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Gabaritando noções de administração pública com o professor Renato Lacerda Analista de Gestão Pública do MPU Chefe substituto do Núcleo de Gestão Estratégica do CNMP Professor do Grancursos Online Insta: @renatolacerdaprof 1. Análise do edital e introdução Meu caros alunos e alunas, futuros policiais militares do estado do Ceará! Sei que Administração não costuma ser uma área de conhecimento com a qual vocês lidem recorrentemente. Sei também que há certa dificuldade em aprender alguns conceitos em tão pouco tempo, ainda mais se considerarmos a grande quantidade de outras matérias que vocês tiveram que estudar desde que o edital saiu. Pensando em dar uma boa revisão, apontando os pontos recorrentemente cobrados pela banca FGV, verificados por análise de tendência, peguei uma prova com pontos idênticos aos de seu edital, a do concurso do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará de 2019. Acredite: a prova não destoará muito disso daqui não. Comentarei, portanto, cada questão dessa prova, evidenciando os pontos de atenção e os conceitos relacionados. Antes de iniciarmos, comparemos os dois editais: Edital TJCE Edital PMCE 1. Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e critérios de departamentalização. 1. Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e critérios de departamentalização. 2. Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação. 2. Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação. 3. Organização administrativa: centralização, descentralização, concentração e desconcentração; organização administrativa da União; administração direta e indireta; agências executivas e reguladoras. 3. Organização administrativa: centralização, descentralização, concentração e desconcentração; organização administrativa da União; administração direta e indireta; agências executivas e reguladoras. 4. Gestão de processos. 4. Gestão de processos. 5. Gestão de contratos. 5. Gestão de contratos. 6. Planejamento estratégico. 6. Planejamento estratégico. 7. Inovações introduzidas pela Constituição de 1988: agências executivas; serviços essencialmente públicos e serviços de utilidade pública; delegação de serviços públicos a terceiros; agências reguladoras; convênios e consórcios. 8. Relações humanas no trabalho. 9. Ética e cidadania. Como vocês observaram, os tópicos 7, 8 e 9 “abundam” no seu edital. Então, primeiramente vou comentar a prova toda, com suas 10 questões. Não vou responder à parte de relações humanas no trabalho e de ética e cidadania, o que acredito que caia no máximo duas, se cair. Fiquem ligados em todas as dicas que eu der: elas são preditoras de suas questões no dia 7 de novembro, o que vai permitir que você gabarite, mesmo sem ter feito um estudo muito aprofundado da matéria. Podem confiar! Sem mais delongas, vamos para a prova! 2. Resolução e comentários de prova da FGV Perceba que as questões serão apresentadas com suas alternativas e que a resposta correta estará em negrito. Em alguns casos, vou colocar explicações na frente das alternativas. TJCE – Banca: FGV – Ano: 2019 – Cargo: Técnico Judiciário da área Administrativa 1) Para aumentar a eficácia do Tribunal, foi contratado um consultor com o objetivo de melhorar todas as funções administrativas de determinado setor. Uma dessas funções administrativas tem dupla atribuição: monitorar as atividades planejadas, assegurando que sejam executadas conforme planejado, e corrigir os desvios, a partir de medidas corretivas. Tal função administrativa é: (A) o planejamento; (B) a organização; (C) a direção; (D) o controle; (E) a execução. Comentários e dicas: As questões de processo administrativo costumam ser simples. Basta que você associe alguns conceitos-chave para que identifiquem de pronto sobre qual função a banca se refere: PLANEJAMENTO: Sempre está associado àquilo que se deseja ser ou alcançar no futuro. Definir planos, objetivos, metas, programações, orçamentos, estratégias. Tudo isso se refere ao planejamento, que é uma tomada antecipada de decisões acerca do futuro. É o planejamento que define diretrizes a serem cumpridas para que se busquem os resultados e objetivos esperados por um organização. ORGANIZAÇÃO: Cuida de estabelecer a estrutura