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Influências no Desenvolvimento 
 
Os estudantes do desenvolvimento interessam-se pelos processos de desenvolvimento 
que influenciam toda pessoa normal, mas eles também querem saber sobre as 
diferenças individuais, tanto nas influências sobre o desenvolvimento como em seu 
resultado. 
As pessoas diferem em sexo, altura, peso e estrutura corporal; em fatores constitucionais, 
como saúde e nível de energia; em inteligência; em características de personalidade e 
reações emocionais. Os contextos de suas vidas e estilos de vida também diferem: os 
lares, as comunidades e as sociedades em que vivem, os relacionamentos que têm, os 
tipos de escolas que frequentam (ou se estudam ou não), suas profissões e como 
desfrutam seu tempo de lazer. 
Algumas diferenças básicas são óbvias, como se uma pessoa é do sexo masculino ou 
feminino. Outras diferenças, como variações de talento e temperamento, podem ser sutis. 
Essas e outras diferenças podem ajudar a explicar por que uma pessoa o diferente de 
outra. Como o desenvolvimento é complexo e os fatores que o afetam nem sempre 
podem ser medidos com precisão, os cientistas não podem dar uma resposta definitiva a 
essa pergunta. Entretanto, eles aprenderam muito sobre o que as pessoas precisam 
desenvolver normalmente, como elas reagem às muitas influências internas e externas, e 
como elas podem desempenhar melhor seu potencial. 
 
Hereditariedade, Ambiente e Maturação 
 
Algumas influências sobre o desenvolvimento originam-se com a hereditariedade: a 
dotação genética inata dos pais biológicos de uma pessoa. Outras provêm do ambiente 
externo: o mundo fora da pessoa, que se inicia no útero. As diferenças individuais 
aumentam à medida que as pessoas envelhecem. Muitas mudanças típicas da primeira e 
segunda infâncias parecem vinculadas à maturação do corpo e do cérebro - o 
desdobramento de uma sequência natural geneticamente influenciada de mudanças 
físicas e padrões de comportamento, incluindo a prontidão para adquirir novas 
habilidades, como caminhar e falar. A medida que as crianças se transformam em 
adolescentes e depois em adultos, as diferenças nas características inatas e na 
experiência de vida desempenham um papel mais importante. 
Mesmo em processos pelos quais todos passam, o tipo e o tempo de ocorrência do 
desenvolvimento variam. Ao longo deste livro, falaremos sobre idades médias para a 
ocorrência de determinados comportamentos: a primeira palavra, o primeiro passo, a 
primeira menstruação ou "sonho molhado", o desenvolvimento do pensamento lógico. 
Mas essas idades são apenas médias. Somente quando o desvio da média é extremo 
devemos considerar o desenvolvimento excepcionalmente avançado ou retardado. 
Portanto, ao tentar compreender as semelhanças e as diferenças no desenvolvimento, 
precisamos observar as características herdadas que dão a cada pessoa um começo 
especial na vida. Precisamos também considerar os muitos fatores ambientais que 
influenciam as pessoas, especialmente os contextos mais importantes da família, do 
bairro, da condição socioeconômica, da etnicidade e da cultura. Precisamos observar as 
influências que afetam muitas ou a maioria das pessoas em uma determinada idade ou 
em uma determinada época na história, além daquelas que afetam somente certos 
indivíduos. 
Finalmente, precisamos observar como o tempo de ocorrência pode afetar o impacto de 
algumas influências. 
 
Principais Influências Contextuais 
 
Conforme a abordagem do desenvolvimento no ciclo vital de Baltes nos informa, os seres 
humanos são seres sociais. Desde o início, desenvolvem-se dentro de um contexto social 
e histórico. Para um bebê, o contexto imediato normalmente é a família, mas a família, por 
sua vez, está sujeita às influências mais amplas e sempre em transformação do bairro, da 
comunidade e da sociedade. No Capítulo 2, discutiremos a teoria de desenvolvimento de 
Urie Bronfenbrenner, que focaliza as interconexões entre os muitos contextos que 
influenciam o desenvolvimento de uma pessoa. Por enquanto, vamos começar com 
algumas definições básicas. 
 
