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OAB - Processo Penal - Aula 2 a 5 - Inquerito Policial e Ação Penal Pública

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Aula 2
Inquérito Policial – parte 1
1. Conceito: Inquérito policial é o procedimento administrativo, inquisitório e preparatório, presidido pela Autoridade Policial, consistente em um conjunto de diligencias realizadas pela polícia objetivando a produção de diligências investigativas de modo a se colher todos os possíveis pontos de vista do fato, devidamente respeitados os direitos fundamentais dos afetados pela investigação, confirmando (ou não) a autoria e a materialidade.
O inquérito policial é conduzido pelo delegado.
Delitos de menor potencial ofensivo (aqueles que possuem pena menor de 2 anos) não tem inquérito policial, apenas o termo circunstanciado (previsto na Lei 9.099/95).
2. Natureza jurídica: é um procedimento administrativo, uma vez que não resulta imposição direta de nenhuma sanção.
3. Finalidade: Colheita de elementos de informação. A finalidade do IP deve ser a produção de diligências investigativas de modo a se colher todos os possíveis pontos de vista do fato, devidamente respeitados os direitos fundamentais dos afetados pela investigação, confirmando ou não a autoria e a materialidade. 
4. Valor probatório do inquérito policial: é relativo. Sem contraditório e ampla defesa, não podem servir de base para um decreto condenatório. 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
4.1 Provas cautelares, não repetíveis e antecipadas: 
Provas cautelares: são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso de tempo, em relação as quais o contraditório será diferido. Ex: interceptação telefônica.
Prova não repetível: é aquela que não tem como ser novamente coletada ou produzida, em virtude do desaparecimento, destruição ou perecimento da fonte probatória. Ex: laudo de exame de lesões corporais.
*Necessita de autorização judicial?
Prova antecipada: aquelas produzidas com a observância do contraditório real, perante a autoridade judicial, em momento processual distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação de urgência e relevância.
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
5. Características do inquérito Policial
A. É escrito
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
A. Ou digital
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações 
B. É dispensável 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.
C. É sigiloso.
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. 
O sigilo não se aplica à autoridade policial, ao MP, ao juiz.
E ao advogado? Art. 7° XIV EOAB e Sum. Vinculante 14 diz que o advogado terá acesso a tudo que foi reduzido a escrito.
Em geral o advogado pode acessar os autos de inquérito policial mesmo que sem procuração.
D. Inquisitorial:
· Não há contraditório e ampla defesa.
· Requerimento de diligencias por parte do investigado/ofendido ? STJ – HC 69.405
· Inquérito para expulsão do estrangeiro – artigo 103, Decreto 86.715/81 (Aqui não será inquisitório pois terá contraditório e ampla defesa).
E. Discricionário ( o delegado de polícia poderá conduzir o inquérito como bem entender de acordo com as peculiaridades do caso concreto)
 F. Oral
· Conduzidos por delegados de polícia da carreira
G. Procedimento oficioso
· Ação penal pública incondicionada - poderá ser iniciado de ofício pelo delegado, sem necessidade de nenhuma autorização.
H. Procedimento indisponível
Art. 17 A autoridade policial não poderá arquivar autos de inquérito
I. Temporário
6. Início do inquérito policial
6. 1 Crimes de ação penal pública incondicionada
a. De ofício: por força do princípio da obrigatoriedade a autoridade instaura o IP (através de uma portaria).
ART. 5° NOS CRIMES DE AÇÃO PUNLICA O INQUERITO POLICIAL SERÁ INICIADO:
 i. DE OFÍCIO
b. Mediante requisição da autoridade judiciaria ou do MP (algumas correntes da doutrina entendem que apenas o MP deve requere o IP para conservar a imparcialidade do juiz).
-AUTORIDADE JUDICIARIA - NÃO RECEPÇÃO PELA CF/88
- Delegado de polícia é obrigado a acatar a requisição do MP?
c. Mediante requerimento do ofendido ou de seu representante legal: verificar a procedência
d. Noticia oferecida por qualquer do povo
Art. 5° - § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificadaa procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
É a chamada delatio criminis
e. Mediante autos de prisão em flagrante - não está previsto no art. 5° do CPP mas é adotado pela doutrina.