organizacional, definir o tipo de departamentalização e assim dividir o trabalho, distribuindo as tarefas pelos níveis hierárquicos e entre os setores e departamentos para que se cumpram os planos definidos na função anterior. Por assim dizer, é a função que estabelece a hierarquia ou a cadeia de comando, define que a organização vai ser mais centralizada ou mais descentralizada, o sistema de autoridade e de responsabilidade, a amplitude de controle (número de subordinados que se reportam a um chefe/comando) e a especialização (divisão do trabalho entre as pessoas e entre os setores e níveis). DIREÇÃO: Significa conduzir e coordenar o trabalho das pessoas, uma vez que já se desenvolveu um plano e que a estrutura organizacional está montada. Logo, relaciona-se à liderança, a condução das pessoas para o alcance dos objetivos, à comunicação, à motivação e ao desempenho que conduzem ao alcance dos objetivos. É a função interpessoal, relacionada a coordenação, e supervisão. CONTROLE: A função de controle busca garantir que os objetivos estabelecidos no planejamento sejam alcançados. Para tanto, estabelece parâmetros com base no estabelecimentos de objetivos, depois, faz a avaliação do desempenho e compara com os parâmetros, para promover, por fim, realizar possíveis ações corretivas. Normalmente trará expressões como: monitorar, avaliar, medir, corrigir. O instrumento para medir e comparar com os objetivos são os indicadores. Observações importantes sobre o processo administrativo: Considerados isoladamente, planejamento, organização, direção e controle são funções. Em conjunto, elas formam o “processo administrativo”, que se dá exatamente nessa ordem. As funções administrativas são as mesmas para todas as organizações, sejam elas públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos, não importando sua área de atuação. As funções podem ser classificadas quanto à sua abrangência e tempo em estratégica, tática ou operacional. 2) Com o escopo de fomentar a especialização do órgão, com a consequente e posterior melhor capacitação dos servidores lá lotados, determinado Tribunal de Justiça, no exercício de função administrativa, observadas as formalidades legais, subdividiu o então Departamento de Engenharia e Licitações em dois novos departamentos, um de Engenharia e outro de Licitações. De acordo com a doutrina de Direito Administrativo, esse desmembramento de um órgão em dois, com o objetivo de melhorar a prestação do serviço público e assim atender ao princípio da eficiência, é a: (A) delegação administrativa; (B) centralização administrativa; (C) concentração administrativa; (D) desconcentração administrativa; (E) descentralização administrativa. Comentários e dicas: Muito provável que haja uma questão sobre organização administrativa, o tópico 3 de seu edital, que se refere à Direito Administrativo. Lembre-se de que a desconcentração também é uma forma de descentralização, mas vertical, que sempre se dará no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, com liame hierárquico. Ao contrário, a descentralização administrativa promove a criação de uma nova pessoa jurídica, com sua própria personalidade. É o caso das autarquias, das fundações públicas de direito público, das sociedades e economia mista e das empresas públicas. Ademais, guarde as seguintes informações: A descentralização administrativa transfere de uma pessoa jurídica (união, estados, municípios e DF)tanto a titularidade quanto a execução de determinadas ações como mecanismo de eficiência e sempre por meio de lei (autorizativa ou de criação). Agências reguladoras são autarquias com regime especial, criadas por meio de lei com missão é regular e/ou fiscalizar a prestação de serviços públicos praticados pela iniciativa privada, ou mesmo pelo setor público, zelando pela manutenção da qualidade na prestação dos serviços. Agências executivas não são equivalentes a agências reguladoras. Elas não são criadas por meio de lei e sua qualificação é um título, que amplia a autonomia de autarquias ou fundações públicas, a parti do contrato de gestão, sempre assinado entre a entidade e o ministério de origem, de onde ela foi criada por descentralização administrativa. Um exemplo no Brasil é do Inmetro, que assinou contrato com o MDIC, com quem guarda pertinência temática. O contrato de gestão é sempre por tempo determinado e incorpora na gestão pública a gestão por resultados. 