PRÁTICA PENAL

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PRÁTICA PENAL
3º BIMESTRE
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
1. NOÇÕES GERAIS
- É apresentada depois da audiência de instrução e antes da sentença
- É peça única, devendo ser apresentada pela defesa e acusação;
- A qualificação é feita resumidamente. Ex: Felipe, já qualificado nos autos em epígrafe, vem..
- Prazo: 5 dias úteis, exclui o primeiro dia e inclui o último.
2. CABIMENTO
a) CPP 403 §3º: será usado este fundamento quando se tratar de:
- Causa complexa: se o problema relatar complexidade;
- Número de acusados: se existir mais de 1 réu; ou
b) CPP 404 § único: será usado este fundamento quando o MP requerer diligência na audiência.
3. RITO ESPECIAL- TIRBUNAL DO JÚRI
- Adota o rito ordinário quando o especial for omisso, por isso cabe alegações finais por memoriais;
- Sendo rito especial, utiliza-se como fundamento o art. 403 §3º ou art. 404 § único e art. 394 §5º do CPP. 
4. TESES DE DEFESA
I. Rito Comum
a) Falta de Justa Causa: é hipótese de absolvição sumária, estarão no art. 386 do CPP;
Ex: o réu praticou o crime em legítima defesa e não há provas suficientes contra ele. Neste caso, as duas teses deveriam ser sustentadas, e a absolvição seria pedida nos termos do art. 386, VI e VII, do CPP. 
b) Nulidades Processuais: juiz incompetente, parte ilegítima ou se houve algum furo durante a marcha processual. Ex.: vício na citação, falta de prazo para resposta à acusação, nulidade na audiência etc.). 
- Identificada a nulidade, pede a anulação do processo desde a época em que o vício surgiu, e fundamente no art. 564 do CPP (procure o inciso adequado) e em algum outro dispositivo que tenha sido violado, ex: art. 396, caso o juiz não tenha dado prazo para resposta à acusação;
c) Extinção da Punibilidade: estão no art. 107 do CP, por exemplo a existência de prescrição, mas o delito praticado pode trazer alguma causa especial de extinção da punibilidade.
d) Excessos na Punição: 
- Afastamento de qualificadoras e a incidência de privilégios;
- Afastamento de agravantes e a incidência de atenuantes;
- Afastamento de causas de aumento e a incidência de causas de diminuição;
- Desclassificação para um delito menos grave. 
II. Rito Especial- Tribunal do Júri
a) Falta de Justa Causa: hipótese de absolvição sumária (CPP 415). 
- Se a tese for a falta de provas, peça a impronúncia, com fundamento no art. 414 do CPP. 
b) Nulidades Processuais: idêntica ao rito comum;
c) Extinção da Punibilidade: idêntica ao rito comum;
d) Excessos na Punição: 
- Afastamento de qualificadora;
- Afastamento de causa de aumento;
- Desclassificação para delito menos gravoso. 
MODELO DE PEÇA: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA … VARA CRIMINAL DA COMARCA …
Observações: se atentar a competência do júri e à competência da Justiça Federal.
FULANO, já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, oferecer ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, com fundamento no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir:
I. DOS FATOS- resumo do enunciado
O acusado manteve relações sexuais com FULANA, que tinha 13 anos na época dos fatos. No entanto, por ter conhecido FULANA em uma festa onde apenas maiores de idade poderiam entrar, o réu imaginou que a vítima tinha idade superior a 18 anos.
Em juízo, a vítima disse que, no dia em que conheceu o réu, mentiu a respeito de sua idade, afirmando ser “maior de 18 anos e acadêmica de Direito”. Duas testemunhas, Chico e João, confirmaram o relato da vítima.
O Ministério Público denunciou FULANO pela prática do crime de estupro de vulnerável, nos termos do art. 217-A do Código Penal, e pediu a sua condenação em memoriais.
II. DO DIREITO
a) Erro de Tipo Invencível (CP 20)
Portanto, excelência, está claro que o réu agiu em erro de tipo essencial, com fundamento no artigo 20, “caput”, do Código Penal, devendo ser absolvido, com fundamento no art. 386, VI, do Código de Processo Penal, pela exclusão do dolo e culpa do agente.
Isso porque ele não poderia imaginar que FULANA tinha menos de 14 anos, afinal, ele a conheceu em uma festa onde apenas maiores de idade poderiam entrar. Além disso, ela mentiu a respeito de sua idade, induzindo o réu em erro.
b) Absolvição pelo “In Dubio Pro Reo”
Consta ainda que, não há provas da prática do crime, em razão da prova pericial não ter constatado a autoria do denunciado.
