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Faculdade Livre de Teologia Siloé HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA Tua palavra é a verdade (Jo17.v-17) Proibido qualquer reprodução sem prévia autorização SUMÁRIO 1 - O PRINCÍPIO .........................................................................................................4 1.1. GÊNESIS 1 – “NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA” .........................................4 1.2. GÊNESIS 2A – “A TERRA ERA SEM FORMA E VAZIA”..........................................................4 1.3. GÊNESIS 2B – “E HAVIA TREVAS SOBRE A FACE DO ABISMO”.............................................4 1.4. GÊNESIS 2C – “MAS O ESPÍRITO DE DEUS PAIRAVA SOBRE A FACE DAS ÁGUAS” ...................5 2 - A CRIAÇÃO ...........................................................................................................5 3 - A FORMAÇÃO DO HOMEM ....................................................................................6 3.1. O HOMEM IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS ................................................................6 3.2. A QUEDA DO HOMEM .................................................................................................7 3.3. A MISERICÓRDIA DE DEUS NA EXPULSÃO......................................................................7 3.4. O PRIMEIRO SACRIFÍCIO .............................................................................................8 3.5. O PRIMEIRO HOMICÍDIO .............................................................................................8 3.6. A MISTURA ENTRE CRENTES E NÃO CRENTES ...............................................................8 3.7. O HOMEM ANTEDILUVIANO .........................................................................................9 3.8. A MISERICÓRDIA DE DEUS NO DILÚVIO ........................................................................9 3.9. A TORRE DE BABEL .................................................................................................11 4 - OS FILHOS DE NOÉ – A ORIGEM DAS NAÇÕES ...................................................12 4.1. CAM ......................................................................................................................12 4.2. SEM.......................................................................................................................12 4.3. JAFÉ......................................................................................................................12 4.4. PELEGUE................................................................................................................13 4.5. PRIMEIRO IMPÉRIO...................................................................................................13 5 - ABRAÃO..............................................................................................................14 5.1. O CHAMADO DE ABRAÃO ..........................................................................................14 6 - A ERA DE MOISÉS ..............................................................................................19 6.1. CONQUISTANDO TERRITÓRIO .....................................................................................22 7 - JOSUÉ E A CONQUISTA DA TERRA .....................................................................22 8 - O PERÍODO DOS JUÍZES .....................................................................................24 9 - PRIMÓRDIOS DO REINO UNIDO ..........................................................................24 9.1. ELI – SACERDOTE E JUIZ EM ISRAEL. ..........................................................................24 9.2. SAMUEL .................................................................................................................24 9.3. O POVO PEDE UM REI..............................................................................................25 9.4. AS GUERRAS DE SAUL..............................................................................................25 9.5. DAVI VIRA REI .........................................................................................................26 10 - O REINO UNIDO...............................................................................................26 10.1. SALOMÃO ...............................................................................................................27 11 - A RUPTURA DO REINO ....................................................................................27 11.1. REINO DO SUL.........................................................................................................28 11.2. O CATIVEIRO...........................................................................................................29 11.3. A RESTAURAÇÃO DOS JUDEUS...................................................................................29 12 - O PERÍODO INTERBÍBLICO .............................................................................30 12.1. ALEXANDRE, O GRANDE ...........................................................................................31 12.2. O PERÍODO TOLEMAICO............................................................................................31 12.3. O PERÍODO SELÊUCIDA ............................................................................................31 12.4. A REVOLTA DOS MACABEUS (163 – 63 A.C.) ...............................................................32 HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 2 12.5. O REINO DE JUDÁ ...................................................................................................33 13 - OS JUDEUS NOS SÉCULOS I AO XX A.D.......................................................... 34 14 - CULTURA JUDAICA......................................................................................... 44 14.1. PREMISSAS BÁSICAS DAS FESTIVIDADES JUDAICAS ......................................................45 14.2. O QUE É UM CHAG? ................................................................................................45 14.3. PARA QUE PRECISAMOS DE CHAGUIM?.......................................................................45 15 - O ANO NOVO JUDAICO (ROSH HASHANA) ....................................................... 46 15.1. O ASPECTO RELIGIOSO.............................................................................................46 15.2. EM ISRAEL ..............................................................................................................47 15.3. NOMES DA FESTA ....................................................................................................48 15.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................48 16 - DIA DO PERDÃO (IOM KIPUR) ......................................................................... 50 16.1. O ASPECTO RELIGIOSO.............................................................................................50 16.2. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................51 16.3. MITZVAT.................................................................................................................51 17 - FESTAS DAS CABANAS (SUKOT) ..................................................................... 51 17.1. O ASPECTO RELIGIOSO.............................................................................................52 17.2. EM ISRAEL ..............................................................................................................52 17.3. NOMES DA FESTA ....................................................................................................52 17.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................53 18 - ALEGRIA DA TORA (SIMCHAT TORA)..............................................................54 18.1. O ASPECTO RELIGIOSO.............................................................................................54 18.2. EM ISRAEL ..............................................................................................................55 18.3. NOMES DA FESTA ....................................................................................................55 18.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................55 19 - FESTAS DAS LUZES (CHANUKA) ..................................................................... 55 19.1. O ASPECTO RELIGIOSO.............................................................................................56 19.2. EM ISRAEL ..............................................................................................................56 19.3. NOMES DA FESTA ....................................................................................................57 19.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................57 19.5. MITZVOT.................................................................................................................58 20 - TU BISHVAT.................................................................................................... 