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AULA 17 CIVIL DIREITOS REAIS DE GOZO E FRUIÇÃO

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DIREITO CIVIL IV: DIREITOS REAIS 
 
 
AULA 17– DIREITOS REAIS DE GOZO E 
FRUIÇÃO 
 
 
PROFESSORA: Carina de Oliveira Soares 
 
1. NOÇÕES GERAIS: 
 
O proprietário do bem desmembra parcela dos seus 
poderes do domínio para que um terceiro USE e RETIRE 
AS SUAS UTILIDADES. 
 
 ESPÉCIES: 
 
i) SERVIDÃO; 
ii) SUPERFÍCIE; 
iii) USUFRUTO; 
iv) USO; 
v) HABITAÇÃO. 
i) SERVIDÃO (arts. 1.378 a 1.389): 
 
É direito real na coisa alheia entre prédios (e não entre os 
titulares deles), gerando a obtenção de uma vantagem a um 
prédio que originariamente não a tinha. 
 
-A servidão confere a um prédio uma vantagem que 
estruturalmente não tinha e que obtém de outro prédio. 
 
-É um prédio se servindo de outro. 
 
 PRÉDIO DOMINANTE: recebe a utilidade 
 
 PRÉDIO DOMINADO/SERVIENTE: concede a vantagem. 
 
“Servidão, assim, é um ônus real, voluntariamente imposto a 
um prédio (o serviente) em favor de outro (o dominante), em 
virtude do qual o proprietário do primeiro perde o exercício 
de algum de seus direitos dominicais sobre o seu prédio, ou 
tolera que dele se utilize o proprietário do segundo, tornado 
este mais útil, ou pelo menos mais agradável”. 
 (Spencer Vampré) 
OBSERVAÇÕES: 
Obs1.: Conceito de PRÉDIO 
O conceito de prédio no Código Civil é amplo. 
Não se confunde com o conceito de edifício. 
Prédio é qualquer edificação (casa, fazenda, ponte, 
monumento). 
 
 A servidão pode se instalar entre dois prédios (e não 
necessariamente entre dois condomínios edilícios). 
Obs2.: A servidão não retira a titularidade de nenhum dos 
dois prédios. 
 
- Os titulares serão os mesmos; 
- O que se terá é um prédio concedendo uma vantagem a 
outro. 
 
 
Obs3.: Quem vai pagar o IPTU? 
 
- Como a servidão não afeta o exercício da titularidade, cada 
um paga o seu IPTU. 
 
- Cada prédio custeia as suas dívidas fiscais. 
 
CARACTERÍSTICAS DA SERVIDÃO: 
 
a) Estabelece um gravame entre 2 prédios: 
 
- ATENÇÃO: gravame de natureza propter rem 
Se o dono do prédio dominado vende o prédio  quem 
compra vai ter que respeitar o gravame. 
 
b) Os prédios devem pertencer a titulares diversos: 
 
- Os prédios não podem pertencer ao mesmo proprietário, 
sob pena de desnaturação do direito real na coisa alheia. 
 
- Deixe de ser servidão e passa a ser serventia. 
c) A vantagem é estabelecida em favor do prédio e não do seu 
titular: 
 
- CONSEQUÊNCIA: Se o dono do prédio dominante vender 
o prédio  quem comprar adquire o prédio com a servidão 
(perpetuidade da servidão: a servidão se transmite 
com o prédio). 
 
- CUIDADO: É possível alienar o prédio (a venda do bem 
implica a transmissão da servidão). 
 Não é possível separar a servidão e aliená-la 
individualmente. 
 
 
SERVIDÃO x DIREITO DE PASSAGEM FORÇADA: 
 
A) Direito de passagem forçada: 
- Direito de vizinhança; 
- Imposto por lei para prédios encravados. 
- O prédio encravado terá direito de acesso à via pública pelo 
modo menos gravoso ao prédio vizinho. 
 
B) Servidão: 
- Direito real na coisa alheia. 
- Prédio que já tem a passagem, mas que ter outra utilidade. 
- Deve negociar com o vizinho a servidão. 
 
ii) SUPERFÍCIE (arts.1.369-1.377, CC e Estatuto da 
Cidade): 
 
É a entrega a um terceiro da superfície de um imóvel para 
uso e fruição, construindo ou plantando e, posteriormente, 
devolvendo a coisa. 
 
Regramento: 
Código Civil = direito de superfície em imóvel rural 
Estatuto da Cidade= direito de superfície em imóvel urbano. 
 
Partes: 
Proprietário 
Superficiário 
O direito de superfície foi instrumento criado para 
viabilizar a função social da propriedade. 
 
