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1 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 NERVOS CRANIANOS Em sua maioria, têm origem no tronco cerebral, com exceção dos pares I (telencéfalo) e II (diencéfalo). São mais complexos que os nervos espinhais. *A maior parte dos músculos da face são considerados de origem visceral, ou seja, as fibras que os inervam são eferentes (motoras) viscerais especiais; As glândulas (parótida e lacrimal, por exemplo) recebem fibras do SNA, que são eferentes viscerais gerais; A sensibilidade tátil da face (próprio e exterocepção) é aferente somático geral, e sensibilidade das vísceras é feita por fibras aferentes viscerais gerais; Os sentidos são feitos por receptores aferentes especiais (sensibilidade especial, que pode ser visceral (gustação e olfato) ou somática (visão, audição e equilíbrio)).* Com exceção dos músculos da língua e extrínsecos do olho, todos os músculos da face têm origem nos arcos branquiais. Esses últimos são chamados de branquiomêricos, pois os arcos branquiais formam rombômeros, ao em vez de somitos. Já os músculos ligados com as vísceras, são denominados miotônicos, formados pelos somitos. Todas as fibras do simpático têm origem na medula toracolombar (seguem o caminho da carótida para chegar ao crânio), já as fibras do parassimpático são cranianas e sacrais. Os núcleos do SNA no tronco cerebral são apenas parassimpáticos. Nervos motores dos músculos branquiomêricos: V – inervação do 1º arco branquial, músculos da mastigação (masseter, pterigoideos) e ventre anterior do digástrico; VII – inervação do 2º arco branquial, músculos de expressão facial (mímicos), ventre posterior do digástrico e estilo-hióide; IX – inervação do 3º arco branquial, parte superior da laringe e da faringe; X – inervação do 4º e 5º arcos branquiais, parte inferior da laringe e da faringe. 2 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Nervo olfatório (I): Único nervo com origem no telencéfalo (úncus); Atravessam a lâmina crivosa do etmoide; Terminam no bulbo olfatório; Na mucosa nasal, pequenos neurônios encaminham a mensagem ao bulbo olfatório, que por sua vez, através de axônios, chega ao telencéfalo; Exclusivamente sensitivo (aferente visceral especial). Nervo óptico (II): Origem no quiasma óptico; Passa pelo canal óptico; Na retina é chamado de nervo óptico, após atravessar o quiasma óptico (cruzamento das fibras), chama-se trato óptico e vai até o corpo geniculado lateral; Exclusivamente sensitivo (aferente somático especial). A imagem carregada pelo nervo óptico é oposta e invertida; As fibras que cruzam o quiasma óptico são mediais a retina (imagem esquerda do olho direito e direita do olho esquerdo); Pressão no quiasma óptico (por tumor na hipófise, por exemplo): perda do campo visual temporal (lateral) – hemianopsia heterônima bilateral. 3 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Músculos extrínsecos do olho – miotômicos: nervos eferentes (motores) somáticos (III, IV e VI): Nervo oculomotor (III): Músculos ciliar, elevador da pálpebra, esfíncter da pupila, retos superior, inferior e medial e oblíquo inferior; Núcleo no mesencéfalo (sulco interpeduncular); Existência, também, de fibras parassimpáticas – eferentes viscerais gerais (SNA), por esse motivo tem dois núcleos: núcleo de Edinger-Westphal (parassimpático) e complexo do terceiro (cada músculo tem um núcleo para as fibras eferentes somáticas); Hérnia de úncus comprime o nervo oculomotor, causando midríase (dilatação da pupila – pelo simpático), pois lesa as fibras parassimpáticas e apenas o simpático continua ativo. Nervo troclear (IV): Oblíquo superior (quando olha para baixo tem visão dupla, mas em geral não afeta muito a vida do paciente); Sai na parte posterior do tronco encefálico; Núcleo no mesencéfalo (véu medular superior – acima do IV ventrículo). Nervo abducente (VI): Reto lateral (abdução do olho, olhar para fora). Núcleo na ponte (sulco bulbo-pontino). 4 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Nervo trigêmeo (V): Nervo misto, com parte sensitiva (gânglio de Gasser) maior que motora; Origem na ponte (entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio); Fibras aferentes somáticas gerais – sensitivo; Fibras eferentes viscerais especiais – motor; V1: oftálmico; V2: maxilar; V3: mandibular; Faz a inervação sensitiva dos dois terços anteriores da língua, da cavidade nasal, da pele da face, da conjuntiva ocular e uma boa parte da dura-máter; Faz a inervação motora dos músculos da mastigação (1º arco branquial); Neuralgia do trigêmeo: em 90% dos casos é unilateral, choques intensos na face, acredita-se que seja causado por um conflito neurovascular (as vezes, pode ser uma compressão pelo seio petroso inferior). Pode ser tratado com anticonvulsivantes (bloqueia canais iônicos), compressão do nervo com uma agulha, para lesar parcialmente o nervo (procedimento temporário) e afetar a transmissão da dor, ou, separar o nervo do