3) No setor público, não basta ter boas ideias e boa vontade. É importante planejar, dirigir e controlar com qualidade. Os planos geralmente realizados por gerentes médios, que focam em unidades e departamentos organizacionais e que têm dimensão temporal de médio prazo, são denominados: (A) estratégicos; (B) focados; (C) operacionais; (D) holísticos; (E) táticos. Conforme havia dito, as funções se espalham nos três níveis. No caso do planejamento, é importante destacar o seguinte: ESTRATÉGICO: É o nível mais abstrato e se orienta para a organização toda, com objetivos a serem alcançados no longo prazo. É nesse nível que se aplica a análise SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças), criam-se as definições de missão (razão de ser e o propósito de existir da organização) e de visão (aquilo que a organização quer ser ou alcançar, seu sonho acalentado) e os valores organizacionais. TÁTICO: Deve ser elaborado em conformidade com o nível estratégico, sendo de médio prazo e orientado para cada área, setor ou gerência. É o elo entre o pensamento (nível estratégico) e as ações (nível operacional). OPERACIONAL: Cuida das rotinas administrativas, sob o comando as orientações das áreas táticas. De curto prazo, orienta-se a tarefas, atividades, projetos, cronogramas, orçamentos, procedimentos. 4) Um desembargador responsável por um órgão do Poder Judiciário constatou que era necessário rever a estrutura e os processos internos do referido órgão. Após diagnóstico profissional e planejamento, começaram as mudanças e várias atividades e recursos foram redistribuídos. A função da administração responsável pela distribuição de tarefas e recursos na organização é o(a): (A) processo decisório; (B) planejamento tático; (C) planejamento estratégico; (D) organização; (E) departamentalização. Comentários e dicas: Mais uma questão sobre processo administrativo e suas funções. Conforme já expliquei acima, a organização é quem divide e distribui tarefas e atividades. Não poderia ser “departamentalização”, pois ela não é uma função administrativa, mas uma ação realizada pela função de organização. As demais alternativas são, no mínimo, esdruxulas. 5) O professor Alfred Chandler disse que a “estrutura segue a estratégia”. Se o novo servidor público quer entender mais a nova organização e sua respectiva estratégia, é recomendável analisar sua estrutura. A estrutura organizacional que apresenta pequena amplitude de controle é a: (A) aguda ou vertical; (B) horizontal; (C) hierárquica; (D) analítica; (E) operacional. Comentários e dicas: As bancas amam cobrar este conceito. Com a FGV, não é diferente. Existem vários princípios das organizações formais e é preciso que saibam de alguns, recorrentemente cobrados: 1. Divisão do trabalho. Consiste na especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência. 2. Autoridade e responsabilidade. Autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar obediência. A responsabilidade é uma consequência natural da autoridade e significa o dever de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas entre si. 3. Disciplina. Depende de obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos. 4. Unidade de comando. Cada empregado deve receber ordens de apenas um superior. É o princípio da autoridade única. 5. Unidade de direção. Uma cabeça e um plano para cada conjunto de atividades que tenham o mesmo objetivo. 6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais. Os interesses gerais da empresa devem sobrepor- se aos interesses particulares das pessoas. 7. Remuneração do pessoal. Deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição. 8. Centralização. Refere-se à concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização. 9. Cadeia escalar. É a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando. 10. Ordem. Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É a ordem material e humana. 11. Equidade. Amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal. 12. Estabilidade do pessoal. A rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, tanto melhor para a empresa. 