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APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
2 
SOBRE O AUTOR 
Felipe Silva Gonçalves Lacerda é 
formado em Administração de Empresas 
pelo Ibmec no Rio de Janeiro. 
Meu interesse pelo mercado de 
ações começou quando eu ainda estava na 
faculdade, embora eu não tenha começado 
a investir nesse momento. 
Nessa época eu ainda tinha muita 
insegurança para colocar meu dinheiro em 
algo que não entendia muito bem, então 
comecei a pesquisar e tentar aprender 
mais sobre como investir em ações. A 
maior parte dos conteúdos que eu 
encontrava era sobre a sedutora análise 
técnica, então foi o conteúdo que comecei 
a consumir. 
Alguns anos depois, quando 
comecei a investir em ações, utilizei a 
análise técnica. Não durei muitos meses 
utilizando essa estratégia, pois percebi que 
não fazia sentido comprar participação em 
uma empresa através de indicadores 
gráficos pouco fundamentados. Foi quando 
eu encontrei a análise fundamentalista, 
utilizada pelos maiores investidores de 
sucesso em ações. 
Aprendi muito através de livros, 
artigos e cartas escritas por grandes 
investidores como Warren Buffett, Peter 
Lynch, Benjamin Graham, Philip Fisher, 
John Templeton entre outros. Nesse 
momento as coisas passaram a fazer mais 
sentido e comecei a seguir o caminho do 
Value Investing. 
Eu decidi me especializar em 
finanças corporativas para mergulhar ainda 
mais na análise aprofundada de empresas 
e aperfeiçoar a habilidade da análise de 
balanços. Acredito que, como investidores, 
devemos ser sempre ativos e nunca parar 
de estudar sobre o mercado. 
Esse conteúdo foi pensado para 
quem quer aprender mais sobre como 
analisar os indicadores financeiros com o 
objetivo de se tornar sócio de boas 
empresas. 
Caso queira consultar mais sobre 
meu trabalho de ensino e aprender sobre 
análise fundamentalista, te convido a se 
inscrever no meu canal. 
 
. 
 
 
https://www.youtube.com/channel/UC56v9e7yyEKo597PL7Km8RA/featured
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO ...........................................................................6 
Objetivo da Análise das Demonstrações Financeiras ......................7 
As Decisões Financeiras de uma Empresa .....................................9 
As Principais Demonstrações Financeiras .................................... 12 
Balanço Patrimonial ................................................................. 12 
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) ....................... 16 
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) ................................ 18 
Aspectos da Governança Corporativa .......................................... 21 
Como a Análise de Demonstrações Financeiras Reduz o Risco da 
Carteira ..................................................................................... 25 
Risco Sistemático .................................................................... 25 
Risco Não-Sistemático ............................................................. 26 
CONHECENDO O NEGÓCIO ................................................... 29 
Aprenda a Analisar o Parecer do Auditor ..................................... 30 
Sessão "Opinião" ..................................................................... 31 
Sessão "Base para opinião" ..................................................... 33 
Sessão "Parágrafos de Ênfase"................................................. 34 
Sessão "Responsabilidades da Administração" .......................... 36 
Sessão "Responsabilidades dos Auditores" ............................... 37 
Análise SWOT ............................................................................ 39 
Onde encontrar insumos para uma boa análise SWOT? ............ 41 
ANÁLISE ATRAVÉS DE INDICADORES ................................. 43 
Análise Horizontal e Vertical ........................................................ 44 
Análise Horizontal .................................................................... 44 
Análise Vertical ........................................................................ 45 
Indicadores de Lucratividade ...................................................... 47 
Margem Bruta ......................................................................... 48 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
4 
Margem Operacional ............................................................... 50 
Margem Líquida ...................................................................... 51 
Indicadores de Rentabilidade ...................................................... 54 
Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) ................................ 54 
Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) ................................. 56 
Retorno sobre Ativo (ROA) ...................................................... 58 
Indicadores de Prazos Médios ..................................................... 60 
Prazo Médio de Estocagem (PME) ............................................ 60 
Prazo Médio de Pagamento (PMPC) ......................................... 63 
Prazo Médio de Recebimento (PMRV) ....................................... 65 
Ciclo Operacional ..................................................................... 67 
Ciclo Financeiro ....................................................................... 69 
Indicadores de Capital de Giro e Necessidade de Capital de Giro .. 72 
Capital de Giro Líquido (CGL) ................................................... 73 
Capital de Giro Próprio (CGP) ................................................... 74 
Necessidade de Capital de Giro (NCG) ...................................... 75 
Efeito Tesoura ......................................................................... 77 
Indicadores de Liquidez .............................................................. 79 
Liquidez Imediata .................................................................... 80 
Liquidez Seca .......................................................................... 81 
Liquidez Corrente .................................................................... 82 
Liquidez Geral ......................................................................... 83 
Indicadores de Estrutura Patrimonial........................................... 85 
Endividamento ........................................................................ 87 
Composição do Endividamento ................................................ 88 
Imobilização do Patrimônio Líquido .......................................... 89 
Imobilização dos Recursos não Correntes ................................. 90 
Endividamento em Relação ao Patrimônio Líquido .................... 91 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
5 
Leituras Recomendadas ........................................................ 93 
Negócios ................................................................................. 93 
Finanças Comportamentais ..................................................... 95 
Análise Fundamentalista .......................................................... 96 
 
 
 
 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
6 
INTRODUÇÃO 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
7 
Objetivo da Análise das 
Demonstrações Financeiras 
 
 análise das demonstrações financeiras teve início no 
século XIX, quando banqueiros americanos passaram 
a solicitar os balanços de seus clientes, antes de 
realizar um empréstimo. 
As demonstrações financeiras fornecem dados que, quando 
analisados, são transformados em informações que são utilizadas 
para tomada de decisão dos diferentes públicos da empresa (clientes, 
acionistas, fornecedores, diretores, conselho administrativo, 
colaboradores, concorrentes e outros). 
É por meio da análise desses dados que o acionista entendeos 
principais riscos financeiros da empresa. Como acionista, 
provavelmente você vai querer passar longe de empresas que 
acumulam prejuízos, não geram caixa, perdem patrimônio e 
possuem dívidas crescentes. Investir em empresas com essas 
características seria assumir um risco elevado. 
O objetivo de uma empresa é obter o maior retorno possível, 
considerando o menor risco. A análise de demonstrações financeiras 
auxilia o acionista na avaliação da relação risco e retorno. Maior 
retorno para o mesmo risco, ou menor risco para o mesmo retorno 
são estratégias que elevam o valor da empresa. 
A 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
8 
Portanto, para conhecer melhor uma empresa e entender 
quais são seus riscos financeiros, utilizamos a análise de 
demonstrações financeiras. 
O objetivo da análise de demonstrações financeiras é avaliar a 
situação econômico-financeira da empresa, o que causou as 
variações dos resultados e possíveis tendências para o futuro. Além 
disso, apresentam os resultados da atuação da administração quanto 
à gestão da companhia e sua capacitação na prestação de contas 
sobre os recursos que lhes foram confiados. 
Essa contextualização é muito importante para o usuário 
observar dados passados e entender a empresa como um todo, 
além de servir como fonte de informação para futuras projeções e 
mudanças necessárias para o alcance do objetivo principal, que é a 
maximização de valor. 
O mais importante do processo de análise das demonstrações 
financeiras é que se trata de algo particular de quem faz a análise. 
Duas pessoas podem chegar a conclusões diferentes sobre uma 
empresa, mesmo que tenham trabalhado com as mesmas 
informações e utilizado técnicas iguais de análise. 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
9 
As Decisões Financeiras de 
uma Empresa 
 
s empresas com fins lucrativos possuem, 
basicamente, duas grandes decisões financeiras: 
decisões de investimento (ou aplicação) e decisões de 
financiamento (ou captação). 
Decisões de investimento dizem respeito à como a empresa 
aplica seus recursos. Envolve tanto a composição como também os 
tipos de ativos da empresa. Um princípio financeiro essencial em 
finanças é que toda empresa deve manter somente ativos que 
adicionam valor à riqueza do investidor. No entanto, só é possível 
chegar à conclusão de que os ativos estão adicionando valor ao 
investidor, se os retornos superarem o custo da dívida. 
É por isso, que as decisões de financiamento também devem 
ser avaliadas. As decisões de financiamento envolvem a 
composição e os tipos de recursos financeiros utilizados pela 
empresa. 
Responda a seguinte pergunta: Uma empresa que possui R$ 1 
bilhão em ativos e gera lucro de R$ 500 milhões é um bom negócio? 
Talvez você pense: "Mas é lógico! Isso daria um retorno de 
50%". Pois é, concordo que 50% é um retorno bem elevado para 
qualquer negócio. Mas se a empresa tem um custo da dívida de 
A 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
10 
55%, não estaria gerando valor para os seus acionistas. É claro que 
fui bem exagerado no meu exemplo, mas o ponto chave é que uma 
empresa só gera valor ao acionista se o retorno do 
investimento for superior ao valor da dívida. 
Veja abaixo o exemplo da Movida. Na divulgação de resultados 
do 3T17, a administração da Movida reportou a seguinte informação 
aos acionistas: 
Fonte: RI Movida 
O ROIC é um indicador de rentabilidade, que mede o retorno 
operacional sobre o capital investido. Pelo gráfico, podemos perceber 
que a Movida encontrava bastante dificuldade para gerar 
rentabilidade superior ao custo da sua dívida. Isso quer dizer que os 
projetos investidos não estavam gerando fluxos de caixa suficientes 
para pagar a dívida adquirida. Podemos concluir, portanto, que a 
empresa não gerava valor ao acionista. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
11 
Do lado oposto, temos o exemplo do Hermes Pardini. Segundo 
reportado pela administração da empresa, no 3T18, o laboratório 
gerava rentabilidade superior ao custo da sua dívida. Quando isto 
ocorre, temos uma situação de geração de valor ao acionista, 
conforme abaixo: 
Fonte: RI HERMES PARDINI 
As decisões de financiamento das empresas de capital aberto 
são subsidiadas por duas fontes de recursos: capital próprio e capital 
de terceiros. 
O capital próprio é proveniente dos recursos aplicados pelos 
sócios ou acionistas mais os lucros acumulados ao longo do tempo. O 
capital de terceiros é proveniente de fontes externas, podendo ser 
empréstimos e financiamentos e/ou emissão de debêntures. 
Portanto, como acionista, o que você deve procurar ao analisar 
as demonstrações financeiras de uma empresa? Basicamente, 
devemos nos concentrar em analisar se a empresa é rentável 
e se ela apresenta capacidade suficiente para remunerar 
suas fontes de financiamento. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
12 
As Principais 
Demonstrações Financeiras 
 
