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Focus Concursos NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL Remédios Constitucionais Parte IV

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Direito Constitucional | Material Complementar 
Professor Cristiano Lopes 
Remédios Constitucionais – Parte IV 
Mandado de injunção 
O Mandado de Injunção é um remédio constitucional, por meio do qual, é outorgado ao legítimo 
interessado a obtenção, mediante decisão judicial de equidade, a imediata e concreta aplicação de direito, 
liberdade ou prerrogativa inerente à nacionalidade, à soberania popular ou à cidadania, quando a falta de 
norma regulamentadora torne inviável o seu exercício. 
O art. 5o, LXXI da CRFB/88, afirmar que mandado de injunção será concedido sempre que a falta de 
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, entendemos, que este rol é exemplificativo e não 
taxativo, ou seja, o mandado de injunção poderia ser proposto em face de qualquer direito e garantia 
constitucionais. 
Ao conceituar o Mandado de Injunção, Hely Lopes Meirelles define como o meio constitucional posto à 
disposição de quem se considerar prejudicado pela falta de norma regulamentadora que torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdade constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania. Portanto, o objeto desse mandado é a proteção de quaisquer direitos e liberdades constitucionais, 
individuais e coletivos, de pessoa física ou jurídica, e de franquias relativas à nacionalidade, à soberania popular 
e à cidadania, que torne possível sua fruição por inação do Poder Público em expedir normas regulamentadoras 
pertinentes. 
O Mandado de Injunção tem como objetivo combater síndrome da inefetividade das normas 
constitucionais, isto é, quando norma “só existe no papel”, a exemplo do que narra a Constituição Federal nos 
art. 37, VII, sobre o direito de greve dos servidores públicos será exercido nos termos e nos limites de lei 
específica ou do art. 40, § 4º, II, da CRFB/88, que cuidado da aposentadoria especial para aqueles que exerçam 
atividades de risco, dos quais ambos necessitam de regulamentação. 
Para ser cabível o mandado de injunção, não basta que haja eventual obstáculo ao exercício de direito 
ou liberdade constitucional em razão de omissão legislativa, mas concreta inviabilidade de sua plena fruição 
pelo seu titular. Daí por que há de ser comprovada, de plano, a titularidade do direito e a sua inviabilidade 
decorrente da ausência de norma regulamentadora do direito constitucional. 
Os requisitos para a impetração do mandado de injunção devem ser extraídos do texto contido no art. 
5º, LXXI, da Constituição Federal: a) A previsão de um direito constitucional, relacionado às liberdades 
fundamentais, à nacionalidade, à soberania ou à cidadania; e b) A ausência de norma regulamentadora, 
inviabilizando a fruição deste direito. 
A legitimidade ativa é do titular do direito constitucional assegurado, cujo exercício encontra-se 
impedido por falta de norma infraconstitucional regulamentadora. Assim, em conformidade com o art. 3o, da lei 
13.300/16, são legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas 
que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2o, da lei 13.300/16 
e art. 5o, LXXI, da CRFB/88 e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a 
norma regulamentadora. Neste sentindo, a legitimidade passiva será sempre do órgão omisso responsável 
pela elaboração da norma regulamentadora necessária ao exercício do direito constitucional inviabilizado. Se o 
responsável for o Poder Legislativo, o legitimado será o Congresso Nacional, entretanto, sendo a norma omissa 
for de iniciativa privativa do Presidente da República, este será o legitimado passivo. 
Nos termos do art. 12, da lei 13.300/16, o Mandado de Injunção coletivo pode ser promovido, 
taxativamente: pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa 
da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis; por partido 
político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e 
prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária; por organização sindical, 
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para 
assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus 
membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, 
para tanto, autorização especial; e pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente 
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relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos 
necessitados, na forma do inciso LXXIV, do art. 5o, da Constituição Federal. 
Partindo-se do pressuposto de que objeto do mandado de injunção seja obter a normatização 
regulamentar que viabilize o direito obstado, seja por norma editada pela entidade competente em 
cumprimento de decisão judicial, seja por norma emanada subsidiariamente do próprio Poder Judiciário, deve-
se forçosamente concluir que cabe àquele que detém o dever constitucional de editar a norma regulamentadora 
ocupar o polo passivo da ação. 
 