13. Iniciativa. A capacidade de visualizar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso. 14. Espírito de equipe. A harmonia e a união entre as pessoas são grandes forças para a organização. A amplitude de controle ou administrativa se refere ao número de subordinados que se reportam diretamente a um chefe (unidade de comando). Por exemplo, em um setor, com um chefe, há 10 subordinados (este número representa a amplitude de controle). O número de subordinados para cada chefe gera reflexo na estrutura organizacional, definindo se ela vai ser mais ou menos centralizada, com mais ou menos níveis hierárquicos. Se a amplitude é alta (muitos subordinados para um chefe), a organização vai ser mais achatada, com menos hierarquia, mais descentralizada. Em contrapartida, se a amplitude for baixa (poucos subordinados para um chefe), a organização ficará mais alta, com mais níveis hierárquicos, portanto, mais centralizada e com hierarquia forte. Chefe Nº de subordinados Amplitude de controle Hierarquia João 5 Baixa Forte (muitos níveis) Centralizada Maria 20 Alta Branda (poucos níveis) Descentralizada Outro conceito importante é o da divisão do trabalho, que se refere à especialização das pessoas e das tarefas para o aumento da eficiência. Um exemplo de especialização vertical é a hierarquia, com distribuição de autoridade e de responsabilidade, que são proporcionais. Um exemplo de especialização horizontal é a departamentalização, que pode se dar pelos critérios funciona, divisional e matricial. 6) O Tribunal de Justiça do Ceará, após regular processo licitatório, contratou a sociedade empresária XXX para aquisição de determinados equipamentos de informática. Tão logo a contratada entregou o primeiro lote da compra, o Tribunal verificou que, diante da criação de novas varas especializadas, seria necessário um acréscimo na quantidade dos mesmos produtos originalmente contratados. No caso em tela, a contratada está: (A) obrigada a aceitar a alteração unilateral do contrato pelo Tribunal, desde que respeitado o limite de 25% para acréscimo e mantido seu equilíbrio econômico-financeiro; (B) obrigada a aceitar a alteração unilateral do contrato pelo Tribunal, desde que respeitado o limite de 50% para acréscimo e mantido seu equilíbrio econômico-financeiro; (C) obrigada a aceitar a alteração unilateral do contrato pelo Tribunal, desde que respeitado o limite de 100% para acréscimo e mantido seu equilíbrio econômico-financeiro; (D) desobrigada a aceitar a alteração unilateral do contrato pelo Tribunal, que poderá ocorrer na hipótese de acordoentre as partes do contrato administrativo, desde que respeitado o limite de 100% para acréscimo; (E) desobrigada a aceitar a alteração unilateral do contrato pelo Tribunal, que poderá ocorrer na hipótese de acordo entre as partes do contrato administrativo, desde que respeitado o limite de 50% para acréscimo. Comentários e dicas: Trata-se da aplicação de conceitos inerentes à Lei 8.666/93 e ao que o edital se refere à “gestão de contratos”. Neste caso, temos o seguinte dispositivo: Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual. § 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos. 7) Para aumentar seu poder de controle e supervisão da Administração Indireta, certo governante resolveu centralizar várias atividades para seus entes estatais. Assim, a Administração Direta passou a contar com mais órgãos. Um órgão da Administração Pública Direta brasileira é: (A) FUNAI; (trata-se de uma fundação pública de direito público – entidade da administração indireta) (B) INSS; (trata-se de uma autarquia – entidade da administração indireta) (C) Casa Civil; (D) INMETRO; (trata-se de uma autarquia, também qualificada como agência executiva, por ter assinado contrato de gestão com o MDIC – entidade da administração indireta) (E) INPI. (trata-se de uma autarquia – entidade da administração indireta) Comentários e dicas: Perceba que é uma questão fácil, relacionada ao tópico 3 do edital, que trata de organização administrativa. Cabe fazer a seguinte distinção: Instituição Mecanismo Personalidade jurídica Regime Órgãos Desconcentração/ concentração Sem personalidade própria (criados por lei) Direito Público Autarquias Fundações Públicas Descentralização Administrativa Tem personalidade própria (criadas por lei) Direito Público Empresas Públicas Soc. Economia Mista Descentralização Administrativa Tem personalidade própria (autorizadas por lei) Direito Privado Agências Reguladoras (Autarquias especiais) Descentralização Administrativa Tem personalidade própria (criadas por lei) Direito Público Agências Executivas (autarquias e fundações públicas) Contratualização de Resultados Tem personalidade própria (contrato de gestão) Direito Público Agências reguladoras nascem agências reguladoras, que são autarquias de regime especial. Agências executivas não são agências reguladoras, mas alguma autarquia ou fundação pública de direito público, que tenha plano estratégico em desenvolvimento e que assine, sempre por tempo determinado, contrato de gestão com seu órgão correlato, de onde procedeu a descentralização administrativa que lhe deu origem. As agências executivas têm ampliada sua autonomia e recebem aporte de recursos e auxilio de seu órgão de origem, porém, continuam sem vínculo hierárquico, mantendo a coordenação. Contudo, devem se responsabilizar pela entrega de resultados, conforme se firma em termos do contrato de gestão, o mecanismo que lhes dá origem. 8) Organizações existem para entregar valor para seus clientes – ou cidadãos, no caso das organizações públicas – por meio de seus produtos e/ou serviços. Para isso, é importante a harmonia entre a gestão estratégica, a gestão de projetos e a gestão de processos. O conceito de processo corresponde a: (A) atividades que englobam a definição de objetivos organizacionais e concepção de planos para alcançá-los; (conceito de planejamento) (B) um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo; (conceito de projeto) (C) um conjunto de atividades temporárias e exclusivas; (conceito de projeto) (D) um conjunto de atividades relacionadas, com início, meio e fim definidos, duração e recursos limitados; (conceito de projeto) (E) uma agregação de atividades e comportamentos executados por humanos ou máquinas para alcançar um ou mais resultados. Comentários e dicas: Os processos representam aquilo que a organização faz para entregar resultados aos seus clientes/destinatários. Para tanto, ela utiliza insumos, mobiliza recursos, atividades, pessoas e tecnologias para realizar suas entregas, que precisam ser boas o suficiente para satisfazer aos clientes. Os processos são cíclicos e orientados à rotina, gerando produtos ou serviços recorrentes. Ao contrário, os projetos são temporários e finitos, com data certa para começar e terminar, entregando resultados únicos ou inovadores. Além de entender o conceito de processo, é preciso que você compreenda alguns conceitos importantes. A organização é um conjunto de processos interligados, do topo à base, mas também de “ponta a ponta”. Um processo finalístico, também chamado de primário ou central, é aquele que, do início ao fim, se estrutura para entregar valor diretamente ao cliente/destinatário; Um processo finalístico é transversal, ou seja, de “ponta a ponta” passa por várias áreas ou setores especializados, para entregar ao cliente o resultado que ele espera; Por assim dizer, um processo finalístico é composto por vários processos de apoio, também chamados de processos de suporte ou secundários, que na cadeia de valor, auxilia outro processo, mas não entrega valor direto ao cliente; e Por fim, há os processos de gestão ou de monitoramento, que cuidam da medição, do monitoramento e do aprimoramento de todo o sistema de gestão. Processo finalístico Processo de apoio Processo de gestão Entrega valor direto ao cliente, relacionado à missão ou propósito. Entrega valor a outro processo de apoio ou finalístico. Monitora, avalia e aprimora o sistema de gestão. São mais amplos e de “ponta a ponta” (transfuncionais). Normalmente são restritos a certas áreas ou funções. Cuidam do aprimoramento organizacional. Os processos podem ser decompostos em níveis de alçada e classificam-se, do mais abrangente ao mais específico, da seguinte forma: Organizações orientadas por processos, ao contrário das organizações tradicionais, primam mais pela descentralização e horizontalização de suas estruturas. Temos o seguinte, migrando de um enfoque tradicional ao enfoque de processos: Gestão Tradicional Gestão por Processos Foco na hierarquia Foco na cadeia de valor Decisão superior Decisão baseada em fatos e evidências Centralização Descentralização Foco funcional Foco transversal ou transfuncional Burocracia Adhocracia Organizações altas e hierarquizadas Organizações achatadas e baixas Pensamento fragmentado Pensamento sistêmico Existem várias ferramentas associadas ao gerenciamento de processos. As mais cobradas costumam ser o fluxograma, o gráfico de Pareto, o gráfico de Ishikawa e as cartas de controle. 