 6.2 Crimes de ação penal pública condicionada à representação
Art. 5° - § 4° O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
6.3 Crimes de ação penal privada
Também é necessário a manifestação/requerimento do ofendido. O delegado de polícia não poderá agir de ofício.
7. Diligências investigatórias
O CPP em seus artigos 6° e 7° trazem um rol exemplificativo de diligências investigatórias que poderão ser adotadas pela autoridade policial ao tomar conhecimento de um fato delituoso.
8. Identificação criminal – Lei 12.037/2009
· Indispensável o conhecimento efetivo e seguro da correta identidade do autor do ilícito.
· A identificação criminal abrange as identificações fotográficas, datiloscópica e biológica.
9. Incomunicabilidade do indiciado preso - não poderá ser decretada pela autoridade policial.
Art. 21 do CPP não foi recepcionado pela CF/88. 
Aula 3 - Inquérito Policial – parte 3
10. Indiciamento 
Indiciar é atribuir a autoria (ou participação) de uma infração penal a uma pessoa determinada.
ART. 2°, § 6° LEI 12.830/13: O indiciamento é privativo do delegado de polícia dar-se-á por ato fundamento, mediante análise tecnico-juridica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstancias. 
10.1 Limitações ao indiciamento
Em regra, o indiciamento é possível em face de qualquer fato e qualquer pessoa. Porém, existem hipóteses em que não poderá ocorrer.
Procedimento do JECRIM – Termo circunstanciado
Membros do MP e Magistrados
Pessoas com foro por prerrogativa de função: questão de ordem no inquérito 2411 – o STF entendeu que há necessidade de autorização do Ministro ou desembargador relator para instauração de IP e indiciamento,
11. Desindiciamento - é possível
12. Conclusão do inquérito policial
12. 1 Prazo
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Quando se tratar de investigado solto, o prazo do inquérito poderá ser prorrogado dependendo da complexidade do caso. Em regra, quando o investigado estiver preso, a doutrina diz que o prazo não poderá prorrogado. 
Procedimento da justiça federal
Art. 66 Lei 5010/1966 - O prazo para conclusão do inquérito policial será de 15 dias, quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogador por mais 15 dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo juiz a que competir o conhecimento do processo. 
30 dias ser estiver solto (= artigo 10, CPP)
Procedimento da lei de drogas – Lei 11.343/06
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
Crimes contra a economia popular
Art. 10, p. 1°, Lei 1521/1951
§ 1° Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão terminar no prazo de 10 dias (estando o investigado preso ou solto).
Inexiste previsão acerca de prorrogação.
Prisão temporária decretada em IP relativo a crimes hediondos ou equiparados
Renato Brasileiro entende que o IP poderá ter seu prazo de até 60 dias (uma vez que a temporária para crimes hediondos e equiparados será decretada pelo prazo de até 30 dias, podendo ser prorrogado uma vez por igual período). 
12.1 Relatório da autoridade policial
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Não há uma forma específica para a elaboração de tal relatório. Porém, segundo Bruno Zanotti, existem alguns requisito mínimo para a elaboração do mesmo: a) narração dos fatos e das diligencias realizadas; b) analise dos requisitos que compõem o crime/ c) tipificação do fato; d) indiciamento, caso ainda não tenha ocorrido; e) eventuais pedidos de prisão preventiva, busca e apreensão, etc.
· É necessário exaurir toda a produção de elementos de informação? Não.
Na lei de drogas, o artigo 52, I, traz alguns requisitos mínimos que deverão ser observados pelo delegado de Polícia no momento em que elaborar o relatório. 
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; 
12.3 Destinatário dos autos de IP
A) Ação Penal Publica
Art. 10. § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
Não é mais ao juiz competente e sim ao MP. 
· RESOLUÇÃO 63 do Conselho da Justiça Federal – tramite do IP entre delegado e MPF. 
