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PLANTAS TÓXICAS Conceito: • Todos os vegetais que, introduzidos no organismo dos seres humanos ou de animais domésticos são capazes de causar danos à saúde e vida desses seres. *A ação tóxica de uma planta se deve a presença de cons6tuintes químicos, ou princípios a6vos tóxicos, encontrados nos vegetais. Plantas tóxicas são aquelas que possuem substâncias que por suas propriedades naturais, ?sicas ou químicas, alteram o organismo conduzindo-‐o a reações biológicas diversas e/ou causando incompa6bilidade com vida. Presa X Predador Mecanismos de Proteção dos Vegetais 3 mecanismos de defesa: • Tolerância: permite que estruturas menos nobres sejam atacadas; • Escape: possuem estratégias para escapes temporários. Varia o tempo de aparecimento de estruturas atacadas (Ex: se camufla; fruto; brotos); • Defesa: possuem métodos capazes de deter, repelir ou interferir no desenvolvimento ou na reprodução de predadores. • Barreira mecânica: Espinhos nos cactos; • Metabólitos: Realizam funções vitais do metabolismo da planta. – Metabólitos Primários: substâncias redutoras de diges6bilidade: celulose, pec6na, ligninas e taninos; – Metabólitos Secundários ou Aleloquímicos: alcalóides, terpenóides, glicosídeos cianogênicos (substâncias de defesa encontradas em alguns vegetais, capazes de liberar ácido cianídrico). • ÁCIDO CIANÍDRICO: absorção é rápida; • SC: dispnéia, taquicardia, mucosas cianó6cas, sialorréia, tremores musculares intensos, andar cambaleante, nistagmo* e opistótono**; • Evolução: decúbito lateral, dificuldade respiratória acentuada, coma e morte (parada respiratória). *Movimento oscilatório e/ou rotatório do globo ocular. **Cabeça, pescoço e coluna vertebral de um indivíduo formam uma posição em arco côncavo para trás. • O HCN ingerido em doses abaixo da letal, por longo prazo, pode causar lesão no sistema nervoso e 6reóide; • O HCN é detoxificado metabolicamente pela enzima rodanase (6ocianato-‐atóxico); • Detoxificação: ralação ou trituração do material vegetal, a fenação, o aquecimento, a prensagem; • Tratamento: solução aquosa de 6ossulfato de sódio a 20% na dosagem de 50 mL para cada 100Kg/PV, IV. METABÓLITOS SECUNDÁRIOS INIBINDO OS PREDADORES -‐ PREJUÍZO MECANISMO DE DEFESA Insetos Herbívoros • Consomem cerca de 10% do ecossistema natural e 13% das plantas culMvadas. ALELOQUÍMICO -‐ TOXINA PREJUÍZO ACIDENTAL VERTEBRADOS HERBÍVOROS • ALELOQUÍMICOS: finalidade de combater fungos, bactérias, insetos... • Ou seja, o prejuízo causado ao herbívoro é ACIDENTAL. • Ex: Intoxicação. INSETOS VERTEBRADOS Mais Populoso (7x) Menos Populoso Maior Fecundidade Menor Fecundidade Curta Gestação Longa Gestação Maior Adaptabilidade Menor Adaptabilidade Insetos Herbívoros X Vertebrados Herbívoros VERTEBRADOS HERBÍVOROS • Menor oportunidade para desenvolver mecanismos de defesa em relação aos insetos; • Menor probabilidade de possuir mecanismos adapta6vos para desintoxicação, sendo mais expostos às INTOXICAÇÕES. Mecanismos de Defesa ALELOQUÍMICO como TOXINA • Alguns animais vem desenvolvendo grada6vamente alguns mecanismos de defesa par6culares às plantas tóxicas; • EX: OVINOS E CAPRINOS: desenvolveram mecanismos de defesa (enzimas específicas) para as plantas arbus6vas (possuem maior quan6dade de metabólitos secundários), enquanto os bovinos e equinos não desenvolveram. Citrocomo P450 Especificidade por substratos • CITOCROMO P450 nos hepatócitos apresenta uma vasta especificidade por substratos, permi6ndo que o animal possa ina6var algumas toxinas das plantas; • Esses mecanismos são transferidos gene6camente para outras gerações de animais. • DIVISÃO REGIONAL (pouco valor para o veterinário -‐ dentro de uma mesma família há plantas que servem de alimento e aquelas que causam toxicidade); • TOXINAS CONTIDAS (desconhecimento dos princípios a6vos tóxicos); • LOCAL DE AÇÃO e/ou EFEITO (principal). Condições para ocorrência da intoxicação Fatores determinantes para indicar a frequência e ocorrência dos