onforme estabelecido pela Lei das S.A., as seguintes 
demonstrações financeiras são obrigatórias: 
 
1.Balanço Patrimonial (BP) 
2.Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) 
3.Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) 
4.Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) 
5.Demonstração do Valor Adicionado (DVA) 
As notas explicativas complementam as demonstrações, 
fornecendo informações adicionais não indicadas nas demonstrações 
financeiras e consideradas necessárias para a apresentação dos 
resultados. 
De maneira geral, os analistas do mercado financeiro utilizam, 
principalmente, a DRE e o Balanço Patrimonial para analisar os 
indicadores financeiros das empresas de capital aberto. 
Balanço Patrimonial 
O objetivo do Balanço Patrimonial é apresentar um resumo da 
posição financeira de uma empresa em dado instante. É importante 
C 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
13 
destacar que, o balanço patrimonial, se refere a uma data, não ao 
ano ou trimestre. 
Uma empresa pode gerar um balanço patrimonial em qualquer 
dia do ano, mas ele fará referência ao dia em que foi gerado. 
Portanto, ele relata a condição financeira da companhia na data 
específica em que foi gerado. 
O balanço patrimonial é dividido em duas partes: 
1.Ativos: inclui o caixa, investimentos, contas a receber, 
estoques, máquinas e equipamentos etc. 
2. Passivos e Patrimônio Líquido: inclui contas a pagar, 
despesas provisionadas, dívida de curto e longo prazos, tributos 
diferidos, capital social, lucros acumulados etc. 
Os ativos indicam o que a empresa possui, os passivos indicam 
o que a empresa tomou emprestado e o patrimônio líquido 
representa o investimento dos proprietários. 
Ativos 
Os Ativos são divididos em: Ativo Circulante, Realizável a 
Longo Prazo e Ativo Permanente. Veja abaixo os ativos da BR 
Distribuidora, divulgados no Balanço Patrimonial do último trimestre 
de 2017. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
14 
 
Fonte: RI da BR Distribuidora 
O Ativo Circulante representa os bens e direitos de curto prazo, 
isso quer dizer que deverão ser convertidos em caixa no prazo 
máximo de um ano. 
O Realizável a Longo Prazo são ativos menos líquidos, ou seja, 
que se espera converter em caixa no prazo superior a um ano. 
Já o Ativo Permanente representa o total de ativos destinados 
ao funcionamento da empresa e seus investimentos, como: 
máquinas e equipamentos, imóveis, investimentos nas afiliadas e 
subsidiárias. O intangível inclui patentes, direitos autorais, marcas 
registradas e qualquer outro ativo que não possa ser fisicamente 
tocado. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
15 
Passivos 
Os Passivos são divididos em: Passivo Circulante, Passivo 
Não Circulante e Patrimônio Líquido. Veja novamente o exemplo 
da BR Distribuidora: 
Fonte: RI da BR Distribuidora 
O Passivo Circulante são as dívidas e obrigações quedevem ser 
pagas no prazo máximo de um ano. 
O Passivo Não Circulante, ou Passivo Exigível a Longo Prazo, 
representa as dívidas e obrigações que a empresa tem a saldar e 
que não vencerão no prazo de até um ano. 
O Patrimônio Líquido ou Valor Contábil é a diferença entre o 
passivo total e o ativo total, representa o capital aplicado pelos sócios 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
16 
da empresa mais os lucros/prejuízos acumulados ao longo do 
tempo. 
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 
O objetivo da DRE é fornecer uma síntese financeira dos 
resultados operacionais da empresa em determinado período. São 
apresentadas trimestralmente e ao fim de cada ano. A DRE é 
composta basicamente de: receita, custos, despesas e lucro ou 
prejuízo. Vamos novamente ao caso da BR Distribuidora: 
Fonte: RI da BR Distribuidora 
A primeira linha da DRE é sempre a Receita com vendas de 
produtos e/ou serviços. A receita trata-se do valor monetário total 
das vendas realizas no período, basicamente podemos entender a 
receita como o produto entre volume e ticket médio. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
17 
Em seguida subtraímos o Custo dos produtos vendidos 
e/ou serviços prestados, também conhecido como CPV, CMV, 
CSV ou CSP. Chamarei de CPV. O CPV representa o custo da 
matéria-prima e mão de obra usados na fabricação dos 
produtos/serviços que a empresa comercializa ou dos produtos que 
ela está adquirindo para revenda. 
O Lucro Bruto é o resultado da subtração entre a Receita e o 
CPV. Esse é o valor remanescente para cobrir as despesas 
operacionais, financeiras e fiscais. 
A seguir, temos as Despesas Operacionais, que incluem as 
despesas de vendas e administrativas para a comercialização de 
novos produtos (por exemplo, despesas com marketing), 
depreciação e amortização, despesas de aluguel e todas as outras 
despesas operacionais (por exemplo, contas de consumo, comissões, 
seguros e despesas com pessoal) que não estão diretamente ligadas 
à produção do produto. 
Subtraindo as despesas operacionais do lucro bruto, 
chegamos ao Lucro/Prejuízo Antes do Resultado Financeiro, 
Participação e Impostos. Esse resultado também é conhecido 
como Resultado Operacional (EBIT), representa o lucro obtido 
com a fabricação e venda de produtos/serviços. 
Após o Resultado Operacional, deduzimos as Despesas 
Financeiras, para encontrar o Resultado Antes dos 
Impostos. As despesas financeiras se referem aos juros pagos, 
durante o período, sobre a dívida que a empresa apresenta no 
balanço patrimonial como passivo. Essa despesa não está ligada a 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
18 
um processo produtivo ou de venda. Portanto, quanto maior for o 
endividamento da empresa, maior será a quantidade de juros a ser 
paga. Há casos em que as receitas financeiras superam as despesas, 
embora isso seja mais comum entre bancos. 
A seguir, é calculado o imposto devido, de acordo com as 
alíquotas apropriadas. Os impostos referem-se às alíquotas de 
Imposto de Renda e Contribuição Social. O Brasil está entre os 
países que possuem maior alíquota de IR/CSLL no mundo, sendo 
15% da alíquota básica de IR, mais 10% sobre o lucro que exceder 
R$ 240 mil/ano e 9% de CSLL. Portanto, a alíquota média entre as 
empresas brasileiras é de aproximadamente 34% da renda. 
Após a dedução de todas as despesas e impostos, o Lucro 
Líquido é obtido. Esse é o lucro real da empresa e é a partir dele que 
a administração, em assembleia geral, decidirá a parcela de 
dividendos que será distribuída aos acionistas ou que será 
reinvestida no negócio da empresa. 
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) 
A DFC tem o objetivo de resumir os movimentos de entrada e 
saída de caixa em determinado período. 
Essa demonstração permite entender como a empresa gera e 
usa os recursos de caixa, independentemente da natureza das suas 
atividades. Essa demonstração é dividida em três partes: Fluxo de 
Caixa das Atividades Operacionais, Fluxo de Caixa das Atividades 
de Investimento e Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
19 
Fonte: RI da BR Distribuidora 
Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais 
Os fluxos de caixa das atividades operacionais são derivados 
das principais atividades geradoras de receita da empresa. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
20 
O montante dos fluxos de caixa das atividades operacionais 
indica quanto de caixa a empresa tem gerado para amortizar 
empréstimos, manter a capacidade operacional, pagar dividendos e 
juros sobre capital próprio e fazer investimentos sem recorrer a 
fontes externas de financiamento. 
Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento 
Inclui o lançamento de todas as despesas com ativos 
permanentes durante o período avaliado. Além disso, inclui o total de 
dinheiro gasto e recebido com a compra e venda de ativos que 
geram receita. 
Portanto, os fluxos de caixa das atividades de 
investimento representam os dispêndios feitos pela empresa com a 
finalidade de gerar resultados e fluxos de caixa futuro. Isso porque, o 
investimento feito em ativos, trará retornos futuros para a empresa. 
Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento 
Essa parte da DFC mede o fluxo de entrada e saída de dinheiro 
gerado por operações financeiras. Inclui todas as saídas de dinheiro 
para pagamento de dividendos, assim como a compra e venda de 
ações da companhia. Por exemplo, quando uma empresa emite 
ações ou debêntures para financiar alguma atividade, há entrada de 
dinheiro. Quando a empresa recompra as próprias ações há saída de 
dinheiro. 
A divulgação desses fluxos é útil para prever as exigências 
sobre futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital à 
empresa. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
21 
Aspectos da Governança 
Corporativa 
 