vaso, cirurgicamente, por um pedaço de músculo. Nervo facial (VII): Motricidade da face, responsável pela expressão facial; Fibras eferente viscerais especiais; Origem no tronco cerebral (sulco bulbo-pontino); 5 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Nervo intermédio, responsável pelas fibras aferentes (todas) e eferentes viscerais gerais (SNA) do facial – origem no gânglio geniculado (sensitivo); Passa pelo meato acústico interno; Sai do crânio pelo forame estilomastóideo; Inervam a glândula lacrimal: forma o nervo petroso maior, que, junto ao nervo petroso profundo (não faz sinapse pois já é pós-ganglionar – origem: gânglio cervical superior), forma o nervo do canal pterigoideo, que vai ao gânglio pterigopalatino, saindo as fibras pós-ganglionares; Inerva, também, as glândulas submandibular e sublingual: vai do nervo corda do tímpano até o nervo sublingual e faz sinapse no gânglio submandibular (parassimpático). As fibras aferentes viscerais especiais são responsáveis pela gustação dos 2/3 anteriores da língua; As fibras eferentes viscerais especiais inervam os músculos mímicos da face; Paralisia de Bell: o paciente não mexe um lado do rosto, o olho não fecha, pois, o músculo orbicular não contrai, o desvio é para o lado não afetado. Periférico: lesão no nervo ou no núcleo (tronco cerebral), um lado paralisado; Central: lesão cerebral, além de um lado paralisado do corpo (contralateral a parte afetada do cérebro), só paralisa a parte inferior da face. 6 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Nervo vestibulococlear (VIII): Exclusivamente sensitivo (fibras aferentes somáticas especiais); Penetra na ponte pelo sulco bulbo-pontino; Porção vestibular é responsável pelo equilíbrio – impulsos nos canais semicirculares; Porção coclear é responsável pela audição – impulsos no órgão espiral (de Corti), na cóclea; Lesão no nervo pode causar: náusea, perda da audição, desequilíbrio e vertigem. 7 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Nervo glossofaríngeo (IX): Sensibilidade visceral torácica e abdominal, junto com o vago; Fibras eferentes viscerais gerais – inervação da parótida pelo gânglio ótico (nervo petroso menor); Fibras aferentes viscerais especiais – gustação do terço posterior da língua; Fibras aferentes somáticas gerais – sensibilidade tátil do terço posterior da língua; Fibras eferentes viscerais especiais – músculo constritor da faringe e superior da laringe; Sai pelo sulco lateral posterior do bulbo e sai do crânio pelo forame jugular – gânglios sensitivos: superior (jugular) e inferior (petroso); Neuralgia do glossofaríngeo: a dor se concentra mais na parte posterior da mandíbula e no pavilhão auricular, mesmo tratamento da neuralgia do trigêmeo.Nervo vago (X): Principalmente visceral; As fibras eferentes têm origem no sulco lateral posterior do bulbo, e as aferentes nos gânglios (superior – somáticas e inferior – viscerais); Sai pelo sulco lateral posterior do bulbo e sai do crânio pelo forame jugular. 8 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Nervo acessório (XI): Têm origem espinhal (entra pelo forame magno) e craniana (sai do sulco lateral posterior do bulbo); Fibras eferentes viscerais gerais – vísceras torácicas junto ao vago; Fibras eferentes viscerais especiais – inerva os músculos branquioméricos (da laringe – cordas vocais, junto com o vago, do esternocleidomastóideo e do trapézio) Sai do crânio pelo forame jugular; Nervo hipoglosso (XII): Exclusivamente motor; Fibras eferentes somáticas (miótomo occipital); Sai pelo sulco lateral anterior do bulbo e sai do crânio pelo canal do hipoglosso; Inerva os músculos extrínsecos e intrínsecos da língua, portanto, é responsável por sua motricidade. 9 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 10 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO Fibras eferentes viscerais gerais são do SNA, que inerva a parte motora das vísceras e faz a manutenção da homeostase (o hipotálamo e o sistema límbico fazem o controle central da homeostase, essa informação chega a medula e é transmitida às vísceras pelo SNA). Fibras aferentes viscerais gerais são responsáveis pela sensibilidade das vísceras, por isso, essa função não cabe ao SNA. SISTEMA NERVOSO VISCERAL AFERENTE: Impulsos dos visceroceptores (maior parte inconsciente), correm com as fibras do SNA (eferentes); Núcleos nos gânglios sensitivos da raiz dorsal – sensibilidade somática; Dor referida: um mesmo somito inerva estruturas diferentes, mesma origem embrionária, mesmo nível medular, mesmo gânglio sensitivo (diafragma/ombro, apendicite/fossa ilíaca direita, IAM (infarto agudo do miocárdio)/braço esquerdo); Estímulos conscientes: dor, fome, sede, plenitude (saciedade); A dor visceral é muito mais difusa que a somática, assim como seus estímulos, que têm maior distensão. DIFERENÇAS ENTRE: SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: músculos estriado cardíaco e liso e glândulas, 2 neurônios (pré-ganglionar (corpo na medula ou no tronco cerebral) e pós-ganglionar (corpo no gânglio do SNA) entre o SNC e o órgão efetor; SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO EFERENTE: músculo estriado esquelético, 1 neurônio entre o SNC e o órgão efetor. ORGANIZAÇÃO GERAL DO SNA: NEURÔNIO PRÉ-GANGLIONAR: Envoltos por neurilema e mielina (fibras B – ramo branco) 11 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 NO PARASSIMPÁTICO: corpo crânio-sacral (junto com nervos cranianos (III, VII, IX, X) ou S2-S4); NO SIMPÁTICO: corpo toraco-lombar (T1-L2, coluna lateral), pois é onde se encontra o corpo do neurônio pré-ganglionar; Fibra longa, pois tem um longo trajeto; Sempre irá liberar acetilcolina nas sinapses. NEURÔNIO PÓS-GANGLIONAR: Envoltos por neurilema, sem mielina (fibras C – ramo cinzento) Corpos dos neurônios sempre em gânglios do SNA; NO PARASSIMPÁTICO: corpo perto das vísceras; vesículas agranulares; NO SIMPÁTICO: corpo longe das vísceras, próximos da coluna vertebral: seus gânglios são denominados paravertebrais ou pré-vertebrais, e, unidos, formam um tronco simpático; vesículas granulares pequenas; Geralmente 1 neurônio pré-ganglionar se liga a poucos neurônios pós-ganglionares, e 1 neurônio pós-ganglionar se liga a várias regiões das vísceras; Fibra curta, pois os gânglios já se encontram nas vísceras. REVISÃO: DIFERENÇAS ANATÔMICAS: Onde se encontra o corpo do neurônio; Tamanho das fibras; Posição do neurônio pós-ganglionar; Tipo de vesícula do neurônio pós-ganglionar; DIFERENÇAS FARMACOLÓGICAS: Tipo de neurotransmissor: simpaticomética: epinefrina e noradrenalina (adrenérgica); parassimpaticomética: acetilcolina (colinérgica); Colinérgicos: fibras pré-ganglionares parassimpáticas e simpáticas e pós-ganglionares parassimpáticas; Adrenérgicas: fibras pós-ganglionares simpáticas (exceção: glândulas sudoríparas e vasos dos músculos estriados esqueléticos, que são colinérgicas). 12 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS: Na maioria dos casos, o simpático e o parassimpático são antagônicos (inibição/estímulo). As glândulas são uma exceção, pois tanto o SNS quanto o SNP estimulam a secreção; A secreção do parassimpático é mais abundante e fluida; Glândulas sudoríparas e músculos eretores de pelo são inervados apenas pelo simpático; As glândulas endócrinas, que fazem controle hormonal, não fazem parte do SNA; SNP – ações localizadas, 1 neurônio pós-ganglionar geralmente inerva 1 víscera; SNS – ações difusas, 1 neurônio pós-ganglionar geralmente inerva várias vísceras; Reação de alarme: medo, aumento da pressão arterial (vasoconstrição abdominal e pele e vasodilatação muscular) e da frequência cardíaca (taquicardia), dilatação brônquica (liberação adrenérgica para ter maior disponibilidade de O2) e pupilar (melhor visão), maior glicogenólise pelo fígado (energia para o músculo) – isso é desencadeado pela amígdala, fazendo uma ativação hipotalâmica, ativa a coluna lateral toraco-lombar da medula (SNS) – ação difusa. SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO: Neurônio pós-ganglionar no tronco simpático, na coluna lateral (gânglios paravertebrais) ou nos gânglios pré-vertebrais, à frente da coluna; Os troncos simpáticos terminam no cóccix, que só tem 1 gânglio (ímpar – os troncos se unem), diferentemente da cervical, que tem 3 (o inferior se funde com o 1º torácico e forma o gânglio estrelado), do tórax que tem de 10 a 12 e podem se fundir, da lombar que tem 3 a 5 e do sacro que tem 4 a 5; Algumas dores crônicas podem ser tratadas lesando um gânglio do tronco simpático; Os gânglios pré-vertebrais se encontram anteriormente a coluna e a aorta abdominal: celíacos (2), aórticos-renais (2) e mesentéricos (2) – recebem esses nomes pois se encontram na saída das artérias; Nervos esplâncnicos: são nervos pré-ganglionares (aferentes viscerais) que têm trajeto descendente, no abdômen, e terminam nos gânglios pré-vertebrais, de onde sairão neurônios pós-ganglionares, que farão a inervação simpática visceral; O neurônio pré-ganglionar corre junto ao nervo espinhal, pode fazer sinapse em um gânglio do mesmo nível, ou subir e descer por ramos interganglionares e fazer sinapse 13 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 em gânglios paravertebrais de outros níveis, ou formar um nervo esplâncnico (mais longo), que sai com o nervo espinhal e depois cursa o seu trajeto sozinho, e faz sinapse em um gânglio pré-vertebral; O neurônio pós-ganglionar forma um ramo cinzento, sem mielina, que sobe, com o nervo espinhal ou forma um nervo próprio, como acontece com os filetes que vão para o coração, ou pode ir para a cabeça junto a carótida interna para inervar a pupila; Inervação simpática da pupila: sai um nervo pré-ganglionar da região torácica alta, corre com o nervo espinhal, chega ao tronco simpático, lá, faz sinapse apenas com gânglios cervicais, de onde sai o neurônio pós-ganglionar, que forma um plexo ao redor da carótida e entra no crânio com ela. Perto da