casos de intoxicação em animais são: • Palatabilidade; • Disponibilidade da espécie tóxica; • Fome. *As intoxicações podem ocorrer tanto por plantas não palatáveis como palatáveis. Planta tóxica de interesse pecuário é aquela que quando ingerida por animais de fazenda causam perdas econômicas com diminuição da produção, perdas reprodu6vas e morte. CARACTERIZAÇÃO DE TOXIDEZ DE PLANTAS ü Dosagem tóxica: • g/Kg (gramas de planta por Kg de peso vivo do animal); ü Evolução: • Aguda, crônica; • Dose única ou repe6das. LOCAL DE AÇÃO OU SISTEMA AFETADO: • Cardiotóxicas; • Hepatotóxicas; • Nefrotóxicas; • Neurotóxicas; • Miotóxicas; • Plantas que afetam a reprodução; • Plantas que afetam o tubo diges6vo; • Plantas de ação radiomimé6cas (Efeito semelhante a radiação ionizante, sobre células vivas): • Cianogênicas, nitratos e nitritos e oxalatos; • Carcinogênicas. Pequenas quan6dades de uma planta supostamente tóxica são suficientes para causar morte? Ø Queixa: animal comeu 1 folha e morreu! ü Mio-‐mio: Baccharis coridifolia = 0,2g/Kg x 300= 60g. ü Cafezinho: Palicourea marcgravii= 0,6g/Kg x 300= 180g. ***5-‐40g/Kg dose tóxica da maioria das plantas. Lactecência é indica6vo de toxidez? ü A maioria das plantas tóxicas não são lactecentes; ü A maioria das plantas lactecentes não são tóxicas. Outros aspectos morfológicos caracterizam a toxidez? ü Não há aspectos morfológicos comuns que auxiliam a reconhecer uma planta tóxica! • As plantas tóxicas sempre causam alterações diges6vas? Ø Confusões com alterações cadavéricas: ü Timpanismo post-‐mortem;ü Desprendimento da mucosa do rúmen. Importância econômica das plantas tóxicas para a pecuária • As perdas econômicas ocasionadas pelas plantas podem ser classificadas como diretas ou indiretas conforme o impacto que estas representam. • Morte de animais; • Diminuição dos índices reprodu6vos (abortos, infer6lidade, malformações); • Redução da produ6vidade nos animais sobreviventes (diminuição da produção de leite, carne, lã); • Aumento da incidência de outras doenças devido depressão imunológica. • Custos empregados para controlar as plantas tóxicas nas pastagens; • Construção de cercas, pasto alterna6vo, medidas de manejo para evitar as intoxicações; • Compra de gado para subs6tuir os animais mortos; • Gastos associados ao diagnós6co e tratamento das intoxicações. • Atualmente é desconhecido o princípio a6vo de pelo menos 32 das 110 espécies tóxicas descritas no Brasil. Importância na saúde pública • Os seres humanos podem se intoxicar indiretamente por meio da ingestão de carne e do leite de animais intoxicados e por meio do mel oriundo de plantas tóxicas; • Os animais em lactação intoxicados não devem ser ordenhados até que voltem ao normal. • Alcalóides pirrolizidínicos: Leite de cabras alimentadas com Crotalaria spectabilis foi tóxico para ratas e ninhadas; • Pteridium aquilinum é excretado pelo leite e pode causar lesões em ratas lactentes, camundongos e bezerros; • Swainsonina é excretada pelo leite e causa lesões em bezerros e cordeiros lactentes; • Ocorre fotossensibilização em bezerros com menos de 30 dias de idade, filhos de vacas em pastagens de Brachiaria decumbens, sugerindo que as saponinas esteroidais, são excretadas em quan6dades tóxicas pelo leite. • Ocorre intoxicação em cães por consumo de carne de cavalos intoxicados; • Na Austrália cães foram intoxicados pelo consumo de pássaros que ingeriam sementes de plantas contendo ácido fluoroacé6co (Palicourea, Mascagnia, Arrabidaea e Pseudocalymma, causam “morte súbita”, provavelmente, contêm também ácido fluoroacé6co ou compostos derivados). Outros: • Resíduos tóxicos no mel (abelhas); • Uso de plantas cianogênicas na caça e pesca. DIAGNÓSTICO DA INTOXICAÇÃO A metodologia empregada para o diagnós6co das intoxicações por plantas é realizada pelo conhecimento da ocorrência das plantas tóxicas na região, das doenças causadas por elas, da constatação e evolução dos sinais clínicos. DIAGNÓSTICO DAS INTOXICAÇÕES CRITÉRIOS EMPREGADOS PARA O