59 20.1. O HOMEM É COMPARADO À ÁRVORE ..........................................................................59 20.2. EM ISRAEL ..............................................................................................................60 20.3. NOMES DA FESTA ....................................................................................................60 20.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................61 20.5. MITZVAT HANETIA....................................................................................................62 21 - A FESTA DA ALEGRIA (PURIM) ....................................................................... 62 21.1. O ASPECTO RELIGIOSO.............................................................................................63 21.2. EM ISRAEL ..............................................................................................................63 21.3. NOME DA FESTA ......................................................................................................63 21.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................63 22 - PÁSCOA (PESSACH) ........................................................................................ 64 22.1. EM ISRAEL ..............................................................................................................65 22.2. NOMES DA FESTA ....................................................................................................65 22.3. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................65 23 - DIA DA INDEPENDÊNCIA (IOM HAATZMAUT) .................................................. 66 23.1. O ASPECTO RELIGIOSO.............................................................................................67 HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 3 23.2. EM ISRAEL..............................................................................................................67 23.3. NOMES DA FESTA ....................................................................................................67 23.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS..............................................................................................68 23.5. O ASPECTO RELIGIOSO.............................................................................................69 23.6. EM ISRAEL..............................................................................................................70 23.7. NOMES DA FESTA ....................................................................................................70 23.8. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................70 24 - FESTA DAS SEMANAS, OU DAS PRIMÍCIAS (SHAVUOT) ...................................70 24.1. O ASPECTO RELIGIOSO.............................................................................................71 24.2. EM ISRAEL..............................................................................................................72 24.3. NOMES DA FESTA ....................................................................................................72 24.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES .................................................................73 24.5. ASSERET HADIBROT, OS DEZ MANDAMENTOS, E SEU VALOR UNIVERSAL ........................73 24.6. MITZVOT ................................................................................................................74 HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 4 1 - O PRINCÍPIO Existem várias teorias em relação ao surgimento do Universo. Cada cientista tem o seu argumento falho e com explicações vinda de suas mentes. Mas todo cientista tem o mesmo problema para explicar. Em qualquer situação, como a matéria surgiu? Segundo a teoria do “Big Bang” (A Grande Explosão), o universo se originou através de uma grande explosão de uma massa de proporções gigantescas de moléculas de hidrogênio (molécula com 1 próton), dando origem aos vários elementos da tabela periódica e conseqüentemente, através das ligações químicas, surgindo os planetas, estrelas, asteróides, galáxias etc. Em 90% do universo encontramos o hidrogênio. A água possui 2 moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio. A matéria orgânica é formada basicamente de 4 moléculas de hidrogênio misturado com o carbono (metano). O hidrogênio é tão inflamável que já existe estudo sobre o seu uso na linha automotiva. Mas, quem poderia ter feito essa Grande Explosão? E de onde veio tal matéria. Quem criou o hidrogênio? 1.1. Gênesis 1 – “No princípio criou Deus os céus e a terra” O verbo criar, aqui, vem do original BARA’, BAW-RAW’, que significa, “criar a partir do nada”. Antes do princípio, não havia matéria, pois Deus a fez a partir do nada, através de sua palavra. Essa palavra também é usada em Isaías 40:26. 1.2. Gênesis 2a – “A terra era sem forma e vazia” Há muitas teorias entre os teólogos em relação a esse versículo. Teorias não são verdades e não são dignas de aceitação cega, são apenas pensamentos humanos e por isso, pensamentos falhos. Alguns dizem que a terra era sem forma e vazia porque ainda não existia vida e assim era vazia por não estar habitada, não ter nenhum ser e sem forma porque não havia água. (Imagine a terra sem água. Ela realmente seria uma grande pedra sem forma, pois a água que cobre a terra a faz redonda por causa da pressão atmosférica, puxando toda a massa para o centro da terra). Outra teoria diz que entre o 1º e o 2º versículo se passaram eras, milhões de anos ou até bilhões de anos e que, Deus não poderia ter feito uma terra sem forma e vazia e utilizam os versículos de Ezequiel, Isaías e Apocalipse para sugerir que Satanás tenha sido criado entre esses dois versículos e nesse período tenha se rebelado contra Deus, caindo na terra e a tornando caótica, pois no original podemos ler: “No princípio criou Elohim os céus e a terra e a terra se tornou um caos (chaos) e vazia (bohuw = uma ruína indescritível) e trevas sobre a face do abismo (mar principal, parte mais profunda das águas) e o Espírito de Elohim vibrando sobre as superfícies das águas.” 1.3. Gênesis 2b – “e havia trevas sobre a face do abismo” Abismo, na Bíblia, se refere ao mar e não a um buraco ou grande queda numa montanha, como estamos acostumados. É um lugar profundíssimo, coberto pelas águas onde homem algum conseguiu penetrar, o mar principal. Se alguém conseguisse afundar até o fundodo mar, esse explodiria por causa da pressão. O versículo 2, parte b, diz que havia alguma coisa de trevas sobre a face do abismo. Os teólogos crêem que era a presença de Satanás e seus anjos caídos. Mas, se eles estão no mundo espiritual, estaria Deus aqui mencionando o físico? Ou o espiritual? Abismo possui vários significados, inclusive no espiritual. Seria as trevas a falta de vida? Ou simplesmente a falta de luz? É fato que a luz ainda não havia sido criada e quando Deus a criou fez separação entre a luz e as trevas, chamando a luz de dia e as treva de noite. Mas Deus, por si só é a luz? Lembre-se que Jesus é o pai das luzes! HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 5 De qualquer forma, o original choshek kho-shek' trevas pode significar miséria, destruição, morte, fraqueza, obscuridade, ou simplesmente noite. 1.4. Gênesis 2c – “mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas” O verbo pairar, no original rachaph raw-khaf' significa vibrar, mover, chocar, assim como a galinha choca seus ovos (usado em Deuteronômio 32:11). A linguagem aqui utilizada foi para que nós humanos pudéssemos entender, assim como Jesus fazia através das parábolas. Assim, podemos analisar o motivo pelo qual a galinha choca seus ovos. Choca aquecendo o ovo para gerar vida. Isso mesmo, o Espírito de Deus aqueceu a terra para prepará-la para gerar vida. Deus tinha um propósito de torná-la habitada. O Espírito de Deus tem a função de gerar vida. Gerou na terra, gerou em Maria, Jesus, o Filho de Deus. Gerou ainda nos discípulos vida espiritual. “e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos;” (Colossenses 2:13); “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado”.(João 7:38-39); “E havendo dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20:22). Assim como Deus soprou nas narinas de Adão concedendo-lhe vida, assim também Jesus assoprou sobre os discípulos tornando a ter a vida espiritual que Adão havia perdido. Jesus nos resgatou. 2 - A CRIAÇÃO “Disse Deus: haja luz. E houve luz. Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro”. (Gênesis 1:3-5) Existem duas teorias em relação a esse versículo. O sol só apareceu no quarto dia, como havia luz, dia e noite? A primeira teoria diz que Moisés estava vendo a visão das coisas como se ele estivesse na terra e uma grande massa impedia o sol de aparecer, mas a luz do sol tentava ultrapassar os gases densos da atmosfera da terra. Quando Deus fala “haja luminares”, significaria “apareçam luminares”, como se já existisse e apenas não aparecia. Dessa maneira essa teoria teria até consistência, mas existe uma outra teoria que prova, cientificamente, que mesmo sem o sol existe luz no universo, criado pela fricção das moléculas, assim como acontece com uma lâmpada incandescente. A palavra luz aqui, no original, é 'owr ore que se refere às ondas iniciais de energia luminosa atuando sobre a terra, como acontece ao nascer do sol, ou como a luz de um fogo (Is 18.4, Is 31.9). O fato é que, na criação, Deus primeiramente colocou ordem nas coisas, criando, nos quatro primeiros dias, respectivamente, a luz, o firmamento (atmosfera), a terra seca e os luzeiros (o sol, a lua e as estrelas). Depois, no quinto e sexto dia Deus dá vida à criação, criando, em sua ordem, os peixes e as aves, os animais e por fim o homem. No sétimo dia Deus termina a criação e a declara boa. Há uma polêmica quanto à criação do sol no quarto dia, depois do surgimento das plantas, mas já foi provado pela ciência que existiu plantações que não precisavam da luz do sol para sobreviver, mas se o dia referido é de 24 horas, uma planta não nasce de um dia para o outro e só faz a fotossíntese após surgir suas folhas. A palavra dia vem do hebraico yowm yome, que pode ser tanto um dia de 24 horas (Gn 7.17, Mt 17.1) como uma era, ou um tempo (Pv 25.13). Sabemos que Deus poderia simplesmente ter feito tudo em 6 dias normais, mas se ele fez em seis eras, não importa. O importante é que sabemos que Deus criou todas as coisas, de uma maneira ou de outra. Para esses que assumem a palavra ERA, dizem que a tarde significava o fim de uma era e a manhã o início de outra, se for considerado figura de linguagem, concordando até com os períodos em que a ciência divide a pré-história. Mas se as palavras tarde e manhã forem consideradas literais, assume-se o dia de 24 horas. HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 6 Outra coisa é certa, Deus preparou a terra para o homem habitar e ainda plantou um Jardim no meio dela: “Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que tinha formado”. (Gênesis 2:8) 3 - A FORMAÇÃO DO HOMEM A maravilha da criação de Deus é que os animais foram produzidos da água e da terra: “E disse Deus: Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu”. (Gênesis 1:20); “E disse Deus: Produza a terra seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi”. (Gênesis 1:24) Já o homem foi formado pelas mãos de Deus. Ele nos fez como lodo: “Eis as origens dos céus e da terra, quando foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra. E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente”. (Gênesis 2:4-7); “Lembra-te, pois, de que do barro me formaste; e queres fazer-me tornar ao pó?” (Jó 10:9). Traduzido das demais línguas, fica: “Lembra-te, pois, de que como o lodo me formaste..”. Ou seja, pó com água. Cientificamente, somos formados de 75% de água e 25% de átomos dos mais diversos encontrados na Tabela Periódica. A mulher, por sua vez, foi feita por Deus a partir da costela de Adão. E o Senhor a fez para ser companheira e adjuntora do homem Adão, aquela que o auxiliaria e o completaria. O homem foi feito do pó da terra. Se analisarmos que o mundo foi feito de pó: “quando ele ainda não tinha feito a terra com seus campos, nem sequer o princípio do pó do mundo”. (Provérbios 8:26) podemos entender que o pó aqui se refere aos átomos que, analisados ao microscópio, parecem pó, na verdade. Cientificamente falando, todas as matérias possuem átomos. Já foi descoberto que o homem possui todos os elementos da Tabela Periódica. O homem possui, ouro, prata, fósforo, hidrogênio, Carbono, Oxigênio etc. “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou- se alma vivente”. (Gênesis 2:7) No original `aphar aw-fawr' (pó) é usado tanto em Pv 8.26 como em Gn 2.7, dando ênfase a essa teoria. O homem foi feito para adorar o Senhor: “E acontecerá que desde uma lua nova até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor”. (Isaías 66:23) Deus fez o homem para ser seu amigo. Prova disso é que o Senhor vinha todos os dias para conversar com ele. Ora “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer”. (João 15:15) “E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e suamulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim”. (Gênesis 3:8). 3.1. O Homem Imagem e Semelhança de Deus “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra”. (Gênesis 1:26) Deus não fez o homem como fez o animal; Deus fez o homem como seu semelhante. O primeiro homem, Adão, foi dotado por Deus de qualidades pertencentes a Deus. Deus ama, pensa, fala, cria, espera etc. O homem, por ter sido feito semelhante, também. O homem tem a capacidade, doada por Deus, de amar, de pensar, falar, esperar, até criar. Adão foi dotado de tão grande inteligência que Deus, para aguçar a satisfação de criação, deu o direito a Adão de colocar nome a todas as coisas. “Da terra formou, pois, o Senhor Deus todos os animais do campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem, HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 7 para ver como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser vivente, isso foi o seu nome”. (Gênesis 2:19) Somente depois da queda é que o homem passou a receber influência do pecado. Antes, ele só conhecia o bem e, depois, passou a conhecer o mal e assim passou a praticar o mal também. É por isso que o homem precisa praticar o bem: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”. (Filipenses 4:8) A palavra imagem aqui vem do original tselem tseh'-lem, que significa uma figura representativa, uma sombra, uma imagem. E a palavra semelhança vem da repetição da palavra imagem anteriormente, que ao pé da letra ficaria “o homem em imagem de ele em imagem de Elohim (Deus no plural)”. Assim, o homem foi feito uma figura representativa de Deus aqui na terra, por isso o Senhor colocou no homem a responsabilidade de cuidar da terra e a de dar nome a todas as coisas. Realmente, somos embaixadores de Cristo, representantes dEle aqui na terra e por isso precisamos representá-lo bem. As pessoas precisam ver Cristo em nós. Imagine se uma empresa enviar uma pessoa como representante a um cliente e esta pessoa for até lá mal vestida e cheirando mal: o que pensariam dessa empresa? Precisamos exalar o perfume de Cristo! “Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós difunde em todo lugar o cheiro do seu conhecimento;” (2 Coríntios 2:14) Cheiro aqui é perfume no grego euodia yoo- o-dee'-ah. 3.2. A Queda do Homem “Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. (Gênesis 2:16-17) Há quem diga que o fruto do pecado era a maçã, mas a Bíblia não fala isso. Ela apenas menciona “o fruto do conhecimento do bem e do mal”. Outra coisa que muitos ignoram é que o homem já trabalhava no Jardim, mas o pecado trouxe para a terra abrolhos, ou seja, dificuldade para o plantio. O que era fácil ficou difícil e trabalhoso: “Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden, para o lavrar e guardar”. (Gênesis 2:15); Com a queda do homem, a terra ficou enferma: “Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás”. (Gênesis 3:18- 19) A mulher não sentia dores de parto, mas depois da queda ela passou a sentir: “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”. (Gênesis 3:16) A árvore da vida já estava lá também. “E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal”. (Gênesis 2:9). O apontar de dedo “Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão”. (Lucas 6:42). Adão culpou a Deus e a mulher: “Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por ompanheira deu-me a árvore, e eu comi”. (Gênesis 3:12). A mulher, por sua vez, colocou a culpa na serpente: “Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi”. (Gênesis 3:13). Não seria mais rápido reconhecer seus pecados, pedir perdão e se corrigir? “O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. (Provérbios 28:13). 3.3. A Misericórdia de Deus na Expulsão Muitos consideram a expulsão do homem como um castigo, mas na verdade foi a misericórdia de Deus. Imagine se o homem comesse do fruto da árvore da vida e ficasse eternamente em pecado, sem salvação? Seria como Satanás e seus anjos decaídos. “Então HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 8 disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente. O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que fora tomado”. (Gênesis 3:22-23). 