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Edições e Direitos Autorais

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1ª edição – 2008
2ª edição – 2008
3ª edição – 2009
4ª edição – 2011
5ª edição – 2013
6ª edição – 2015
7ª edição – 2016
8ª edição – 2018
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Capa: Danilo Oliveira
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Produção digital: Ozone
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1ª edição – 2008 / 8ª edição – 2018
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Fechamento desta edição: 01.03.2018
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CIP – BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
M151d
Madaleno, Rolf
Direito de família / Rolf Madaleno. - 8. ed., rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro : Forense, 2018.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-309-8015-3
1. Direito de família. 2. Direito civil - Brasil. I. Título.
18-47957CDU: 347.6(81) Meri GleiceRodriguesdeSouza-BibliotecáriaCRB-7/6439
NOTA DO AUTOR À 8ª EDIÇÃO
Esta obra nasceu em 2008, quando batizada de Curso de Direito de Família e contava, em sua
origem, na primeira edição, com 901 páginas, sofrendo ao longo dos tempos rápidas e constantes
reedições, que não somente foram sendo pontualmente atualizadas, mas, sobremodo, ampliadas, na
busca incessante de fornecer o maior volume de informações doutrinárias e jurisprudenciais no
campo do direito de família, como por igual agora sucede com esta sua oitava edição, fruto da
gratificante acolhida de cada um dos generosos leitores e destinatários deste livro de direito de
família.
Porto Alegre, março de 2018
NOTA DO AUTOR À 7ª EDIÇÃO
É sempre surpreendente e altamente compensador tomar conhecimento de que mais uma
edição se esgota em curto tempo, assim como é igualmente gratificante iniciar a revisão e a
atualização deste trabalho. Dessa forma, é possível trazer a público ideias renovadas e arejadas de
uma sociedade que está sempre aperfeiçoando o Direito de Família e instigando seu estudo, no
círculo virtuoso dessa constante e necessária renovação. Entre os avanços de maior destaque, está a
Lei 13.146/2015, a qual institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Pessoa comDeficiência). Merece igualmente atenção a mudança do título deste livro, que, a partir
desta 7ª edição, passa a ser denominado apenas como Direito de Família.
Porto Alegre, outubro de 2016
NOTA DO AUTOR À 5ª EDIÇÃO
De maneira gratificante, o Curso de Direito de Família chega à sua 5ª edição, mais uma vez
totalmente revista, atualizada, acrescida das alterações legislativas ocorridas no curto espaço de
tempo transcorrido desde sua 4ª edição, cujo lapso temporal trouxe relevantes mudanças, como o
histórico julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, da ADI 4.277 e da ADPF 132, para
reconhecer a união homoafetiva como entidade familiar e garantir aos parceiros homossexuais os
mesmos direitos e deveres da união estável, acrescentando a atenta jurisprudência a sua conversão
emcasamento e abrindo espaço para o matrimônio civil de casais do mesmo sexo.
O direito de visitas dos avós e a usucapião familiar também estão entre alguns dos temas
abordados nesta 5ª edição, que foi significativamente ampliada e cujo resultado, espero, atenda ao
menos em parte as expectativas do leitor.
Porto Alegre, abril de 2013
NOTA DO AUTOR À 4ª EDIÇÃO
O Curso de Direito de Família estava esgotado desde agosto de 2010, já alcança em curto
espaço de tempo a sua 4ª edição, desta feita totalmente revista, atualizada e principalmente
aumentada, especialmente diante das mudanças verificadas no contexto do Direito de Família e sua
repercussão processual, através da Emenda Constitucional n. 66, de 13 de julho de 2010, proveniente
da PEC n. 28/2009 (Proposta de Emenda à Constituição) que teve a iniciativa do IBDFAM e que
eliminou o sistema dual do instituto da separação, do artigo 226, § 6°, da Constituição Federal,
permitindo a implantação do divórcio direto no Brasil e suprimindo a discussão da culpa na
dissolução do casamento; a Lei n. 11.924, de 17 de abril de 2009, que altera o artigo 57 da Lei n.