o analisar as demonstrações financeiras de uma 
empresa é importante conhecer as principais 
características e particularidades da sua atividade 
empresarial. Para isso, podemos avaliar sua Governança Corporativa. 
A governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas 
são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os 
relacionamentos entre acionistas, conselho de administração, 
diretoria, órgãos de fiscalização e demais partes interessadas. 
As boas práticas de governança corporativa permitem à 
empresa preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo, o 
que facilita seu acesso a recursos e contribui para a qualidade da 
gestão da organização. 
Os princípios da governança corporativa são: (1) gerar 
transparência de informações entre as partes interessadas; (2) tratar 
de modo imparcial todos os acionistas e demais stakeholders, 
levando em conta seus direitos, deveres, necessidades, interesses e 
expectativas; (3) prestar contas de sua atuação, assumindo as 
consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e 
responsabilidade no âmbito dos seus papéis e; (4) zelar pela 
visibilidade econômico-financeira da empresa. 
A 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
22 
O primeiro ponto importante, antes de iniciar a análise de 
demonstrações financeiras, é estudar o tipo de gestão que 
administra a empresa. Afinal, são os administradores que fazem 
a gestão dos recursos dela. Procure saber quem são as pessoas que 
estão no comando, quanto tempo de empresa possuem e se são 
profissionais preparados para o cargo que ocupam. 
Profissionais bem preparados são aqueles que conhecem 
profundamente o negócio da empresa e visam seu crescimento. 
Avalie o histórico de resultados da atual gestão, que ações foram 
tomadas em momentos importantes e as promessas de resultados 
futuros. Por melhor que seja o modelo de negócio, a falta de 
alinhamento entre a gestão pode levar a empresa a uma direção 
perigosa. 
Essas informações podem ser localizadas no site deRI da 
empresa avaliada, entrevistas concedidas pelos gestores, matérias 
na internet etc. 
O segundo ponto importante é conhecer os principais riscos 
do negócio da empresa em questão. Essa deve ser uma 
preocupação essencial do investidor! Portanto, se informe em 
detalhes sobre o negócio da empresa, seu mercado de atuação e 
principais riscos ligados ao seu negócio. 
Essas informações podem ser encontradas no Formulário de 
Referência, no site de RI das empresas. Esse é um documento 
obrigatório, previsto no Código Brasileiro de Governança, emitido por 
todas as empresas de capital aberto anualmente. Infelizmente, vejo 
poucos investidores fazendo uso desse documento. No entanto, 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
23 
qualquer pessoa que quer obter resultados acima da média no 
mercado de ações, deveria ler este documento antes de comprar 
uma ação. 
Lá você encontrará informações referentes às atividades da 
empresa, histórico na bolsa, fatores de risco, gestão da empresa, 
direitos dos acionistas, composição acionária, estrutura de capital, 
dados financeiros, comentários dos administradores sobre esses 
dados, valores mobiliários emitidos etc. 
O terceiro ponto importante é verificar o nível de 
governança corporativa da empresa. O segmento de listagem da 
empresa é um importante fator para indicar se ela possui boas 
práticas de Governança Corporativa. 
Existem diferentes níveis de segmentos da B3: Nível Básico, 
Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado. O segmento Básico não conta com 
regras diferenciadas de governança corporativa. 
No nível 1 as empresas, se comprometem, principalmente, 
com melhorias na prestação de informações ao mercado e com a 
dispersão acionária. Para isso, devem divulgar informações adicionais 
às exigidas em lei, como relatórios financeiros mais completos, 
informações sobre negociação feita por diretores, executivos e 
acionistas controladores e sobre operações com partes relacionadas. 
No nível 2, as empresas se comprometem a cumprir as regras 
aplicáveis ao Nível 1 e, adicionalmente, a um conjunto mais amplo 
de práticas de Governança relativas aos direitos societários dos 
acionistas minoritários. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
24 
O Novo Mercado é o nível mais elevado de governança 
corporativa. É destinado à negociação de ações emitidas por 
companhias que se comprometem, voluntariamente, com a adoção 
de práticas de Governança Corporativa adicionais em relação ao que 
é exigido pela legislação. Por exemplo, as empresas listadas nesse 
segmento devem possuir o capital composto exclusivamente por 
ações ordinárias com direito à voto. 
O estudo prévio sobre a governança corporativa da empresa 
nos ajuda a entender melhor o seu negócio, quais os principais 
fatores de risco e como a gestão da empresa se comporta. Quanto 
maiores forem as boas práticas de governança, mais confiabilidade 
teremos sobre os resultados e informações divulgadas pela empresa 
que estamos avaliando. 
 
 
 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
25 
Como a Análise de 
Demonstrações Financeiras 
Reduz o Risco da Carteira 
 
m finanças, a aversão ao risco é um conceito 
essencial, pois a maioria dos modelos parte do 
princípio de que, quanto maior o risco de um 
investimento, maior deve ser o retorno proporcionado pelo 
mesmo. Na prática, os investidores procuram evitar o risco sempre 
que podem, sem sacrificar a rentabilidade desejada. 
Essa busca pela maximização da rentabilidade da carteira 
começa pela decisão de quais ativos e em quais proporções irão 
compor a carteira de ações. No entanto, podemos dizer que o risco 
total de uma carteira é formado por dois tipos de risco: sistemático 
ou conjuntural, isto é, que afeta os ativos de maneira geral, e não-
sistemático, que corresponde ao risco individual de cada ativo. 
Risco Sistemático 
Também conhecido como risco não diversificável, é relacionado 
à fatores macroeconômicos que afetam todas as empresas inseridas 
numa mesma economia. Esse risco pode aumentar em caso de 
guerras, recessão econômica, surto de uma nova doença, eventos 
políticos, aumento da incerteza etc. Os principais fatores ligados ao 
risco sistemático são: 
E 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
26 
 Risco da Taxa de Juros 
 Risco Cambial 
 Risco da Inflação 
 Risco Político 
 Risco de Desemprego 
 Risco de Pandemias e Epidemias 
 Risco de Desastres Naturais 
 Risco de Eventos 
Risco Não-Sistemático 
Também conhecido como risco diversificável, representa a 
parte do risco de um ativo associado a eventos relacionados 
especificamente à empresa, tais como greves, decisões de agências 
regulatórias, perda de participação de mercado, falência etc. Os 
principais riscos ligados ao risco não-sistemático são: 
 Risco de Gestão 
 Risco de Negócio 
 Risco de Falência 
 Risco de Liquidez 
 Risco Financeiro 
 Risco de Reinvestimento 
 
Talvez você já tenha escutado a expressão "Não ponha todos 
os ovos na mesma cesta". Por meio da diversificação realmente 
podemos reduzir o risco da carteira. Mas, o investidor não 
reduziria muito o risco se selecionasse, entre 10 ações da carteira, 
apenas 2 que apresentam resultados consistentes. Concorda? 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
27 
Ao selecionar empresas que apresentam indícios de insolvência 
para compor a carteira de ações, o investidor estará elevando 
significativamente o risco de perder seu capital investido. É aqui que 
entra a análise de demonstrações financeiras! 
Por meio da análise das demonstrações financeiras 
conseguimos verificar profundamente o risco econômico-financeiro 
de uma empresa e chegar à conclusão se ela apresenta resultados 
sólidos ou não para compor a carteira de ações. 
Veja abaixo o desempenho de duas carteiras de ações nos 
últimos 5 anos. A primeira carteira é composta por ações de 
empresas mal avaliadas, no âmbito econômico-financeiro. São 
empresas que nos últimos anos já indicavam elevado risco, com 
constantes prejuízos, aumento da dívida, piora na rentabilidade etc. 
A segunda carteira é composta por ações de empresas bem 
avaliadas, no âmbito econômico-financeiro. São empresas que 
jamais deram prejuízos, apresentam lucros crescentes, alta 
rentabilidade e baixa dívida. Para simplificar o estudo, a carteira será 
composta por 5 ações, com pesos iguais. 
Carteira 1: 
Fonte: GuiaInvest PRO e autor 
 
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28 
Carteira 2: 
Fonte: GuiaInvest PRO e autor 
 
O investidor atento às demonstrações financeiras teria avaliado 
previamente que as empresas da primeira carteira corriam grande 
risco econômico-financeiro e teria ficado bem longe de suas ações. 
Por outro lado, ações de empresas com sólida gestão, com 
vantagens competitivas sustentáveis e boa avaliação das 
demonstrações financeiras são recompensadas pelo mercado e 
apresentam retornos elevados aos acionistas. 
Portanto, fica claro que o uso da análise das demonstrações 
financeiras no processo de seleção de ações para uma carteira, 
aumenta a probabilidade de retorno do acionista, além de reduzir o 
risco não-sistemático. 
 