1. Gráfico de Pareto: Na sua base está o Princípio de Pareto que refere que um pequeno número de causas (geralmente 20%) é responsável pela maioria dos problemas (geralmente 80%). Faz um levantamento quantitativo das causas. Em suma, preceitua que 80% das causas triviais reponde por cerca de20% dos resultados mais significativos, ao passo que 20% das causas essenciais respondem por 80% dos resultados mais importantes. Em Desse modo, existem poucos itens vitais e muitos itens triviais a se considerar. Trata-se então de uma técnica universal para separar os problemas em duas classes: os poucos que são essências e os vários que são triviais, trazendo a possibilidade de classificação e de priorização de problemas. 2. Diagrama de causa-efeito (espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa): permite estruturar hierarquicamente as causas de determinado problema ou oportunidade de melhoria, bem como seus efeitos sobre a qualidade. Por isso chamado de Causa e Efeito. Trás uma análise qualitativa das causas. E sua essência representa a relação entre o “efeito” e todas as possibilidades de “causa” que podem contribuir para esse efeito. Considera as variáveis das causas que afetam um processo. A exemplo do que ocorre na maioria das empresas, os pontos fracos acabam por gerar inúmeras dificuldades e problemas operacionais, com grandes e inevitáveis reflexos negativos sobre o meio organizacional. As causas ou fatores complexos podem ser decompostos em seus mínimos detalhes, sem com isso perder a visão de conjunto; Em geral, as causas são levantadas em reuniões brainstorming; Permite Identificar todos os problemas existentes, para posterior análise e avaliação, estabelecendo as prioridades de acordo com o tamanho do estrago que cada um deles vêm causando à empresa; À frente (na “cabeça do peixe”) do diagrama, coloca-se o efeito e nos elementos da espinha, nos retângulas, colocam-se os fatores de avaliação com as causas levantadas; Pode ser implementado pelo a partir dos “6 M’s”, bem como do “5w2h” Quanto mais informações sobre os problemas forem disponibilizadas, maiores serão as chances de livrar-se deles. Mão de obra = inclui todos os aspectos relativos ao pessoal que, no processo, podem influenciar o efeito desejado. Medida = inclui a adequação e confiança nas medidas que afetam o processo como aferição e calibração dos instrumentos de medição. Meio ambiente = inclui as condições ou aspectos ambientais que podem afetar o processo, além disso, sob um aspecto mais amplo, inclui a preservação do meio ambiente. 3. Histogramas: Na estatística, um histograma é uma representação gráfica da distribuição de freqüências de determinados eventos, normalmente um gráfico de barras verticais. 4. Folhas de verificação: É um formulário estruturado para coleta de dados que torna fácil o registro e a análise de dados, facilitando a coleta de dados, bem como sua organização e recuperação. 5. Gráficos de dispersão: Constitui maneira de visualizar a relação entre duas variáveis quantitativas. Por meio da coleta de dados aos pares de duas variáveis (causa/efeito), busca-se checar a existência de relação entre essas variáveis. 6. Fluxogramas: Pode ser entendido como uma representação esquemática de um processo, muitas vezes feita por meio de gráficos que ilustram de forma descomplicada a transição de informações entre os elementos que o compõem. 7. Cartas de controle: É um tipo de gráfico em linha utilizado para avaliar e manter a estabilidade do processo. Uma linha central e limites de controle, superior e inferior, são desenhados no gráfico. Os dados são coletados no decorrer do tempo e os valores são plotados no gráfico. São estabelecidos os limites inferiores e superiores com base nas operações normais do processo. Caso ultrapasse para mais ou menos, considera-se que o processo está “fora de controle”. 