6.015, de 31 de dezembro de 1973, para autorizar o enteado ou a enteada a adotar o nome da família
do padrasto ou da madrasta; a Lei n. 11.965, de 03 de julho de 2009, que dá nova redação aos artigos
982 e 1.124-A do Código de Processo Civil, para só permitir a lavratura de escritura pública de
separação judicial ou divórcio se os contraentes estiverem assistidos por advogado comum ou
advogados de cada um deles ou por defensor público; a Lei n. 12.004, de 29 de julho de 2009, que
altera a Lei n. 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação de paternidade dos filhos
havidos fora do casamento; a Lei n. 12.008, de 29 de julho de 2009, que altera os artigos 1.211-A,
1.211-B e 1.211-C do Código de Processo Civil, e acrescenta o artigo 69-A à Lei n. 9.874, de 29 de
janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal, a
fim de estender a prioridade na tramitação de procedimentos judiciais e administrativos às pessoas
com idade igual ou superior a 60 anos, ou portadora de doença grave; a Lei n. 12.010, de 03 de
agosto de 2009, que trata da Nova Lei de Adoção e revoga dispositivos do Código Civil atinentes ao
instituto da adoção; a Lei n. 12.013, de 06 de agosto de 2009, que altera o artigo 12 da Lei n. 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, determinando às instituições de ensino obrigatoriedade no envio de
informações escolares aos pais, conviventes ou não com seus filhos; a Lei n. 12.036, de 1° de
outubro de 2009, que altera a Lei de Introdução ao Código Civil, para adequá-lo à Constituição
Federal; a Lei n. 12.100, de 27 de novembro de 2009, que dá nova redação aos artigos 40, 57 e 110
da Lei dos Registros Públicos ao regular a retificação do assentamento civil; a Lei n. 12.127, de 17
de dezembro de 2009, que cria o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos; a
Lei n. 12.133, de 17 de dezembro de 2009, que dá nova redação ao artigo 1.526 do Código Civil,
para determinar que a habilitação para o casamento seja feita pessoalmente perante o oficial do
Registro Civil; a Emenda Constitucional n. 64, que altera o artigo 6° da Constituição Federal, para
introduzir a alimentação como direito social; a Lei n. 12.318, de 26 de agosto de 2010, que dispõe
sobre a alienação parental; a Emenda Constitucional n. 65, de 13 de julho de 2010, que modifica o
artigo 227 da CF, para cuidar dos interesses da juventude; a Lei n. 12.344/2010, que altera o inciso II
do artigo 1.641 do Código Civil e eleva para 70 anos o regimeobrigatório da separação de bens; a
Resolução n. 1.957/2011 do Conselho Federal de Medicina, de 15 de dezembro de 2010, que cria
normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida, além de incluir novos temas,
como o parto anônimo e o direito de visita dos avós. A expectativa segue sendo de que o Curso de
Direito de Família, em sua 4ª edição, continue merecendo a atenção do leitor, estudante e
profissional do Direito.
Porto Alegre, fevereiro de 2011
NOTA DO AUTOR À 3ª EDIÇÃO
A boa acolhida das duas edições anteriores do Curso de Direito de Família permitiu que
pudesse vir a público esta 3ª edição, totalmente revista, ampliada e atualizada de acordo com a Lei
n. 11.698, de 13 de junho de 2008, que cuida da Guarda Compartilhada; a Lei n. 11.737, de 14 de
julho de 2008, que altera o art. 13 da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso); a Lei n. 11.770, de 09
de setembro de 2008, que amplia a licença-maternidade; e a Lei n. 11.804, de 05 de novembro de
2008, que disciplina os alimentos gravídicos. A expectativa é de que o Curso de Direito de Família
continue merecendo a atenção do leitor, estudante e profissional.