 
 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
29 
 
 
CONHECENDO O 
NEGÓCIO 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
30 
Aprenda a Analisar o 
Parecer do Auditor 
 
ntes de analisar as demonstrações financeiras é vital 
ler o Relatório do Auditor. O objetivo da auditoria 
é emitir o parecer sobre a posição patrimonial e 
financeira, o resultado das operações, as mutações do patrimônio 
líquido e as origens e aplicações de recursos da companhia auditada. 
Uma análise de demonstrações sem observar o parecer do 
auditor, se torna extremamente arriscada, pois o auditor expressa 
sua opinião, de forma clara e objetiva, sobre as demonstrações 
contábeis quanto ao adequadoatendimento, ou não, a todos os 
aspectos relevantes às demonstrações contábeis da empresa 
auditada. 
Portanto, se os auditores avaliam que as demonstrações 
contábeis não são confiáveis, de que adianta realizar a análise de 
demonstrações da empresa? Se você decidir seguir em frente e 
analisar as demonstrações contábeis, chegará a conclusões 
precipitadas e pouco confiáveis. 
Além disso, o auditor verifica se todas as normas contábeis, 
estabelecidas pela normatização nacional de auditoria, estão sendo 
atendidas pela contabilidade da empresa. 
A 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
31 
O objetivo dos auditores é formar uma opinião sobre as 
demonstrações contábeis e expressar claramente essa opinião 
através de relatório por escrito. Portanto, a análise de 
demonstrações financeiras começa pelo Relatório do Auditor. 
 
Sessão "Opinião" 
A sessão "Opinião" é a primeira do relatório do auditor. Nela 
podemos encontrar a opinião do auditor independente com relação 
às demonstrações analisadas. 
Logo no início, o auditor informa quais demonstrações foram 
analisadas: 
Fonte: RI da Braskem 
No parágrafo seguinte, o auditor emite a sua opinião 
com relação às demonstrações analisadas. Esse é o parágrafo mais 
importante no Relatório do Auditor. Através da avaliação das 
demonstrações, o auditor conclui se as demonstrações contábeis 
apresentam uma visão verdadeira e justa e sem distorção relevante 
ou não. 
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32 
A opinião do auditor é emitida com ou sem ressalva. Muitas 
vezes a opinião vem separada, uma parte referente às 
demonstrações individuais e outra referente às consolidadas. Por 
exemplo: 
Fonte: RI da Braskem 
 Quando emite uma "opinião com ressalta", por não ter 
conseguido a devida evidência para assegurar algum fato, o auditor 
deve mencionar qual foi o fato, a descrição e quantificação dos efeitos 
financeiros da distorção. 
Quando existem muitos pontos com valores relevantes, que 
estão fora das normas contábeis, o auditor emite a opinião 
"adversa". E quando não consegue confirmar e auditar uma 
quantidade relevante de itens, o auditor emite "abstenção de 
opinião". Portanto, temos quatro possibilidades de julgamento do 
auditor: 
1.Opinião Sem Ressalva: Quando as demonstrações não 
apresentam distorções relevantes e atendem as normas contábeis. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
33 
2.Opinião Com Ressalva: Quando as demonstrações apresentam 
distorções relevantes e/ou o auditor não conseguiu obter evidências 
apropriadas e suficientes, causando efeitos relevantes sobre as 
demonstrações contábeis, mas não generalizados. 
3.Opinião Adversa: Quando as demonstrações apresentam 
distorções relevantes e o efeito sobre as demonstrações contábeis é 
relevante e generalizado. 
4.Abstenção de Opinião: Quando as demonstrações apresentam 
distorções relevantes, mas o auditor não conseguiu obter evidência 
apropriada e suficiente, sendo o efeito sobre as demonstrações 
contábeis relevante e generalizado. 
Sessão "Base para opinião" 
A explicação do porque da opinião do auditor vem no parágrafo 
seguinte do relatório, chamada de "Base para opinião": 
Fonte: RI da Braskem 
Nesta sessão, o auditor declara que a auditoria foi 
conduzida em conformidade com as normas brasileiras, que 
atualmente são iguais às internacionais, e afirma que pode emitir sua 
opinião em razão da independência em relação à Companhia e suas 
controladas, conforme determinado pelo Código de Ética Profissional 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
34 
do Contador. Além disso, declara também que o conjunto de 
evidências de auditoria obtido por ele é suficiente (ou não) e 
apropriado para fundamentar a opinião emitida. 
Quando a opinião é emitida com ressalva, além dos aspectos 
anteriores, o auditor diz claramente o motivo pelo qual está emitindo 
opinião com essa ressalva. 
Sessão "Parágrafos de Ênfase" 
Os parágrafos de ênfase são utilizados pelo auditor quando este 
julga haver elementos que são relevantes aos usuários das 
demonstrações contábeis, mas que não chegaram ao ponto de exigir 
uma posição de ressalva no parecer. Por exemplo: 
Fonte: RI da Braskem 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
35 
Neste caso, o auditor não está totalmente confortável com o 
Ativo Intangível e com a avaliação do saldo de ativo fiscal diferido, 
que é calculado com o método do fluxo de caixa descontado. Em 
seguida, o auditor explica como esse assunto foi tratado, informando 
que as evidências obtidas foram suficientes para que não fosse 
emitida uma "ressalva", e por isso emitiu um parecer "limpo", apesar 
da ênfase a essa situação. 
Sessão "Outros Assuntos" 
 
Fonte: RI da Braskem 
Aqui o auditor expõe, quando necessário, a existência de outros 
assuntos, que considera relevante relatar. É comum a informação de 
que a demonstração do valor adicionado, apresentada pelas 
companhias abertas, não é exigência das normas internacionais, e 
sim uma determinação brasileira. Apesar de comum, esta 
informação não tem importância para os investidores que estudam 
as demonstrações financeiras. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
36 
 
Fonte: RI da Braskem 
Em seguida, o auditor deixa uma informação de muita 
importância para o investidor. Nesse parágrafo o auditor informa que 
o Relatório da Administração foi lido, mas que não tem 
inconsistências com as demonstrações contábeis. 
Sessão "Responsabilidades da Administração" 
Nessa sessão o auditor explica a responsabilidade da 
administração pela elaboração das demonstrações contábeis 
e avaliação da capacidade da entidade de manter a continuidade 
operacional. Se você ler um parágrafo desses, terá lido todos, pois todos 
os relatórios apresentam as mesmas palavras quanto à esta sessão. 
Portanto, você só precisará ler o parágrafo abaixo para saber como 
sempre é escrita a sessão "Responsabilidade da Administração": 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
37 
Fonte: RI da Braskem 
Sessão "Responsabilidades dos Auditores" 
A sessão "Responsabilidade dos Auditores" declara que utilizou 
o sistema de controles internos relevantes da entidade e que avaliou 
as práticas contábeis adotadas pela empresa auditada, assim como a 
razoabilidade das estimativas contábeis por ela utilizadas. Esse 
parágrafo também tem pouco ou nada para acrescentar na análise 
das demonstrações. 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
38 
 Fonte: RI da Braskem 
 
 
 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
39 
Análise SWOT 
 
oda análise de demonstrações deve ser precedida pela 
análise SWOT, com o objetivo de entender o ambiente 
em que a empresa atua e avaliar o mercado em que 
está inserida. 
O objetivo da análise SWOT é oferecer uma visão estratégica, 
onde relaciona as oportunidades com as forças e fraquezas da 
empresa. 
SWOT é a sigla de strenghts (forças), weaknesses (fraquezas), 
opportunities (oportunidades) e threats (ameaças). As forças e 
fraquezas são determinadas pela análise do ambiente interno, 
enquanto as oportunidades e ameaças são determinadas pela análise 
do ambiente externo. 
O ambiente interno é definido como aquele ao qual a 
empresa consegue controlar, ou seja, tem como agir sobre ele. 
 Forças: características que representam uma vantagem 
competitiva da empresa em relação aos seus concorrentes. 
 Fraquezas: características que desfavorecem a empresa em 
relação aos seus concorrentes. 
Já o ambiente externo é definido como aquele ao qual a 
empresa não tem controle, como fatores macroeconômicos, 
T 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
40 
mudanças regulatórias, desastres naturais, eleições, mudanças 
demográficas etc. 
 Oportunidades: as oportunidades surgem a partir de um fator 
externo. Por exemplo, a queda nas barreiras comerciaispode 
gerar a oportunidade da empresa passar a exportar seus 
produtos para outros países, aumentando a sua receita. 
 Ameaças: são situações externas à empresa que 
podem atrapalhar o objetivo estratégico. Por exemplo, entrada 
de um novo concorrente, mudança na legislação do setor, 
concorrência predatória etc. 
O quadro abaixo mostra alguns exemplos de características que 
podem ser observadas em cada campo da análise SWOT. 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
41 
A partir da análise destes itens, o investidor poderá entender 
completamente quais são os principais fatores que tornam a 
empresa competitiva no mercado, o que seus concorrentes oferecem 
de melhor, o que pode fazer a empresa perder mercado para a 
concorrência e quais são as suas principais alavancas para a 
continuidade do seu crescimento no longo prazo. 
O processo de análise da matriz SWOT, obrigará o investidor a 
buscar informações que o ajudarão a discernir como o ambiente 
externo pode estar afetando o ambiente interno da companhia, 
habilitando-o para analisar os efeitos disso na situação financeira da 
empresa, através da análise das Demonstrações Financeiras. 
Onde encontrar insumos para uma boa análise SWOT? 
As informações sobre o ambiente interno (forças e 
fraquezas) podem ser encontradas em entrevistas dos gestores, 
artigos sobre a empresa, relatórios de analistas, relatórios da 
administração, apresentação institucional, áudios de teleconferências, 
área de RI, formulários de referência, entre outros. Todo e qualquer 
artigo que fale sobre a empresa, desde que seja de uma fonte 
confiável, pode ser utilizado como fonte de informação para entender 
quais são as vantagens competitivas da empresa e suas principais 
fraquezas. 
Particularmente, sempre utilizo o Formulário de Referência 
como uma das principais fontes de informações sobre a empresa. O 
Formulário de Referência é um documento periódico, emitido pelas 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
42 
empresas de capital aberto, que reúne informações relevantes sobre 
a companhia e dos valores mobiliários por ela emitidos. 
As sessões "Fatores de Risco", "Histórico do Emissor" e 
"Atividades do Emissor", são exemplos de áreas em que você poderá 
entender grande parte do que é o negócio da empresa, como 
funciona seu setor, seu processo produtivo, quais são suas principais 
vantagens competitivas e suas fraquezas. Quanto às demais dúvidas 
que surgem, costumo perguntar diretamente ao RI das empresas. 
Quanto ao ambiente externo (oportunidades e 
ameaças), as informações também podem ser encontradas nas 
mesmas fontes do ambiente interno, além de sites de associações, 
federações, agências de risco, sites e revistas. Normalmente, as 
próprias empresas divulgam dados sobre o setor e sobre as 
estratégias que estão sendo adotadas visando obter crescimento 
com novas oportunidades. Além disso, considero os sites das 
associações e federações como fontes de insumo importantes, visto 
que essas organizações divulgam dados relevantes sobre o setor e 
suas tendências. 
A análise SWOT é imprescindível para o investidor que deseja 
fazer uma análise de demonstrações bem fundamentada. Através 
desta análise prévia, o investidor entenderá a parte qualitativa da 
análise e saberá como interpretar melhor os resultados divulgados 
nas demonstrações financeiras da empresa analisada e quais são as 
perspectivas futuras para este negócio. 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
43 
 
