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Resumo de Avaliação Pré-Operatória 0 0 www.sanarflix.com.br Resumo Avaliação Pré- Operatória Resumo de Avaliação Pré-Operatória 1 1 www.sanarflix.com.br 1. Introdução Tem início a partir do momento em que se tem o diagnóstico provável ou de certeza de uma doença de tratamento cirúrgico para então se iniciar o processo de confirmação diagnóstica, avaliação e preparo do doente². Visa diagnosticar possíveis doenças ainda não reconhecidas no paciente cirúrgico, bem como avaliar se existem fatores de risco naquele paciente que possam aumentar os riscos normais da cirurgia já existentes, além de propor estratégias para minimizá-los. 2. Avaliação Clínica De maneira geral, o risco global da cirurgia tende a ser baixo em indivíduos saudáveis. Para avaliá-lo, tem-se a análise dos seguintes itens: ● Questionário de triagem: envolve 17 perguntas que indicam aos enfermeiros se o paciente necessita ou não de uma avaliação pré-operatória realizada por um anestesista. ● Idade: Não deve ser avaliado isoladamente para predizer se há ou não necessidade de suspender a cirurgia visto que o aumento de risco em relação a idade é maior quando há presença de comorbidades associadas, como comprometimento cognitivo, funcional, desnutrição e fragilidade. ● Capacidade de exercício: é um importante preditor do risco global cirúrgico. De acordo com as Diretrizes da American Heart Association (AHA) e do Colégio Americano de Cardiologia (ACC), não é necessário avaliar capacidade de exercícios em pacientes com pelo menos 4 equivalentes metabólicos (METs), ou seja, aqueles com capacidade de subir um lance de escadas, caminhar a 6km/h, subir colina ou fazer trabalhos extenuantes em casa. Isso porque, em geral, pacientes com esse perfil tem baixo risco de complicações pós-operatórias importantes. Existem escalas formais de atividade que podem ser usadas para evitar subestimação da capacidade de exercício. Pacientes com baixa capacidade Resumo de Avaliação Pré-Operatória 2 2 www.sanarflix.com.br apresentam alto risco de mortalidade por fatores cardíacos no contexto cirúrgico; ● Uso de medicamentos: é necessário saber sobre uso de medicamentos, sobretudo aqueles de livre venda. AAS, ibuprofeno e outros AINES, por exemplo, se associam a elevado risco de sangramento perioperatório; ● Obesidade: em cirurgia cardíaca, há maiores chances de complicações cirúrgicas em pacientes obesos, como aumento do tempo de internação, infecção, ventilação mecânica prolongada e arritmias atriais. No entanto, em cirurgias não cardíacas, sabe-se que obesidade não é um fator de risco para a maioria das possíveis complicações pós-cirúrgicas, a exceção da embolia pulmonar; ● Apneia obstrutiva do sono: esta situação patológica aumenta o risco de complicações pós-cirúrgicas, como hipoxemia, insuficiência respiratória, necessidade de reintubação e transferência do paciente para UTI. É importante, então, avaliar o paciente antes da cirurgia para possível diagnóstico de apneia obstrutiva do sono, com um dos vários instrumentos que existem atualmente para este fim; ● Uso abusivo de álcool: é prudente rastrear os pacientes quanto ao uso abusivo de álcool, uma vez que tal condição apresenta fator de risco para complicações pós-operatórias. Dentre estas, tem-se: infecções, complicações cardíacas e pulmonares, prolongamento de tempo em UTI e aumento do risco de novo procedimento cirúrgico não planejado; ● Uso de drogas ilícitas: é importante avaliar o uso de drogas, uma vez que pacientes usuários de opióides podem ter tolerância e necessitarem de doses mais altas desse tipo de medicamento no período intraoperatório e após. Além disso, aqueles que fazem uso dessas drogas, bem como de barbitúricos ou anfetaminas, têm risco de síndrome de abstinência após a cirurgia; Resumo de Avaliação Pré-Operatória 3 3 www.sanarflix.com.br ● Tabagismo: avaliar uso do tabaco e estimular a cessação do tabagismo antes da cirurgia, pois esta prática se relaciona com aumento de morbimortalidade pós- operatória. Nesse contexto, o cigarro aumenta o risco de morbidade geral, complicações da ferida cirúrgica, infecções, complicações pulmonares, neurológicas e internação em UTI; ● Histórico pessoal e familiar de complicações anestésicas: avaliar complicações de anestesias, principalmente visando captar o risco de hipertermia maligna, condição genética rara relacionada a administração de anestesia. 