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UC1 – 1º Período @medicinahiperativa 1 RESUMO BÁSICO DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA Por Bibiana Onuki @medicinahiperativa A ressonância magnética (RM) é um método de imagem que se baseia no comportamento dos prótons de hidrogênio (H+), o átomo mais abundante no corpo humano, pois este é composto por cerca de 70% de água (H2O). Ela não utiliza radiação ionizante, pois, como o nome próprio sugere seu mecanismo de formação de imagens advém do magnetismo ou de propriedades magnéticas. Os átomos de H+ estão desalinhados no corpo humano. Quando colocados dentro de um campo magnético intenso, os prótons alinham-se ao longo do eixo deste campo magnético e retornam à posição de equilíbrio logo que cessa a força (radiofrequência – RF) que os fez alinharem-se, ou seja, cessada a excitação, a energia liberada é captada e emite um sinal ao equipamento de RM que, por sua vez, forma a imagem. A parte mais importante de uma ressonância magnética é o magneto. O magneto é categorizado por uma escala de potência chamada tesla (por isso ouvimos falar que tal clínica ou centro de referência comprou ressonância de tantos teslas). O aparelho de ressonância usa pulsos de radiofrequência direcionados ao hidrogênio. Quando o pulso é desligado, os prótons de hidrogênio começam a retornar aos seus alinhamentos naturais dentro do campo magnético e liberam o excesso de energia armazenada. Ao fazer isso, eles emitem um sinal que a bobina recebe e envia para o computador e as imagens são geradas e interpretadas. As bobinas ou antenas emitem e captam a radiofrequência emitida pelos prótons da área estudada, existindo um tipo de bobina para cada região (p. ex., crânio, coluna, joelho, ombro etc.). Em resumo, esse magneto principal pode se arranjar de 3 formas mais conhecidas. São elas: • Os supercondutores são os que proporcionam melhores imagens devido a gerar um alto campo magnético (alta intensidade de corrente elétrica). • Os resistivos são os usados normalmente em aparelhos de campo aberto e possuem certa limitação de potência no campo magnético (limitação de teslas). • Os permanentes possuem baixa potência de campo magnético e possuem baixo custo, sendo mais bem aplicados em exames de extremidades. O aparelho de RM é um grande ímã formado por campo magnético originado pela corrente elétrica que passa por uma bobina de fios metálicos, imersa em hélio líquido a temperaturas baixíssimas (cerca de – 269°C), próximas do zero absoluto. Veja, à esquerda, como os átomos de hidrogênio tendem a ter um movimento desordenado, de forma que não é possível um estudo adequado do tecido. À direita temos os mesmos átomos de hidrogênio, porém, sob efeito de um campo magnético. Chama-se magnetização longitudinal quando o tecido é magnetizado na mesma direção do campo magnético. A direção da magnetização do tecido pode ser angulada do longitudinal para o transverso aplicando-se um pulso de RF. O equipamento de RM é constituído pelos seguintes elementos: • Sistema de campo magnético principal; • Sistema de estimulação-recepção; • Sistema gradiente do campo magnético; • Sistema de tratamento da imagem; • Sistema de informatização. Os gradientes são pequenos ímãs capazes de criar pequenos campos magnéticos variáveis, 3 gradientes lineares, para que se possa obter a reconstrução tridimensional de cada plano, a saber: • OZ: plano de corte transversal (ou axial); • OX: plano de corte coronal (ou frontal); • OY: plano de corte sagital. Quanto maior a potência desses gradientes, maior a resolução e velocidade das imagens geradas. Com a computação das imagens são possíveis reconstruções. UC1 – 1º Período @medicinahiperativa 2 SEQUÊNCIAS DE PULSO As sequências de pulso de radiofrequência são: • Spin-echo (SE); • Gradient-echo (GE); • Inversion recovery (IR): tipos Short T1 Inversion Recovery (STIR) e Fluid Atenuated Acquision in Inversion Recovery (FLAIR); • Echo-planar Imaging (Epi): (SE + GE); • Gradient-echo + Spin-echo (GRASE): (TSE [Turbo Spin-Echo] + Epi). Sua evolução é apresentada a seguir: • Sequências básicas: SE e IR/GE; • Ultrarrápidas: FSE (Fast Spin Echo)/TSE, CISS (Constructive Interference in Steady-State) e outras; • Tempo real: echo-planar e GRASE. IMAGEM DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A nomenclatura utilizada na ressonância magnética também muda. No raio-X convencional tínhamos radiopaco e radiotransparente. Na tomografia tínhamos hipodenso, isodenso e hiperdenso. Aqui temos hipoINTENSO para imagens escuras, isoINTENSO para imagens com intensidades de sinal semelhantes e hiperINTENSO para imagens brancas. As imagens de RM são descritas de acordo com a intensidade do sinal encontrada nos diversos tipos de sequências. • Imagem hipointensa: imagem “mais escura” em relação ao tecido cerebral normal, por exemplo; • Imagem hiperintensa: imagem “brilhante”, “branca”; • Imagem isointensa: para