Ação popular 
O art. 5º, LXXIII, da CF/88, dispõe que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que 
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada 
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. 
Em idêntico teor é o que prevê o art. 1º, da lei 4.717/65: “Qualquer cidadão será parte legítima para 
pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos 
Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 
38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas 
públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro 
público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de 
empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de 
quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos”. 
Ação popular, assim, é o remédio constitucional colocado à disposição de qualquer cidadão com vistas 
a anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico ou cultural. 
Atente-se que, embora o art. 10, da lei 4.717/65, preveja que as partes só pagarão custas e preparo a 
final, esse dispositivo da Lei de Ação Popular não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Assim, a 
ação popular é gratuita, ou seja, é isenta de custas e honorários advocatícios, salvo comprovada má-fé. 
Como se lê da redação do art. 5º, LXXIII, da CRFB/88, a titularidade da ação popular é reservada, no 
direito brasileiro, ao cidadão. Nestes termos, a propositura da ação popular está ligada a aferição da condição 
de cidadania, isto é, pela titularidade de capacidade eleitoral ativa, a qual se se comprova pela apresentação 
do título eleitoral ou documento que a ele corresponda. 
Assim, não podem propor ação popular: estrangeiros (excetuando-se os portugueses, desde que haja 
reciprocidade – situação de quase-nacionalidade), apátridas, inalistáveis, inalistados, partidos políticos, 
organizações sindicais, e quaisquer outras pessoas jurídicas,além de brasileiros com direitos políticos 
suspensos ou que os tenha perdido. 
Ainda, se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância é possível o a qualquer 
cidadão, bem como ao representante do Ministério Público promover o prosseguimento da ação. 
Com relação à legitimidade passiva a lei específica da ação popular, prevê que ela seja ajuizada contra 
as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas em seu art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou 
administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por 
omissão, tiverem dado oportunidade à lesão contra os beneficiários direto do mesmo. 
No que diz respeito a competência para processar e julgar a ação popular, o art. 5º da Lei nº 4717/65 
dispõe que “conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o 
juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao 
Distrito Federal, ao Estado ou ao Município”. Assim, em regra, não há foro privilegiado para o julgamento de 
ação popular nem de ação civil pública. Dessa forma, a ação popular ou ação civil pública contra o Presidente 
da República, o Conselho Nacional de Justiça ou o Conselho Nacional do Ministério Público não será julgada 
perante o Supremo Tribunal Federal, mas, sim, pelo juízo de primeiro grau. 
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Por fim, tem-se que o art. 21 da Lei nº 4.717/65, prevê o prazo prescricional de 05 (cinco) anos para 
a impetração da ação popular. 
 
QUADRO RESUMO DOS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
REMÉDIO INCISO OBJETIVO RESUMO 
 
Habeas Corpus 
(HC) 
 
LXVIII e 
LXXVII 
Proteger a liberdade de 
locomoção, já retirada ou sob 
ameaça de sê-lo (ainda que de 
modo indireto) 
Pode ser impetrado em face de 
autoridade (abuso de poder) ou de 
particular (ilegalidade). É gratuito. 
De natureza penal. Pode ser 
preventivo ou repressivo 
 
Habeas Data (HD) 
 
LXXII e 
LXXVII 
a) Para conhecer informações 
pessoais em registros 
públicos ou de caráter 
público 
b) Para retificar dados 
A pessoa pode preferir fazer a 
retificação por outro meio, sigiloso, 
seja judicial ou administrativo 
É gratuito e depende de prévia 
negativa administrativa 
 
Mandado de 
Segurança (MS) 
 
LXIX 
Proteger direito líquido e 
certo não amparado por HC 
ou HD 
É impetrado em face de autoridade 
pública ou de agente de pessoa 
jurídica no exercício de atribuições 
do poder público. 
 
Mandado de 
Segurança 
Coletivo (MSC) 
 
LXX 
Igual ao MS, sendo que a 
defesa é feita por partido 
político ou por ente coletivo 
agindo em defesa dos 
interesses de seus membros 
ou associados 
O partido político tem que ter 
representação no Congresso 
Nacional. Todavia, o requisito de 
um ano de constituição civil é 
exigido apenas para as entidades 
de classe ou organizações sindicais. 
 
Mandado de 
Injunção (MI) 
 
LXXI 
Suprir a falta de norma 
regulamentadora que torne 
inviável o exercício de 
direitos e liberdades 
constitucionais e das 
prerrogativas básicas. 
São consideradas prerrogativas 
básicas as inerentes à 
nacionalidade, à soberania e à 
cidadania. 
 
Ação Popular (AP) 
 
LXXIII 
Anular ato lesivo ao 
patrimônio público, histórico 
e cultural, ao meio ambiente 
ou à modalidade 
administrativa. 
Pode ser proposta por qualquer 
cidadão. Salvo comprovada má-fé, 
o autor está isento de custas 
judiciais e dos ônus da 
sucumbência. 
 
 
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