3. Avaliação Laboratorial Testes laboratoriais seletivos para pessoas com doenças já conhecidas fazem parte de um ponto apoiado pela Sociedade Americana de Anestesiologia. Isso porque o risco cirúrgico é baixo em pacientes saudáveis e o maior número de exames solicitados se relaciona com o aumento do risco de aparecerem resultados falso-positivos. Além disso, de maneira geral, um resultado anormal geralmente já vai ser indicado a partir do exame clínico do paciente. Mas, geralmente, os médicos solicitam avaliação laboratorial para todos, por hábito e preocupação médico-legal. Em situações de necessidade de testes laboratoriais, estes podem ser considerados confiáveis se feitos dentro de 4 meses anteriores à cirurgia, a menos que tenha havido mudança clínica no paciente dentro desse período. Em casos de testes previamente anormais, dentro desses 4 meses, é aceitável repeti-los no período pré-cirúrgico imediato. No entanto, testes laboratoriais comumente solicitados para avaliação pré-operatória incluem: ● Hemograma: é necessária uma medida basal da hemoglobina para pacientes a partir de 65 anos de idade que vão precisar de uma grande cirurgia ou para pacientes jovens que passarão por uma cirurgia que resulte em grande perda de sangue, pelo risco de mortalidade maior em pacientes com anemia nesses contextos. Além disso, é razoável analisar a contagem de plaquetas antes de cirurgias em que vão utilizar anestesia espinhal ou epidural. Em relação ao Resumo de Avaliação Pré-Operatória 4 4 www.sanarflix.com.br leucograma, pode-se recomendar se não for aumentar muito o custo em relação a obtenção de uma hemoglobina isolada. ● Função renal: apesar de não ser consenso, pode-se avaliar concentração de creatinina sérica em pacientes com mais de 50 anos que participarão de cirurgias com risco alto ou médio, em casos de haver probabilidade de hipotensão ou se forem usados medicamentos nefrotóxicos. A insuficiência renal é fator de risco para complicações pulmonares pós-cirúrgicas e um importante preditor de mortalidade pós-operatória. Além disso, tal patologia exige mudança de dose de alguns medicamentos usados, como relaxantes musculares. ● Eletrólitos, glicemia, testes de função hepática, testes de hemostasia e sumário de urina: não devem ser solicitados de rotina em pacientes previamente saudáveis, por geralmente não alterarem conduta cirúrgica nesses casos. Testes de hemostasia, como medida de Tempo de Protrombina (PT), Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa) e contagem de plaquetas podem ser solicitados em casos de histórico pessoal/familiar e/ou exame físico sugerirem risco de presença de distúrbio de sangramento; ● Teste de gravidez: é importante a sua solicitação para todas as mulheres em idade reprodutiva antes da cirurgia, porque uma gravidez altera o manejo perioperatório. 4. Outros Exames ● Eletrocardiograma: Para pacientes sem fatores de risco e que serão submetidos a procedimentos de baixo risco não é indicada a solicitação do Eletrocardiograma. De acordo com as diretrizes da AHA/ACC de 2014, pacientes com doença arterial coronariana, arritmia significativa, doença arterial periférica, doença cerebrovascular ou outra doença cardíaca considerável que forem se submeter a cirurgias de não baixo risco devemrealizar um ECG de 12 derivações. Além desses casos, recomenda-se também no pré-operatório de Resumo de Avaliação Pré-Operatória 5 5 www.sanarflix.com.br pacientes sem comorbidades, mas que irão passar por cirurgia de risco elevado. É considerável, ainda, solicitar o ECG de 12 derivações antes de cirurgias em pacientes com IMC a partir de 40 kg/m² com HAS, DM e/ou hiperlipidemia. ● Radiografia de Tórax: De acordo com o American College of Physicians (ACP), em pacientes pré-operatórios, deve-se solicitar Radiografia de Tórax para aqueles que tem mais de 50 anos e precisam das seguintes cirurgias: aneurisma de aorta abdominal ou cirurgia torácica. Nos demais pacientes, não há consenso sobre o uso de rotina desse exame de imagem na avaliação pré-cirúrgica, uma vez que o mesmo pouco auxilia na identificação de fatores de risco para complicações perioperatórias. ● Testes de função pulmonar: Os testes de função pulmonar, em geral, devem ser indicados para pessoas com dispneia inconclusiva mesmo após o exame clínico. Mas, achados como murmúrio vesicular diminuído, fase expiratória prolongada, presença de estertores, roncos ou sibilos são mais indicativos de risco de complicações pulmonares pós-cirurgias do que resultados provenientes de testes espirométricos. Referências Bibliográficas 1- Preoperative medical evaluation of the healthy adult patient. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/preoperative-medical-evaluation-of-the- healthy-adult- patient?search=preoperative%20evaluation&source=search_result&selectedTit le=2~150&usage_type=default&display_rank=2 2- SABISTON. Tratado de cirurgia: A base biológica da prática cirúrgica moderna. 19.ed. Saunders. Elsevier. https://www.uptodate.com/contents/preoperative-medical-evaluation-of-the-healthy-adult-patient?search=preoperative%20evaluation&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2 https://www.uptodate.com/contents/preoperative-medical-evaluation-of-the-healthy-adult-patient?search=preoperative%20evaluation&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2 https://www.uptodate.com/contents/preoperative-medical-evaluation-of-the-healthy-adult-patient?search=preoperative%20evaluation&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2 https://www.uptodate.com/contents/preoperative-medical-evaluation-of-the-healthy-adult-patient?search=preoperative%20evaluation&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2 Resumo de Avaliação Pré-Operatória 6 6 www.sanarflix.com.br