imagens com intensidades de sinal semelhantes; • Ausência de sinal: imagem “preta”. Em geral corresponde a imagens calcificadas, ou cortical óssea, ou, ainda, a vasos com fluxo rápido; • Sinal intermediário: imagens cuja característica de sinal não se ajusta às descrições anteriores, em geral correspondendo a partes moles. Exemplos: músculo, cartilagem hialina, encéfalo. PONDERAÇÕES São como as janelas da tomografia. Essas “ponderações” são feitas com base nos pulsos magnéticos que o aparelho irá administrar para energizar os átomos de hidrogênio. TEMPO DE REPETIÇÃO E TEMPO DE ECO T1 E T2 TR (Tempo de repetição) - é o intervalo decorrido entre pulsos excitatórios sucessivos no tecido. TE (Tempo de eco) - é o intervalo entre o pulso excitatório e a amplitude máxima desse sinal, ou, em outras palavras, é o tempo decorrido entre o pulso excitatório e o pico energético deste pulso, que irá gerar sinal, que será recebido pelo aparelho. Depois disso o ciclo reinicia. Quando o paciente é colocado no magneto do equipamento de RM, o tecido é excitado por um pulso de RF, sendo temporariamente magnetizado e produzido um sinal de RF que é captado. Tecidos com maior concentração de prótons de H+ tornam-se mais magnetizados, produzindo sinal de RF mais intenso, aparecendo mais brilhantes na imagem do que aqueles com baixa densidade de prótons. A excitação dos prótons de H+ é feita utilizando-se, na técnica spin-echo (este nome remete ao movimento habitual desses prótons, spin), 2 sequências de pulso de 90° e 180°. Esses impulsos são repetidos regularmente a intervalos de tempo chamados de tempo de repetição (TR), escolhido pelo radiologista de acordo com o estudo a ser feito. O tempo que separa um impulso de 90° do eco é chamado de tempo de eco (TE), que também é selecionável. Quando juntamos um TR x com um TE y podemos criar as ponderações. As duas principais são as que conhecemos pelo nome de T1 e T2. A principal característica de T1 é exibir sinal escuro (hiposinal ou hipointensidade) para a água. Quanto mais água naquela região, mais escura ela ficará. A recíproca também. Menos água, menos hipointensidade. Já a principal característica de T2 é exibir sinal claro (hipersinal). Os tecidos ou lesões podem apresentar características de sinal diferentes, de acordocom o tipo de sequência utilizado, conforme indicado a seguir: • T1 curto: imagens hiperintensas. Exemplos: gordura, hemorragia subaguda, melanina, líquidos proteicos, impregnação pelo gadolínio; UC1 – 1º Período @medicinahiperativa 3 • T1 longo: imagens com hipossinal. Exemplos: calcificação, fluxo rápido, água, hematoma agudo, hemossiderina, fibrose, osso cortical, liquor; • T2 curto: imagens com hipossinal. Exemplos: calcificação, fluxo, hematoma agudo, hemossiderina, fibrose, osso cortical; • T2 longo: imagens com hipersinal. Exemplos: água, liquor, hemorragia subaguda (meta- hemoglobina), fluidos estáticos, disco intervertebral normal. Diferente da água, que exibe hiposinal em T1 e hipersinal em T2, a gordura apresenta hipersinal tanto em T1 quanto em T2. A diferença é que em T1 ela apresenta um brilho (hipersinal) maior e mais evidente que em T2. T1 é uma ótima ponderação para vermos a anatomia local e aspectos mais fisiológicos enquanto que T2 é uma ótima ponderação para vermos patologias. CONTRASTE O meio de contraste utilizado (paramagnético – gadolínio) praticamente não tem contraindicação, não apresentando as reações adversas comuns do iodo. ARTEFATOS Artefatos são imagens caracterizadas por alterações não esperadas na imagem radiográfica. No entanto, como em todo método, a imagem de RM sofre influência de diversos fatores: • Força do campo magnético; • Ondas de estimulação de RF; • Densidade dos prótons deciduais; • Fluxo vascular; • Substâncias paramagnéticas; • Tempo de relaxamento (T1 e T2); • Sequências de pulso utilizadas. INDICAÇÃO E CONTRAINDICAÇÃO O estudo pela RM está indicado em doenças do neuroeixo, osteoarticulares, vasculares e cardíacas, na avaliação das vias biliares e do abdome, da pelve e da mama, além de ser útil na avaliação de extensão e recidiva tumorais, na avaliação clínica de intercorrências durante a gravidez, bem como na investigação diagnóstica de pacientes com antecedentes alérgicos ao iodo. São contraindicações relativas o uso de próteses ortopédicas metálicas (placas e parafusos, bem como de fios de osteossíntese); o estado alterado de consciência do paciente, tornando-o agitado; e a necessidade do acompanhamento com equipamentos ferromagnéticos de suporte à vida, como respiradores e bombas infusoras. As contraindicações absolutas são o uso de marca- passo cardíaco, corpo estranho metálico intraocular, implantes metálicos (p. ex., auditivo), válvulas cardíacas metálicas, clipes de aneurismas ferromagnéticos e fragmentos metálicos em contato com vasos. UC1 – 1º Período @medicinahiperativa 4 UC1 – 1º Período @medicinahiperativa 5 UC1 – 1º Período @medicinahiperativa 6