 
Família 
Família pode ter significado diferente em épocas e lugares diferentes. Suas 
características mudaram muito durante os últimos 150 anos. 
No curso da história, a família nuclear, uma unidade doméstica, econômica e de 
parentesco entre duas gerações, composta por pais e seus filhos biológicos ou adotados, 
era a forma dominante nos Estados Unidos e em outras sociedades ocidentais industriais. 
Pais e crianças normalmente trabalhavam juntos na propriedade rural da família. 
As famílias grandes dispunham de muitas mãos para dividir o trabalho, e as atividades e a 
educação das crianças giravam em torno das prioridades da produção agrícola. 
Em meados do século XX, a maioria das famílias norte-americanas havia saído da zona 
rural. A maioria das crianças crescia nas cidades, tinha apenas um ou dois irmãos e 
passava grande parte do tempo na escola. Os adultos tinham melhor nível de instrução do 
que tinham nas gerações anteriores, e os homens ficavam no trabalho na maior parte do 
dia (Hernandez, 1997). 
Durante os últimos 50 anos, as mudanças aceleraram-se. Atualmente pai e mãe tendem a 
trabalhar fora de casa. Uma criança tende a receber uma considerável quantidade de 
cuidado de parentes ou de outras pessoas. Se um casal é divorciado, seus filhos podem 
viver com um dos pais, ou podem ficar mudando-se entre duas casas. O domicílio familiar 
pode incluir padrasto ou madrasta e meio-irmãos ou meio-irmãs, ou ainda o parceiro ou a 
parceira atual do pai ou da mãe. Existe um número cada vez maior de adultos solteiros e 
sem filhos, pais solteiros e lares de homossexuais masculinos e femininos (Hernandez, 
1997). 
Em muitas sociedades, como as da Ásia e da América Latina, além de alguns grupos 
minoritários nos Estados Unidos, a família extensa - uma rede de parentesco de muitas 
gerações, incluindo avós, tias, tios, primos e parentes mais distantes - é o padrão básico 
de organização social, e muitas ou a maioria das pessoas vivem em um domicíliode 
família extensa. Entretanto, esse padrão está desaparecendo nos países em 
desenvolvimento, devido à industrialização e à migração para centros urbanos (Brown, 
1990; Gorman, 1993). 
 
Condição Socioeconômica e Bairro 
A condição socioeconômica (CS) mescla diversos fatores relacionados, incluindo renda, 
nível de instrução e profissão. Ao longo deste livro, descrevemos muitos estudos que 
relacionam a CS aos processos de desenvolvimento (como diferenças na interação verbal 
das mães com seus filhos) e às consequências no desenvolvimento (como saúde e 
desempenho cognitivo; ver Tabela 1-2). Geralmente não é a CS propriamente dita que 
tem influência nessas consequências, e sim fatores associados à CS, como os tipos de 
lares e bairros em que as pessoas residem e a qualidade da assistência médica, da 
educação escolar e de outras oportunidades disponíveis a elas. As crianças pobres, por 
exemplo, têm maior propensão do que as outras a ter problemas emocionais e 
comportamentais, e seu potencial cognitivo e o desempenho na escola são ainda mais 
afetados (Brooks-Gunn, Britto e Brady, em fase de elaboração; Brooks-Gunn e Duncan, 
1997; Duncan e Brooks- Gunn, 1997; McLoyd, 1998). Mas os danos da pobreza podem 
ser indiretos, através de seu impacto sobre o estado emocional dos pais e suas práticas 
educativas e sobre o ambiente doméstico que eles criam. (No Capítulo 10, examinaremos 
mais detidamente os efeitos indiretos da pobreza.) 
A CS limita as escolhas das pessoas de onde viver. Há pouco tempo os pesquisadores 
começaram a estudar como a composição de um bairro influencia no modo como as 
crianças desenvolvem-se. Até agora, os fatores mais contundentes parecem ser a renda e 
o capital humano médio do bairro - a presença de adultos instruídos e empregados que 
possam construir a base econômica da comunidade e oferecer modelosdo que uma 
criança pode esperar alcançar (Brooks-Gunn et al., 1997; Leventhal e Brooks-Gunn, em 
fase de elaboração). As ameaças ao bem-estar das crianças se multiplicam quando 
diversos fatores de risco - condições que aumentam a probabilidade de um resultado 
negativo - coexistem, como ocorre com freqüência. Viver em um bairro pobre com grande 
número de pessoas desempregadas vivendo de seguro desemprego torna menos 
provável a existência de apoio social efetivo (Black e Kirshnakumar, 1998). O percentual 
de crianças que vive em bairros assim aumentou de 3% em 1970 para 17% em 1990 
(Annie E. Casey Foundation, 1997). 
 
