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Distúrbios Nefrológicos Geane Chaves/2016 Sistema Urinário É uma das principais vias que eliminam as impurezas e substâncias abundantes no corpo humano. É formada por um par de rins, um par de ureteres, a bexiga e a uretra. Sistema Urinário Funções: Filtração de substâncias tóxicas e formação da urina (excreção de água); Excreção de produtos de degradação metabólica (ureia, creatinina, fosfatos, sulfatos e ácido úrico); Regulação de eletrólitos (sódio, potássio) e Controle do equilíbrio hídrico; Sistema Urinário Funções: Controle da PA (sistema renina-angiotensina: vasoconstrictor) Produção de eritropoetina (hormônio que controla a produção de células vermelhas do sangue e na resposta do cérebro à lesão neuronal) Síntese de vitamina D e Clearance renal: capacidade renal de depuração plasmática Néfron É a unidade funcional do rim. Um néfron consiste em duas partes: Corpúsculo renal: onde o plasma sanguíneo é filtrado e O túbulo renal: no qual passa o líquido filtrado (filtrado glomerular). Néfron O sangue a ser filtrado chega ao rim pela artéria renal que se ramifica em arteríolas no interior do órgão. A medida que o líquido passa ao longo dos túbulos renais, a ele são adicionados os resíduos e as substâncias que estão em excesso, enquanto os materiais úteis retornam ao sangue nos vasos capilares. Os ductos coletores formam as pirâmides renais, cujas extremidades desembocam nos cálices renais e, estes, convergem para a pelve renal. Da pelve renal partem os ureteres. Ureter, Bexiga Urinária e Uretra função da bexiga é armazenar a urina que vem continuamente dos ureteres até a sua eliminação. Num adulto, pode armazenar um volume de 500ml a 800ml em média. Ureter, Bexiga Urinária e Uretra A uretra é um tubo que conecta a bexiga urinária ao meio externo. Nos homens mede cerca da 18 cm e nas mulheres 3cm. Anamnese e Exame Físico Localização, caráter e duração da dor Relação da dor com a micção Fatores que precipitam e aliviam a dor História de infecção urinária prévia Anamnese e Exame Físico Ocorrência de febre e calafrios Uso de medicamentos, álcool, fumo e drogas Alterações na coloração da urina Distúrbios da micção Inspeção Turgor da pele e das mucosas. Estado de hidratação. Volume urinário Palpação Avaliar volume, forma, consistência e contorno dos rins. O rim direito é palpado com mais facilidade. Exame Físico Palpação direta Manobra Giordano-Pasternatzki (bilaterais lombares da percussão) Ausculta – Artéria Renais Avalia-se a presença de ruídos da artéria renal, que podem ser causados por estenoses ou aneurismas das artérias renais ou da aorta abdominal. Doenças Renais: Complicações Anemia Desnutrição Déficit de Crescimento Hipertensão Arterial Dislipidemia Insuficiência Cardíaca Aterosclerose Osteodistrofia Infecção do Trato Urinário Infecção do trato urinário (ITU) representa um sítio frequente de infecção tanto em pacientes da comunidade como em pacientes internados em unidades hospitalares, representando uma das principais causas de infecção nosocomial. ITU é responsável por 8,3 milhões de visitas médicas anuais nos EUA Infecção do Trato Urinário Corresponde ao segundo sítio mais comum de infecção na população em geral. Entre indivíduos institucionalizados a ITU é a infecção bacteriana mais comum, com 12 a 30% dessa população experimentando um episódio de infecção por ano. A infecção urinária é responsável por cerca de 40% do total de infecções nosocomiais. Infecção do Trato Urinário O sexo feminino é mais vulnerável do que o sexo masculino para ocorrência de infecção urinária. Mulheres adultas têm 50 vezes mais chances de adquirir ITU do que os homens 30% das mulheres apresentam ITU sintomática ao longo da vida. A principal rota de contaminação do trato urinário é por via ascendente. Infecção do Trato Urinário Conceito (ITU): é definida pela presença de bactéria na urina tendo como limite mínimo definido a existência de 100.000 unidades formadoras de colônias bacterianas por mililitro de urina (ufc/ml). Infecção do Trato Urinário Sinais e Sintomas: Polaciúria; Urgência miccional; Disúria; Alteração na coloração e no aspecto