ANÁLISE 
ATRAVÉS DE 
INDICADORES 
 
 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
44 
Análise Horizontal e Vertical 
 
s indicadores ou índices financeiros, podem ser 
divididos em cinco categorias: lucratividade, 
rentabilidade, atividade, liquidez e 
endividamento. Basicamente, os indicadores de lucratividade e 
rentabilidade medem retorno, enquanto os indicadores de liquidez, 
atividade e endividamento medem risco. 
 O objetivo das análises vertical e horizontal é comparar as 
contas que compõem as demonstrações financeiras numa série 
temporal (análise horizontal) e pela participação relativa de cada 
valor em relação a um determinado total (análise vertical), o que 
permite identificar tendências e conhecer pormenores das 
demonstrações financeiras que escapam à análise genérica. 
Análise Horizontal 
A análise horizontal é importante para avaliar a evolução das 
contas individuais e também dos grupos de contas ao longo do 
tempo. A partir desta análise, calcula-se as variações das contas (ou 
grupos de contas) e analisa-se seus acréscimos e/ou decréscimos ao 
longo dos exercícios, permitindo também obter uma ideia de 
tendência futura. 
O 
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45 
Análise Vertical 
O objetivo da análise vertical é detectar as contas mais 
representativas de uma demonstração financeira, tendo por base o 
total ou um subtotal predeterminado. A análise vertical é importante 
para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no 
tempo. 
Por exemplo, para analisar a liquidez da empresa, podemos 
detectar quanto o Ativo Circulante representa do Ativo Total da 
empresa. Dividindo o Ativo Circulante pelo Passivo Circulante, 
encontramos o índice de Liquidez Corrente. 
Portanto, a análise vertical é realizada para um único exercício 
social, enquanto a análise horizontal pode ser realizada para vários 
exercícios, com o intuito de se verificar o comportamento de 
determinadas (ou todas as) contas ao longo do tempo. 
Fonte: RI da Suzano 
No relatório acima, percebemos que a Análise 
Horizontal informa a variação de cada item que compõe a 
Demonstração de Resultado no 1T18 em relação ao 1T17 e 4T17. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
46 
Já a Análise Vertical mostra qual foi o percentual de cada 
resultado em relação ao total. Por exemplo, a Margem Bruta é 
calculada a partir da divisão do Lucro Bruto sobre a Receita Líquida 
Total. Através de uma breve análise, observamos que a empresa 
alcançou uma margem bruta de 47,1% e que houve melhora em 
relação ao 4T17 e 1T17. 
As análises vertical e horizontal, combinadas com a análise de 
índices, permite compreender o comportamento financeiro da 
empresa ao longo do tempo. Além disso, contribui para identificar 
empresas com vantagens competitivas, avaliar a saúde financeira da 
companhia e analisar como as decisões tomadas pelos gestores 
impactam os resultados financeiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
47 
Indicadores de 
Lucratividade 
 
 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 
revela ao investidor os resultados das operações da 
empresa em determinado período. Por isso, 
calculamos os indicadores de lucratividade a partir dela. 
O principal objetivo dos indicadores de lucratividade 
é observar se a empresa possui condições econômicas à 
seu favor e medir sua eficiência operacional. Por exemplo, 
podemos entender como a fonte de receita se altera em momentos 
de recessão econômica e até onde sua eficiência operacional é capaz 
de maximizar o lucro líquido para o acionista. 
Normalmente, a comparação é feita sob a forma de 
porcentagem das vendas. Os indicadores mais comuns 
são: margem de lucro bruto, margem de lucro operacional e 
margem de lucro líquido. Os indicadores de lucratividade são 
capazes de revelar se a empresa é capaz de ganhar muito dinheiro, 
se precisa gastar muito dinheiro com marketing ou com pesquisa e 
desenvolvimento e se utiliza muita dívida para alavancar suas 
vendas. Você vai perceber que mais importante do que analisar se a 
empresa dá lucro ou não, é ter a certeza de que a fonte do lucro não 
se esgotará facilmente. 
 
A 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
48 
Margem Bruta 
A margem de lucro bruto, ou margem bruta, é a divisão do 
lucro bruto pela receita líquida. O Lucro Bruto é calculadopela 
subtração dos Custos dos Bens Vendidos pela Receita Líquida. 
O principal objetivo da margem bruta é medir a porcentagem de 
cada unidade monetária de vendas que resta após o pagamento do 
custo dos produtos vendidos. Quanto maior for a margem bruta, 
menor é o custo relativo dos produtos vendidos. 
 
 
 
 Fonte: Release do 1T18 da Suzano 
No Release referente ao 1T18 a Suzano reportou R$ 
2.998.859.000 de Receita Líquida e R$ 1.412.933.000 de Lucro 
Bruto. Dividindo o lucro bruto pela receita líquida, calculamos a 
margem bruta que, nesse caso, é de 47,1%. Isso quer dizer que, 
após o custo dos bens vendidos ou da matéria prima processada 
para a fabricação dos produtos, sobrou, de lucro, 47,1% da Receita 
Líquida da empresa. Como saber se a margem bruta está em um 
nível adequado? 
No livro "Warren Buffett e a Análise de Balanços", Buffett 
sugere que um bom nível de margem bruta, que identifica empresas 
com vantagens competitivas, é de 40% ou superior. Nesse caso, 
Suzano passaria neste primeiro filtro. Mas essa não é uma regra que 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
49 
deve ser seguida à risca. Existem muitas empresas com boas 
vantagens competitivas e com margem bruta inferior a 40%. O 
importante é entender como é composta a estrutura de custos da 
empresa e comparar com outras empresas do mesmo setor. 
Uma empresa pode aumentar o lucro bruto, mas reduzir sua 
margem bruta, por isso é sempre importante fazer também uma 
análise horizontal e vertical dos custos da empresa, comparando, por 
exemplo, o custo total sobre o volume vendido. Desta forma 
saberemos se a empresa realmente foi mais eficiente no controle dos 
seus custos. 
Fonte: Release do 1T18 da Suzano 
Por exemplo, vemos na tabela acima que a Suzano conseguiu 
reduzir em 1,1% o custo da celulose e aumentou 5,1% o custo do 
papel. No entanto, quando calculado o custo relativo, percebemos 
que o custo médio unitário (R$/ton) da celulose aumentou 3,4%, 
enquanto o custo unitário do papel reduziu em 2,1%. Concluímos 
então que, apesar da redução do custo total da celulose, esse 
valor afetou negativamente a margem bruta da empresa, visto que o 
valor para cada tonelada de celulose vendida foi 3,4% maior do que 
no 1T17, superando a redução de 2,1% no custo relativo do papel e 
gerando um aumento total do custo relativo de 3%. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
50 
Portanto, o crescimento da margem bruta não pode ser 
explicada por uma melhora no controle de custos, mas sim pelo 
aumento no preço médio dos produtos vendidos, que gerou uma 
receita maior do que o observado no 1T17. 
Margem Operacional 
A margem operacional mede a proporção de cada unidade 
monetária da receita líquida que permanece após a dedução de 
todos os custos e despesas operacionais, portanto não entra aqui as 
despesas com juros e impostos. O lucro operacional também é 
conhecido como EBIT e mede somente o resultado obtido nas 
operações. Quanto maior for a margem operacional, melhor é para a 
empresa. 
Para chegar ao EBIT é preciso deduzir do Lucro Bruto as 
Despesas com Vendas, Gerais e Administrativas (VGA) e outras 
Despesas Operacionais. 
Fonte: Release do 1T18 da Suzano 
 No relatório divulgado pela Suzano, o lucro operacional da 
companhia foi R$ 1.133.703.000 no 1T18. Ao dividir o EBIT pela 
Receita Líquida, calculamos que a margem operacional da empresa 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
51 
foi de 37,8%. Esse é um dos principais indicadores que medem a 
eficiência operacional da empresa, portanto procure sempre 
empresas que possuem margem operacional superior à média do 
setor que atuam. Empresas com uma margem operacional 
baixa precisam gastar mais que seus concorrentes para 
vender seus produtos, portanto podemos concluir que não 
possuem vantagens competitivas sustentáveis. 
Outro indicador importante para medir a eficiência operacional 
é dividir as despesas operacionais totais pela Receita Líquida. Por 
exemplo, as despesas operacionais totais da Suzano foram de R$ 
279.230.000. Ao dividirmos este valor pela Receita Líquida, 
concluímos que as despesas operacionais da empresa totalizaram 
9,31% da receita líquida, no 1T18, portanto houve melhora, visto 
que no 1T17 as despesas operacionais totalizaram 9,7% da receita 
líquida. Isso contribuiu para a melhora na margem operacional, que 
saiu de 20,79% (1T17) para 37,80% (1T18). 
Apesar do aumento da receita, as despesas relativas 
diminuíram, evidenciando uma melhora de eficiência operacional da 
empresa. 
Margem Líquida 
A margem de lucro líquido representa a proporção de cada 
unidade monetária da receita líquida restante após a dedução de 
todos os custos e despesas, incluindo juros e impostos. Quanto maior 
for a margem líquida, maior é o montante de dinheiro que a empresa 
ganhou com sua operação. 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
52 
Procure sempre empresas com margem líquida elevada e 
superior à média do setor em que atuam. As empresas com uma 
margem líquida baixa, normalmente não possuem vantagens 
competitivas sustentáveis, atuam em um setor cíclico ou 
altamente competitivo ou estão muito endividadas. 
Fonte: Release do 1T18 da Suzano 
No caso da Suzano, a margem líquida aumentou 7,1 pontos 
percentuais (p.p.), o que é muito positivo. Mas, ao analisar o lucro 
líquido, é sempre importante dissecar as despesas financeiras, para 
avaliar como o custo financeiro da empresa afeta seu resultado final. 
É possível observar que o resultado da Suzano teria sido bem 
melhor se o resultado financeiro não tivesse piorado tanto. No 
entanto, por possuir a maior parte da sua dívida atrelada ao dólar, a 
variação cambial afetou significativamente o resultado financeiro da 
Suzano, reduzindo sua margem líquida. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
53 
Aqui fica evidente a necessidade de conhecer a empresa antes 
de iniciar a análise de demonstrações financeiras. Se o investidor não 
tivesse pesquisado sobre a empresa antes de iniciar a análise, não 
entenderia como as variáveis econômicas afetam o seu resultado. 
 