Porto Alegre, maio de 2009
PRÓLOGO
O Direito de Família é extremamente dinâmico; acompanha as constantes mudanças sociais,
nossos valores como pessoas e como integrantes de um núcleo familiar; esse também variado,
multiforme, edificado no afeto, induvidosa mola mestra das relações pessoais.
O Código Civil vigente não se apresenta como uma ferramenta completa, totalmente
atualizada, moderna o suficiente para regulamentar todas as inovações intensamente vivenciadas
pela sociedade brasileira, desde a histórica implantação do divórcio no Brasil, com a edição da Lei
n. 6.515/1977, e, posteriormente, com as mudanças fundamentais vertidas para o Direito brasileiro
com a Carta Política de 1988, com o reconhecimento de algumas novas formas de conformação de
entidades familiares, a igualdade dos filhos e dos gêneros.
Foram mudanças significativas no tratamento mais humanizado das relações familiares,
semesquecer do importante papel de adequação que a doutrina e a jurisprudência têm proporcionado
para adaptar as alterações sociais ao texto da lei, abrindo os caminhos naturais de conciliação entre o
texto escrito e a verdade axiológica.
Entretanto, como antes mencionado, o Direito de Família vive em constante ebulição, como
decorrência natural da inquietação do homem em sua incessante busca pela felicidade pessoal e
familiar, direito fundamental de qualquer pessoa como indivíduo e como integrante de uma entidade
familiar, de todos os matizes, afastados dissociados preconceitos e deixada para trás aquela noção
passada e superada de uma família superior, legitimada pela lei e pelo patrimônio.
O Direito de Família atrai e atinge a todos nós, direta e indiretamente, em razão dos novos
comportamentos sociais, sendo admitidas na atualidade relações e formas de agir que em recente
passado sequer poderiam ser cogitadas, porque somos vencidos e superados pelos mutantes valores
sociais. Qualquer resistência soa retrógrada e preconceituosa e os resultados refletem não somente
em nossa conduta e nos vínculos afetivos firmados na dinâmica dos relacionamentos estabelecidos
entre homens e mulheres, pais e filhos e toda a sorte de legítimas formatações familiares.
Essas constantes mudanças sociais e familiares, eu sempre procurei retratar em livros
destinados a pensar e repensar o Direito de Família, destacando pontos específicos, polêmicos,
instigantes e, por vezes, por que não dizer, até inovadores. No entanto, uma das principais
características das relações em família é a sua interminável linha real de evolução, porque o
homemem família e pelas famílias, movido pelo afeto, pelo amor, pela felicidade individual e
coletiva, e especialmente por suas convicções, não se conforma com os limites impostos pela lei, e
nempoderia, pois essa retrata um dado momento da história e registra uma passagem da vida, mas
comatraso, como sempre acontece em relação ao ato de legislar; daí a função preponderante da
jurisprudência.
Há sempre uma outra forma de entender o Direito de Família e de compreender as atitudes das
pessoas, e, portanto, ele não pode ser focado apenas na redação da lei, pois são mundos diversos e
distanciados entre si. O Direito de Família exige a compreensão e interpretação dos textos legais
eminteração com a doutrina e a jurisprudência atuais.
A prática dos foros e dos tribunais com as demandas familistas completa esta indispensável
tríade para a construção de um moderno Curso de Direito de Família, e esta é a proposta do presente
trabalho.
Porto Alegre, julho de 2007
Rolf Madaleno
ÍNDICE GERAL
Capítulo 1 – Introdução ao Direito de Família
1.1. 1.2. 1.3. 1.4.
O Direito de Família e o
Código Civil A
descodificação do
Direito de Família A
organização jurídica da
família A diversidade
familiar
1.4.1. 1.4.2. 1.4.3. 1.4.4.
1.4.5.
A família matrimonial
A família informal A
família monoparental A
família anaparental A
família reconstituída
1.4.5.1.
O apelido da família do padrasto
ou da madrasta (Lei n.
11.924/2009)
1.4.6.
A família
paralela
1.4.6.1. 1.4.6.2.
O olhar
discordante A
união
poliafetiva
1.4.7.
