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GESTÃO SOCIAL Prof. Dr. José Roberto Pereira Universidade Federal de Lavras (UFLA) Departamento de Administração Pública (DAP) CONCEITOS DE GESTÃO SOCIAL ARAÚJO, Edigilson Tavares de. Gestão social. In: BOULLOSA, Rosana de Freitas (org.). Dicionário para a formação em gestão social. Salvador: CIAGS/UFBA, 2014. p. 85-90. CANÇADO, Airton Cardoso. Gestão social. In: BOULLOSA, Rosana de Freitas (org.). Dicionário para a formação em gestão social. Salvador: CIAGS/UFBA, 2014. p. 80-84. GESTÃO SOCIAL, POR AIRTON CANÇADO Origem: Gestão Social de Políticas Sociais ou de Programas Sociais; Gestão de Organizações do Terceiro Setor É um constructo autóctone do Brasil Mapeamento dos significados do termo apontam para: - Gestão Participativa - Gestão de Organizações Sem Fins Lucrativos UM CONCEITO DE GESTÃO SOCIAL Tomada de decisão coletiva, sem coerção, baseada na inteligibilidade da linguagem, na dialogicidade e no entendimento esclarecido como processo, na transparência como pressuposto e na emancipação enquanto fim último. CATEGORIAS TEÓRICAS DA GESTÃO SOCIAL INTERESSE BEM EMANCIPAÇÃO COMPREENDIDO ESFERAS PÚBLICAS GESTÃO SOCIAL, POR EDIGILSON ARAÚJO vÉ um constructo polissêmico pós-moderno vTendências multi e interdisciplinares vBusca de uma gestão: üDiferenciada üNão Taylorista üNão filantrópica ou beneficente üCaracterizada por princípios e valores éticos, pela participação e dialogicidade, pela horizontalidade nas relações de poder üConstructo inovador Nos principais conceitos surgidos no Brasil, destacam-se: Forte presença de valores de democracia Participação Justiça Equidade Bem-Estar Social Dialogicidade Horizontalidade e solidariedade nas relações Atuação Intersetorial e Interorganizacional VERTENTES CONCEITUAIS 1. Gerenciamento de organizações que atual na área social 2. Gerenciamento de ações públicas sociais 3. Campo de atuação GESTÃO SOCIAL É: é um campo de saberes e prágcas referentes aos modos de gerir interorganizações, territórios e relações sociais, sendo orientado por uma ideologia social e do interesse público, orquestrando diferentes escalas e gpos de poder. CATEGORIAS TEÓRICAS DA GESTÃO SOCIAL ü Interesse Bem Compreendido üDemocracia e Cidadania Deliberativa üEsferas Públicas ü Ação Racional Comunicativa – Dialogicidade üAção Racional Substantiva ü Solidariedade ü Sustentabilidade Processo de discussão Inclusão Pluralismo Igualdade participativa Autonomia Bem Comum üIntersubjetividade üEmancipação GESTÃO SOCIAL como contraposição a GESTÃO ESTRATÉGICA • [A] gestão social tenta substituir a gestão tecnoburocrática, monológica, por um gerenciamento participativo, dialógico, no qual o processo decisório é exercido por diferentes sujeitos sociais. Em seu processo de afirmação, a verdade só existe se todos os participantes da ação admitem sua validade, isto é, a verdade é a promessa de consenso racional, não é uma relação entre o indivíduo e sua percepção do mundo, mas sim um acordo alcançado por meio da crítica intersubjetiva (DICIONÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 2015´, pp. 412-413). • [A gestão estratégica seria] um tipo de ação social utilitarista, fundada no cálculo de meios e fins e implementada mediante a interação de duas ou mais pessoas, na qual uma delas tem autoridade formal sobre a(s) outra(s). Por extensão, esse tipo de ação gerencial seria aquele no qual as organizações empresariais privadas determinariam suas condições de funcionamento e o Estado se imporia à sociedade por meio de processos eminentemente fundados na razão técnica, configurando intervenções de caráter tecnocrático (DICIONÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 2015, p. 412). SENTIDO DE ESTRATÉGIA estratégia 1 arte de coordenar a ação das forças militares, polígcas, econômicas e morais implicadas na condução de um conflito (...) 2 parte da arte militar que trata das operações e movimentos de um exército, até chegar, em condições vantajosas, à presença do inimigo (...) 