 
 
 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
54 
Indicadores de 
Rentabilidade 
 
 objetivo da análise de rentabilidade é avaliar o 
desempenho da empresa, analisando o 
retorno sobre os investimentos realizados. As 
medições da rentabilidade permitem ao investidor avaliar os lucros 
da empresa em relação a certo nível de ativos ou ao volume de 
capital investido pelos acionistas. Os principais indicadores de 
rentabilidade são: ROE, ROIC e ROA. 
Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) 
 Esse é um dos indicadores mais importante no processo de 
escolha de uma ação. Digo isso porque o ROE demonstra a 
capacidade da empresa remunerar o capital que foi investido pelos 
acionistas. Portanto, as melhores empresas são as que conseguem 
remunerar melhor seus investidores. Ou seja, as empresas com 
elevado retorno sobre o patrimônio líquido estão utilizando bem o 
lucro que está sendo retido. 
Para calcular o ROE basta dividir o Lucro Líquido pelo 
Patrimônio Líquido. A grande dúvida da maioria das pessoas é saber 
qual Patrimônio Líquido utilizar: o inicial, final ou médio? 
Frequentemente vejo as pessoas utilizarem o final, no entanto há um 
grande erro nisso. 
O 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
55 
O PL final já contém o próprio resultado do período, ou pelo 
menos, parte dele. Portanto, não reflete o capital investido que gerou 
o lucro do período. O PL inicial também não é adequado, pois ao 
longo do período ocorrem alterações no PL que não são possíveis de 
saber exatamente em que momento do intervalo de tempo 
ocorreram. Por conta disso, prefiro utilizar a alternativa do PL médio: 
 
Sendo assim, a fórmula é a seguinte: 
 
 
 
Outra forma de calcular o ROE é decompondo pelo Sistema 
DuPont. Umadas vantagens desse modelo é que permite identificar 
os fatores responsáveis pelo desempenho econômico-financeiro da 
companhia. Esse modelo decompõe o ROE em três medidas da 
rentabilidade diferentes: 
 Margem Líquida: medida de lucratividade 
 Giro dos ativos: medida de eficiência da empresa no uso de 
seus recursos 
 Alavancagem Financeira: medida do efeito das decisões de 
financiamento da empresa na sua rentabilidade 
Assim, o ROE fica decomposto da seguinte forma: 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
56 
 
Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) 
O ROIC é um indicador que deve ser utilizado quando estamos 
interessados em relacionar o retorno da empresa pela utilização de 
recursos próprios e de terceiros, ou seja, o capital investido total. 
Para calcular o capital investido é preciso somar ao Patrimônio 
Líquido o Passivo Oneroso. O Passivo Oneroso, também conhecido 
como Passivo Financeiro, se refere às dívidas que a empresa adquire 
através de financiamentos, empréstimos bancários e emissão de 
debêntures. 
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57 
 
Fonte: Release 1T18 da Suzano 
Os valores que compõem o Capital Investido estão demarcados 
em vermelho na tabela acima. O total do capital investido da Suzano, 
no 1T18, era de R$ 25,10 bilhões. 
Para calcular o ROIC precisamos dividir o Lucro Operacional 
(EBIT) pela média do Capital Investido Total, conforme a fórmula 
abaixo. 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
58 
A vantagem do ROIC é que ele segrega o passivo operacional, 
ou não oneroso, do restante do capital efetivamente investido na 
empresa, com o objetivo de avaliar o retorno operacional e medir sua 
eficiência na alocação de recursos. 
O ROIC também pode ser decomposto da seguinte forma: 
 
Retorno sobre Ativo (ROA) 
O ROA é um indicador da contribuição dos ativos no retorno da 
empresa. Este indicador mede a eficácia geral da administração de 
uma empresa em termos de geração de lucros com os ativos 
disponíveis. 
Um erro fatal, que muitos cometem ao calcular o ROA, é dividir 
o lucro líquido pelo ativo total. Os ativos não produzem lucro líquido, 
produzem lucro operacional, derivado das atividades operacionais 
ativas da companhia. O lucro líquido possui efeito das despesas 
financeiras que são provocadas pelo passivo financeiro, portanto, ao 
dividir o lucro líquido pelo ativo total, o investidor estará misturando 
dois conceitos importantes, que devem ser tratados à parte. 
Portanto, a fórmula para calcular o ROA é a seguinte: 
 
A fórmula também pode ser decomposta, conforme a equação 
abaixo: 
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59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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60 
Indicadores de Prazos 
Médios 
 
s indicadores de prazos médios, ou indicadores de 
atividade, são utilizados para avaliar o desempenho 
operacional da empresa e suas necessidades de 
investimento em giro. Esses indicadores medem a velocidade com 
que as várias contas são convertidas em caixa, renovando os ativos, 
e são obtidos pelo confronto dos elementos da Demonstração do 
Resultado do Exercício com elementos do Balanço Patrimonial. 
Existem diferentes indicadores disponíveis para medir a 
atividade das contas circulantes mais importantes, como estoques, 
contas a receber e contas a pagar. Esses indicadores utilizam o 
tempo como unidade, portanto evidenciam o prazo médio 
das operações realizadas por determinada empresa. 
Os indicadores mais comuns são: prazo médio de estocagem, prazo 
médio de recebimento e prazo médio de pagamento. 
Prazo Médio de Estocagem (PME) 
O prazo médio de Estocagem, também conhecido como ciclo 
operacional, mede quantos dias, em média, a empresa leva para 
vender seu estoque. Quanto menor for o resultado encontrado, 
melhor. Quando esse índice diminui de um ano para o outro, significa 
O 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
61 
que a empresa está sendo mais eficiente, pois está renovando seu 
estoque mais rapidamente. 
Para calcular o prazo médio de estocagem precisamos utilizar o 
item "estoque", que é encontrado no Balanço Patrimonial, e o item 
"custo dos produtos vendidos", que é encontrado na DRE. 
Importante destacar que para as contas do Balanço Patrimonial o 
mais aconselhado é sempre utilizar a média, pois desta forma 
encontraremos o desempenho médio da empresa ao longo do 
período. 
A fórmula é a seguinte: 
 
A partir das informações divulgadas pela Grendene, nas 
Demonstrações Contábeis de 2018 e 2017, é possível calcular o 
prazo médio de estocagem: 
Fonte: RI da Grendene e autor 
Fonte: RI da Grendene e autor 
 