 
 
 
Cultura e Etnicidade 
Cultura refere-se ao modo de vida total de uma sociedade ou de um grupo, incluindo 
costumes, tradições, crenças, valores, idioma e produtos materiais, desde ferramentas a 
obras de arte - todo o comportamento adquirido transmitido dos pais para as crianças. 
A cultura não é estática; ela está sempre mudando, muitas vezes, por meio do contato 
com outras culturas. 
Algumas culturas apresentam variações ou subculturas associadas com certos grupos, 
geralmente grupos étnicos, dentro de uma sociedade. Um grupo étnico consiste de 
pessoas unidas por descendência, raça, religião, língua e/ou nacionalidade, o que 
contribui para um sentido de identidade comum e atitudes, crenças e valores 
compartilhados. A maioria dos grupos étnicos localiza suas raízes em um país de origem, 
onde eles ou seus antepassados tinham uma cultura comum que continua influenciando 
seu modo de vida. 
Os Estados Unidos sempre foram uma nação de imigrantes e grupos étnicos. A "maioria" 
de descendência européia, na verdade, consiste de muitos grupos étnicos distintos - 
alemães, belgas, irlandeses, franceses, italianos, etc. Também existe diversidade dentro 
das comunidades hispânica (ou latina) e afro-americana, os maiores grupos minoritários. 
Americanos cubanos, porto-riquenhos e mexicanos - todos americanos hispânicos - têm 
histórias e culturas diferentes e condições socioeconômicas variáveis. De modo 
semelhante, afro-americanos do sul rural diferem dos de descendência caribenha. Os 
americanos asiáticos também provêm de uma variedade de países com culturas distintas, 
do moderno Japão industrial e da China comunista às remotas montanhas do Nepal, onde 
muitas pessoas ainda praticam seu antigo modo de vida. Se as atuais taxas de imigração 
persistirem, até o ano de 2030 as hoje chamadas minorias constituirão a metade da 
população, e até 2050 serão bem mais do que a metade (Hernandez, 1997). Além disso, 
o casamento entre membros de diferentes grupos étnicos está produzindo um número 
crescente de indivíduos de etnicidade mista (Phinney e Alipuria, 1998). 
Em sociedades grandes, multiétnicas, como a dos Estados Unidos, os imigrantes ou 
grupos minoritários adaptam-se à cultura majoritária, ou aculturam-se, aprendendo o 
idioma e os costumes necessários para sobreviver na cultura dominante, ao mesmo 
tempo tentando preservar parte de suas práticas e de seus valores culturais próprios 
(aculturação não é o mesmo que assimilação cultural, em que a minoria simplesmente 
adota os costumes da maioria.) As pessoas frequentemente vivem em bairros com outros 
membros de seu próprio grupo étnico, reforçando os padrões culturais comuns. Esses 