Através desse direito real na coisa alheia o proprietário que 
não quer ou não pode utilizar a coisa naquele momento 
poderá celebrar um contrato estabelecendo o direito de 
superfície (um terceiro vai construir ou plantar em seu 
imóvel). 
CARACTERÍTICAS DO DIREITO DE SUPERFÍCIE: 
 
A) Deve ser constituído sempre por registro: 
- Pode emanar de ato inter vivos ou causa mortis. 
 
 
B) Pode ser gratuito ou oneroso (dependendo da vontade das 
partes). 
- No silêncio das partes a superfície é gratuita. 
 
 
C) No silêncio das partes quem vai pagar os tributos é o 
superficiário. 
- Uma vez que é o superficiário quem está exercendo o uso e a 
fruição da coisa. 
D) O direito de superfície é autônomo e independente em 
relação ao direito de propriedade: 
 
- O patrimônio do proprietário não se confunde com o 
patrimônio do superficiário. 
- O superficiário tem direito real resolúvel. 
- O direito do proprietário é perpétuo. 
 
- Cada um deles pode dispor da sua titularidade: admite-se a 
transferência para terceiros, seja a título gratuito ou 
oneroso, seja ato inter vivos ou causa mortis. 
- Tanto a propriedade quanto a superfície podem ser 
transferidas. 
- Havendo transferência: haverá direito de preferência 
recíproco (para o proprietário e para o superficiário). 
 
E) Extinto o direito de superfície o proprietário readquire a 
plenitude do domínio independentemente do pagamento de 
qualquer indenização pelas construções ou plantações, 
SALVO disposição em contrário. 
iii) USUFRUTO (arts. 1.390 – 1.410): 
 
É direito real na coisa alheia que permite ao terceiro a 
retirada das utilidades de uma coisa. 
 
- UTILIDADES: uso, fruição e administração. 
 
- O usufruto é o direito que permite ao terceiro: 
a) Ter a coisa consigo; 
b) Usá-la; 
c) Fruí-la; 
d) Administrá-la. 
 
- É um direito real na coisa alheia amplo: o usufrutuário tem 
uma gama de poderes. 
 
PARTES: 
 
Nu-proprietário. 
Usufrutuário. 
OBJETO DO USUFRUTO: 
 
- Bem frugífero (bem que produz frutos). 
 
Pode ser: i) móvel ou imóvel 
 ii) Patrimônio inteiro ou parte dele. 
 iii) um direito. 
CARACTERÍSTICAS DO USUFRUTO: 
 
A) São admitidas restrições contratuais ao objeto do 
usufruto. 
 
B) Todo usufruto é temporário. 
- O tempo será o estabelecido pelo titular. 
- Tempo máximo: 
PESSOA FÍSICA: usufruto vitalício (até a morte do 
usufrutuário) 
PESSOA JURÍDICA: 30 anos. 
C) O usufruto é intuito personae: 
- É personalíssimo. 
- Instituído em favor de uma pessoa específica. 
 
C.1: O usufruto não admite transmissão: 
- Nem por ato inter vivos (o usufrutuário não pode dispor); 
- Nem por ato causa mortis (o usufruto não passa para 
herdeiros; extingue com a morte do usufrutuário). 
 
C.2: Não se admite usufruto sucessivo/2º grau: 
-O usufrutuário não pode desdobrar o usufruto e entregá-lo a 
terceiros. 
- A cláusula de usufruto de 2º grau é NULA. 
CUIDADO: 
 
O CC/02 admite o USUFRUTO SIMULTÂNEO: 
- Usufruto constituído, ao mesmo tempo, em favor de duas 
ou mais pessoas. 
 
- Nesse caso o usufruto vai se extingui pela morte do último 
usufrutuário. 
iv) USO e HABITAÇÃO (arts. 1.412 a 1.416): 
 
Constituem subespécies de usufruto. 
 
São usufrutos com finalidades específicas. 
 
Todas as regras do usufruto aplicam-se ao uso e à 
habitação. 
 
Ambos têm natureza familiar: beneficiam os componentes 
de uma família (e não somente o titular do direito real). 
 
 
I) USO: 
 
O usuário usará da coisa e perceberá seus frutos, quanto o 
exigirem as necessidades suas e de sua família. 
 
- É utilizar a coisa para fim específico. 
 
II) HABITAÇÃO: 
 
Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente 
casa alheia. 
 
- É usufruto parautilizar o bem para fins de moradia. 
- O titular do direito de habitação tem de direito de morar 
no imóvel com a sua família.

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