da urina, com surgimento de urina turva; Infecção do Trato Urinário Sinais e Sintomas: Alterações no sedimento urinário; Hematúria e piúria (>10.000 leucócitos/mL); Dor abdominal mais notadamente em topografia do hipogástrio (projeção da bexiga) e no dorso (projeção dos rins) podendo surgir febre. Infecção do Trato Urinário Classificação quanto a localização: ITU baixa (cistite) ITU alta (pielonefrite) Quanto à presença de fatores complicadores: ITU não complicada; e ITU complicada. Infecção do Trato Urinário Classificação quanto aos sintomas: Sintomática Assintomática. Obs: na ausência de sintomas, recebe o nome de bacteriúria assintomática. Infecção do Trato Urinário A ITU baixa (cistite): Apresenta-se, habitualmente, com: Disúria; Urgência miccional; Polaciúria; Infecção do Trato Urinário A ITU baixa (cistite): Nictúria e dor suprapúbica. A febre não é um sintoma usual. A urina pode se apresentar turva, pela presença de piúria, e/ou avermelhada; Hematúria. Infecção do Trato Urinário A ITU alta (pielonefrite): se inicia habitualmente com quadro de cistite, sendo frequentemente acompanhada de: Febre elevada, geralmente superior a 38°C; Calafrios; Infecção do Trato Urinário A ITU alta (pielonefrite): Dor lombar uni ou bilateral. Febre, calafrios e dor lombar formam a tríade de sintomas característicos da pielonefrite, estando presentes na maioria dos casos. Infecção do Trato Urinário A ITU alta (pielonefrite): A dor lombar pode se irradiar para o abdômen ou para os flancos ou ainda, para a virilha, situação que sugere mais fortemente a presença de litíase renal associada. Infecção do Trato Urinário A ITU alta (pielonefrite): Os sintomas gerais de um processo infeccioso agudo podem também estar presentes, e sua intensidade é diretamente proporcional à gravidade da pielonefrite. Infecção do Trato Urinário Complicadas: têm maior risco de falha terapêutica e são associadas a fatores que favorecem a ocorrência da infecção. A infecção urinária é complicada quando ocorre em um aparelho urinário com alterações estruturais ou funcionais ou quando se desenvolve em ambiente hospitalar. Infecção do Trato Urinário Alterações anatômicas, estruturais ou funcionais do trato urinário Catéteres, distúrbios miccionais, instrumentação do trato urinário, litíase, neoplasias, desordens neurológicas (Ex: Demência, AVC), pacientes acamados Antecedente de infecções prévias História de ITU na infância, pielonefrite prévia no último ano, ITU refratária no último ano, 3 ou mais episódios de ITU no último ano, colonização por uropatógeno multirresistente, antibioticoterapia recente (menos de um mês). Presença de insuficiência renal Insuficiência pré-renal (Ex: desidratação grave, insuficiência cardíaca), renal (Ex: glomerulopatias) ou pós-renal (Ex: litíase ureteral, hiperplasia prostática). Comorbidades que afetam a capacidade imunológica Diabetes mellitus, desnutrição, insuficiência hepática, imunossupressão (câncer, AIDS), hipotermia. Fatores associados à ocorrência de ITU complicada Infecção do Trato UrinárioTratamento: A escolha da terapia antimicrobiana para a ITU varia de acordo com a apresentação da infecção, hospedeiro e agente. Estratégias envolvendo diferentes esquemas terapêuticos de acordo com grupos específicos de pacientes maximizam os benefícios terapêuticos, além de reduzir os custos, as incidências de efeitos adversos e o surgimento de microrganismos resistentes. Infecção do Trato Urinário Urina Rotina Presença de piúria (≥ 10.000 leucócitos/mL ou ≥ 10 leucócitos/campo), de hematúria e de bacteriúria; Fita positiva para leucocitoesterase e/ou nitrito Urocultura Isolamento do agente etiológico da infecção a partir de bacteriúria significativa (habitualmente ≥ 100.000 UFC/mL) Antibiograma Complementar à urocultura. Fornece os antibióticos potencialmente úteis a serem prescritos a partir do padrão de sensibilidade do microrganismo Hemocultura Não tem valor em pacientes com cistite. Nos casos de pielonefrite positiva em 25 a 60% dos casos e pode indicar maior risco de sepse Exames de Imagem A USG, a TAC e a RM indicação restrita àqueles casos de cistite /pielonefrite não resolvidos com terapia