padrões culturais podem influenciar a composição da unidade domiciliar, seus recursos 
econômicos e sociais, a forma como seus integrantes agem entre si, o tipo de comida que 
comem, as brincadeiras das crianças, o modo como aprendem e seu desempenho na 
escola. Os diferentes grupos étnicos possuem estratégias adaptativas distintas que 
promovem a sobrevivência e o bem-estar do grupo e governam a educação das crianças. 
As famílias afro-americanas, americanas indianas, americanas asiáticas do Pacífico e 
americanas hispânicas dão mais destaque aos valores grupais (como lealdade) do que 
aos valores individualistas (autonomia, competição e autoconfiança) enfatizados nas 
culturas ocidentais. 
As crianças nas famílias minoritárias são estimuladas a cooperar e depender umas das 
outras. 
Em função da necessidade econômica, os papéis sociais tendem a ser flexíveis: os 
adultos, muitas vezes, dividem o sustento da família, e as crianças têm a 
responsabilidade de cuidar de irmãos e irmãs mais jovens. A família extensa prove laços 
íntimos e sistemas de apoio fortes. As pessoas desses grupos étnicos têm maior 
probabilidade do que nas famílias brancas americanas de viver em domicílios de família 
extensa, onde têm contato diário com os parentes, e as crianças em idade escolar tendem 
mais a incluir a família extensa em seu círculo íntimo de apoio (Harrison et al, 1990; Levitt, 
Guacci-Franco e Levitt, 1993). 
Quando falamos sobre as influências da etnicidade e da cultura, especialmente sobre os 
membros de grupos minoritários, é importante distinguir os efeitos dos traços biológicos 
compartilhados, da condição socioeconômica (que pode ser consequência de preconceito 
ou falta de oportunidades de educação e emprego) e das atitudes culturais que ajudam a 
moldar o desenvolvimento. O preconceito e a discriminação que limitam as oportunidades 
para muitos afro-americanos e outras minorias intensificam os laços de apoio mútuo 
dentro de suas famílias e comunidades. Quando afro-americanos ingressam na classe 
média, tendem a preservar seus padrões étnicos e culturais característicos, juntamente 
com seus laços comuns com outros afro-americanos de menor êxito financeiro. 
Assim, o comportamento e as atitudes de afro-americanos de classe média podem diferir 
substancialmente dos de americanos brancos de classe média. Há quanto tempo uma 
família 
pertence à classe média faz diferença. Os afro-americanos que cresceram na pobreza e 
trabalharam para chegar à condição de classe média tendem a se sentir e a agir de modo 
diferente dos afro-americanos cujas famílias são de classe média há quatro gerações. 
Isso também se aplica a americanos mexicanos e americanos porto-riquenhos (Banks, 
1998). 
 