B) Ação penal privada
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
C) Providencias a serem adotas
· Oferecimento da denuncia
· Pedido de arquivamento dos autos de IP
· Requisição de diligencias
· Pedido de declinação de competência
· Suscitar conflito de atribuições
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
13. Arquivamento do inquérito policial
Ato complexo
13.1 Fundamentos
Aplicação analógica dos artigos 395, CPP (rejeição da peça acusatória) e artigo 397, CPP (absolvição sumária). 
13.2 Modalidades
A. Direto 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
B. Indireto
O membro do MP em vez de oferecer a denúncia posiciona-se pela incompetência do juiz ao qual está vinculado. Nesse caso, deve o juiz receber a manifestação como se tratasse de um pedido indireto de arquivamento, aplicando poranalogia, o disposto no artigo 28, CPP.
C. Implícito
O membro do MP ao denunciar, deixa de incluir algum fato (aspecto objetivo) ou algum dos indiciados (aspecto subjetivo), sem qualquer fundamentação para o ocorrido, e o juiz, ao receber a denúncia, não se pronuncia sobre a omissão. Entretanto essa modalidade NÃO É ADMITIDA no nosso ordenamento. Existe apenas doutrinariamente. 
13.3 Recorribilidade contra a decisão de arquivamento
· Crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública (Lei 1521/51, ART 7°) - Juízes recorrem de oficio;
· Atribuição originaria do PGJ 0 pode fazer pedido de revisão do Colégio de procuradores (Lei 8625, ART 12, XI);
· Contravenções do jogo do bicho e corrida de cavalos fora do hipódromo (Lei 1508/51, ART. 6°, parágrafo único) Há previsão de RESE;
13.4 Retratação do pedido de arquivamento pelo MP
STF Sumula n. 524 – Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
13.5 Arquivamento determinado por juiz absolutamente incompetente – ele não será desfeito a não ser no caso de novas provas.
Exceção: Certidão de óbito falsa – neste caso o inquérito poderá ser desarquivado. 
13.6 Desarquivamento – provas novas
STF –Sum. N. 524 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
14. Trancamento do inquérito policial
A instauração de um inquérito policial contra pessoa determinada traz consigo inegável constrangimento. Se a instauração do inquérito for manifestamente abusiva é possível o trancamento do IP, através do HC ou MS.
É uma medida de natureza excepcional.
Aula 4 Ação Penal
1. Conceito
É o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto
Art. 5° XXXV – a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito;
Segundo Renato Brasileiro, não se pode confundir o direito de ação com a ação propriamente dita. Direito de ação é o direito de exigir do Estado o exercício da jurisdição Ação, por sua vez, é o ato jurídico ou mesmo a iniciativa de se ir na justiça em busca do direito com efetiva prestação da tutela jurisdicional. 
2. Características
A – Direito público: a atividade jurisdicional é de natureza pública.
B – Direito subjetivo: o titular do direito de ação penal pode exigir do Estado-juiz a prestação jurisdicional relacionada a um caso concreto.
C- Direito autônomo: o direito de ação penal não se confunde com o direito material que se pretende tutelar.
D – Direito abstrato: o direito de ação existe independentemente da procedência ou não da pretensão acusatória.
E – Determinado: o direito de ação é instrumentalmente conexo a um fato concreto, já que pretende solucionar uma pretensão de direito material.
F- Específico: apresenta um conteúdo, que é o objeto da imputação, ou seja, é o fato delituoso cuja pratica é atribuída ao acusado.
3 - Condições da ação Penal
Para o exercício regular da ação penal há a necessidade do preenchimento de certas condições.
A presença dessas condições deve ser analisada por ocasião do recebimento da peça acusatória. Ausente qualquer das condições o magistrado deve rejeitar a inicial acusatória com base no artigo 395, II e III do CPP.
É a chamada teoria da asserção, segundo a qual o juiz deve analisar o preenchimento das condições da ação com base nos elementos fornecidos pelo autor na própria inicial acusatória.