Por isso, não deve ser condenado sem existir mínima prova de autoria do crime, pelo princípio do “In Dubio Pro Reo”, devendo, portanto, ser absolvido nos termos do art. 386, VII do CPP.
c) Afastamento do Concurso de Crimes
O art. 217-A trata do crime de estupro como sendo a prática de sexo oral ou vaginal. Sendo assim, o réu não praticou dois crimes por ter realizado o sexo oral e o vaginal, já que foram praticados na mesma oportunidade, constituindo um crime só.
Desta forma, o concurso de crimes deve ser afastado.
d) Da Atenuante e Da não aplicação da Agravante da Embriaguez pré- ordenada
De forma subsidiária, ainda que seja condenado, o réu faz jus à atenuante da menoridade relativa, do art. 65, I, do Código Penal, pois tinha apenas 20 anos na época dos fatos. 
Ademais, não tendo o réu ingerido bebida alcoólica antes da prática do delito, não há que se falar na agravante de embriaguez pré-ordenada, como alega o Ministério Público. 
e) Da Inconstitucionalidade do art. 2º da lei n. 8.072/90
Além disso, não há circunstância judiciais negativas, razão pela qual a pena deve ser fixada no mínimo legal. Por fim, o regime inicial deve ser o semiaberto, nos termos do art. 33, § 2º, “b”, do Código Penal. Embora o crime seja hediondo, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90.
III. DOS PEDIDOS
a) Diante do exposto, requer a absolvição do réu, nos termos do art. 386, VI, do Código de Processo Penal, por atipicidade em razão de erro de tipo, com fundamento no art. 20, “caput”, do Código Penal, não sendo este o entendimento, deve ser absolvido nos termos do art. 386, VII do CPP, ainda, considerando uma eventual condenação, seja o réu condenado pela prática de um crime apenas. 
b) Subsidiariamente, em caso de condenação, requer a fixação da pena no mínimo legal, a incidência da atenuante da menoridade relativa, do art. 65, I, do Código Penal, e a imposição de regime semiaberto, com fundamento no art. 33, § 2º, “b”, do Código Penal. Ademais, não seja reconhecida a agravante de embriaguez pré ordenada. 
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data (último dia do prazo)
Advogado.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE)
1. CABIMENTO
- O art. 581 do CPP prevê as hipóteses de cabimento, mas o rol é válido apenas até o 18º inciso;
- Se cair RESE será sobre a pronúncia do réu no rito do tribunal do júri, isto é, após as alegações finais, o juiz prolata uma sentença (decisão interlocutória) em que poderá realizar a absolvição sumária (CPP 415), a desclassificação do crime (CPP 419), a improcedência (CPP 414) ou a pronúncia (CPP 413);
-Na hipótese de pronúncia, o juiz estará decidindo que terá a audiência do júri, mas, poderá realizar a impronúncia, decidindo pelo não cabimento de audiência do júri; Nestes dois casos, será cabível o RESE, na pronúncia será interposto pelo réu e no caso de impronúncia, interposto pelo MP e o réu faz as contrarrazões pedindo que a decisão do juiz se mantenha.
2. ESTRUTURA DA PEÇA
a) Recurso de Sentido Estrito: são duas peças seguidas, uma de interposição e outra das razões: 
- Interposição: endereçamento ao juiz a quo (aquele que proferiu a decisão);
- Razões: endereçamento ao Tribunal de Justiça, que analisará o recurso. 
b) Contrarrazões ao Recurso em Sentido Estrito: são duas peças seguidas, feitas pela parte recorrida, mas aqui a primeira é chamada de petição de juntada e a segunda de contrarrazões:
- Petição de Juntada: endereçamento ao juiz a quo (aquele que proferiu a decisão);
- Contrarrazões: endereçamento ao Tribunal de Justiça, que analisará o recurso. 
3. PRAZO
- Interposição: 5 dias;
- Razões: depois de apresentar a interposição é intimado novamente para apresentar as razões em 2 dias;
OBS: naprova as peças são apresentadas juntas no prazo de 5 dias corridos a iniciar em dia útil;
- Petição de Juntada e Contrarrazões: prazo de 2 dias corridos. 
4. EFEITOS
a) Devolutivo: tribunal reanalisa toda a matéria;
b) Regressivo: é possível o juízo de retratação, requerido apenas na peça de interposição da RESE;
c) Suspensivo: não é um efeito obrigatório. 
5. TESES
a) Derrubar a justa causa: retirar a imputação contra o réu utilizando informações do enunciado como provas de que o fato não existiu (materialidade) ou de que o acusado não praticou o delito (autoria). 
- Causas de exclusão do crime: pedir a absolvição sumária, com fundamento no art. 415 do CPP.