Influências Normativas e Não-normativas 
 
Como a abordagem do desenvolvimento no ciclo vital de Baltes assinala, o 
desenvolvimento tem muitas raízes. Para compreender semelhanças e diferenças no 
desenvolvimento, precisamos examinar as influências que atuam sobre muitas ou sobre a 
maioria das pessoas e aquelas que só atingem certos indivíduos. Também precisamos 
considerar as influências de tempo e lugar (Baltes, Reese e Lipsitt, 1980). 
Um evento normativo é experimentado de modo semelhante pela maioria das pessoas 
em um grupo. Influências normativas etárias são muito semelhantes para pessoas de uma 
determinada faixa etária. Elas incluem eventos biológicos (como puberdade e 
menopausa) e eventos sociais (como ingresso na educação formal, casamento, 
paternidade-maternidade e aposentadoria.) O tempo de ocorrência dos eventos biológicos 
é fixo, dentro de uma faixa normal. (As pessoas não experimentam a puberdade aos 35 
anos ou a menopausa aos 12.) O tempo de ocorrência dos eventos sociais é mais flexível 
e varia em diferentes tempos e lugares, embora dentro de limites de maturação. Uma 
mulher normalmente pode engravidar e ter um filho em qualquer tempo entre a puberdade 
e a menopausa. Nas sociedades industriais do ocidente, as crianças geralmente iniciam a 
educação formal em torno dos 5 ou 6 anos, mas em alguns países em desenvolvimento, a 
educação escolar, quando ocorre, começa muito mais tarde. As influências normativas 
históricas são comuns a uma determinada coorte: grupo de pessoas que partilham de 
uma experiência semelhante, como crescer na mesma época e no mesmo lugar. 
Exemplos de influências desse tipo são a Grande Depressão da década de 1930 (ver 
Quadro 1-1), a escassez de alimentos na África durante os anos de 1980 e de 1990 e os 
violentos conflitos no leste europeu na década de 1990. Também nessa categoria 
encontram-se desenvolvimentosculturais e tecnológicos, como os da mudança de papéis 
das mulheres e o impacto da televisão e dos computadores. 
As influências não-normativas são eventos incomuns que têm grande impacto sobre vidas 
individuais. Eles podem ser eventos típicos que ocorrem em um momento atípico da vida 
(como casamento nos primeiros anos da adolescência ou a morte de um dos pais quando 
o filho ainda é pequeno) ou eventos atípicos (como ter um problema congênito ou sofrer 
um acidente de automóvel). Eles também podem, é claro, ser eventos positivos (como 
obter uma bolsa de estudos ou uma promoção inesperada). As pessoas, muitas vezes, 
ajudam a criar seus próprios eventos de vida não-normativos - por exemplo, 
candidatando-se para um novo emprego ou adotando um hobby perigoso, como pára-
quedismo - e, desse modo, participam ativamente de seu próprio desenvolvimento. 
(Eventos normativos e não-normativos são posteriormente discutidos no Capítulo 14.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cronologia das Influências: Períodos 
Críticos ou Sensíveis 
Um período crítico é um tempo específico em que um determinado evento ou sua 
ausência tem maior impacto sobre o desenvolvimento. Por exemplo, se uma mulher é 
exposta a raios X, toma certas drogas ou contrai certas doenças em determinadas épocas 
da gravidez, o feto pode apresentar efeitos negativos específicos. A quantidade e o tipo 
de dano variam, dependendo da natureza do "choque" e de seu momento de ocorrência. 
Uma criança privada de certos tipos de experiência durante um período crítico tende a 
apresentar tolhimento permanente do desenvolvimento físico. A desnutrição durante o 
período crítico de desenvolvimento cerebral logo após o nascimento pode resultar em 
dano cerebral. Além disso, se um problema físico que interfere na capacidade de focar os 
olhos não é corrigido cedo na vida, os mecanismos cerebrais necessários para a 
percepção de profundidade não se desenvolverão (Bushnell e Boudreau, 1993). 
O conceito de períodos críticos é mais controverso quando aplicado ao desenvolvimento 
cognitivo e psicossocial. Para esses aspectos do desenvolvimento parece haver maior 
plasticidade. Embora o organismo humano possa ser particularmente sensível a certas 
experiências psicológicas em determinados momentos da vida, eventos posteriores, 
muitas vezes, podem reverter os efeitos dos anteriores. Um investigador 
(Lennenberg, 1967, 1969) de fato propôs um período crítico para o desenvolvimento da 
linguagem, antes da puberdade, e esse conceito foi apresentado como uma explicação 
para o limitado progresso do "menino selvagem" no aprendizado da fala 
(Lane, 1976; ver Quadro 1-2). Entretanto, pesquisas mais recentes sugerem que a 
capacidade de aquisição da linguagem pode ser muito resiliente. Mesmo que as partes do 
cérebro mais apropriadas para o processamento da linguagem estejam comprometidas, 
um desenvolvimento da linguagem próximo do normal pode ocorrer – ainda que a criança 
possa ter que se esforçar muito para acompanhar as crianças normais em cada nova 
etapa de desenvolvimento da linguagem (Johnson, 1998). Outras pesquisas podem 
ajudar a delinear que aspectos do desenvolvimento se formam decisivamente durante 
períodos críticos e que aspectos permanecem modificáveis. 
 
 
 
Fonte: 
PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento Humano. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

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