No processo penal as condições da ação subdividem em genéricas e especificas: as genéricas devem estar presentes em todas e qualquer ação. Por sua vez, as específicas serão necessárias apenas em relação a determinadas infrações penais. 
3.1 Condições genérica da ação penal
A- Possiblidade jurídica do pedido
O pedido formulado pela parte deve se referir a uma providencia admitida pelo direito objetivo, ou seja, o pedido deve encontrar respaldo no ordenamento jurídico. Por exemplo: não pode o MP propor uma ação penal em situação de manifesta atipicidade.
B – Legitimidade para agir
Legitimatio ad causum: é a possibilidade de ocupar o polo ativo e passivo da ação penal
Legitimatio ad processum: capacidade de estar em juiz, exercer direitos e deveres processuais, ou seja, praticar validamente atos processuais.
Atenção: com a chamada legitimidade extraordinária no processo penal: é quando alguém pleiteia, em nome próprio, o direito alheio.
Exemplo: no caso de ação penal privada. O estado transfere a legitimação para propor a ação penal à vítima ou ao seu representante legal.
C – Interesse de agir
Segundo o prof. Renato Brasileiro, a ideia do interesse agir está ligada à utilidade da prestação jurisdicional que se pretende obter com a movimentação do aparato judiciário. No processo penal, o processo sempre será necessário para a aplicação de uma pena. 
D – Justa causa
Lastro probatório mínimo que deve lastrear toda e qualquer ação penal a fim de evitar a instauração de processos penais levianos. 
ATENÇÃO - Para Aury Lopes Jr, as condições acima mencionadas são aplicáveis ao processo civil. Para o doutrinador, as condições para o processo penal seriam as seguintes.
A – Prática de fato aparentemente criminoso
Só se pode oferecer denúncia/queixa se a conduta delituosa atribuída ao sujeito, for, em tese, típica licita e culpável.
Então, na ausência de qualquer destes elementos, deve o juiz rejeitar a inicial acusatória com base no artigo 395, II, CPP. 
Se, por ventura, a ausência de tais elementos só seja percebida após o oferecimento de resposta a acusação pelo acusado, deverá então o juiz absolve-lo sumariamente, com base no artigo 397, CPP.
Atenção - com a excludente da culpabilidade do inimputável do artigo 26, caput, CP, a este será imposto o cumprimento de medida de segurança, a qual só pode ser aplicada ao final do processo.
B – Punibilidade concreta
Quando já houver prova da extinção da punibilidade ou ausência do implemento de uma condição objetiva de punibilidade, deve o juiz rejeitar a inicial acusatória.
3.2 Condições específicas da ação penal
São situações em que a lei condiciona o exercício da ação penal ao preenchimento de outras condições alem das genéricas, as quais devem estar presentes em todas e qualquer ação.
· Representação do ofendido
· Requisição do Ministro da Justiça
· Provas novas quando o IP tiver sido arquivado – Sum. 524 STF
· PROVAS NOVAS APÓS A PRECLUSAO DA DECISAO DE IMPRONUNCIA
· Laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial
· Autorização da câmara dos deputados, de 2/3 dos membros, para a instauração de processo contra presidente e vice e ministros de Estado.
· Transito em julgado da sentença que anula o casamento para o delito do artigo 263,CP. 
Aula 5
Ação Penal Pública incondicionada
1. Noções Gerais
A ação penal pública incondicionada é a regra em nosso ordenamento jurídico. Diz-se ação penal pública porque seu titular é o MP e a peça inaugural de tal demanda será a denúncia. É dita incondicionada porque a atuação do MP não depende de qualquer manifestação de vontade das partes
DA AÇÃO PENAL - CPP
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública
DA AÇÃO PENAL - CP
Ação pública e de iniciativa privada
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
 § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição doMinistro da Justiça. 
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
CF
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
CPP
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; 
ATENÇÃO - Nos casos em que a ação penal publica não for intentada no prazo legal, pode o ofendido se valer da chamada ação penal privada subsidiaria da publica (art. 5° LIX, CF/88, Artigo 29, CPP e Artigo 100, § 3° CP).
CUIDADO – Art. 26, CPP – A ação penal nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciaria ou policial. 