- Fragilidade probatória (“In Dubio Pro Reo”): não há certeza de que o fato não ocorreu ou de que o réu não praticou o delito, mas também não há prova suficiente para a pronúncia. Neste caso, pedir a impronúncia, com fundamento no art. 414, “caput”, do CPP.
b) Nulidades Processuais: ver se o procedimento do júri (CPP 406) foi respeitado. Ex.: se foi dado prazo para resposta à acusação. Peça aqui a anulação do processo deste o ato viciado;
- Incompetência da vara do júri: só será do júri se for crime doloso contra a vida. Ex: em caso de crime culposo, pedir a desclassificação de doloso para culposo e a remissão dos autos ao juízo competente.
c) Causas gerais de extinção da punibilidade (CP 107): por exemplo em caso de prescrição, deve pedir a declaração da prescrição. 
d) Desclassificação do crime: ex: desclassificação do homicídio doloso para o homicídio culposo, hipótese em que deverá pedir, além da desclassificação, a nulidade do processo e a sua remessa ao juízo competente, com base no art. 419 do CPP.
6. PEDIDOS
- Na peça de interposição da rese, deverá conter o pedido de retratação do juízo a quo com base no art. 589 do CPP, e, se não for este o entendimento, o pedido de processamento, recebimento e a remissão do recurso ao Tribunal de Justiça do Estado XXX. 
*Macete: deverá conter o RRRP (retratação, recebimento, remissão e processamento). 
MODELO DE PEÇA- Recurso em Sentido Estrito apresentado pelo Réu em caso de pronúncia:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA … VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA …
OBS: ficar atento à competência da Justiça Federal, que também julga crimes dolosos contra a vida.
FULANO, já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no art. 581, IV, do Código de Processo Penal.
O recorrente pede, primordialmente, que Vossa Excelência se retrate de sua decisão, nos termos das razões anexadas, com fundamento no art. 589 do CPP. Subsidiariamente, caso Vossa Excelência não se retrate, requer o recebimento, o processamento e a remissão do recurso, com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado ... ou Tribunal Regional Federal da ... Região. 
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, data (último dia do prazo)
Advogado.
- pular 5 linhas e começar as razões
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
RECORRENTE: FULANO.
RECORRIDO: JUSTIÇA PÚBLICA.
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara,
Douto Procurador de Justiça,
O recorrente, não conformado com a decisão do Excelentíssimo Sr. Juiz de Direito da … Vara do Júri da Comarca …, que o pronunciou, requer a sua reforma pelas razões a seguir:
I. DOS FATOS- resumo do enunciado
No dia 25 de janeiro de 2016, no cruzamento das ruas “A” e “D”, o apelante, ao conduzir seu automóvel, atropelou Sicrano, causando a sua morte. No momento da colisão, o veículo estava dentro do limite permitido para a via, que é de 50 km/h.
Ao ser submetido ao teste de alcoolemia, descobriu-se que o recorrente havia consumido uma pequena quantidade de bebida alcóolica. Questionado a respeito ao ser interrogado na delegacia, ele confirmou a informação, e disse ter bebido apenas um copo de cerveja.
Em razão disso, o Ministério Público o denunciou por homicídio doloso, com fundamento no art. 121 do CP, pois a embriaguez afastaria automaticamente qualquer possibilidade de culpa, em vez de dolo, na conduta do agente.
O Juiz de Direito da … Vara do Júri concordou com a tese, e pronunciou o apelante pela prática do crime de homicídio doloso.
II. DO DIREITO
a) Da Desclassificação do Tipo Penal e Incompetência do Tribunal do Júri
Entretanto, a respeitável sentença de pronúncia não merece prosperar. Embora o apelante tenha bebido na data dos fatos, a quantidade foi mínima, não suficiente para retirar-lhe plenamente a capacidade de conduzir o automóvel.
Ainda que os Tribunais Superiores reconheçam que a ingestão de bebida alcoólica pode fazer com que seja reconhecido o dolo eventual em crimes praticados no trânsito, isso não significa que seja algo automático. A avaliação deve ser caso a caso.
Portanto, a conduta do apelante melhor se amolda ao crime do art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro, praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor, devendo haver a desclassificação. Em consequência disso, é incompetente o juízo da Vara do Júri para o julgamento do delito, e nulo o processo, conforme art. 564, I, do CPP, devendo ser remetido ao juiz competente, nos termos do art. 419, “caput”, do CPP.
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, para que ocorra a desclassificação do crime de homicídio doloso, do art. 121 do CP, para o crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, do art. 302 do CTB. Pede, ademais, em consequência da desclassificação, que o processo seja anulado “ab initio”, com fundamento no art. 564, I, do CPP, e que seja remetido ao juízo competente, com fundamento no art. 419, “caput”, do CPP.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, data (último dia do prazo, igual na interposição)
Advogado OAB.