9) Um experiente executivo da iniciativa privada foi indicado para ser diretor de um órgão público. Uma de suas maiores dificuldades iniciais foi entender o processo licitatório e a posterior contratação. O contrato administrativo é entendido como: (A) o ajuste de vontades firmado entre órgãos da Administração Pública, segundo regime jurídico de Direito Privado; (é entre a administração pública e particulares) (B) obrigatório, no caso de concorrência em tomada de preços, e é regido segundo regime jurídico de Direito Público; (concorrência em tomada de preços não existe, mas a modalidade de “concorrência”, de “tomada de preços”, de “convite”, “concurso” e “leilão”, considerando ainda o “pregão” e o “pregão eletrônico”, que não fazem parte da 8.666). (C) aquele em que não é lícito alteração unilateral do contrato pela Administração, nem sua rescisão unilateral, e é regido segundo regime jurídico de Direito Privado; (Regido predominantemente por regras de direito público, com possibilidade de rescisão unilateral pelo Estado, prerrogativa conhecida por “cláusulas exorbitantes” ancoradas na supremacia do interesse público em face do particular). (D) aquele em que não é possível ter cláusulas exorbitantes, embora sejam cláusulas comuns em contratos particulares, e é regido segundo regime jurídico de Direito Privado; (Em face da supremacia do interesse público, segundo regras do direito público, as cláusulas exorbitantes só existem em contratos administrativos e não nos contratos entre particulares). (E) todo ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculos e a estipulação de obrigações recíprocas, segundo regime jurídico de Direito Público. Comentários e dicas: Trata-se de uma questão de direito administrativo, o que o edital chama de “gestão de contratos”. É preciso que se tenha em mente que, ao contrário dos atos administrativos, que são unilaterais e expressam a manifestação da administração pública sobre particulares, os contratos administrativos serão sempre bilaterais, manifestando um ajuste entre a administração pública e os administrados ou particulares. Contudo, via de regra, pelo princípio da supremacia do interesse público, o Estado goza de certas prerrogativas na gestão destes contratos públicos, o que a doutrina chama de “cláusulas exorbitantes”. Cumpre destacar que os contratos administrativos são regidos predominantemente por regras do direito público, mas subsidiariamente por regras de direito privado. Ainda que haja cláusulas exorbitantes e a possibilidade de alteração unilateral do contrato, o Estado não pode onerar os particulares e nem afetar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos, o que em certa medida protege os particulares de prejuízos na prestação de serviços ou oferecimentos de produtos. 10) Após ingressar no Poder Judiciário, Ícaro iniciou seus trabalhos assessorando um gestor no planejamento e execução de tarefas rotineiras comuns em seu departamento. Ícaro e seu chefe são responsáveis pela definição de procedimentos e processos específicos de curto prazo. Ícaro e seu gestor encontram-se no nível organizacional: (A) tático; (B) gerencial; (C) estratégico; (D) operacional; (E) corporativo. Comentários e dicas: Conforme já havia explicado, todas as funções (planejamento, organização, direção e controle) se espalham pelos níveis estratégico, tático e operacional da gestão. Por assim dizer, ao responder questões de planejamento, você deve se atentar para o seguinte: Analise sempre o caso concreto, segundo a situação hipotética apresentada pela questão, o que é muito comum em se tratando de FGV; Se na situação hipotética você observar que o lapso temporal é curto ou imediato, o planejamento será operacional. Se ele for orientado à rotina, a procedimentos, tarefas e atividades, também; Se a situação hipotética mostrar algo de médio prazo e orientado para áreas da gestão ou funções como marketing, TI, gestão de pessoas, financeiro etc, o planejamento será tático, pois focado no nível intermediário ou de gerência. Se a situação hipotética apresentar algo orientado para toda a organização, com maior nível de abstração ou abrangência, com lapso temporal de longo prazo,o planejamento