Este artigo NÃO FOI RECEPCIONADO PELA CONSTITUIÇÃO. É necessário denuncia ou queixa para dar início a ação penal pública. Não existe mais o chamado processo judicialiforme.
Como saber quando a ação penal é publica incondicionada? Quando depende de alguma condição oufor privativa do ofendido, o próprio artigo ou capitulo referente ao delito irá expor.
2 – Prazo decadencial
Diferentemente das ações penais publicas condicionadas e privadas, a Ação penal pública incondicionada não está sujeito ao prazo decadencial de 6 meses e pode ser proposta enquanto não tiver ocorrido a extinção da punibilidade, por exemplo, pela descrição (Art. 46, CPP)
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.
3 – Princípio da ação penal publica
3.1 Principio do NE PROCEDA IUDEX EX OFFICIO / PRINCIPIO DA INICIATIVA DA SPARTES
Não poderá o juiz dar início a um processo de oficio, sendo-lhe vedado o exercício da ação sem que haja provocação da parte
3.2 Principio do NE BIS IN IDEM
NINGUEM pode ser processado duas vezes pela mesma imputação.
Art. 8, § 4° Convenção Americana de Direitos Humanos. 
3.3 Princípio da intranscedência
A denúncia só pode ser oferecida contra o possível autor do fato delituoso.
3.4 Princípio da obrigatoriedade da ação penal publica
Também conhecido como legalidade processual, quer dizer que aos órgãos persecutórios criminais não se reserva qualquer critério público ou de utilidade social para se decidir se atuarão ou não. 
Presentes os pressupostos processuais e as condições genéricas e especificas da ação penal, inclusive com a existência de suporte probatório mínimo quanto a pratica do fato delituoso, não poderá o MP se furtar ao dever de deduzir perante o juízo competente a pretensão punitiva através da propositura da ação penal condenatória por meio do oferecimento da denúncia. Não estando presentes os requisitos para ação penal, devera o MP postular o arquivamento do IP ao juiz. 
Se postular pelo arquivamento, haverá sobre um controle jurisdicional, uma vez que, caso o juiz não concorde como pedido, poderá adotar uma das medidas previstas no artigo 28 do CPP. 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Cuidado que a obrigatoriedade de oferecer a denúncia não significa que, em sede de alegações finais, o MP esteja sempre obrigado a pedir condenação do acusado. - Artigo 385, CPP.
Exceções:
A - Transação penal – art. 76, lei 9.099/95
B- Acordo de leniência/colaboração premiada
C- Termo de ajustamento de conduta.
D- Parcelamento de debito tributário.
3.5 Princípio da indisponibilidade ação publica
Ou também chamada de indesistiblidade, e um desdobramento logico do princípio da obrigatoriedade. Ou seja, se o MP é obrigado a oferecer a denúncia, ele também não pode dispo ou desisti do processo em curso – art. 576, CPP – O MP não pode desistir de recurso interposto
Art. 42, CPP
EXCEÇÕES: 
A - Suspensão condicional do processo – art. 89, lei 9.099/95
B- Parcelamento do debito tributário. 
3.6 Princípio da indivisibilidade da ação penal pública.
O processo criminal de um obriga ao processo de todos. Havendo elementos probatórios em face de todos os outros e participes, o MP está obrigado a oferece denuncia em relação a todos.
Nos Tribunais Superiores, prevalece a ideia de que vigora o princípio da divisibilidade. Ou seja, pode o MP oferecer denúncia em face de somente um autor, sem prejuízo do prosseguimento das investigações quantos oas demais envolvidos. 
3.7 Princípio da oficialidade
A promoção da ação penal incumbe, de forma exclusiva, ao MP (Art. 129, I, CF)
3.8 Princípio da autoritariedade
Os órgãos responsáveis pela persecução criminal são autoridades públicas.
3.9 Princípio da oficiosidade
Em se tratando de ação penal pública incondicionada, os órgãos incumbidos da persecução penal devem agir de oficio, independente da provocação do ofendido ou de terceiros.

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