A família
natural
1.4.7.1. 1.4.7.2.
A família extensa ou
ampliada A família
substituta
1.4.8. 1.4.9.
A família
eudemonista A
família
homoafetiva
Capítulo 2 – Noção de Família
2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 2.5. 2.6. 2.7. 2.8.
Conceito de família
Entidade familiar e
proteção do Estado A
disseminação da família
monoparental A
disseminação da família
reconstituída Noção de
Direito de Família
Conteúdo do Direito de
Família Evolução do
Direito de Família A
dessacralização da
família
2.9.
A despatrimonialização
do Direito de Família
Capítulo 3 – Direitos Fundamentais e Princípios de Direito de Família
3.1. 3.2. 3.3. 3.4.
Direitos fundamentais
A eficácia dos direitos
fundamentais
Princípio da dignidade
humana no Direito de Família
O princípio da igualdade
3.4.1. 3.4.2. 3.4.3. 3.4.4. 3.4.5.
3.4.6. 3.4.7. 3.4.8. 3.4.9.
3.4.10.
3.4.11. 3.4.12. 3.4.13. 3.4.14.
3.4.15. 3.4.16. 3.4.17. 3.4.18.
3.4.19.
Igualdade e minorias
Igualdade e grupos
vulneráveis
Igualdade e isonomia
constitucional
Igualdade e crianças
vulneráveis
Igualdade e idosos vulneráveis
Igualdade e mulheres
vulneráveis
A tutela judicial dos
vulneráveis
Igualdade e independência
Igualdade e violência invisível
Igualdade e idade
A terceira idade e o regime de
bens
A experiência doutrinária e
jurisprudencial O idoso e a
alteração do regime de bens
Vigência da Súmula n. 377 do
STF
O idoso e os alimentos
A solidariedade alimentar do
idoso
O idoso como devedor de
alimentos
O idoso e a efetividade das
decisões judiciais Efetividade
e prisão do idoso por dívida
alimentar
3.5. 3.6. 3.7. 3.8. Princípio da
autonomia privada
Princípio da liberdade
Princípio da
solidariedade familiar
Princípio da
monogamia
3.8.1. 3.8.2.
Impedimento do casamento para a
constituição da união estável A
fidelidade
3.9.
Princípio da
diversidade familiar
3.10. 3.11. 3.12. 3.13. 3.14.
3.15.
Princípio da afetividade
Princípio da igualdade da
filiação
Princípio da proteção da
prole
Princípio da proteção do
idoso
Princípio da proteção do
jovem
Princípio da proteção da
pessoa com deficiência
Capítulo 4 – Do Direito Pessoal – Do Casamento
4.1. 4.2. 4.3. 4.4. 4.5.
Definição
Da plena comunhão de
vida Da gratuidade do
casamento civil
Casamento religioso
com efeito civil
Capacidade para o
casamento
4.5.1.
Suprimento judicial de
consentimento
4.6. 4.7.
Dos impedimentos
matrimoniais Das
causas suspensivas
4.7.1. 4.7.2. 4.7.3.
4.7.4.
A Súmula n. 377 do
STF
Revogação da Súmula
n. 377 do STF O
efetivo prejuízo
Legitimidade ativa
4.8.
A habilitação para o
casamento
4.8.1. 4.8.2.
Presunção de morte
Dispensa de
proclamas
4.9.
Da celebração do casamento
4.9.1. 4.9.2. 4.9.3.
Consentimento
O casamento em caso de moléstia
grave e em iminente risco de vida
Casamento por procuração
4.10.
Das provas do
casamento
4.10.1. 4.10.2.
In dubio pro
matrimonioCasamento celebrado
fora do Brasil
4.11.
Da invalidade do
casamento
4.11.1. 4.11.2.
Casamento
inexistente
Casamento nulo
4.11.3.
O casamento
anulável
4.11.3.1. 4.11.3.2. 4.11.3.3. 4.11.3.4.
4.11.3.5. 4.11.3.6.