órbita, distancia-se da carótida e se junta às fibras do parassimpático que vão ao gânglio ciliar (sem sinapse, pois já é pós-ganglionar) e chega à pupila; Síndrome de Horner: alguns tumores no ápice do pulmão (tumor de Pancoast) podem comprimir a região da cervical, que pode lesar as fibras simpáticas que inervam a pupila. Sintomas: miose (contração da pupila), sudorese e vasoconstrição da face e ptose palpebral (queda palpebral, pois perde a inervação do músculotarsal superior, que atua na elevação da pálpebra) – isso acontece pela hiperatividade do SNP, pois o SNS está lesado; 14 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Ramo comunicante branco: conecta a medula ao tronco simpático por fibras pré- ganglionares mielinizadas; Ramo comunicante cinzento: conecta o tronco simpático ao nervo espinhal por fibras pós-ganglionares amielínicas. SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO: Craniana: corpo do neurônio pré-ganglionar no tronco cerebral, de onde saem os neurônios pré-ganglionares (longos), que correm com os nervos cranianos (III, VII, IX, X); III: sai do núcleo de Edinger-Westphal, vai à órbita, e, perto do gânglio ciliar, destaca-se do nervo oculomotor e faz sinapse no gânglio ciliar. As fibras pós-ganglionares vão ao músculo esfíncter da pupila, fazer miose, e ao ciliar, fazer a acomodação do cristalino; VII: manda fibras para as glândulas lacrimal (núcleo lacrimal, na ponte – as fibras pegam carona com o nervo facial, saem do facial pelo nervo petroso maior, que junta com o nervo petroso profundo e forma o nervo do canal pterigoideo, o qual vai ao gânglio pterigopalatino, faz sinapse nele e sai um nervo pós-ganglionar que vai à glândula lacrimal), submandibular e sublingual (núcleo salivatório superior, na ponte – o neurônio pré-ganglionar que sai junto com o facial, corre com os nervos corda do tímpano e lingual e vai até o gânglio submandibular, no qual saem fibras que vão às glândulas submandibular e sublingual); 15 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 IX: inerva a parótida: sai do núcleo salivatório inferior, no bulbo – as fibras pré- ganglionares correm com o glossofaríngeo, que dá origem ao nervo petroso menor que vai até o gânglio ótico, do qual faz sinapse e sai o nervo auriculotemporal que vai à parótida e faz a secreção salivar; X: do núcleo dorsal do vago, no bulbo, saem fibras pré-ganglionares (um dos nervos parassimpáticos mais longos – do tronco cerebral ao abdômen) que inervam as vísceras (os gânglios estão nas próprias vísceras); Há um SNA próprio do intestino, independente do SNP do restante do corpo, que forma o plexo submucoso (Meissner) e mioentérico (Auerbach); Sacral: a dor pélvica é transmitida pelo parassimpático, e é ele que faz a principal inervação das vísceras pélvicas. 16 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 ANATOMIA DA MEDULA Medula significa miolo, está interna ao canal vertebral. Tem aproximadamente 45cm (menor na mulher). Vai do forame magno à L1/L2. É mais grossa na cervical e na lombar (intumescência), pois forma os plexos braquial e lombossacral, e, consequentemente, possui mais fibras para inervar uma região mais ampla. MACROSCÓPICA Sulcos longitudinais: Fissura longitudinal anterior: sulco profundo na medula, região anterior; Sulco longitudinal posterior: sulco raso que manda um septo para a substância cinzenta (septo posterior); Sulcos laterais: por onde chegam os nervos aferentes (posteriormente – corpo no gânglio) e eferentes (anteriormente – corpo na parte anterior da substância cinzenta). Substância cinzenta da medula: Cornos posterior, anterior e intermédio; Corno intermédio central: onde se encontra o canal central da medula (cavidade que contém líquor, teoricamente, pois na prática ele é quase colabado, portanto, porta pouco líquor); Corno intermédio lateral: onde se encontram os corpos dos neurônios pré- ganglionares do SNA (toracolombar: SNS/sacral: SNP). 17 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Substância branca: Funículos entre sulcos adjacentes: anterior (entre fissura longitudinal anterior e sulco lateral anterior), lateral (entre sulcos laterais anterior e posterior) e posterior (entre sulco longitudinal posterior e sulco lateral posterior); Reflexos: monossináptico (neurônio-neurônio), polissináptico (neurônio- interneurônio) e intersegmentar (como o da coceira, ativa a mão para coçar o local); Na medula cervical, e apenas lá, ainda há o sulco intermédio entre o longitudinal posterior e o lateral posterior, dividindo o funículo posterior em duas partes (grácil e cuneiforme); Nos funículos há grupos específicos (“cilindros”, sem divisões próprias, que têm a mesma função, saem e chegam ao mesmo lugar) de fibras que levam informação dos centros superiores para a medula (descendente) ou vice-versa (ascendente), os chamados tratos ou fascículos. Segmentos medulares: Raiz dorsal: chega informação; Raiz ventral: sai informação; Nervo espinhal: união das raízes