3.4. O Primeiro Sacrifício Adão e Eva cozeram folhas de figueira: “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”. (Gênesis 3:7) Ora, folha de figueira não cobre ninguém, não encobre nada. Isso simboliza o esforço inútil do homem em se livrar do pecado: “Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?” (Provérbios 20:9). Quando o Senhor veste os dois com roupas de pele, ele teve que sacrificar um animal, para encobrir o pecado deles, ensinando assim que era necessário derramamento de sangue para remissão dos pecados, coisa que no futuro seria concretizado com Jesus que tira o pecado do mundo. “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (João 1:29) Em Gênesis 3:15 ocorreu a 1ª profecia sobre o Plano de Salvação: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. (Gênesis 3:15) Jesus, o filho da mulher pisaria na cabeça do diabo, mas a serpente feriria o seu calcanhar, o que aconteceu com a morte de cruz. 3.5. O Primeiro Homicídio O primeiro homicídio ocorreu quando Caim provou a influência do pecado. Sentiu ódio, rancor, inveja, vontade de matar. O Senhor ensinou que caberia a Caim dominar o pecado e, se não dominasse, ele seria escravo do pecado: “Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar”. (Gênesis 4:7) Por causa do pecado, o homem teria que dominar seus sentimentos ruins que eles adquiriram, ao conhecer o mal. Caim poderia ter se arrependido e tentado agradar a Deus na próxima vez, e até ficar alegre pelo seu irmão de ter obtido êxito em seu sacrifício. Mas tudo o que domina o homem é pecado. O pecador é escravo do pecado. “Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado”. (João 8:34); “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. (1 Coríntios 6:12) Hoje, conseguimos dominar o pecado, através do Espírito da Graça: “Do mesmomodo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis”. (Romanos 8:26). Caim recebeu um sinal de modo que todos olhassem para ele não quisessem matá-lo. Há quem diga que Caim ficou negro. Mas isso é puro pensamento racista. A palavra Adão, por exemplo, em muitos escritos antigos, era ADAMI, que significa homem de cor da terra. Seria Adão negro e Eva branca, dando origem às demais raças? Não se sabe. Ainda, a questão da cor da pele, segundo os cientistas, tem muito haver com fatores geográficos, como o clima entre outros. Mas que sinal era aquele de Caim? Ora, se observarmos bem no semblante dos assassinos e dos homens maus, podemos notar um semblante assustador e feio enquanto que, se observarmos o semblante dos servos de Deus, podemos ver um brilho diferente. Não sabemos, ao certo, que sinal foi aquele, pois a Bíblia não relata, por isso, não devemos ficar por aí falando coisas que não convém a santos. Da linhagem de Caim, podemos notar que veio Lameque, outro homicida e, ainda, o introdutor do pecado da poligamia, com suas duas mulheres. 3.6. A Mistura Entre Crentes e Não Crentes “Sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 9 tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o Senhor: O meu Espírito não permanecerá para sempre no homem, porquanto ele é carne, mas os seus dias serão cento e vinte anos. Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigüidade. Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente”. (Gênesis 6:1-5). Há uma corrente de pensamento que diz que os anjos tiveram relações com mulheres e nasceram gigantes. Mas isso está DETONADO: 1. Jesus nos explicou que os anjos não têm sexo: “mas os que são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem se dão em casamento; porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (Lucas 20:35-36). 2. Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, Os nefilins (gigantes) estavam na terra tanto antes como DEPOIS, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens. A. Explicação Teológica. Antes do dilúvio, percebe-se que restara apenas a família de Noé na Terra que falava o nome de Deus. Sete nasceu e passou a adorar ao Senhor. Então temos 2 linhagens diferentes: uma de crentes, filhos de Deus, e outra de homens naturais. Aconteceu que os homens servos passaram a se casar também com mulheres da linhagem de Caim. Se observarmos a desgraça espiritual em que Salomão caíra por casar-se com mulheres idólatras, podemos entender o porquê de ter sobrado apenas uma família na terra: a de Noé. O restante não buscava mais a Deus e queriam viver suas vidas a seus próprios modos. Os homens não respeitavam mais o matrimônio. “Honrado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará”. (Hebreus 13:4). 3.7. O Homem Antediluviano O homem antediluviano era inteligente, ao contrário do que os cientistas dizem. Qual tamanho da inteligência de Adão em atribuir nome a todas as coisas? “... e os trouxe ao homem, para ver como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser vivente, isso foi o seu nome”. (Gênesis 2:19); Também, eram inventores. Inventaram a poligamia, os instrumentos de música, a metalurgia: “Lameque tomou para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zila. E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado. O nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. A Zila também nasceu um filho, Tubal-Caim, fabricante de todo instrumento cortante de cobre e de ferro; e a irmã de Tubal-Caim foi Naama”. (Gênesis 4:19-22). Ainda, era um povo de guerra: “... Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigüidade”. (Gênesis 6:4) Quando Sete nasceu, o Senhor passou a ser cultuado (Gênesis 4:25,26), mas com o passar do tempo, só restou a família de Noé para cultuar a Deus. 3.8. A Misericórdia de Deus no Dilúvio Imagine se o dilúvio não acontecesse. Será que os filhos de Noé iam conseguir mudar a situação do mundo moralmente caótico daquela época? Se observarmos quão devasso era Cam, podemos observar que o Dilúvio foi providencial para o novo começo. Deus limpou a terra para que o homem pudesse ter novamente uma chance. (O verbo destruir machah maw-khaw' tem o sentido de apagar, lançar fora, varrer. Com isso dá-se a entender que Deus queria limpar a terra para um novo começo.) Quando Gn 5.6 fala sobre a palavra arrependimento, no original nacham naw-kham mostra que doeu no coração leb labe de Deus ter feito o homem e visto que eles caminhavam sempre para a perdição. Essa é a mesma dor que Deus sente ao ver o ímpio indo para o inferno: “Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim em que o ímpio se converta HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 10 do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que morrereis, ó casa de Israel?” (Ezequiel 33:11). Com um novo começo a raça humana teria uma chance para voltar a Deus. “Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente”. (Gênesis 6:5, qv Gn 6.5-10). Noé passou grande parte de sua vida construindo a Arca, que era um navio com medidas suficientes para embarcar todas as espécies de animais da terra e a família de Noé, combatendo todo cético que diz o contrário. Vejamos as instruções de Deus a Noé: 1. A madeira teria que ser de Gôfer; certamente, uma madeira resistente à água. 2. Teria que ser feito três compartimentos e seria revestido de betume, por dentro e por fora, para não entrar água e assim não afundar. 3. Cada compartimento seria subdividido em várias partições, onde se encaixariam as várias espécies de criatura. 4. As dimensões exatas o Senhor lhe transmite. 5. Deveria ter uma janela pequena no topo para deixar entrar a luz. 6. Teria que ter uma porta ao lado para entrar e sair. Todos os animais, segundo a sua espécie deveria entrar na arca, inclusive tudo que era para mantimento. As dimensões da arca eram: “Desta maneira a farás: o comprimento da arca será de trezentos côvados, a sua largura de cinqüenta e a sua altura de trinta”. (Gênesis 6:15). Traduzindo para nossa medida atual, teremos 450 pés de comprimento, 75 de largura e 45 de altura. Em metros temos: 137 metros de comprimento, 23 metros de largura e 14 metros de altura. Era um pouco parecido com um navio cargueiro em suas dimensões, sendo 7 vezes mais cumprido que a sua largura, fora os compartimentos. Eram 44.114.000 litros de capacidade. Era espaço suficiente para colocar um casal de cada espécie de animal, incluindo os pássaros e borboletas. Para acontecer o Dilúvio, as águas não só caíram da chuva mas também subiram da terra, do abismo, das fontes das águas. Foi um fenômeno que só Deus poderia fazer acontecer e não somente um simples fato da natureza. “No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as janelas do céu se abriram, e caiu chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites”. (Gênesis 7:11-12). Quando começoua chover, Noé entrou na arca com sua família e o Senhor lacrou a porta com betume, por fora, para que não entrasse água dentro da arca. (q.v. Gênesis 7:16) Dessa maneira, quando o povo viu que a profecia de Noé era verdadeira, já era tarde. Muitos até bateram na porta mas esta já estava fechada e lacrada com betume. Noé permaneceu na arca durante 370 dias, porque após chover 40 dias e 40 noites as águas ainda continuavam a crescer, porque vinham das profundezas da terra, formada pelos grandes lençóis de água e pela água dos mares que invadiu a terra, mostrando a totalidade do dilúvio sobre a terra e não somente a parcialidade. Por isso, além dos 40 dias e noites, foram mais 150 dias crescendo. (Gênesis 7:11;8:13-14) É claro que Noé deve ter atracado no pico mais alto da terra. Por isso acreditam ser o Arará esse pico, pois mede 5230 metros de altura acima do nível do mar. Com a descida da água, o pico foi ficando cada vez mais frio e, por isso, os homens começaram a descer até que eles encontraram o vale, onde se tem este vale como o berço da nova civilização que futuramente muitos iriam se corromper (Torre de Babel). Mas no início, a primeira coisa que Noé fez foi cultuar ao Senhor