empírica; assumem maior importância para o diagnóstico de complicações e, também, para evidenciar alterações estruturais e/ ou funcionais do sistema urinário. Exames complementares utilizados para o diagnóstico de ITU Insuficiência Renal Aguda Conceito: é a diminuição rápida da capacidade dos rins de eliminar as substâncias tóxicas presentes no sangue, acarretando um acúmulo de produtos da degradação metabólica. Insuficiência Renal Aguda Classificação: Há 3 tipos de IRA dependendo do local onde se dão as alterações agudas: Pré Renal: quando a obstrução ocorre antes dos rins (55% a 60%); Renal: ocorre no rim propriamente dito (35% a 40%); Pós Renal: quando a obstrução ocorre depois dos rins <5%. Insuficiência Renal Aguda IRA Pré-renal: Quando é desencadeada por redução do fluxo plasmático e da TFG, sendo mantida a integridade do parênquima renal. As principais causas são: Desidratação; Choque/sepse/SIRS; Insuficiência Cardíaca; Cirrose/Síndrome Hepatorrenal. Insuficiência Renal Aguda IRA Intrínseca: também chamada de IRA renal ou estrutural, abrange situações em que há dano tissular renal. As principais causas são: Necrose tubular aguda (principal causa); Nefrite intersticial aguda “alérgica” (medicamentosa); Rabdomiólise; Insuficiência Renal Aguda IRA Intrínseca: também chamada de IRA renal ou estrutural, abrange situações em que há dano tissular renal. As principais causas são: Leptospirose (IRA + hipocalemia); Doenças vasculares; Glomerulopatias. Insuficiência Renal Aguda IRA Pós-renal: Condição decorrente de obstruções intra ou extrarrenais. As principais causas são: Hiperplasia prostática; Nefrolitíase; Estenose de uretra; Bexigoma; Fibrose retroperitoneal. Insuficiência Renal Aguda Classificação da IRA quanto à diurese: Não oligúrica: diurese >500ml/dia; Oligúrica: diurese entre 100 e 500ml/dia; Anúrica: diurese <10ml/dia. Insuficiência Renal Aguda Quadro Clínico: na grande maioria dos casos são inespecíficos e dependem do grau acometimento renal. São significativamente mascarados pela doença de base. História de doença sistêmica prévia (HAS, DM e LUES); Uso de medicamentos e contrastes radiológicos; História de traumatismo e cirurgias recentes; Insuficiência Renal Aguda Quadro Clínico: na grande maioria dos casos são inespecíficos e dependem do grau acometimento renal. São significativamente mascarados pela doença de base. História de doença renal prévia e/ou uropatia obstrutiva, no caso de homens idosos; Relato de redução da ingesta hídrica ou perda em grande quantidade, como diurese excessiva ou diarreia. Insuficiência Renal Aguda Diagnóstico: após a anamnese e exame físico, realizam-se exames complementares laboratoriais e de imagem que ajudam a determinar o diagnóstico de IRA: Sangue: ureia, creatinina, gasometria, ionograma; Urina: Avaliação de Na, Cr, Proteinúria, sumário de urina, avaliação de sedimento urinário; Sumário de Urina: ajuda a diferenciar IRA renal de pré- renal. Insuficiência Renal Aguda Exames de Imagem: Radiografia de Abdome: visualização de cálculos; USG (exame de escolha): visualização de obstruções do trato urinário, alterações parenquimatosas, presença de cistos, massas ou cálculos; TAC: cálculos e obstruções não visualizados na USG; Insuficiência Renal Aguda Exames de Imagem: Angiorressonância: lesões vasculares (pouco utilizada, preferível o Dopller colorido); Cintilografia: avalia função e fluxo renal (pouco utilizada também, preferível o Clearence de creatinina. Biópsia renal: em casos bem específicos. Insuficiência Renal Aguda Diagnóstico Diferencial Na prática, um das situações mais comuns no que se refere à IRA consiste na distinção entre IRA pré-renal e NTA. A prova terapêutica com cristaloide pode ser duvidosa e os dados clínicos, muitas vezes, insuficientes. Melhor opção dosar sódio e creatinina urinários, coletados na admissão do paciente. IRA Pré-renal NTA Relação Ureia/creatinina plasmática >40 20 a 30 Sódio urinário <20mEq/l >40mEq/l Fração excretória de sódio (%) <1 >3 Osmolaridade plasmática >500mOsm <350mOsm Densidade urinária >1,020 ≈ 1,010 Sedimento urinário Cilindros Hialinos Hematúria/ piúria/cilindrúria Dados clínicos para