 
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62 
Observamos que a Grendene demora por volta de 91 dias para 
girar seu estoque, ou seja, em menos de 3 meses seu estoque já 
está completamente renovado. No entanto, em 2017 a empresa 
levava 89 dias para girar seu estoque, indicando uma piora na gestão 
do estoque. O ideal é que o prazo médio de estocagem diminua cada 
vez mais, o que significará que a empresa está conseguindo 
converter seu estoque mais rapidamente em vendas. 
Além disso, manter os produtos acabados em estoque por 
muito tempo gera custos adicionais para a empresa, como custos de 
armazenagem e custo de oportunidade (custo correspondente à 
rentabilidade que poderia ser obtida com o valor que está parado em 
estoque), o que eleva o risco financeiro da empresa e reduz a 
rentabilidade. 
Portanto, o tempo que o material passa no estoque ajuda a 
identificar o quão saudável está o capital de giro da empresa. De 
nada adianta uma empresa investir alto em uma produção volumosa 
e ágil se o setor de vendas não consegue acompanhar o ritmo de 
crescimento produtivo. Isso gerará mais produtos parados em 
estoque e uma necessidade maior de investimentos em capital de 
giro, reduzindo a rentabilidade final da empresa. 
No entanto, além de acompanhar a evolução deste indicador, é 
preciso fazer uma comparação com o prazo médio de estocagem de 
outras empresas que atuam no mesmo setor. 
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63 
Prazo Médio de Pagamento (PMPC) 
Este indicador determina quantos dias a empresa leva para 
pagar seus fornecedores. Nesse caso, quanto maior for o resultado 
encontrado para este indicador, melhor. Quando este prazo médio 
aumenta, significa que a empresa está conseguindo prazos maiores 
para pagar seus fornecedores. 
A fórmula para calcular o prazo médio de pagamento é: 
 
Onde: 
 
O item "CMV" fica localizado na Demonstração do Resultado do 
Exercício, e representa os custos totais com aquisição/produção de 
produtos e insumos e com o processo de pós-venda, que pode 
retornar novos itens ao estoque. 
O "Estoque Inicial" e "Estoque Final" ficam localizados no 
Balanço Patrimonial, dentro do Ativo Circulante. O Estoque 
representa todos os bens tangíveis mantidos para venda. 
Os custos com Compras da Grendene foram os seguintes: 
 
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64 
 
Fonte: RI da Grendene e autor 
Para calcular o prazo médio de pagamento, além dos custos 
com compras, precisamos dos valores do "Contas a Pagar". O item 
"Contas a Pagar" fica localizado no Balanço Patrimonial, dentro do 
Passivo Circulante. 
Os dados da Grendene são os seguintes: 
Fonte: RI da Grendene e autor 
Com os dados em mãos, podemos aplicar a fórmula para 
calcular o PMPC: 
 
 
O prazo médio de pagamento da Grendene aumentou em 
menos de um dia, o que indica que ela está conseguindo uma 
condição melhor para pagamento com os seus fornecedores. Quanto 
maior for o prazo de pagamento, menor é a necessidade de capital 
de giro da Companhia, pois parte da sua operação estará sendo 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
65 
financiada com recursos dos fornecedores, exigindo menor 
desembolso de caixa.Esse número só tem relevância para os prazos médios da 
própria empresa, portanto não é aconselhado que seja utilizado para 
fins de comparação com outras empresas do setor. No entanto, um 
bom sinal é quando o prazo médio de pagamento é superior ao 
prazo médio de recebimento, pois indica que a empresa consegue 
receber pelo produto antes de ter que pagar aos seus fornecedores. 
Prazo Médio de Recebimento (PMRV) 
Este indicador é útil para a avaliação das políticas de crédito e 
cobrança. O prazo médio de recebimento significa quantos dias de 
vendas a empresa possui no Contas a Receber. Também pode ser 
visto como a quantidade de dias que a empresa leva para receber as 
vendas a prazo que fez para os seus clientes. Portanto, quanto 
menor for o prazo médio de recebimento, melhor. 
A fórmula para cálculo do prazo médio de recebimento é a 
seguinte: 
 
O item "Contas a Receber", é encontrado no Balanço 
Patrimonial, dentro do ativo circulante. O "Contas a Receber" 
representa o montante de recebimento que a empresa possui com 
seus clientes, proveniente das vendas a prazo. Já as "Vendas Anuais" 
são encontradas na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), 
e representa o valor total faturado pela empresa. 
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66 
Qual venda utilizar? É bastante comum as pessoas utilizarem a 
Receita Líquida para o cálculo do prazo médio de recebimento. 
Porém, a Receita Líquida desconta alguns valores das Vendas, como 
Impostos Sobre as Vendas e Devoluções. Por outro lado, o Contas a 
Receber, no Balanço Patrimonial, contabiliza o valor bruto das 
vendas, incluindo todos os impostos sobre as vendas. Por isso, não é 
aconselhado utilizar a Receita Líquida para calcular o Prazo Médio de 
Recebimento. 
Por exemplo, em empresas de setores que possuem impostos 
elevados, como o setor de bebidas, teríamos um resultado bastante 
equivocado ao utilizar a Receita Líquida no lugar da Receita Bruta. 
Infelizmente, as normas internacionais de contabilidade (IFRS) 
determinam que as demonstrações do resultado comecem pela 
Receita Líquida. Isso dificulta o cálculo do prazo médio do 
recebimento, visto que a maioria dos releases trimestrais das 
empresas começam pela Receita Líquida. 
No entanto, a lei brasileira exige que as demonstrações de 
resultado comecem pela Receita Bruta. Portanto, caso a empresa 
não divulgue no Release, o investidor poderá encontrar a Receita 
Bruta diretamente nas Demonstrações Financeiras (ITR/DFP). 
Voltando ao caso da Grendene, temos os seguintes dados: 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
67 
Fonte: RI da Grendene e autor 
A partir dessas informações, podemos aplicar a fórmula para 
calcular o PMRV: 
 
 
O prazo médio de recebimento da Grendene era de 105 dias, 
passando para 109 dias. Isso mostra que a Grendene está 
concedendo aos seus clientes um pequeno prazo a mais, para que 
possam pagar suas compras. 
A determinação dos prazos médios nos ajuda a calcular os 
ciclos Operacional e Financeiro, que são fundamentais para 
entendimento do impacto gerado na gestão do capital de giro da 
empresa. 
Ciclo Operacional 
O Ciclo Operacional é o prazo desde o início do processo de 
produção ao recebimento de caixa resultante da venda do produto 
acabado. Portanto, ciclo operacional é o período de tempo existente 
desde o momento da chegada da matéria-prima até o recebimento 
do produto da venda. 
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68 
Esse ciclo envolve duas categorias de ativos de curto prazo: 
estoques e contas a receber. Logo, temos aqui o uso de dois prazos 
médios: prazo médio de estocagem e prazo médio de recebimento. 
Para calcular o Ciclo Operacional devemos somar o prazo 
médio de estocagem com o prazo médio de recebimento, conforme 
abaixo: 
 
Vamos ao exemplo prático, utilizando os prazos médios da 
Grendene em 2018: 
 Prazo Médio de Estocagem (PME) = 92 dias 
 Prazo Médio de Recebimento (PMRV) = 109 dias 
 Diante dos prazos apresentados, a Grendene possui um ciclo 
operacional de 201 dias, conforme a figura abaixo: 
 
Percebe-se que o processo de produção e venda da Grendene 
leva, em média, 92 dias. Porém, ela não recebe imediatamente pela 
venda dos seus produtos. Isso faz com que a empresa necessite de 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
69 
capital de giro, visto que, após a venda dos produtos, as obrigações 
diárias precisarão ser honradas. A questão aqui é: quanto menor for 
o Ciclo Operacional, melhor é para a gestão do capital de giro da 
Companhia. 
Alguns fatores que podem contribuir para a mudança do Ciclo 
Operacional são: 
 Aumento/Perda de eficiência operacional 
 Melhora/Piora na Produtividade 
 Equipe de vendas bem/mal treinada 
 Alteração na política de vendas 
 Aumento/Diminuição da inadimplência 
 Aumento/Redução do prazo de pagamento aos clientes 
Ciclo Financeiro 
O Ciclo Financeiro, também conhecido como Ciclo de 
Conversão de Caixa, representa o período durante o qual os recursos 
de uma empresa ficam aplicados nos ativos imobilizados. Para 
calcular o Ciclo Financeiro deve-se subtrair o prazo médio de 
pagamento do ciclo operacional, portanto esse ciclo leva em conta 
três importantes componentes: (1) prazo médio de estocagem, (2) o 
prazo médio de recebimento e (3) o prazo médio de pagamento. 
Caso a empresa altere qualquer um desses prazos, também 
modificará o volume de recursos aplicados em suas operações no dia 
a dia. 
A fórmula para calcular o Ciclo Financeiro é: 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
70 
 
No caso da Grendene, utilizando os prazos médios em 2018, 
temos: 
 Prazo Médio de Estocagem (PME) = 92 dias 
 Prazo Médio de Recebimento (PMRV) = 109 dias 
 Prazo Médio de Pagamento (PMPC) = 12 dias 
Diante dos prazos apresentados, a Grendene possui um ciclo 
financeiro de 189 dias, conforme a figura abaixo: 
 