com o sacrifício, ainda prefigurando o sacrifício de Jesus: “Edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o altar”. (Gênesis 8:20). Dessa maneira, o culto ao Senhor ficou restabelecido na terra e toda a família de Noé adorou ao Senhor. Nesse momento, o Senhor estabeleceu um Novo Concerto com o homem, ou seja, uma Nova Aliança: (Gênesis 8:21-22) Sendo assim, nunca mais haverá dilúvio que destrua todos HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 11 os seres viventes da terra. E para selar essa aliança, o Senhor colocou sobre a água uma propriedade que produz o efeito de separar as cores da luz solar -como acontece num cristal- de maneira que o sol em contato com a chuva produz esse arco colorido (arco íris) que vemos geralmente quando temos sol e chuva juntos: (Gênesis 9:12-16). Não significa que Deus se esquece das coisas, não. A Palavra lembrar aqui é usada mais uma vez como uma forma de entendermos em linguagem humana aquilo que o Senhor quer falar. Na verdade, somos nós que lembramos desse episódio, quando vemos o arco íris sobre as nuvens e assim sabemos que nunca mais haverá Dilúvio sobre a terra. A partir desse novo concerto, o Senhor permitiu ao homem comer carne e a idade do homem passou a ser na faixa dos 120 anos. “A duração da nossa vida é de setenta anos; e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, a medida deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente, e nós voamos”. (Salmos 90:10). 3.9. A Torre de Babel À medida que as águas iam secando, os homens iam descendo até que chegaram a um vale. Nesse vale, eles começaram a se estabelecer. Todo o povo era um só povo, pois todos possuíam a mesma língua: “Ora, toda a terra tinha uma só língua e um só idioma. E deslocando-se os homens para o oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e ali habitaram. Disseram uns aos outros: Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem. Os tijolos lhes serviram de pedras e o betume de argamassa. Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra”. (Gênesis 11:1-4). Nessa época, governava sobre o povo o neto de Cão: Ninrode, filho de Cuche que era filho de Cão, o amaldiçoado. Ninrode era poderoso caçador na terra e recebeu fama e edificou cidades: “O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar. Desta mesma terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir, Calá, e Résem entre Nínive e Calá (esta é a grande cidade)”. (Gênesis 10:10-12). Ninrode foi também responsável a trazer ídolos para adoração e a promover culto a falsos deuses. Note, também, que depois do episódio em Babel ele foi para a Assíria e edificou Nínive (a mesma em que Jonas foi enviado para profetizar), que foi um grande inimigo de Israel. Ninrode levou o povo a edificar uma torre com o propósito de se tornarem grandes, fortes e poderosos, de maneira que eles não fossem espalhados sobre a face da terra. Desse jeito, com certeza, o povo ia entrar em um estado de corrupção muito grande, pois se desviaram da vontade de Deus, estavam se considerando grandes e poderosos e possuíam uma liderança nociva, como a de Ninrode. O Senhor, conhecedor de todas as coisas, sabia que se eles permanecessem daquela maneira, a corrupção seria grande. Por isso, o Senhor tomou uma atitude corretiva, confundindo a língua dos povos e espalhando-os sobre a face da terra: “Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam; e disse: Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro. Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade. Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra”. (Gênesis 11:5-9). Note que o verbo usado aqui está na primeira pessoa do plural, significando que o Deus Trino tomou essa atitude. Nesta passagem, podemos notar também que assim como os homens eram um, simplesmente por pensarem e agirem de comum acordo, assim também Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo são uma só pessoa. Apesar de terem funções diferentes, o Senhor Deus opera com um só propósito e um só pensamento. Como exemplo, o Deus Pai planejou a Salvação para o homem, o Deus Filho Consumou essa salvação e o Deus Espírito Santo nos regenera, nos preparando para vivermos para sempre com Cristo. Muitos se questionam sobre qual teria sido a primeira língua da raça humana. Isso não importa. De repente essa língua nem exista mais e até mesmo tenha sido extingüida nesse dia. Muitos acreditam que tenha sido o hebraico, mas é apenas mera especulação. Os HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 12 filólogos (cientistas que estudam a flexão das línguas), por mais que estudem, nunca chegarão à língua original, pois, no dia em que Deus confundiu as línguas, a original deve ter sido extingüida e, por mais que eles estudem, eles chegam ao máximo de três grupos distintos e, depois disso, não encontram mais fundamento. Por isso, as línguas separam-se em três grupos principais. Desses três grupos principais, outras línguas foram surgindo e outras se extingüindo. É como o caso do latim, que deu origem às línguas latinas, como o Português, o Espanhol, o Francês. A língua saxônica deu origem ao Inglês, por exemplo. O hebraico e as línguas arábicas tiveram outra origem. O Tupi-Guarani, língua dos nativos brasileiros, perdeu lugar para o Português e foi-se extingüindo. Existem tribos, ainda hoje, que falam essa língua, principalmente no Paraguai, onde a língua oficial é o Tupi-guarani. Enfim, as flexões das línguas realmente existem e sua origem se encontra no dia da confusão das línguas, em Babel (nome que significa confusão). Daí, muitas línguas surgiram e outras se extingüiram. 4 - OS FILHOS DE NOÉ – A ORIGEM DAS NAÇÕES 4.1. Cam A. Seus descendentes: Canaã - os que habitavam a Palestina; Pute (Líbia); Mizraim (Egito); Cuxe (Etiópia). As práticas cananitas e de seus descendentes, eram totalmente idólatras e imorais. Os descendentes de Canaã foram os povos expulsos da terra prometida, por sua rebeldia a Deus. (Gn 10:5,8; Lv 18:19,25; Ex 34:11,12; Dt 7:1,5). 4.2. Sem "Bendito seja Jeová, Deus de Sem”. "O Senhor = Jeová"- é o nome pessoal de Deus, que destaca a obra redentora de Deus. Este seria o Deus deSem. Isto significa que Sem e seus descendentes seriam portadores especiais da revelação divina. JEOVÁ é o nome de Deus, Israel é descendente de Sem; a lei e os profetas, como também Cristo na Sua humanidade, vieram desta linhagem. Seus descendentes: assírios, babilônicos, árabes, hebreus (estes de Arfaxade). Gn 9: 26 - "Disse mais: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo”. 4.3. Jafé "Engrandeça Deus a Jafé, e habite com ele nas tendas de Sem..”. Esta profecia indica extensão política, e que os de Jafé tomariam parte nas bênçãos dadas a Sem. Hoje, as nações que vieram de Jafé são as que dominam a política mundial e que também se beneficiaram do evangelho e mais espalham a Palavra de Deus pelo mundo. O Novo Testamento foi escrito por semitas, mas em língua jafética (grego). Seus descendentes: Gogue (citas, russos); Javã (gregos, italianos, franceses, espanhóis); Tubal (povos da região sul do mar Negro – provavelmente a cidade de Tubolski preserve o nome da tribo inicial); Gomer (alemães, celtas, eslavos, escandinavos, geters, teutões, belgas, anglo-saxões, holandeses, suíços); Meseque (russos); Mada (hindus e persas); Tiras (búlgaros e gregos). Observações De acordo com as genealogias de Gn 5,10 e 11: 1. Houve 1656 anos entre Adão e o dilúvio. 2. 427 entre o dilúvio e Abrão. HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 13 3. Por 243 anos Adão conviveu com Matusalém. 4. Por 600 anos, Noé conviveu com Matusalém. 5. Por 98 anos, Noé conviveu com Sem. 6. Matusalém morreu no ano do dilúvio. 7. Entre a morte de Adão e o nascimento de Noé, houve só 126 anos. 8. Noé viveu 350 anos após o dilúvio e morreu 2 anos depois de Abraão nascer. 9. Sem viveu 98 anos antes do dilúvio e até 502 após. 10. Sem viveu 75 anos após a entrada de Abraão em Canaã. 4.4. Pelegue Gn 10: 25 - "Em seus dias se repartiu a terra". Pode ser uma referência ao jugo de Babel e pode significar uma modificação na geologia da terra. Gn 11: 17,19 - "Viveu Eber, depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas. Pelegue viveu trinta anos, e gerou a Reú. Viveu Pelegue, depois que gerou duzentos e nove anos; e gerou filhos e filhas". Até Heber, a média de idade caiu para 400 anos e ficou assim por muitas gerações. Mas depois de Pelegue, caiu para 200 anos de uma geração para outra. Isto pode indicar que uma grande alteração climática causou a queda de longevidade. Sempre que Deus revela a Sua vontade, os poderes das trevas começam a trabalhar para que a raça humana não faça a vontade de Deus, nem a entenda. 