Das causas de anulação
Identidade, honra e boa fama
Ignorância de crime anterior ao
casamento
Ignorância de defeito físico
irremediável ou de moléstia grave
Ignorância de doença mental grave
Coação
4.12. 4.13.
Prazos para a anulação
do casamento Do
casamento putativo
4.13.1. 4.13.2. 4.13.3.
Pressupostos da
putatividade Efeitos da
putatividade Efeitos
em relação a terceiros
4.14.
A separação de corpos na
invalidade do casamento
4.14.1. 4.14.2. 4.14.3. 4.14.4. 4.14.5.
4.14.6. 4.14.7. 4.14.8.
A tutela antecipada da separação de
corpos
A separação de corpos da Lei n.
11.340/2006 – Lei Maria da Penha Da
cumulação dos pedidos
A nova separação de corpos
A conveniência na determinação da
dignidade humana A separação de
corpos consensual
A separação de corpos para
afastamento do requerente A
separação de fato
Capítulo 5 – Da Eficácia do Casamento
5.1. 5.2. 5.3.
Da eficácia do
casamento
Isonomia e
patronímico
Planejamento
familiar
5.3.1.
Licença-maternidade (Lei
n. 11.770/2008)
5.4. 5.5. 5.6. 5.7. 5.8. 5.9.
Deveres dos cônjuges
Violação dos deveres
conjugais
Dever de fidelidade
recíproca
Infidelidade virtual
A separação de fato e o
dever de fidelidade Vida
em comum no domicílio
conjugal
5.10. 5.11. 5.12. 5.13.
5.14. 5.15. 5.16. 5.17.
Ruptura do dever de
coabitação
Dever de mútua
assistência
Dever de sustento, guarda
e educação dos filhos
Dever de respeito e
consideração mútuos As
relações dos cônjuges no
Direito Empresarial A
direção da sociedade
conjugal
Contribuição conjunta das
despesas do lar Domicílio
conjugal
Capítulo 6 – Da Dissolução da Sociedade Conjugal
6.1.
Do sistema dual de
dissolução
6.1.1.
O divórcio e a Emenda
Constitucional n. 66/2010
6.1.1.1. 6.1.1.2.
O divórcio em colisão com a
separação judicial ou extrajudicialO
divórcio da Emenda Constitucional n.
66/2010 e os deveres dcasamento
6.2. 6.3. 6.4. 6.5. 6.6. 6.7. 6.8.
6.9. 6.10.
6.11. 6.12. 6.13. 6.14. 6.15.
6.16. 6.17. 6.18. 6.19.
O fim da sociedade conjugal
Morte real e morte presumida
O retorno do ausente
Dissolução pela nulidade ou
anulação do casamento A
dissolução da sociedade
conjugal
Da separação amigável
Cláusulas separatórias
Requisitos da separação
amigável
Renúncia à meação
A promessa de doação
Débitos fiscais e partilha
unilateral de bens Da
ratificação judicial
Exceção à ratificação
A ratificação na Lei n.
11.441/2007 e no CPC A
retratação unilateral
A separação causal
Causas genéricas
A separação litigiosa
6.20. 6.21. 6.22.
Separação judicial por causas
objetivas
Culpa e insuportabilidade da vida
conjugal
Direitos e deveres pessoais dos
cônjuges na separação judicial
6.22.1. 6.22.2.
Fidelidade recíproca
Coabitação no
domicílio conjugal
6.23.
Separação de corpos
no divórcio
6.23.1. 6.23.2. 6.23.3. 6.23.4.
6.23.5.
Separação de corpos judicial e
a Lei Maria da Penha Objetivo
da Lei Maria da Penha
Das medidas protetivas de
urgência
Da separação de corpos e a
violência doméstica
Caducidade da medida
6.24. 6.25. 6.26. 6.27.
Mútua assistência
Sustento, guarda e
educação dos filhos
Respeito e consideração
mútuos
Insuportabilidade da
comunhão de vida
6.27.1.