será necessariamente estratégico. A prova em questão não apresentou conceitos muito importantes do planejamento estratégico, amplamente cobrados pela FGV, mas é importante que você os conhece e saiba distinguir quando os vir: Missão: representa a razão de ser da organização e se identifica com seus propósitos atuais ou futuros, evidenciando o negócio, o destinatário, representando aquilo que a instituição faz. Exemplo de missão da PMPE: “Prestar apoio e assessoramento de Segurança Institucional às Autoridades Governamentais do Estado, planejar, coordenar, desenvolver e executar as atividades de Proteção e Defesa Civil”. Visão de futuro: é o sonho acalentado da organização, aquilo que ela pretende ser ou alcançar em uma abordagem mais ampla, sem certo período mais alongado de tempo. É como ela se enxerga no futuro como ideal. Exemplo de visão da PMPE: “Até 2022 continuar a garantir a segurança de dignitários no Estado, bem como o desenvolvimento das ações de Proteção e Defesa Civil, destacando-se como instituição voltada para gestão pública eficiente”. OBSERVAÇÃO: Normalmente a FGV apresenta uma declaração e pede para que você aponte, nas alternativas, se é missão ou visão. Não as confuda! Para complementar as informações essenciais ao seu sucesso na prova, é comum que caiam questões sobre análise SWOT, que é uma ferramenta para pensar o futuro da organização e seus cenários, que consiste em uma análise externa e em uma análise externa como ferramenta de diagnóstico estratégico. A análise interna é composta por variáveis que são controláveis diretamente pela organização, que podem ajudar ou atrapalhar na execução da estratégia e alcance dos objetivos, as forças e as fraquezas, respectivamente. A análise externa é composta por variáveis incontroláveis, porque estão fora da organização, em seu ambiente externo. Elas também podem ajudar ou atrapalhar, respectivamente conhecidas por oportunidades e ameaças. Da junção das duas análises formam-se os cenários, que podem ser assim identificados: Análise interna com predominância de pontos fortes e externa com predominância de oportunidades, cenário de DESENVOLVIMENTO; Análise interna com predominância de pontos fracos e externa com predominância de ameaças, cenário de SOBREVIVÊNCIA; Análise interna com predominância de pontos fracos e externa com predominância de oportunidades, cenário de CRESCIMENTO; e Análise interna com predominância de pontos fortes e externa com predominância de ameaças, cenário de MANUTENÇÃO. E PARA CONCLUIR... É uma honra para mim, até aqui, poder contribuir de alguma forma para o seu sucesso. Eu sei bem o que representa passar em um concurso público para a grande maioria dos que farão essa prova. A título de informação, para que saiba, o primeiro concurso de minha vida, em 2001 (sim, já não sou tão novo), foi para a PMDF. À época, consegui passar de primeira, entre os 100 primeiros, mas acabei por reprovar no teste físico, especificamente na barra (5 em pronação, sem choro e nem vela). Lembro que fiquei arrasado, pois tenho origem muito humilde e aquilo representava muito para mim. Contudo, catei os cacos de minha dignidade e segui meu caminho, mesmo sem entender os desígnios de Deus. O que quero realmente dizer com tudo isso? Primeiro, que não desejo que você passe em uma prova, mas que seja feliz. Que Deus prepare o que for melhor para você, seja agora ou depois. Eu não entrei na PMDF, mas alcancei muitas coisas grandiosas na sequência, porque confiei e não desisti. Por isso que desejo seu sucesso, não na prova, mas na vida. De minha parte, preparei aqui o melhor que pude para realmente auxiliar você, para que realmente gabarite Administração. O que eu vou ganhar com isso? Nada além da energia boa que Deus e o universo me devolvem em cumprimento de minha missão. Eu não trabalho quando faço isso, eu multiplico a benção que o conhecimento me trouxe. Só peço que voltem para me contar depois como eu pude contribuir com sua prova. Isso vai me deixar bem feliz e grato. Se puderem, falem bem de mim, pois esse é também meu ganha-pão. Por fim, além da apostila, receba minha oração: estou torcendo por vocês e pedindo a Deus para que faça o melhor. Vai lá e arrase! Até então, eu e você fizemos nossa parte. O restante, Deus cuida! Sucesso!