DIAGÓSTICO: • História (anamnese); • Avaliação clínica (exames ?sicos e complementares); • Achados post mortem (alterações anatomopatológicas); • Exame toxicológico; • Ensaios com animais. • Anamnese e bom histórico; • Criteriosa inspeção da propriedade para coleta e iden6ficação das plantas da região; • Exame clínico completo; • Necropsia com coleta de fragmentos de vísceras para exames histopatológicos, do sangue, do plasma ou soro para exames da patologia clínica; • Diagnós6co diferencial de outras doenças; -‐ Para o exame histopatológico os tecidos e órgãos devem ser cortados em pequenos fragmentos e fixados em solução de formol a 10%; • Intoxicação experimental em animais da mesma espécie: a planta fresca recém colhida é administrada por via oral, a fim de que os achados clínico-‐patológicos sejam compa�veis com os observados nos animais naturalmente afetados, para que esta planta possa ser considerada responsável. • Plantas de PEQUENO PORTE: -‐ colher toda a planta (inclusive a raiz); • Plantas de MEDIO e GRANDE PORTE: -‐ folhas, flores e frutos. ü Colher 3 exemplares de cada planta; ü Anotar: local da coleta (município, localidade, mata, pasto, capoeira), dados sobre a planta (árvore, arbusto, cipó), presença de flores (cor e forma), frutos (cor, 6po e forma). • Retirar o rebanho do pasto; • Tratamento dos animais doentes; • Execução de medidas profiláticas. • No Brasil, para a maioria das intoxicações por plantas não há antídotos, são realizados os tratamentos sintomáticos. • A maioria das plantas tóxicas é consumida em função da escassez de pasto e do deslocamento de animais famintos para pastagens com plantas tóxicas; • As pastagens de boa qualidade na época seca devem suprir as necessidades dos animais; • Deve-‐se evitar a superlotação para que os animais não passem fome e reduzam a busca por outras fontes de alimentação. • A erradicação das plantas tóxicas, principalmente aquelas mais palatáveis ou atra6vas deve ser feita periodicamente; • Áreas de di?cil controle ou erradicação devem ser cercadas mantendo os animais sem acesso a essas pastagens. • A eliminação das espécies tóxicas pode ser feita pela u6lização de métodos mecânicos de controle, como a roçada manual ou a capinação; • Esse método não é 100% eficiente, por eliminar apenas a parte aérea das plantas e manter o sistema radicular, ocorrendo o rebrote e o consequente retorno do problema; • A parte aérea cortada deve ser re6rada da pastagem, visando evitar a ingestão pelo gado. RELACIONADOS A PLANTA Ø Fase de crescimento: • Algumas mais tóxicas quando em brotação (Mascagnia, Vernonia, Xanthium, Pteridium); • Mais tóxicas quando adultas (Baccharis); Ø Parte tóxica: folhas, frutos, sementes; Ø Fer6lidade do solo (regiões). RELACIONADOS AOS ANIMAIS Ø Espécie animal; Ø Raça; Ø Idade; Ø Dieta; Ø Pigmentação; Ø Sexo; Ø Tolerância e imunidade (cianogênica, nitratos, ricina); Ø Resistência individual. PLANTAS ORNAMENTAIS • Importância na clínica de animais de companhia; • Ossinais clínicos da intoxicação não são patognomônicos, se confundindo com alterações produzidas por doenças infecciosas, parasitárias ou por outro 6po de intoxicação; • Dificuldade no diagnós6co. Sinais clínicos acompanhados do histórico de exposição. FATORES PREDISPONENTES • Idade: cães e gatos jovens, curiosos, exploração pela boca. Irritação na gengiva causada pelo erupção da nova den6ção pode levar o animal a mordiscar plantas; • FasMo: sensação de aborrecimento. Quando não possuem área suficiente podem ingerir plantas à sua volta. • Mudanças à sua volta: novas plantas colocadas em seu espaço, presença de novo integrante em seu ambiente, pode desencadear a perversão de ape6te. PLANTAS QUE AFETAM O SISTEMA GASTROENTÉRICO • As que causam sintomatologia mais branda. Não colocam em risco a vida do animal; • As que causam sintomatologia severa. Podem levar o animal a óbito. PLANTAS QUE CAUSAM SINTOMATOLOGIA BRANDA • Azalea sp, Rhododendrum sp (AZALÉIA), Tulipa sp, Narcisus sp, Amarylis sp, Iris sp, Euphorbia