após o gânglio espinhal; Para cada nível medular há um nervo espinhal que inerva uma região específica da pele (dermátomos – apenas C1 não tem inervação sensitiva; T4: mamilos, T10: umbigo, T12: crista ilíaca) e um somito específico; 18 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Não existe inervação facial por nervo espinhal, pois a face é inervada pelos nervos cranianos (principalmente pelo trigêmeo); RELEMBRANDO: L1 corresponde ao nível medular sacral (os 5), T11-L2 corresponde ao nível medular lombar; na região torácica a medula se encontra 2 níveis acima, pois a medula para de crescer antes que as vértebras. Os nervos espinhais cervicais saem por cima da vértebra e os torácicos, lombares e sacrais saem por baixo da vértebra, pois há o nervo C8 sem uma vértebra correspondente. Envoltórios medulares: Dura-máter: se origina da mesoderme; é a camada mais externa e resistente, formada por fibras colágenas; só há folheto meníngeo, pois a dura-máter da medula não é aderida a coluna vertebral, como é no crânio (em idosos a dura-máter é mais colada ao osso do crânio, por isso, deve-se tomar cuidado para não rasgar a meninge); continua com nervo espinhal após esse sair do forame intervertebral, para evitar vazamento de líquor, além disso, os nervos são envoltos por epineuro (tecido conjuntivo), que possui a mesma origem embrionária (mesodérmica), portanto, a meninge é contínua a esse envoltório; 19 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Quando a dura-máter termina, afunila-se e forma o ligamento coccígeo, que sai pelo hiato sacral e mantém o cóccix fixado ao sacro; Aracnoide: se origina da ectoderme (crista neural); possui trabéculas no espaço subaracnóideo, como no crânio, e fica mais próxima da dura-máter, formando a cisterna lombar (líquor da cauda equina, onde se realiza a punção lombar); Pia-máter: se origina da ectoderme (crista neural); sempre segue o tecido nervoso em todas suas reentrâncias e acompanha o parênquima medular; A pia-máter também se afunila e, junto com a dura-máter, forma o ligamento coccígeo. Forma, também, o ligamento denticulado (ligamentos laterais que se fixam à dura-máter entre os nervos espinhais) que impede que a medula rotacione sob seu eixo e arranque nervos; Filum terminal: é o espessamento da pia-máter, contínua ao cone medular, que mantém a medula tracionada para baixo; sem ela a medula ficaria boiando e os nervos ficariam hiperextendidos no forame intervertebral; diferencia-se dos nervos pela ausência de vascularização (mais esbranquiçado); Há casos em que o paciente opera a mielomeningocele quando pequeno e, após alguns anos começa a apresentar déficit motor dos membros inferiores. Quando isso ocorre, observa-se em ressonância que o filum terminal ficou preso na cicatrização e a medula apresenta-se esticada (terminando perto de L5), pois não foi permitido seu crescimento. Tratamento: cirurgia: cortar o filum terminal, para que a medula se acomode e assuma sua posição normal; Espaço subdural sem muita significância; Espaço epidural é extremamente importante, pois, embora não tão comum quanto no crânio, pode haver hematomas pós cirúrgicos e pós-traumáticos, e, desse modo, se não for resolvido rapidamente,causa paraplegia ou tetraplegia (na região cervical). Além disso, nesse espaço há tecido adiposo, para proteger o saco dural, e plexo venoso, que se comunica com os plexos venosos do tórax e do abdômen, sem válvulas, permitindo o fluxo bidirecional: em casos de aumento de pressão toracoabdominal, o sangue venoso reflui do corpo para a medula, o que pode disseminar doenças para a medula e coluna vertebral (exemplo: infecção urinária aumenta a pressão abdominal, a bactéria vai com o sangue venoso para a medula e causa discite/a coluna é o principal local de metástase do tumor de próstata/mal de Pott: tuberculose vertebral). 20 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 CORRELAÇÕES CLÍNICAS: Punção lombar: entre L4 e L5, trajeto: epiderme, subcutânea, ligamentos supraespinhoso, interespinhoso e amarelo, dura-máter, aracnoide e líquor. Por que fazer? Diagnóstico de meningite, hemorragia subaracnóidea (aneurismas), medir a pressão de abertura do líquor, injetar contraste, para delimitar o canal vertebral (mielograma: pouco usado atualmente, substituído pela ressonância), medicamentos e anestesia; Com pressão intracraniana: punção suboccipital ou cerebral; Com tumor na coluna que comprime a medula, impedindo a passagem de líquor: punção lombar com raquimanômetro para medir a pressão daquela região; Bomba intratecal: reservatório (20 ou 40mL) que é implantado no tecido subcutâneo do paciente, na região do abdome, e permite um fluxo contínuo da medicação para dentro do espaço intratecal/subaracnóideo (dose menor para um resultado melhor e com menos efeitos colaterais). Quando se usa? Pacientes com dor crônica ou espasticidade (paciente duro: com lesão do trato que vai do cérebro à medula (corticoespinhal), inibe o neurônio