3 p. ext. arte de aplicar os recursos de que dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao alcance de determinados objegvos 4 p. ext. ardil engenhoso; estratagema, subterfúgio (...); (Houaiss, 2001, p. 1261 – negritos e itálicos do autor). FUNDAMENTO DA GESTÃO SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 • Art. 1o A República Federagva do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consgtui-se em Estado Democrágco de Direito e tem como fundamentos: • I – a soberania; • II – a cidadania; • III – a dignidade da pessoa humana; • IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciagva; • V – o pluralismo polígco. • Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes ou diretamente, nos termos desta Consgtuição (CONSTITUIÇÃO, 1988, p. 3). ESTRATÉGICO- TELEOLÓGICO SOCIAL- COMUNICATIVO • O modelo teleológico do agir ampliado a modelo estratégico quando pelo menos um ator que atua orientado a determinados fins revela-se capaz de integrar ao cálculo de êxito a expectativa de decisões. Esse modelo de ação é frequentemente interpretado de maneira utilitarista; aí supõe que o ator escolhe e calcula os meios e fins segundo aspectos da maximização do proveito ou das expectativas de proveito (HABERMAS, 2012, pp. 164-165 – itálico do autor). • O conceito do agir comunicativo, por fim, refere-se à interação de pelo menos dois sujeitos capazes de falar e agir que estabeleçam uma relação interpessoal (seja com meios verbais ou extraverbais). Os atores buscam um entendimento sobre a situação da ação para, de maneira concordante, coordenar seus planos de ação e, com isso, suas ações. O conceito central de interpretação refere-se em primeira linha à negociação de definições situacionais possíveis de consenso (HABERMAS, 2012, p. 166 – itálico do autor). CONSIDERAÇÕES FINAIS Devemos considerar nessa contraposição entre gestão social (dialógica) e gestão estratégica (monológica) que esta última forma de gestão tem atuado, desde sempre, como meio, instrumento das ciências sociais, notadamente da Administração, e, como tal, tem sido praticada como um conhecimento demarcado pela questão econômica predominantemente normatizada pelo mercado. Gestão social é uma proposta de orientação hermenêutica e a gestão estratégica, de orientação utilitarista. Gestão social preconiza a sociedade como sendo a totalidade, e o mercado, como parte dessa totalidade. ABORDAGENS DA GESTÃO SOCIAL ESTADO REPUBLICANO CONVERGENCIAS E SINGULARIDADES • Abordagem Habermasiana: derivada da teoria crícca frankfurtena, na qual se destacam os trabalhos de Fernando Guilherme Tenório, da EBAPE/FGV e de Genauto Carvalho de França Filho, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); • Abordagem do Desenvolvimento Interorganizacional: baseada na noção de gestão do desenvolvimento social conduzido por interorganizações, desenvolvida pela Prof.a Tânia Maria Diederichs Fischer, coordenadora do Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social (CIAGS), da Universidade Federal da Bahia (UFBA); • abordagem de administração pública societal: de Ana Paula Paes de Paula (UFMG); • abordagem puquiana: que recebe esse nome tendo em vista a origem e/ou local de atuação de seus autores – a Poncmcia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) –, na qual se destacam os textos de Ladislau Dowbor e os livros Gestão social: uma questão em debate (RICO e RAICHELLIS, 1999) e Gestão social, estratégias e parcerias: redescobrindo a essência da administração brasileira de comunidades para o Terceiro Setor (CAVALCANTI e NOGUEIRA, 2006). RELAÇÕES TEÓRICAS ENTRE AS ABORDAGENS DA GESTÃO SOCIAL ABORDAGEM HABERMASIANA ü Embasamento teórico na Escola de Frankfurt e nos pressupostos habermasianos na abordagem crí8ca ü Aproximação teórica com a economia solidária ü Referências ao substan8vismo de Karl Polanyi ü Introdução das concepções de comunidades de prá8ca, principalmente como espaços de aprendizagem dagestão social ü Caráter essencialmente intersubje8vo e dialógico de par8cipação social ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL INTERORGANIZACIONAL ü Ênfase no conceito de interorganizações (ou organizações complexas) ü Organizações em rede ABORDAGEM DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SOCIETAL ü Ênfase na análise de modelos e práIcas de gestão pública – em especial aquelas adotadas no Brasil – para, por meio dessa avaliação, estabelecer modelos alternaIvos e mutuamente excludentes ü GERENCIALISMO x ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SOCIETAL ABORDAGEM PUQUIANA ü Privilegia-se a discussão de iniciaIvas de exercício do poder local por meio da invesIgação de casos concretos, do Brasil e do exterior ü Foco nas Organizações do Terceiro Setor ü Estrutura de atributos normaIvos que se traduzem em novas sociabilidades voltadas para a produção de bens públicos e reprodução dos valores sociais esImados