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Gastronomia aplicada a cardápios em nutrição, hotelaria, hotelaria hospitalar e eventos Ana Paula Correia Ferreira Gastronomia Origem • Do grego: gaster (ventre, estômago) e nomo (lei) – “as leis do estômago”. • Criada no séc. IV a.C. pelo grego Arquestratus. • Final do séc XVIII – Livro Fisiologia do gosto pelo francês Brillat-Savarin, ocorre o “batismo” do termo. Conceito Segundo Brillat-Savarin, 1995, p.57): “Conhecimento fundamentado de tudo que se refere ao homem na medida em que ele se alimenta. Seu objeto é zelar pela conservação dos homens, por meio da melhor alimentação possível. Ela atinge esse objeto dirigindo, mediante princípios seguros, todos os que pesquisam, fornecem ou preparam as coisas que podem se converter em alimentos”. Gastronomia • Fatores que sofreram influência: • disponibilidade de novos ingredientes; • Novas técnicas, equipamentos e utensílios; • Valorização dos alimentos regionais • de estabelecimentos preocupados em oferecer produtos de qualidade; • Investimento de gastronomia em hospitais; • Evidência na mídia (RICHTER; PHILLIPI, 2015). Aspectos da composição básica do cardápio • Cores; • Formas; • Sabores; • Texturas; • Temperos; • Ingredientes; • Tipos de preparo; • Temperaturas; • Viabilidade; • Conhecimento de preparação básica e nomenclatura clássica; (TEICHMAN, 2009). Nutrição Gastronomia na Nutrição Prepara melhor o profissional para: • Administrar a produção de alimentos; • Melhorar os cardápios em todas as fases da vida; • Aperfeiçoar técnicas de preparo desenvolvendo sensibilidade e criatividade para promover alegria, prazer e saúde à mesa Buscar aceitação prazerosa, além da promoção da saúde (RICHTER; PHILLIPI, 2015). Tendências culinárias que influenciam na alimentação • Cozinha Internacional; • Fast-food; • Nouvelle Cuisine (Nova cozinha); • Cozinha do Terroir (cozinha do território/ regional); • Cozinha Fusion; • Cozinha de Vanguarda / Científica / Conceitual Desconstrução; Reconstrução; Minimalismo. (RICHTER; PHILLIPI, 2015). Tendências culinárias que influenciam na alimentação • Cozinha Mediterrânea; • Slow-food; • Cozinha Vegetariana: Ovolactovegetariana; Macrobiótica; Vegana; Raw-food (cozinha crua) – base de sucos, vegetais e frutas. • Cozinha Pura / Orgânica / Sustentável. (RICHTER; PHILLIPI, 2015). Influência dos métodos de cocção nas características sensoriais dos alimentos • Cozimentos que promovem escurecimento (ar seco e/ou óleo) – desenvolver novos sabores, aromas e texturas pela desidratação superficial. • Cozimentos que não promovem escurecimento (Líquido ou vapor) – importantes para o amaciamento em diferentes texturas e valorização da cor e textura. • Branqueamento – auxiliar na cocção. • Gratinar – técnica de finalização • Métodos contemporâneos – Micro-ondas; forno combinado; cocção a vácuo (Sous-vide). (RICHTER; PHILLIPI, 2015). Fundamentos da cozinha clássica • Líquidos que podem melhorar/intensificar o sabor, aroma e cor: • Caldos; • Concentrados; • Extratos. • Ingredientes que podem melhorar o aroma, sabor e cor: • Ervas aromáticas; • Especiarias; • Vegetais aromáticos. (TEICHMAN, 2000). Fundamentos da cozinha clássica Ingredientes que determinam a textura: • Ligações: Base de amido (cereais, raízes, feijões, etc); Proteica (ovo, nata, manteiga, sangue, gelatina); Polissacarídeos (pectina, águar-águar, goma xantana e arábica). Ingredientes finalizadores: • Realçam cor e sabor (páprica, mostarda, açafrão, extrato de tomate); • Realçam textura: Ligas finas (gema e féculas); Gorduras (manteiga, creme de leite, requeijão, etc). (TEICHMAN, 2000). Hotelaria Hospitalar Gastronomia hospitalar Arte de conciliar a prescrição dietética e as restrições alimentares à elaboração de refeições saudáveis e nutritivas, atrativas e saborosas. Objetivos: • Promover aceitação da dieta; • Manutenção e/ou recuperação do estado nutricional (RICHTER; PHILLIPI, 2015). Gastronomia hospitalar • Desafios: Limitações de ingredientes impostos pela dieta Falta de sal Mudança de paladar em decorrência do tratamento Mudança do ambiente doméstico p/ o hospitalar Obrigatoriedade de confinamento Novos horários de refeição (BOEGER, 2017). Fatores a serem considerados para aceitação dos alimentos • Culturais; • Psicológicos; • Ambientais; • Fisiológicos e • Sensoriais. Em muitos casos a realidade é... Prevalência de critérios comerciais em detrimento de aspectos técnicos. (BOEGER, 2017). Nutrição como instrumento de hospitalidade Para isso deve-se utilizar de condições que favoreçam o vínculo, tais como: • Comemorar datas especiais com cardápios variados; • Adequar o cardápio aos hábitos alimentares e culturais; • Decorar preparações • Humanização do atendimento Introduzir cardápios de escolhas Tecnologia aplicada aos serviços de alimentação na hotelaria hospitalar Cook chill • Consiste em resfriar ou congelar os alimentos logo após sua cocção para evitar a proliferação de bactérias e a contaminação, preservando-se suas propriedades. Finalidade • Prolonga o armazenamento dos produtos e facilita a distribuição e o consumo de um alimento saudável, nutritivo e seguro. Fundamenta-se em 3 equipamentos: Forno combinado; Ultracongelador / resfriador (Sous-vide); Câmara fria p/ estocagem. (BOEGER, 2017). Hotelaria Hotelaria • História da hospedagem comercial oferta de alimentação. • Hospedagem comercial de alto nível personalização do serviço de alimentação. A gastronomia torna-se, em muitos casos, o principal atrativo em uma experiência turística (Kivela e Krotts, 2006). É indissociável, influencia na criação do “produto turístico” (Richards, 2002). Setor de A&B Fundamental para o funcionamento de um hotel e é, geralmente, o setor de organização mais complexo. Fazem parte do setor de A&B: • Restaurante; • Bar; • Copa e cozinha: Copa central – 24h. Apoio a bares, piscinas, room service, café da manhã e cozinha central. Cozinha de andar (room service) – agiliza os serviços. Comuns em hotéis de grande porte (MEDEIROS, 2014). Serviços Devem ser equivalentes à categoria (classificação) do estabelecimento. Do mais simples ao mais sofisticado. Mise em place – arrumação e disposição dos elementos no espaço físico. Dependem do tipo de serviço: • Prato feito (empratado); • Americano ou Self service; • Inglês direto – garçom serve o cliente diretamente da bandeja ao prato. • Inglês indireto – garçom monta o prato diante do cliente em uma mesa auxiliar (guéridon); • Francês (diplomata) – garçom apresenta a comida e cliente se serve. (MEDEIROS, 2014). Cardápio • Será de acordo com a finalidade (restaurante, salão de chá, coffee shop, room service, etc); • Deve ter características bem diferentes no que diz respeito ao serviço, tipo de atendimento, ambiente e adequado ao local. O chef precisa: • Valorizar os produtos da terra; • Ter sensibilidade para assimilar o que está a sua volta; • Dominar as técnicas da cozinha clássica. (TEICHMAN, 2009). Eventos Conceitos • Ação do profissional mediante pesquisa, planejamento, organização, coordenação, controle e implantação de um projeto, visando atingir seu público-alvo com medidas concretas e resultados