Podemos concluir que a Grendene tem uma saída de caixa em 
determinada data que só é compensada, por uma entrada de caixa, 
189 dias depois. O problema disso é que, em alguns casos, a 
organização terá que obter recursos financeiros com terceiros para 
efetuar o pagamento da matéria-prima. 
Portanto, assim como ocorre com o Ciclo Operacional, quanto 
menor for o Ciclo Financeiro, melhor. Ao reduzir o Ciclo Financeiro a 
empresa demandará uma quantidade menor de recursos (como 
empréstimos bancários) para sustentar seus ativos operacionais. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
71 
Tendo em mente os três componentes do Ciclo Financeiro, sua 
redução pode ser obtida através da aplicação de algumas estratégias, 
como: 
 Girar o estoque com a maior velocidade possível, sem que 
resultem em vendas perdidas (rupturas) 
 Cobrar as contas a receber com a maior rapidez possível, sem 
perder vendas resultantes do uso de técnicas de cobrança 
muito agressivas 
 Efetuar pagamentos aos fornecedores com a maior lentidão 
possível, sem prejudicar a classificação de crédito da empresa 
O tempo desse ciclo afeta diretamente o lucro da empresa, 
porque quanto mais longo for o Ciclo Financeiro, maior é a 
necessidade de financiamento externo, e esse financiamento tem um 
custo, que é contabilizado no Resultado Financeiro da DRE. 
É aqui que entra a gestão do capital de giro da empresa, visto 
que a Necessidade de Capital de Giro é diretamente afetada pelo 
Ciclo Financeiro. Quanto maior o ciclo, maior a Necessidade de 
Capital de Giro. 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
72 
Indicadores de Capital de 
Giro e Necessidade de 
Capital de Giro 
 
s indicadores de capital de giro auxiliam na análise do 
equilíbrio financeiro da empresa, através do 
dimensionamento do nível de investimento em 
ativos circulantes e o grau de financiamento com passivos 
circulantes. 
Os ativos circulantes, também conhecidos como capital de giro, 
representama proporção do investimento total da empresa que 
circula na condução normal das operações. No Ativo em Giro 
encontramos as contas de Disponibilidades, Clientes, Estoques, 
Despesas Antecipadas etc. 
Já os passivos circulantes representam o financiamento de 
curto prazo. Esse financiamento inclui dívidas de curto prazo, 
normalmente com fornecedores, funcionários, governo, bancos, 
entre outros. 
A má gestão do capital de giro, ou seja, quando uma 
necessidade de investimento em giro é mal dimensionada, pode 
comprometer a solvência da empresa, gerando reflexos sobre sua 
rentabilidade. 
O 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
73 
Capital de Giro Líquido (CGL) 
O capital de giro líquido é definido como a diferença entre os 
ativos circulantes e os passivos circulantes. Quando os ativos 
circulantes superam os passivos circulantes, dizemos que houve 
excedente das aplicações a curto prazo. 
 
Em geral, quanto maior for a margem entre os ativos 
circulantes e os passivos circulantes, maior é a capacidade da 
empresa de pagar as contas quando vencem. 
Em outras palavras, quanto maior o saldo positivo do CGL, 
maior será sua liquidez e menor será o risco da empresa se tornar 
tecnicamente insolvente. 
Veja os dados divulgados pela Grendene, no 4T18: 
 
Fonte: RI Grendene 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
74 
O CGL da Grendene, no 4T18, era de R$ 2.563.404.000, 
evidenciando que houve excedente das aplicações de curto prazo e 
que a empresa possuiu uma situação financeira bastante 
confortável. 
Capital de Giro Próprio (CGP) 
O Capital de Giro Próprio é a parcela dos recursos próprios 
(Capital Social e Lucros Acumulados) investidos no giro. Em outras 
palavras, é o montante de recursos próprios que restam para 
aplicação no Giro, depois que forem feitas todas as aplicações em 
Investimentos Permanentes (móveis, imóveis, veículos, máquinas, 
equipamentos etc). 
Para calcular o Capital de Giro Próprio deve-se subtrair o Ativo 
Não Circulante do Patrimônio Líquido: 
 
Quanto maior o saldo do CGP, melhor é para a empresa. Isso 
significa que houve excedente de recursos próprios para financiar 
parte dos ativos circulantes, após financiamento dos ativos 
permanentes. Esse quadro indica que a empresa é autossustentável, 
havendo baixa dependência por endividamento. 
O CGP da Grendene, no 4T18, era de R$ 2.534.599.000, 
indicando que os recursos próprios são suficientes para financiar 
todos os ativos imobilizados, além de grande parte dos ativos 
circulantes. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
75 
Necessidade de Capital de Giro (NCG) 
A necessidade de capital de giro é o montante mínimo que 
uma empresa deve ter em caixa para sustentar suas operações e 
manter o seu funcionamento. 
A NCG está diretamente ligada ao ciclo financeiro e ao volume 
de vendas. Quando o ciclo financeiro é longo, a necessidade de 
capital de giro é maior e vice-versa, quando o volume de negócios 
cresce eleva-se também a demanda de investimento em giro. 
A NCG é formada unicamente pelas contas operacionais, sendo 
calculada pela seguinte fórmula: 
 
Normalmente, encontramos no Ativo Circulante certos itens 
que não são operacionais, como Caixa e Aplicações Financeiras. Da 
mesma forma, o Passivo Circulante possui itens não operacionais, 
como Empréstimos e Financiamentos. Portanto, podemos dividir o 
Ativo Circulante em Ativos Operacionais e Ativos Financeiros, assim 
como podemos dividir os Passivos Circulantes em Passivos 
Operacionais e Passivos Financeiros. 
No caso da Grendene, de acordo com os dados do 4T18, os 
Ativos Operacionais totalizaram R$ 1.315.624.000, enquanto os 
Passivos Operacionais totalizaram R$ 199.814.000, gerando NCG de 
R$ 1.115.810, conforme a seguir: 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
76 
Fonte: Grendene e autor 
É importante ressaltar que qualquer alteração que venha a 
ocorrer no volume de atividade da empresa (produção e vendas), ou 
em seus prazos médios, afetará diretamente o montante dos ativos e 
passivos operacionais. Quanto maior forem as vendas e/ou os prazos 
médios, maior será a necessidade de capital de giro e vice-versa. 
Do ponto de vista da análise da solvência, quanto menor for a 
NCG, melhor. Isso significa que a empresa terá menor dependência 
por recursos financeiros de curto prazo. 
Outro ponto importante é que o investidor pode se deparar 
com a NCG negativa. A NCG negativa indica que a empresa 
avaliada recebe antes de desembolsar, ou seja, o ciclo financeiro é 
negativo. Quando isso ocorre quer dizer que a empresa possui fontes 
externas de financiamento que cobrem todos os seus ativos 
operacionais e ainda sobram recursos. 
Normalmente, empresas assim possuem elevadas vantagens 
competitivas, que geram maior poder de barganha com os 
fornecedores e com os clientes, permitindo que ela receba pelas suas 
vendas antes mesmo de pagar aos seus fornecedores. Encontrar 
empresas com NCG negativa costuma ser muito bom! 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
77 
Efeito Tesoura 
Até aqui já deu para você notar que o CGL indica o volume de 
recursos alocados para financiar o giro, enquanto a NCG revela o 
montante de capital permanente que uma empresa necessita para 
financiar seu capital de giro. 
Portanto, para avaliar o equilíbrio financeiro da empresa, ou 
seja, a maturidade de seus investimentos e financiamentos, é 
essencial confrontar o CGL e a NCG. Efetivamente, uma empresa 
denota segurança financeira somente quando o CGL é maior do que 
a NCG, porque significa que possui recursos em excesso diante de 
necessidades permanentes do capital de giro. 
Chamamos de Saldo de Tesouraria (ST) a diferença entre o 
CGL e a NCG: 
 
É muito comum o investidor se deparar com casos em que 
há um desequilíbrio entre a capacidade de financiamento das 
operações e o crescimento da atividade empresarial. Isso ocorre 
quando a expansão do negócio passa a exigir uma elevada aplicação 
de recursos no capital de giro, ultrapassando o nível do CGL. 
Quando, por vários exercícios seguidos, essa situação ocorre, 
indica falta de atenção da Diretoria e pode levar a empresa a uma 
situação de insolvência. Chamamos isso de efeito tesoura, nada mais 
é do que o aumento desordenado da diferença entre a NCG e o CGL, 
deixando o ST cada vez mais negativo. 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
78 
Quando o ST é negativo, significa que a empresa não possui 
recursos financeiros suficientes para suprir suas necessidades de 
investimento em giro. Quando o ST é positivo, significa que as fontes 
de financiamento de longo prazo são mais do que suficientes para 
cobrir tanto as aplicações de longo prazo como as necessidades de 
investimento no giro dos negócios. O saldo restante pode ser 
utilizado para garantir a solvência diante de eventos inesperados ou 
sustentar seu crescimento com recursos oriundos das suas próprias 
operações. 
Alguns motivos para ocorrer o efeito tesoura são: 
 Crescimento elevado do nível de atividade empresarial, acima 
da capacidade de financiamento da empresa 
 Desvio de recursos do giro para imobilizações 
 Inflação 
O Modelo Dinâmico, também conhecido como Modelo Fleuriet, 
fornece um enfoque mais dinâmico à análise de liquidez. O quadro 
abaixo permite visualizar a classificação na qual estes perfis são 
ordenados de acordo com o nível de solvência: 
 
 
 
 
APRENDA A ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS 
 
 
79 
Indicadores de Liquidez 
 
 liquidez de uma empresa é medida por sua 
capacidade de cumprir as obrigações de curto prazo à 
medida que vencem. Os indicadores de liquidez visam 
analisar a capacidade de pagamento da organização e seu equilíbrio 
financeiro, frente à sua necessidade de investimento em capital de 
giro. 
No entanto, uma liquidez boa não significa que a empresa irá 
possuir fluxo de caixa disponível

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