motor/eferente e hiperativa o neurônio inferior, fazendo com que o músculo fique continuamente contraído: uso de Baclofeno, que estimula o GABA, aumenta a entrada de cloreto na célula e inibe a resposta da estimulação da fibra nervosa, relaxando o membro (ainda não mexe, mas diminui a dor)); 21 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Eletrodos transcutâneos (por Wall e Melzack): é um silicone com contatos metálicos conectados a um gerador de corrente elétrica, para estimular a medula. Estudos tentam utilizar a técnica para tratar pacientes com lesão medular, com pouco sucesso. A substância gelatinosa, na coluna posterior da medula, contém células responsáveis por receber informações táteis e de dor. Notou-se que quando há muita transmissão de dor, não há tato, portanto, tentaram fazer o contrário: estimulação de tato para inibir a dor, provocando um formigamento contínuo no membro (o qual o indivíduo acostuma-se, e passa a não sentir), enganando o cérebro e fazendo-o “esquecer” da dor. Porém, não são só essas células “canais de dor” que determinam a dor, mas também o cérebro, por isso que existem pessoas suscetíveis a dor e a depressão influencia na dor. Tratamento útil para pacientes com dor crônica; Tratamento cirúrgico para espasticidade: toda fibra eferente deve ser estimulada por uma fibra aferente, portanto, corta-se a raiz aferente (sensibilidade) e inibe a resposta motora. Abre a região posterior, tira o processo transverso e lâmina, expõe a gordura epidural e abre a dura-máter. Separa as raízes aferente e eferente e estimula ambas, para ver qual contrai o músculo (motora) e qual não tem reação (sensitiva), então as determina e corta 2/3 da raiz aferente de toda musculatura espástica (melhora a postura do pé equino: para dentro e hiperextendido). 22 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 MICROSCÓPICA Substância cinzenta da medula: Neurônios de axônio longo (tipo I de Golgi): radiculares, que formam as raízes ventrais dos nervos espinhais, divididos em viscerais (coluna intermédia lateral, pré- ganglionares do SNA: T1-L2 (simpático) e sacral (parassimpático), inervação de músculos liso e cardíaco e glândulas) e somáticos (coluna anterior (localização do corpo eferente do nervo espinhal), alfa: inervação muscular, beta: inervação do fuso neuromuscular), ou cordonais, que são neurônios de projeção (levam a informação além da medula, axônios ascendentes) ou neurônios de associação (associa diferentes níveis da medula, axônios se bifurcam, relacionados a reflexos) – axônios na substância branca; Neurônios de axônio curto (tipo II de Golgi): internunciais: axônios na substância cinzenta juntos ao corpo, conexão entre aferentes e eferentes – relacionados ao arco- reflexo (célula de Renshaw (inibitória) na coluna anterior-medial, fazem feedback dos neurônios motores, para evitar que o neurônio fique estimulando a ação continuamente); Núcleos (grupos de neurônios com a mesma função): colunas longitudinais (da cervical à sacral); coluna anterior: porção medial: inervação muscular do tronco (axial - manutenção de postura)/porção lateral: inervação muscular dos membros (cervical e lombar); coluna posterior: torácico: propriocepção inconsciente (a informação entra na medula e faz sinapses com os neurônios do núcleo torácico, o qual manda a informação para diferentes regiões do cerebelo pelos neurônios cordonais de projeção)/substância gelatinosa: fibras sensitivas, responsáveis pelo tato e pela dor (toda extensão medular e dor>tato); Lâminas (por Rexed): divisão da medula em 10 lâminas (I-X, de dorsal para ventral); I- IV: receptoras (II: subst. gelatinosa); V e VI: propriocepção; IX: corpos dos neurônios eferentes. 23 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Substância branca da medula: Tratos e fascículos (grupos de fibras que carregam o mesmo tipo de informação): Vias descendentes: Origem no cérebro, cerebelo ou tronco cerebral; Podem ser viscerais (terminam em pré-ganglionares) ou regular a entrada da informação (terminam na coluna posterior) ou somáticas (terminam na coluna anterior); Laterais (funículo lateral): trato corticoespinhal, é ipsilateral na medula (cruza na porção anterior do bulbo, na decussação das pirâmides) em sua maioria, porém, 10% das fibras são anteriores e cruzam a linha média na própria medula; o corticoespinhal lateral inerva os membros e o anterior inerva a musculatura axial/trato rubroespinhal (do núcleo rubro do mesencéfalo à medula), fica na porção lateral-anterior da medula; responsável pela motricidade (fina) distal dos membros; Mediais (funículo anterior): fazem sinapses com células da coluna anterior em sua porção medial, terminam nos neurônios internunciais e estão relacionados à inervação da musculatura axial; trato corticoespinhal anterior (sai pelo córtex cerebral, passa pelo bulbo, sem cruzar a linha média, desce ipsilateral, e cruza a linha média na coluna anterior, antes de fazer sinapse)/trato tetoespinhal (do teto mesencefálico (colículos superiores) à região cervical da medula), controla e ajusta os movimentos da cabeça a 24 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 partir de estímulos visuais/trato vestibuloespinhal (da área vestibular à medula), manutenção do equilíbrio e postura/trato reticuloespinhal (da formação reticular do tronco cerebral à medula), motricidade axial e proximal dos membros (principalmente dos músculos extensores – ponte: contração (mantém ereto)/bulbo: relaxamento (permite flexão)). Vias ascendentes: Fibras aferentes relacionam-se com células na coluna posterior ou sobem diretamente pela medula para acabar em níveis superiores; A raiz dorsal do nervo espinhal penetra pelo sulco lateral posterior e se divide em grupos lateral e medial, os quais formam ramos ascendentes e descendentes; A porção medial da raiz dorsal não faz sinapses com células da coluna medular, mas direciona-se para o funículo posterior da medula e sobe até o bulbo; O funículo posterior da medula apresenta axôniosdas células (do SNP) que se encontram no gânglio sensitivo, que forma: o fascículo grácil (medial) – informação sensitiva dos membros inferiores, e cuneiforme (lateral) – informação dos membros superiores, ou seja, a medula cervical é o único local onde os 2 fascículos coexistem e onde se encontra o septo intermédio posterior separando os 2 tratos, os quais terminam em seus respectivos núcleos/tubérculos no bulbo; esse funículo é 25 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 responsável por: propriocepção consciente, tato epicrítico (fino), estereognosia (reconhecer objetos pela forma e pelo tamanho) e sensibilidade vibratória; Fibras laterais da raiz dorsal podem fazer sinapse diretamente com neurônios (motor) da coluna anterior – arco reflexo monossináptico (patelar), internunciais (que faz conexão com o neurônio eferente localizado na coluna anterior da medula) – arco reflexo polissináptico (retirada do estímulo doloroso/nocivo), cordonais de associação (transmitido para outro níveis medulares) – arco reflexo interssegmentar, pré- ganglionares (reflexo visceral) e cordonais de projeção (entra pela coluna posterior, faz sinapse com o neurônio localizado nessa região e manda seu axônio para outras regiões além da medula – ascendente); O funículo anterior da medula forma o trato espinotalâmico anterior (toda informação sensitiva que sai da medula e entra no cérebro deve passar pelo tálamo), que é constituído por neurônios cordonais de projeção, cujos corpos celulares na coluna posterior que recebem informações dos neurônios aferentes que chegam pelo sulco lateral posterior da medula. Esses, saindo da medula, cruzam na linha média na comissura branca (a frente do canal central da medula) e se dirigem ao funículo anterior contralateral. É responsável pelo tato protopático (grosseiro – não consegue caracterizar o objeto) e pressão; O funículo lateral da medula forma os tratos: espinotalâmico lateral, que possui as mesmas características do trato espinotalâmico anterior, mas transmite dor (aguda) e temperatura; espinorreticular, que sai da medula e passa pela formação reticular do tronco cerebral para posteriormente ser projetada para o tálamo e córtex cerebral, transmite dor (crônica e difusa); espinocerebelar anterior e posterior, formado por neurônios cordonais de projeção, cujos corpos celulares se encontram na coluna posterior ou intermédia da medula, que recebem informações das fibras aferentes e projetam seus axônios para o funículo lateral (no trato espinocerebelar anterior cruzam a linha média logo que se originam e vão para o funículo lateral contralateral, mas quando ele volta para o cerebelo (pelo pedúnculo cerebelar superior – grupo de fibras localizado no tronco, próximo ao IV ventrículo) cruzam novamente a linha média, tornando-se ipsilateral, responsável por informar o cerebelo sobre o plano motor que está sendo transmitido do trato corticoespinhal para a medula/no trato espinocerebelar posterior as fibras não cruzam a linha média, por isso, é ipsilateral, e se dirigem ao cerebelo através pedúnculo cerebelar inferior, além disso, é responsável pela propriocepção inconsciente dos fusos e órgãos neurotendinosos. 26 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 27 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 ANATOMIA DO TRONCO ENCEFÁLICO Posiciona-se entre a medula (inferiormente), o diencéfalo (superiormente) e o cerebelo (posteriormente). É constituído pelo bulbo (inferior), ponte (intermediária) e mesencéfalo (superior). Assim como a medula possui núcleos (corpos de neurônios, que possuem a mesma função, associados), tratos e fascículos (conjuntos de fibras que andam juntas e têm a mesma função) e lemniscos (tratos em formato de fita). Externamente ao tronco, há os acidentes anatômicos. MACROSCÓPICA Bulbo: Limites com a medula, inferiormente: forame magno, 1ª raiz cervical; Possui áreas lateral, anterior e posterior, além de sulcos