projetados; • Soma de ações previamente planejadas com o objetivo de alcançar resultados definidos perante seu público-alvo (MATIAS, 2013). Tipos de serviços • Breakfast Continental: café ou chá, suco, pão/croissant e manteiga. Buffet (americano):grande variedade de alimentos e bebidas. • Coffee-break: bebidas não alcoólicas e comidas leves. Destinados a propiciar uma pausa para relaxamento (15-30 min). • Almoço Mesa posta Buffet americano • Jantar (MATIAS, 2013). Tipos de serviços • Brunch (breakfast + lunch): EUA. Muito usado em hotéis (à beira da piscina). São servidos doces, salgados, sucos e bebidas alcoólicas leves. • Coquetel: são servidas bebidas e canapés. curta duração. em geral para comemorar data ou acontecimento. • Happy hour: reunião de fim de tarde. Servido coquetel/drinks. (MATIAS, 2013). Eventos gastronômicos Objetivos: • Promover e divulgar a localidade ou região; • Revigorar a imagem da empresa promotora; • Atrair novos clientes, estimulando o mercado potencial; • Apresentar pratos, serviços e instalações; • Aumentar receitas e vendas; • Absorver novas técnicas de serviço pela participação de especialistas; • Revigorar ou mudar a forma de administração dos estabelecimentos; • Aumentar os índices de ocupação na baixa temporada. (ZANELLA, 2004). Cardápios Composição dependerá dos seguintes aspectos: • Tema ou motivo do evento; • No de participantes; • Nível social, idade, sexo dos participantes; • Data e horário; • Período ou estação do ano; • Disponibilidade dos produtos que serão utilizados p/ elaboração dos pratos; • Custos operacionais; • Capacitação dos estabelecimentos; • Qualificação técnica do pessoal; • Tempo de preparação; • Instalações, equipamentos e utensílios à disposição. (ZANELLA, 2004). Recomendações gerais • Evitar a repetição de cardápios e de locais, porque, de acordo com a periodicidade e o público, vai acontecer a monotonia; • Inserir o momento gastronômico adequadamente na programação geral. • Evitar alimentos que deixem odor forte na boca ou que deixem resíduos nos dentes; • Evitar alimentos que exijam “técnica” para ingestão, afastando constrangimentos e possibilitando melhor comunicação entre os comensais; (ZANELLA, 2004). Recapitulando... • De que forma a Gastronomia se relaciona com a Nutrição? • Como a Gastronomia pode influenciar na recuperação de pacientes hospitalizados? • Como o setor de A&B se destaca no ramo de hospedagem? • Quais os principais tipos de serviços oferecidos em eventos e suas características? Indicações bibliográficas • BERNARDES, Silvia M. et al. Cardápio: guia prático para a elaboração. São Paulo: Atheneu, 2001. • BOEGER, M. Hotelaria hospitalar: implantação e gestão. Curitiba: Intersaberes, 2017. • BRILLAT-SAVARIN, Jean-Anthelme. A fisiologia do gosto. São Paulo: Cia. das Letras, 1995. • KIVELA, J. CROTTS, J. C. Tourism and Gastronomy: Gastronomy’s Influence on How Tourists Experience a Destination. Journal of Hospitality and Tourism Research, n. 30, v. 3, p. 354- 377, 2006. • MATIAS, M. Organização de eventos: procedimentos e técnicas. Barueri, SP: Manole, 6. ed. 2013. • RICHARDS, G. Gastronomy: An Essential Ingredient in Tourism Production and Consumption? A. M. Hjalager & G. Richards (Eds.), Tourism and Gastronomy, London: Routledge, p. 3-20, 2002. • SENAC. D.N. A história da gastronomia. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1998. • TEICHMANN, IONE. Cardápios: técnicas e criatividade. Caxias do Sul: EDUCS, 7. ed. 2009. • ZANELLA, L. C. Organização de Eventos: planejamento e operacionalização. São Paulo: Atlas, 2.ed. 2004.