Causas caracterizadoras da
impossibilidade de coabitação
6.27.1.1. 6.27.1.2. 6.27.1.3. 6.27.1.4.
6.27.1.5.
O adultério
Tentativa de morte
Sevícia ou injúria grave
Abandono voluntário do lar conjugal
durante um ano contínuo Abandono
malicioso
6.28. 6.29. 6.30.
Condenação por crime
infamante Conduta
desonrosa
As provas ilícitas no
Direito de Família
6.30.1. 6.30.2. 6.30.3. 6.30.4.
6.30.5. 6.30.6. 6.30.7.
A formação da convicção pela
prova
Princípios da prova
Provas típicas e atípicas
Prova ilícita e prova ilegítima
Provas ilícitas
A utilização das provas ilícitas
no Direito de Família Princípio
da proporcionalidade
6.31.
Separação pela ausência de
comunhão de vida
6.32. 6.33. 6.34.
6.35.
A causa genérica
Separação
objetiva
Ruptura da vida
em comum Grave
doença mental
6.35.1. 6.35.2. 6.35.3.
Reversão dos bens conjugais
A reversão tão somente no
regime da comunhão universal
Separação promovida por
cônjuge incapaz
6.36.
A separação
administrativa
6.36.1. 6.36.2. 6.36.3.
6.36.4. 6.36.5. 6.36.6. 6.36.7.
A separação extrajudicial da Lei n.
11.441/2007 e do CPC/2015 Opção ou
imposição
Divórcio extrajudicial estando a esposa
grávida, ou existindo filhos menores
maiores e incapazes
Reconciliação
Audiência de ratificação
Separação e divórcio por procurador
Cláusulas obrigatórias
6.36.7.1. 6.36.7.2.
Cláusula sobre a
partilha Cláusula
sobre alimentos
6.36.8. 6.36.9. 6.36.10. 6.36.11. 6.36.12. 6.36.13. 6.36.14.
Recusa na escrituração
Ausência de homologação e
separação ou divórcio consular
Intervenção do Ministério Público
Execução das cláusulas
Desconto da pensão em folha
Anulação da escritura
A separação de corpos
extrajudicial
6.37.
Efeitos da dissolução da
sociedade conjugal
6.37.1. 6.37.2. 6.37.3.
6.37.4. 6.37.5. 6.37.6.
Efeitos pessoais com
relação aos cônjuges
Retorno ao apelido de
solteiro
Impossibilidade de contrair
novo casamento Efeitos
com relação aos filhos
Guarda dos filhos
A guarda compartilhada
6.37.7.
Convivência com
os filhos
6.38.
Efeitos materiais:
alimentos entre
cônjuges
6.38.1. 6.38.2. 6.38.3. 6.38.4.
Alimentos dos filhos
Partilha dos bens
Prazo de decadência da separação e
do divórcio extrajudicial Cobrança
de aluguéis
Capítulo 7 – O Dano Moral no Direito de Família
7.1.
O dano moral no Direito de Família
7.2.
O dano moral no âmbito das relações afetivas
7.3.
O Código Civil e o dano moral no Direito de Família
7.4.
Dos argumentos que refutam a exclusão do dano moral no Direito de
Família 7.5.
Os alimentos como forma de indenização
7.6.
Da cumulação do divórcio judicial litigioso com dano moral
7.7.
Os desdobramentos do dano moral no Direito de Família
7.7.1. 7.7.2. 7.7.3. 7.7.4.
A doutrina amplamente
permissiva
A doutrina restritiva do dano
moral
Crítica à gradação do dano
moral
Doutrina contrária ao dano
moral no Direito de Família
7.8. 7.9. 7.10.
Críticas ao dano moral
O reconhecimento do
estado de filiação O dano
moral na investigação de
paternidade
7.10.1.
7.10.2.
7.10.3.
Capítulo 8 – Divórcio
O dano moral na desconstituição da paternidade
O dever da mãe
O dever de velar e o dano moral pelo abandono
físico e psíquico do filho
8.1. 8.2. 8.3. 8.4. 8.5. 8.6.