4.5. Primeiro Império Ninrod - (neto de Cão) começou a se destacar. Ninrod vem do hebraico "marad" = "rebelar-se". A tradução literal do seu nome poderia ser: "vamos nos revoltar". Gn 10: 8,9 - "Cuche também gerou a Ninrod, o qual foi o primeiro a ser poderoso na terra. Ele era poderoso caçador diante do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrod, poderoso caçador diante do Senhor”. Dentro do contexto bíblico, expressões como: "valente", "poderoso" não tem boa conotação. Compare Sl 51:17, Is 57:15, II Co 12:9,10. Ninrod foi a primeira tentativa de satanás de formar um ditador mundial. Ele foi o primeiro tipo de Anticristo. Ele fundou um reino EM OPOSIÇÃO ao reino de Deus e chefiou a construção de uma torre (Babel) para a adoração dos astros, e de uma cidade - Babilônia - onde se originou todo o sistema anti-Deus. Todas as religiões falsas do mundo têm sua origem em Babilônia. Ap 17: 5 - "E na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia, a mãe das prostituições e das abominações da terra”.Gn 10: 10 - "O princípio de seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar”.Deus havia planejado um reino, um governo, mas quando lemos Gn 10: 10 vemos claramente que outro reino estava sendo formado em oposição ao de Deus. Gn 11: 4 - "Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamos nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra”. Demonstrando sua profunda rebeldia contra Deus, Ninrode chefiou a construção de "uma cidade e uma torre cujo topo chegue até aos céus...”. O sentido literal destas palavras, revela que era uma torre para a adoração dos astros, a lua, o sol, as estrelas, e a história também mostra isto. Babel foi o modelo de todos os zigurates - o último degrau de um zigurate (geralmente havia 7), era considerado a "entrada do céu". Usando betume na construção da torre de Babel, junto com tijolos (no lugar de pedras) feitos por eles mesmos (OBRAS) , eles mostraram sua rejeição a Deus, pois o betume era símbolo de expiação (é a mesma palavra de Lv 17:11 ). Com isto estavam declarando que não precisavam da salvação de Deus, pois podiam fazer a sua própria salvação. Toda religião falsa tem seus próprios HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 14 métodos para chegar a Deus, cometendo portanto o mesmo erro, e se desviando do "ÚNICO CAMINHO QUE É O SENHOR JESUS CRISTO". ( Jo 14: 6). A confusão das línguas é uma maldição sobre a raça humana, mas ainda não é o juízo de Deus; este se dará na tribulação. Desde que foram espalhadas, as nações estão entregues a seus próprios caminhos, sem se lembrarem que Deus tem o total controle da história e que um dia se cumprirá o Sl 2:2,4 - "Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles”. Este período termina com a intervenção e a vitória de Deus sobre as trevas, para continuar o Seu plano redentor para o homem. 5 - ABRAÃO Abraão, de origem Semita, do povo amorreu, nome original Abrão, nasceu em Ur dos Caldeus em 2160 a.C., região da Babilônia. Ur era uma cidade costeira na época de Abrão, que aos poucos foi se afastando do Golfo Pérsico devido à deposição de lodo dos rios Tigre e Eufrates. Ur era consagrada à deusa Lua. Originalmente, todos eram monoteístas, mas com a dispersão dos povos e mistura entre eles, foram surgindo deuses inventados. Para cada força da natureza se inventava um deus responsável àquilo e as pessoas passaram a adorar. Originalmente, deram origem a 3 deuses: 1. Anu, deus dos céus; 2. Bel, o senhor do mundo invisível; 3. Hea, a deusa dos infernos. Depois, inventaram uma esposa para Bel, de nome Astarate (Afrodite ou Vênus para os gregos). Abrão vivia numa terra idólatra, onde sua família possuía uma forma meio católica de adoração, eles tinham ídolos do lar. “Ora, tendo Labão ido tosquiar as suas ovelhas, Raquel furtou os ídolos que pertenciam a seu pai”. (Gênesis 31:19). Abrão casou-se com Sarai, filha de seu pai, Tera: “Além disso ela é realmente minha irmã, filha de meu pai, ainda que não de minha mãe; e veio a ser minha mulher”. (Gênesis 20:12). A arqueologia encontrou, em Ur, alguns escritos, onde encontra-se um documento em cerâmica, de um certo Abrão que arrendava um trato de terra e alugava bois e criados para a terra. Ainda, encontraram em Ugarite, na Síria, um fragmento de tablete, em que Teraque é dado como um comandante de um grande exército de mercenários. Em Gn 12 verificamos que Abraão tinha conhecimento de táticas de guerra. Teria ele aprendido de seu pai? A tradição islâmica diz que Abraão teria sido prefeito de Damasco. Conta-se no Talmude que Tera era fabricante de ídolos e, certa vez, tendo o seu pai saído, Abraão quebrou os ídolos do pai e pegou o martelo com o qual fizera a "quebradeira" e colocou esse martelo na mão de um único ídolo que deixou inteiro. O pai chegou e ficou furioso e logo acusou Abraão que se defendeu dizendo que não fora ele mas sim o ídolo que estava com o martelo nas mãos. O pai reagiu dizendo que o ídolo não andava, nem saia do lugar, não fazia nada,como faria isso? Foi assim que o jovem conseguiu explicar ao pai que aquele ídolo não podia nem com um martelo, nem se locomover, nem os demais puderam se defender, como poderiam então as estátuas ajudá-los? 5.1. O Chamado de Abraão Passado alguns anos, depois da confusão das línguas, o Senhor começou a agir em relação ao Plano da Salvação: Ele escolheu um homem para dar início a uma nação que guardasse os mandamentos de Deus e rejeitasse toda prática mundana e idólatra dos outros povos. A razão disso é que nessa nação seriam guardados os oráculos de Deus e ainda por cima seria o local onde nasceria o Messias Salvador. HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 15 Mas, para isso, essa nação teria que ser diferente dos outros povos, pois teria que adorar um Único e Verdadeiro Deus. Dessa maneira, o Senhor, conhecedor de todo o futuro da humanidade, escolheu a Abrão, da descendência abençoada de Sem, filho de Noé, dando continuidade à Sua Promessa de salvar o homem, conforme Gn 3.15. O Senhor, então, fez uma aliança com Abrão: “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”. (Gênesis 12:1-3). Nessa aliança, Abraão, como prova de sua obediência e propósito divino, teria que sair de sua terra e ir para um lugar distante onde o Senhor lhe mostraria. Note que Abrão, nesse instante, não sabia para onde Deus o enviaria, mas mesmo assim ele obedeceu. Ainda, nesta aliança, o Senhor faria dele uma grande nação, que nos prova que Abraão era homem de fé, pois nesta ocasião ele já estava com 75 anos e sua mulher ainda não tinha lhe dado filhos e ainda por cima era estéril. Mas ele não duvidou! Outro aspecto desta aliança é que Abraão seria abençoado por Deus e o seu nome seria engrandecido. Hoje, todas as nações conhecem o nome de Abraão, mas em sua época ele morreu somente com a fé e a esperança, através de seu filho Isaque. Também, podemos ver que o povo Israelita é um povo abençoado, onde aparecem sempre novas descobertas científicas e tecnológicas, que fazem plantações no deserto, através do cultivo aéreo etc. Ainda, seriam abençoados os que o abençoasse e seria amaldiçoado os que o amaldiçoasse. E isso nos mostra também um aspecto escatológico, pois as nações que forem parceiras de Israel entrarão no Milênio e as nações que forem contra Israel serão aniquiladas, depois da Grande Tribulação, que já é um assunto para mais adiante. “Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas”. (Isaías 60:12) Mas, podemos notar que em todos os tempos as nações que se levantam contra Israel sempre sofrem o dano. Israel é a nação amada por Deus, embora muitos o rejeitaram. Quando Abraão entrou na Palestina, pode ver o Mar Morto original, antes da destruição de Sodoma e Gomorra. Hoje, ao olhar a região do Mar Morto não dá para ver campinas como Abraão narrava, claro, pois com a destruição de Sodoma e Gomorra até o Mar Morto foi afetado e lá não há vida. O Mar Morto tem esse nome devido ao fato de a quantidade de sal que contém ser seis vezes superior à dos restantes oceanos, o que torna impossível qualquer forma de vida – flora ou fauna – nas suas águas. Qualquer peixe que seja transportado pelo Rio Jordão morre imediatamente, assim que desagua neste lago de água salgada. A sua água é composta por vários tipos de sais, alguns dos quais só se encontram nesta região do mundo. Em termos de concentração e em comparação com a concentração média dos restantes oceanos, em que o valor de gramas de sal, por cem mililitros de água, não passa de três gramas, no Mar Morto essa taxa é de 30 a 35 gramas de sal por 100 mililitros de água, ou seja, dez vezes superior. A designação de Mar Morto só passou a ser utilizada a partir do século II, depois de Cristo. Ao longo dos séculos anteriores, outros e vários foram os nomes com que era conhecido e disso nos dá conta, entre outras fontes, a Bíblia Sagrada, concretamente alguns dos Livros do Antigo Testamento. Assim, nos Livros Génesis 14,3 e Josué 3,16 aparece com o nome de mar Salgado. Com o nome de mar de Arabá aparece em Deuteronómio 3,17 e em II Reis 14,25. Já em Joel 2,20 e Zacarias 14,8 surge como mar Oriental. Fora da Bíblia Sagrada, Flávio Josefo chamou-lhe lago de Asfalto e o Talmude designou-o por mar de Sodoma, mar de Lot entre outros nomes que ele recebeu. Além de Isaque, é claro, havia Ismael, que Abraão, tomou Agar e teve um filho com ela, em nome de Sara. Ismael deu origem aos árabes, que deu origem à religião Islâmica, grande inimiga de Israel. Além de Ismael e Isaque, Abraão ainda teve outros filhos com a mulher