberam e fizeram algo que não gostariam de ter feito, no dia seguinte não lembram de nada, outros em trânsito saem da pista, batem o carro sem nada ver, o sono após algum tempo de viagem se torna um grande perigo com risco fatal, acredito que o caminho do suicídio seja o mesmo, não há atitude pensada, articulada, planejada para tal atitude, há sim, uma queda abrupta no despenhadeiro é como cair num abismo sem retorno. Acho importante destacar que é muito comum ouvirmos pessoas condenando suicidas, sem procurarem compreender ou estudar os fatos, é certo que muitos tabus envolvem este tema. 52 Respondendo aos inúmeros crescentes de suicídio ocorridos na década de 1990 e ao incentivo da Organização Mundial da Saúde, 28 países idealizaram e implantaram planos nacionais de prevenção ao suicídio. Outros, de forma mais tímida, entre os quais o Brasil, publicaram diretrizes gerais que não chegaram a se configurar em um plano nacional com ações estratégicas voltadas para a prevenção. Em documento recente, a Organização Mundial de Saúde enfatiza que o comportamento suicida ainda é obscurecido por tabus, estigma e vergonha, o que impede as pessoas de procurarem ajuda nos serviços de saúde. A prevenção pode ser alcançada pelo enfrentamento proativo desses obstáculos, pela conscientização da população e pelo apoio dos sistemas de saúde e da sociedade como um todo. (BOTEGA, 2015, p. 25). Suicídio não é apenas aquele em que a pessoa mesmo sem querer tira a própria vida, suicídio é também viver sem ter vida, viver vegetando, afogado na tristeza, sem sair de casa, bêbado caído pelas sarjetas, há várias maneiras de se desfazer da vida, vários modos de não viver, mesmo tendo todos os sinais vitais. Há pessoas que se suicidam ao decidirem se entregar as drogas chamadas ilícitas, outros as drogas lícitas, quais sejam as bebidas alcoólicas, outros mergulham numa profunda renúncia de participação na vida em sociedade, se apagam, não participam de nenhuma atividade pública, no trânsito há um número assustador de suicidas que se misturam a assassinos, que ultrapassam em locais proibidos e sem nenhuma visibilidade, forçam ultrapassagem, andam em velocidade exagerada. 53 DOENÇAS OCUPACIONAIS Certamente você trabalhador já percebeu o afastamento de colegas de trabalho por estarem sofrendo com as conhecidas doenças ocupacionais, que são aquelas doenças que causam alterações na saúde do trabalhador independente da sua função, sejam as atividades por ele desenvolvida classificada como simples ou complexa, mas, está relacionada ao tipo de ocupação desenvolvida. A doença ocupacional é toda aquela doença que causa alterações na saúde de qualquer trabalhador, em qualquer área de execução do serviço, desde as tarefas simples, até as mais complexas. E deve estar sempre relacionada ao tipo de ocupação que o trabalhador exerce, como o câncer que se desenvolve em trabalhadores de minas de metais ou carvão (CONNAPA, 2016). O site http://falandodedeprotecao.com.br aponta as principais doenças ocupacionais por repetição. Entre elas estão: Lesão por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), Asma Ocupacional, Silicose, Antracose, Bissinose, Siderose, Dermatose Ocupacional, Câncer de pele, Surdez, catarata, desgaste da Visão, depressão, estresse, ataques de ansiedade ou síndrome do pânico. Percebemos que a depressão também é apontada como doença ocupacional e não unicamente por um autor, mas por vários deles. A pressão excessiva do mundo moderno gera uma série de problemas de ordem emocional, como depressão, estresse, ataques de ansiedade ou síndrome do pânico. Podem ser causadas por isolamento, pressão psicológica, ritmo agressivo de trabalho, dificuldades ou desentendimentos no ambiente de trabalho ou carga horaria excessiva. São doenças perigosas por não serem encaradas com a devida seriedade, podendo ser imperceptíveis 54 quando no início ou à primeira vista. Ao contrário do que pensam, podem se tornar irreversíveis, afastando definitivamente o trabalhador. Ocorre com frequência entre policiais, seguranças, bancários, operadores de telemarketing e profissionais de comunicação (FALANDODEPROTECAO, 2016). Até mesmo o Ministério do Trabalho manifesta sua preocupação em revista de publicação própria MPT EM QUADRINHOS número 16, escrita pelo Dr. CARLOS EINSNER, médico do trabalho, cita uma série de doenças como sendo