O divórcio
O divórcio direto
O divórcio e a partilha de
bens
A representação do cônjuge
incapaz no divórcio
Divórcio
consensual-judicial
Divórcio litigioso-judicial
8.6.1.
A contestação no divórcio
judicial
8.7. 8.8. 8.9. 8.10.
8.11. 8.12. 8.13. 8.14. 8.15. 8.16. 8.17.
8.18.
O revogado divórcio por conversão da
separação judicial Divórcio judicial por
conversão consensual
Divórcio judicial por conversão litigioso
O divórcio extrajudicial da Lei n.
11.441/2007 e do CPC O divórcio
extrajudicial por conversão
A revogada exigência da prova da
separação de fato por mínimos dois anos
Efeitos do divórcio
A partilha de bens
Da presença dos cônjuges no divórcio
extrajudicial
O patronímico de casado no divórcio
Pluralidade de divórcios
O divórcio no direito internacional
privado
Capítulo 9 – Da Proteção da Pessoa dos Filhos
9.1. 9.2. 9.3. 9.4.
Da proteção da pessoa dos
filhos
Conceito de guarda
A guarda na separação de fato
e no divórcio judicial Guarda
compartilhada
9.4.1. 9.4.2. 9.4.3. 9.4.4. 9.4.5.
9.4.6.
A guarda compartilhada deveria
pressupor consenso? Imposição
judicial da guarda compartilhada
Tempo de convívio equilibrado
Plano de parentalidade
Alimentos na guarda física
compartilhada
A polêmica guarda compartilhada
de animais de estimação
9.5. 9.6. 9.7.
Direito e dever de
convivência
A multa no direito e dever
de visitas – Astreintes O
direito de visitas dos avós
9.7.1.
Um caso
paradigma
9.8. 9.9.
Síndrome de
Alienação
Parental (SAP)
Síndrome das
falsas
memórias
Capítulo10 – Das Relações de Parentesco
10.1. 10.2. 10.3. 10.4.
10.5. 10.6. 10.7.
As relações familiares
e o parentesco Direito
Romano
Desenlaces parentais
Espécies de família e
relações atuais
Conceito de relações
de parentesco
Parentesco até o quarto
grau Parentesco
10.7.1. 10.7.2. 10.7.3.
10.7.4. 10.7.5.
Contagem de graus
Linhas de parentesco
Tronco
Parentesco por
afinidade Árvore genealógica
10.8.
A
multiparentali
dade
Capítulo 11 – Da Filiação
11.1. 11.2. 11.3. 11.4.
A filiação
Filiação socioafetiva
A desconstituição judicial da
filiação socioafetiva O equívoco
da desconstituição filial para fins
sucessórios
11.4.1. 11.4.2. 11.4.3. 11.4.4. 11.4.5.
11.4.6.
Os filhos e a construção do
patrimônio familiar
Filhos do ECA em confronto com os
filhos da adoção à brasileira O direito
ao conhecimento das origens
genéticas
Decadência da rejeição
Vedação do registro de filho morto
para fins patrimoniais O parto
anônimo
11.5. 11.6. 11.7. 11.8. 11.9.
11.10.
11.11. 11.12.
Investigação de paternidade
movida pelos netos Da
possibilidade jurídica
O posicionamento do STJ
Determinação da
maternidade
A presunção de paternidade
A presunção pater is est
A filiação por presunção na
fecundação assistida A
reprodução assistida no
Código Civil
11.13. 11.14. 11.15. 11.16.
11.17. 11.18.
A inseminação artificial
A inseminação artificial
homóloga A proteção
jurídica do nascituro
Embriões excedentários
A inseminação artificial
heteróloga A fertilização ou
fecundação in vitro (FIV)
11.18.1. 11.18.2. 11.18.3.
A transferência de gametas
para as trompas (GIFT)
Transferência de zigoto para
as trompas (ZIFT) A mãe de
substituição
11.19. A impugnação da
paternidade
11.19.1.