de sua viuvez, Quetura (Gênesis 25:2-6). Com o passar dos anos, todos esses filhos se multiplicaram e deu origem à povos e nações e a reis, conforme o Senhor tinha lhe prometido. A parte mais importante dessa aliança é que “em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Essa chamada declara Israel como um povo sacerdotal que deveria trazer bênção às nações, que deveria pregar o amor de Deus à todas as criaturas e a convertê-las ao Senhor. Mas, Israel se contraiu e permaneceu em si, rejeitando pregar para samaritanos, para HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 16 pecadores etc. É certo que eles não poderiam se juntar a eles, para que não se corrompessem também, mas Israel recebeu a missão de trazer os pecadores para Deus. E isso, embora os Israelitas em si não quisessem, se cumpriu quando o Judeu Jesus trouxe pecadores para se converterem a Deus e fez com que Nele todas as famílias da terra fossem benditas. Por isso, o desejo de Deus é que todas as famílias da terra se convertam e não somente algumas, como os Calvinistas declaram, pois “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se”. (2 Pedro 3:9) E, se pelo menos uma pessoa de cada família se convertesse, essa pessoa pregaria para os demais membros desta família e toda a terra se converteria ao Senhor. É por isso que Satanás ataca tanto as famílias, fazendo com que muitas se separem e se destruam entre si. Sendo assim, como pudemos ver, a Aliança de Deus com Abraão é o motivo de que Hoje nós somos povo de propriedade peculiar de Deus. E esse detalhe falaremos mais tarde quando falarmos do período da Graça. Abraão, em cada pedaço de terra que ele peregrinava, o Senhor lhe dava como possessão, ainda que haviam habitantes naqueles lugares - e tudo isso pela fé. Durante esta caminhada de fé, Abraão demarcou o território Israelita (Deuteronômio 11:24). Esse território ainda não foi completamente ocupado por Israel, nem nos tempos antigos, onde eles alcançaram, sim, uma grande parte desse território. Mas, no Milênio, o Senhor colocará Israel em seus termos: “A terra que ainda fica é esta: todas as regiões dos filisteus, bem como todas as dos gesureus, desde Sior, que está defronte do Egito, até o termo de Ecrom para o norte, que se tem como pertencente aos cananeus; os cinco chefes dos filisteus; o gazeu, o asdodeu, o asqueloneu, o giteu, e o ecroneu; também os aveus; no sul toda a terra, dos cananeus, e Meara, que pertence aos sidônios, até Afeca, até o termo dos amorreus; como também a terra dos Gebalitas, e todo o Líbano para o nascente do sol, desde Baal- Gade, ao pé do monte Hermom, até a entrada de Hamate; todos os habitantes da região montanhosa desde o Líbano até Misrefote-Maim, a saber, todos os sidônios. Eu os lançarei de diante dos filhos de Israel; tão-somente reparte a terra a Israel por herança, como já te mandei”. (Josué 13:2-6) Osfilisteus são conhecidos hoje pelo nome de palestinos, simplesmente porque ao longo dos anos a palavra filisteus sofreu flexões até que chegou ao nome palestinos. No Milênio, Israel tomará posse de todas essas terras, onde será a capital do Mundo. Ainda, Abraão, durante a sua peregrinação, se encontra com um personagem muito importante: Melquisedeque (Gênesis 14:18-20). É um fato muito interessante que Melquisedeque era chamado de Rei de Salém, ou seja, Rei da Paz. Ainda, é interessante vermos que ele celebrou a Santa Ceia, trazendo pão e vinho, que futuramente seria realizado pelo Senhor Jesus, nosso Rei da Paz, na noite em que Ele havia de ser traído por Judas Iscariotes: (Lucas 22:15-20) Sim, Melquisedeque, o qual não se conhece a sua genealogia, nem o seu destino, celebrou a Ceia, prefigurando a morte e o derramamento de sangue de Jesus Cristo, que nos trouxe uma Nova Aliança. (Aliança, Pacto, Conserto, são palavras sinônimas, pois possuem o mesmo significado.) Na verdade, esse Servo do Altíssimo foi muito importante, pois fez com que o Senhor Jesus fosse reconhecido como Sumo Sacerdote: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.(Salmos 110:4). Veja tamanha importância de Melquisedeque em (Hebreus 7:1-8). Quando Abrão tinha 99 anos, chegou o tempo de Deus para Isaque nascer e, assim, o Senhor firmou um pacto com ele, onde, como sinal, o nome dele seria mudado para Abraão e todo varão teria que ser circuncidado. Abrão (Pai exaltado) mudou para Abraão (Pai duma multidão). Vejamos, com atenção, os termos deste pacto: “Ao que Abrão se prostrou com o rosto em terra, e Deus falou-lhe, dizendo: Quanto a mim, eis que o meu pacto é contigo, e serás pai de muitas nações; não mais serás chamado Abrão, mas Abraão será o teu nome; pois por pai de muitas nações te hei posto; far-te-ei frutificar sobremaneira, e de ti farei nações, e reis sairão de ti; estabelecerei o meu pacto contigo e com a tua descendência depois de ti em suas gerações, como pacto perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de ti. Dar-te-ei a ti e à tua descendência depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 17 terra de Canaã, em perpétua possessão; e serei o seu Deus. Disse mais Deus a Abraão: Ora, quanto a ti, guardarás o meu pacto, tu e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações. Este é o meu pacto, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: todo varão dentre vós será circuncidado” (Gênesis 17:3-10). A circuncisão, então, era sinal entre os israelitas e Deus de um pacto perpétuo. Mas é bom lembrarmos que ele recebeu sinal de justiça antes mesmo da circuncisão, por causa da fé (Gênesis 15:5-6). Durante a época da igreja primitiva, muitas foram as tentativas de incluir no culto a circuncisão, mas Paulo combateu insensantemente contra isso, pois a verdadeira circuncisão era aquela feita no coração. E Paulo conhecia as Escrituras, pois mesmo no Antigo Testamento o Senhor falava sobre isso, mesmo na Época de Moisés: “Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz”. (Deuteronômio 10:16). “Ora, Abraão tinha cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho” (Gênesis 21:5). Sim, foram 25 anos de espera para que nascesse o filho da promessa. Mas não bastava isso, o Senhor ainda precisava prová-lo, se ele amava mais o abençoador do que a bênção e também foi provado que ele tinha fé até de que Deus podia ressuscitar seu filho dentre os mortos. “Pela fé Abraão, sendo provado, ofereceu Isaque; sim, ia oferecendo o seu unigênito aquele que recebera as promessas, e a quem se havia dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, julgando que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar; e daí também em figura o recobrou”. (Hebreus 11:17-19) E, se pararmos para meditar, o Senhor Deus, Pai de Jesus, ofereceu seu Filho como sacrifício por nós, que cremos, e ainda ressuscitou a seu Filho Jesus dentre os mortos. O crente Abraão realmente estava guardando os preceitos de Deus. Passado algum tempo, temos outro fato curioso, em que Abraão enviou seu servo para buscar uma esposa para Isaque: “E disse Abraão ao seu servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe a tua mão debaixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito; mas que irás à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque”. (Gênesis 24:2-4). Esse fato é mais uma maneira de Deus nos ensinar através dos fatos, pois Ele enviou o Espírito Santo para buscar uma noiva para seu Filho Jesus. E é por isso que o Espírito Santo nos conduz à salvação através desse deserto da vida e, em breve, nos encontraremos com o Noivo Jesus, que receberá a sua igreja (noiva) para morarmos para sempre com Ele. Aleluia! Isaque foi o filho da promessa e por isso em Isaque foi chamado a descendência de Abraão. Ele também recebeu a confirmação da promessa, por parte do Senhor: “Depois subiu dali a Beer-Seba. E apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu servo Abraão. Isaque, pois, edificou ali um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda, e os seus servos cavaram um poço”.(Gênesis 26:23-25) Isaque recebeu a Rebeca como sua esposa e a amou. Então, Rebeca, sua esposa, ficou grávida de gêmeos. Abraão teve dois filhos: Ismael, o filho da escrava, e Isaque, filho de Sara, mas só um, Isaque, era o filho da promessa. Agora, Isaque estava para ter dois filhos também, mas só um poderia ser o filho da promessa. Dessa maneira, estava no coração de Isaque abençoar o filho mais velho e, dos gêmeos, o filho mais velho seria aquele que nascesse primeiro. Vejamos o que aconteceu: (Gênesis 25:24-27) O mais velho, como vimos, era Esaú e o mais novo, Jacó. Mas, o filho mais velho serviria ao mais novo e isso o Senhor falou para Rebeca: “E os filhos lutavam no ventre dela; então ela disse: Por que estou eu assim? E foi consultar ao Senhor. Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas estranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o mais velho servirá ao mais moço”. (Gênesis 25:22-23) Por causa dessa Palavra, Rebeca amou mais a Jacó: “Isaque amava a Esaú, porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó”. (Gênesis 25:28). Jacó era um grande negociante. Ele sabia que o direito de primogenitura estava, pela lei, sobre Esaú. Por isso, ele arquitetou um plano e o executou: (Gênesis 25:29-34) Assim, HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 18 pela lei, Jacó passou a ter direito de primogenitura. É como os judeus: Jesus veio para eles mas como eles não o reconheceram, o Senhor nos deu o direito de sermos feitos filhos de Deus. (João 1.11,12) E isso serve-nos de exemplo: “e ninguém seja devasso, ou profano como Esaú, que por uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura”. (Hebreus 12:16) Mas, apesar desse feito, Isaque ia abençoar o primogênito e, por isso, Jacó teve mais um de seus planos: o de trapacear seu irmão, enganando seu pai, se fazendo de Esaú para receber a bênção, tendo a ajuda de sua mãe Rebeca (Gênesis 27:27-29). Nesse ponto já não tinha mais volta, pois Isaque já tinha abençoado a Jacó. Assim, Esaú perdeu, além da primogenitura, a bênção também: (Gênesis 27:36-40) Esaú e toda a sua geração, até os dias de hoje, é um povo de guerra. Esaú viveu na terra de Seir, e formou o povo edomita. “ Então enviou Jacó mensageiros diante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, o território de Edom,” (Gênesis 32:3); “ Portanto Esaú habitou nomonte de Seir; Esaú é Edom. Estas, pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomeus, no monte de Seir:” (Gênesis 36:8-9). Jacó, por precaução, foge da presença de Esaú e vai para a terra de sua mãe, na casa de Labão, seu tio. Durante o caminho, Jacó adormeceu e teve um encontro com Deus, recebendo, também, a confirmação da promessa de Deus (Gênesis 28:12-19). Assim, Jacó recebeu a herança da Aliança que o Senhor fizera a Abraão. E, um fato interessante é que, assim como Abrão teve o nome mudado para Abraão, Jacó teve seu nome mudado para Israel, quando este voltara de sua peregrinação na casa de Labão, na sua luta com o Anjo do Senhor (Gênesis 32:22-30). Assim como Abraão teve em seu caminho Melquisedeque, Jacó, que agora era Israel, teve em seu caminho um encontro com o Anjo do Senhor. Muitos, também, apontam tanto a Melquisedeque e o Anjo que lutou com Israel como se fosse o Senhor Jesus antes de se tornar carne. Isso seria até possível, pois antes que Abraão existisse, o Senhor Jesus já era Senhor (João 8:58). Na verdade, antes mesmo da fundação do mundo Jesus já estava com Deus, pois Ele é Deus e é Eterno (João 17:5). Mas não importa se era Jesus ou um anjo, pois mesmo sendo um anjo ele estava ali em nome do Senhor, portanto era o Senhor que o abençoara (Oséias 12:2-5). A partir de Israel, o povo judeu ia ser formado, através de seus doze filhos que ele tivera com suas esposas: “Os filhos de Léia: Rúben o primogênito de Jacó, depois Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom; os filhos de Raquel: José e Benjamim; os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali; os filhos de Zilpa, serva de Léia: Gade e Aser. Estes são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã”. (Gênesis 35:23-26). Dos filhos de Jacó nasceu as doze tribos de Israel, o povo escolhido de Deus. Mas, para essa nação ser formada ela precisava conhecer o Deus que a escolheu. Por isso, era necessário que eles padecessem em terra alheia, para então serem resgatados por Deus. E isso o Senhor já havia falado para seu servo Abraão (Gênesis 15:13-14). Por isso, veio a fome na terra e Jacó e seus filhos foram morar no Egito, por intermédio de José, que tinha sido vendido por seus irmãos ao Egito. José, antes de tudo acontecer, recebeu de Deus uma revelação através de sonhos de que ele, um dia, estaria como governante e seus irmãos e até seu pai como governado: (Gênesis 37:5-11) Por causa da inveja, seus irmãos prenderam a José e o venderam para mercadores que iam para o Egito. Chegando no Egito, ele virou servo de Potifar, oficial de Faraó (Gênesis 39:1). E o Senhor, mesmo no cativeiro, era com José e, por isso, ele prosperava em tudo que fazia e sempre ele estava em situação de destaque. E, por mais estranho que pareça, o Senhor permitiu que José fosse preso, pois o Senhor sabia que era na prisão que José seria exaltado. Por isso, a mulher de Potifar, por não conseguir seduzir a José, porque ele era fiel ao Senhor, cometeu perjúrio dizendo que José tinha tentado tomá-la à força e, por isso, foi preso. Mas, mesmo na prisão, o Senhor era com ele e ele foi tomado como chefe do cárcere (Gênesis 39:21-23). Na prisão, o Senhor lhe deu interpretação de dois sonhos os quais se cumpriram e o copeiro, por causa desse sonho, conheceu que José era especial, pois o Deus verdadeiro era com ele. O copeiro, quando libertado, conforme o sonho de José, não se lembrou dele, mas, em certo dia, Faraó teve um sonho que o atormentou mas ninguém do seu reino sabia interpretar aquele sonho. E, por isso, o copeiro se lembrou de José e fez menção dele a Faraó. Faraó, por sua vez, chamou José à sua presença, o qual declarou o sonho que salvaria todo o Egito: (Gênesis 41:25-32). Foi nesse momento que Faraó o fez governador de todo o Egito e somente Faraó era acima dele, naquela terra. Quando, porém, veio a fome HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA - 19 sobre a terra, a família de José ficou em grande aperto, o que fez com que eles fossem ao Egito para comprar alimento. Chegando lá, José os conheceu mas não declarou-se a seus irmãos, mas traçou um plano que traria toda a sua família para perto dele. Quando toda a sua família estava à sua frente e se inclinaram para ele, cumprindo a profecia que José havia sonhado, este se deu a conhecer à sua família e os acolheu. Antes de Jacó morrer, ele deixou a bênção do Senhor, tanto para os filhos de José como para seus próprios filhos. Também, deixou a profecia para os próximos tempos em Gênesis 49:3-28. Dentre as profecias deixadas, a mais importante para nós é a que foi dada a Judá. Judá, mesmo não tendo sido primogênito de Jacó, foi considerado como tal. De Judá sabemos que vieram toda a sucessão de reis em Israel, até chegar em Jesus (Gênesis 49:8-12). Judá é um leãozinho, pois o leão é tido como símbolo de reinado e a vontade de Deus era que os filhos de Judá fossem reis em Israel. Por isso, Saul era segundo o coração do povo, mas Davi era segundo o coração de Deus, pois de Davi nasceria o Messias, cumprindo a profecia do versículo em estudo. Quando falamos em cetro falamos de poder, governo - e o governo não se apartaria de Judá. Se olharmos a História, veremos que depois de Davi só reinaram os seus descendentes. Somente quando Herodes morreu é que essa sucessão foi quebrada, mas isso porque Jesus, o Messias prometido, já tinha nascido na terra. O bastão de autoridade não se apartou dos pés de Judá e Jesus, o leão da tribo de Judá, pisou na cabeça da serpente. Veja que o versículo diz “até que venha aquele a quem pertence”, ou seja, Jesus, que veio para Reinar para sempre e os povos lhe obedecem. E, um grande sinal disso foi que Jesus desceu à Jerusalém, montado numa jumenta e foi proclamado Rei (Mateus 21:7-11). E, no final da profecia, Jacó declara que ele seria morto. (“Os olhos serão escurecidos pelo vinho, e os dentes brancos de leite”.) Na ocasião, acredito que eles não tinham nenhuma idéia do que tudo isso significasse, mas para nós tudo isso tem sentido e já aconteceu, ao pé da letra. Durante toda a profecia de Jacó, podemos verificar que tudo se deu cumprimento ao longo dos anos, mas realmente a de Judá foi para nós a mais importante. Em alguns anos, a família de Jacó foi se multiplicando no Egito. O Faraó amigo de José já havia morrido e o que o sucedeu escravizou o povo de Israel, porque estavam ficando numerosos. Isso fez com que a profecia do Senhor dado à Abraão se cumprisse, que importava que eles ficassem naquela terra por quatrocentos anos (Gênesis 15:13-14). Assim, passados os dias de servidão, o povo do Senhor começou a clamar. Nessa ocasião, o Senhor enviou a Moisés para libertar o povo, de maneira que todo o povo veria que só o Senhor é Deus. Israel saiu do Egito com muitos bens, cumprindo a profecia acima. Ainda, nessa ocasião, o povo de Israel passaria a ser povo em todo o seu sentido e, para isso, o Senhor já tinha reservado a terra que prometera a Abraão. Bastava somente eles tomarem posse. Nesse período, deu-se início a mais um período escatológico, chamado de Dispensação da Lei, que vai desde o Sinai até o Calvário. 6 - A ERA DE MOISÉS Moisés, a quem Deus escolheu para pastorear a Israel, nasceu numa época difícil. Faraó estava vendo o povo de Israel crescer e por isso temeu que eles se juntassem com os inimigos do Egito e lutassem contra eles. Por isso, Faraó aumentou a carga do povo israelita e, não adiantando, pois eles cresciam mais e mais, ele ordenou às parteiras que matassem os filhos homens e poupassem as filhas mulheres (Êxodo 1:16). Foi nessa época que Moisés nasceu e, sua mãe, temendo, colocou-o num cesto, vedado com betume, dentro do rio Nilo, quando tinha três meses. A filha de Faraó, Hatshepsut, vendo-o, teve compaixão e o adotou. Porém, ela o entregou a uma hebréia que, por sinal, era a própria mãe de Moisés, para o criar. Assim, Moisés passou sua infância com seus irmãos e, quando