longitudinais, igual a medula; Limite com a ponte, superiormente: sulco bulbopontino; Porção ventral: encontram-se o sulco mediano ou longitudinal anterior, os sulcos laterais anteriores (saída do hipoglosso XII) e posteriores (saída do glossofaríngeo IX, vago X e raiz craniana do acessório XI), a pirâmide (parte “gordinha” do bulbo) onde se encontra o trato corticoespinhal, anteriormente chamado de piramidal, e se forma a decussação das pirâmides, onde ocorre o cruzamento de fibras desse trato, a oliva (outra parte “gordinha do bulbo”), que abriga o núcleo olivar inferior, encontra-se posteriormente ao sulco longitudinal anterior e anteriormente ao sulco longitudinal posterior; Porção posterior: sua parte inferior é fechada (contínua a medula) e superior aberta (IV ventrículo, que faz parte tanto do bulbo, quanto da ponte, por isso, posteriormente, não há uma divisão clara entre esses componentes do tronco); nela encontra-se a continuação dos fascículos grácil e cuneiforme, onde estão os axônios das células da raiz posterior, que acabam, nas proeminências da parte posterior do bulbo (tubérculos do grácil e do cuneiforme), em núcleos onde as células fazem sinapse; no IV ventrículo há uma linha, chamada de tênia do IV ventrículo, onde se insere a tela corioide (plexo coroide). 28 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Ponte: Entre o bulbo e o mesencéfalo; Anteriormente é separado do bulbo pelo sulco bulbopontino, mas posteriormente não possui uma clara divisão, pela presença do IV ventrículo; Está anteriormente ao cerebelo; Porção anterior: possui estrias transversais e um conjunto de fibras direcionadas ao cerebelo, lateralmente, chamado de pedúnculo cerebelar médio. É entre a ponte e o pedúnculo que sai o nervo trigêmeo, e é em sua porção medial anterior (sulco basilar) que passa a artéria basilar. Do sulco bulbopontino, saem os nervos abducente (VI – medial), facial (VII – intermediário), junto ao intermédio (raiz sensitiva), e vestibulococlear (VIII – lateral); Porção posterior: está o IV ventrículo. IV ventrículo: Cavidade do rombencéfalo; Limites: ponte (anterossuperior), bulbo (anteroinferior), cerebelo (posterior), pedúnculos cerebelares inferiores e tubérculos grácil e cuneiforme (inferolateral) e pedúnculos cerebelares superiores (súperolateral); Comunica-se com o canal central da medula, inferiormente, com o aqueduto cerebral, superiormente, e com o III ventrículo, posteriormente; É por ele que o líquor sai dos ventrículos e vai ao espaço subaracnóideo, através dos forames de Luschka, lateralmente, ou de Magendie, medialmente; Possui o sulco mediano posterior e, lateralmente a ele, os sulcos limitantes, que dividem as placas basal (motora – que forma a eminência medial) e alar (sensitiva – que formam as fóveas superior e inferior); Trígono inferior ou vagal: onde se encontra o núcleo do nervo vago (X), núcleo dorsal do vago, ou seja, onde se originam as fibras eferentes viscerais do vago; Trígono superior ou do hipoglosso: onde está situado o núcleo do nervo hipoglosso (XII); Nos ângulos do IV ventrículo (parte sensitiva) estão as áreas vestibulares (núcleos relacionados à audição e ao equilíbrio), as quais se comunicam através de estrias medulares. Nas áreas vestibulares, lateralmente ao sulco limitante, encontram-se as 29 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 fóveas: na superior há uma região mais escura chamada lócus coeruleus (núcleo relacionado à produção de noradrenalina); Superiormente está o véu medular superior (teto do IV ventrículo), inferiormente está a tela corioide, presa à tênia do IV ventrículo, onde estaria o plexo coroide; Acima do véu há a origem do nervo troclear (IV), que é o único nervo que sai pela região posterior. 30 | N EU R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018 Mesencéfalo: Entre a ponte e o diencéfalo; Sua cavidade é o aqueduto cerebral, que comunica o III e IV ventrículos; Teto do mesencéfalo: região dorsal, encontram-se colículos, abaixo da glândula pineal, o colículo superior está associado ao corpo geniculado lateral, onde chega o trato óptico, ou seja, está relacionado à visão, o colículo inferior está associado ao corpo geniculado medial e está relacionado à audição, inferiormente a ele sai o quarto nervo; Pedúnculo cerebral: região ventral, pode ser dividido pela substância negra, área que produz dopamina, afetada no mal de Parkinson, em: base do mesencéfalo (anterior), por onde passa o trato corticoespinhal, e tegmento do mesencéfalo (intermediária); Entre as duas bases do mesencéfalo se forma a fossa interpeduncular, que é onde se origina o nervo oculomotor (III); Na projeção da substância negra há um sulco medial e um sulco lateral do pedúnculo cerebral, é exatamente do medial que se origina o terceiro nervo; Substâncias perfuradas (para passagem de vasos): acima do trato óptico (anterior) e acima da fossa interpeduncular (posterior). 31 | N E U R O A N A T O M I A GIOVANNA S. TOSATTO 2018