pulcherrima (“FLOR-‐DE-‐NATAL”); • Pequenas quan6dades destas plantas podem causar intoxicação; • Sinais Clínicos: 6 horas após a ingestão. Anorexia, sialorreia, deglu6ções repe6das, depressão, náusea e vômito, cólica e aumento na defecação. • Tratamento: sintomá6co. Correção eletrolí6ca. Azalea sp Rhododendrum sp Tulipa sp Narcisus sp Amarylis sp Iris sp Euphorbia pulcherrima PLANTAS QUE CAUSAM SINTOMATOLOGIA SEVERA • Abrus precatorius, Ricinus communis, Jatropha curcas. • As sementes são a parte mais tóxicas das plantas. Abrus precatorius e Ricinus communis • Sinais clínicos: 24 h após ingestão. Depressão, elevação temperatura, sede, cólica, vômito, diarreia, convulsão na fase terminal. • Tratamento: de suporte, carvão a6vado, catár6co, protetores gástricos (pec6na), benzodiazepínicos. CatárMcos são medicamentos que favorecem a eliminação das fezes (Óleos, sais de magnésio, glicerina, metamucil). Abrus precatorius (olho-‐de-‐cabra) Ricinus communis (mamona) Jatropha curcas • Sinais clínicos: 1 hora após a ingestão das sementes. Dor abdominal, náusea, vômito, diarreia aquosa profusa, desidratação. Podendo haver gastroenterite, alterações cardíacas e do SNC; • Correção eletrolí6ca, carvão a6vado, catár6co, protetores gástricos (pec6na), benzodiazapínicos. PLANTAS QUE CAUSAM ESTOMATITE E GLOSSITE • Dieffenbachia picta (comigo-‐ninguém-‐pode), Philodendrum sp, Alocasia sp (orelha de elefante), Monstera sp, Zantedeschia aethiopica (copo-‐de-‐leite). • Sinais clínicos: em minutos há sinais claros de dor e irritação. Salivação profusa, edema intenso da mucosa da faringe e das cordas vocais, dispneia. • Tratamento: uso de an6-‐histamínicos (tratar úlceras), demulcentes (leite, hidróxido de alumínio) (proteção mucosa), diuré6co (furosemida), an6-‐ emé6co (metoclopramida), butorfanol para casos de dor (0,1 mg/Kg IV), * não usar emé6cos. Dieffenbachia picta ***mais tóxica Philodendrum sp Alocasia sp Monstera sp Zantedeschia aethiopica PLANTAS QUE ATUAM NO SNC Nico4ana tabacum • A intoxicação pelo tabaco pode ocorrer pela ingestão da folha, mas principalmente, de cigarros; • Sinais clínicos: 15 minutos após ingestão, a morte pode ocorrer em minutos ou demorar dias. Náusea, salivação, vômito, diarreia, tremores, andar cambaleante, fraqueza, prostração. Alterações cardíacas e respiratórias; • Tratamento: intubação endotraqueal e bloqueador ganglionar não despolarizante (mecamilamina) – bloqueio dos receptores nico�nicos. Datura suaveolens • Sinais clínicos: minutos após a ingestão ou demoram horas. Sede intensa, distúrbio de visão, pele e mucosas secas, aumento da temperatura corpórea, irregularidades cardíacas, delírio, hiperirritabilidade, convulsões e até coma. • Tratamento: medicamentos parassimpatomimé6cos (neos6gmina), tratar hipertermia com medidas ?sicas (bolsas de gelo e compressas úmidas). Trombeta Cannabis sa4va (maconha) *não ornamental • Sinais clínicos: depressão, alucinações visuais, nervosismo, hiperexcitabilidade, emese, salivação, ataxia, tremores e hipertermia. • Tratamento: usar doxapram como es6mulante central, fluidoterapia de suporte. Se a maconha for ingerida, tentar 6rá-‐la do TGI. PLANTAS COM AÇÃO NO CORAÇÃO • Nerium oleander (Oleandro), TheveLa peruviana (Chapéu-‐de-‐napoleão), Digitalis purpurea (Dedaleira), Asclepias curassavica (Oficial-‐de-‐sala). • Natureza química do princípio a6vo tóxico: glicosídeos cardioa6vos. • Sinais clínicos: horas após a ingestão. Náusea, vômito, diarreia, bloqueios cardíacos, fibrilações atriais e ventriculares. Podendo haver anóxia, temperatura baixa e convulsões. • Tratamento: re6rar todo o material vegetal do estômago, na tenta6va de evitar maior absorção. Manter o equilíbrio eletrolí6co. Nerium oleander TheveLa peruviana Digitalis purpurea Asclepias curassavica Trabalhinho!!! • Reescrever os quadros a seguir com o nome cien�fico e vulgar de cada planta, 6pos de efeito, local de ação e/ ou efeito… Exemplo: ü Baccharis coridifolia • Mio-‐mio; • Mortalidade aguda; • Trato Gastrintes6nal.