Diferenciação de IRA Pré-rena e renal Insuficiência Renal Aguda Tratamento: A IRA é uma condição usualmente reversível se for tratada pronta e adequadamente; O tratamento é multifatorial; Mesmo antes da definição da causa da IRA, inicia-se com correção da volemia, restabelecimento do equilíbrio ácido-básico e controle das manifestações de uremia; Pode ser necessário diálise. Insuficiência Renal Aguda Complicações: em condições de grave acometimento renal, com repercussões sistêmicas, em que o paciente pode evoluir para óbito, está indicada diálise de emergência (hemodiálise, diálise peritoneal e hemofiltração), sendo as principais indicações: Hipercalemia refratária; Hipervolemia refratária; Acidose metabólica grave; Insuficiência Renal Aguda Uremia: SNC: sonolência, tremores, coma e convulsão; Cardiovascular: pericardite e tamponamento pericárdico; Pulmões: congestão pulmonar e pleurite; Aparelho digestivo: hemorragia digestiva. Insuficiência Renal Aguda Prognóstico: Apesar de na maioria das vezes a IRA ser reversível, a mortalidade intra-hospitalar, principalmente dos pacientes internados em UTI, permanece elevada, e eles apresentam risco de desenvolver IRC. Insuficiência Renal Crônica Conceito: É uma deterioração progressiva e irreversível da função renal, na qual a capacidade do organismo de manter o equilíbrio metabólico falha, resultando em acumulo de substâncias degradáveis no organismo. Insuficiência Renal Crônica Causas: Doenças glomerulares crônicas, como por exemplo, glomerulonefrite; Infecções crônicas, como pielonefrite crônica ou tuberculose; Anomalias congênitas, como doença renal policística; Doenças vasculares, como nefroesclerose renal ou HAS; Insuficiência Renal Crônica Causas: Processos obstrutivos, como por exemplo, cálculos; Doenças do colágeno como LUES; Agentes nefrotóxicos, como tratamento prolongado com aminoglicosídeos; Doenças endócrinas, como nefropatia diabética Insuficiência Renal Crônica Complicações: se a IRC não for controlada, as toxinas urêmicas acumulam-se e causam alterações fisiológicaspotencialmente fatais em todos os principais sistemas do organismo. Mesmo em diálise para manutenção ou transplante renal, o paciente pode ter: anemia, neuropatia periférica, complicações cardiopulmonares e GI, disfunção sexual e anormalidades ósseas. Insuficiência Renal Crônica Avaliação A história do cliente pode incluir uma doença ou condição que cause insuficiência renal. Contudo, ele pode ficar absolutamente assintomático por muito tempo. Normalmente, os sintomas aparecem quando a TFG estiver entre 20 a 35% do normal e quase todos os sistemas do organismo estiverem afetados. Insuficiência Renal Crônica Exames Diagnósticos: Sangue: HT e Hb baixos, anormalidades plaquetárias, acidose metabólica, níveis elevados de Ureia,Creatinina, sódio e potássio, glicemia alta, hipertrigliceridemia, etc; Densidade urinária: permanece fixa em 1,010; Sumário de urina: proteinúria, glicosúria, hemácias, leucócitos e cilindros e cristais, dependendo da causa; Insuficiência Renal Crônica Exames Diagnósticos: Exames Radiológicos: evidenciam diminuição do tamanho dos rins; Biópsia renal: possibilita a identificação da patologia subjacente; EEG: mostra alterações sugestivas de encefalopatia metabólica. Insuficiência Renal Crônica Tratamento: Conservador: tem como objetivo corrigir os sintomas específicos; Dieta: hipoproteica*, hipocalêmica e hipossódica; Controles diários: controle rigoroso do balanço hídrico, SSVV, volume de urina peso; Medicações: diuréticos* e anti-hipertensivos e antiheméticos Insuficiência Renal Crônica Tratamento: Anemia: suplemento de ferro, transfusão*, eritropoietina sintética; Fármacos: antipruriginosos, , suplementos de vitaminas ( a e D)e aminoácidos essenciais, diuréticos e outros; Laboratório: monitorização cuidadosa de níveis séricos de potássio e outros íons; Insuficiência Renal Crônica Tratamento: Diálise intensiva e toracocentese: podem aliviar o edema pulmonar e o derrame pleural; Hemodiálise ou diálise peritonial: ajuda a controlar a maioria das manifestações da doença renal terminal; Transplante Renal: pode ser considerado em alguns casos.