O perigo da
sacralização do DNA
11.20. 11.21. 11.22. 11.23. 11.24.
11.25.
Negativa de paternidade
A imprescritível impugnação da
paternidade
Prova da filiação
Princípio de prova e intimação
pessoal para exame de DNA A
prova judicial da impugnação da
paternidade A presunção de
paternidade pela recusa
11.25.1. 11.25.2. 11.25.3. 11.25.4.
11.25.5. 11.25.6.
A recusa diante do Código Civil
As perícias em DNA no Brasil
A presunção legal no Código Civil
A presunção e a perícia médica de
DNA
A presunção pela recusa
A recusa do filho, da mãe e de outros
parentes ao exame em DNA
11.26. 11.27. 11.28.
Elisão da paternidade
pelo adultério
Reconhecimento da
paternidade O
reconhecimento
voluntário
11.28.1. 11.28.2. 11.28.3. 11.28.4.
11.28.5. 11.28.6.
Outras formas de reconhecimento
voluntário da paternidade
Reconhecimento no registro do
nascimento
Por escritura pública ou escrito
particular
Reconhecimento por testamento
Reconhecimento por manifestação
direta e expressa perante o juiz
Reconhecimento voluntário do artigo
2º da Lei n. 8.560/1992
11.29. 11.30. 11.31.
Reconhecimento de filho
maior e de filho menor
Ação anulatória de
reconhecimento
Reconhecimento judicial da
paternidade
11.31.1. 11.31.2. 11.31.3.
11.31.4. 11.31.5. 11.31.6.
11.31.7. 11.31.8. 11.31.9.
Breve digressão histórica
A equiparação dos filhos
A investigação judicial da
paternidade ou da maternidade
Concubinato, união estável e
presunção de paternidade Rapto e
sua coincidência com as relações
sexuais Escritos
Legitimidade ativa
Legitimidade passiva
Conteúdo da defesa do
investigado
11.31.9.1. 11.31.9.2.
11.31.9.3. 11.31.9.4.
A negativa genérica
A exceptio plurium
concubentium
Impossibilidade física do
congresso sexual Não
coincidência das relações
sexuais
11.31.10.
Meios de
prova
11.31.10.1.
11.31.10.2.
11.31.10.3.
11.31.10.4.
11.31.10.5.
11.31.10.6.
A prova
documental A
prova
testemunhal As
provas
científicas
Provas
hematológicas O
sistema HLA
Perícia em DNA
11.31.11.
11.31.10.6.1.
A recusa ao exame
pericial
A perícia em DNA se
basta?
11.31.12.
Efeitos da Súmula n.
301 do STJ
11.32.
Efeitos da
sentença
11.32.1.
Dos alimentos na
investigatória
11.33.
A coisa julgada na
investigação de
paternidade
Capítulo 12 – Da Adoção
12.1. 12.2. Conceito de
adoção
Considerações
gerais
12.3. 12.4.
12.5. 12.6.
Natureza
jurídica
Referências
históricas A
adoção e o
Código Civil
A Lei
Nacional da
Adoção
12.6.1. 12.6.2. 12.6.3.
12.6.4. 12.6.5. 12.6.6.
Princípio da prevalência
em família Do
acolhimento familiar e
institucional Da família
natural
A família extensa
Destituição do poder
familiar Colocação em
família substituta
12.6.6.1. 12.6.6.2.
Cadastro de adoção
Direito à identidade
genética
12.7.
Requisitos para a
adoção: idade
12.7.1. 12.7.2.
12.7.3.
Diferença de idade
Adoção por casais
Consentimento do
cônjuge
12.8. 12.9. 12.10. 12.11. 12.12.
12.13. 12.14. 12.15. 12.16. 12.17.
Adoção por avós
Adoção por irmãos do adotando
Consentimento dos pais, do
representante e do adotando Adoção
do filho do outro por um dos
cônjuges ou companheiros Adoção
por tutor ou curador
Adoção intuitu personae
Adoção por divorciados
Adoção póstuma
Adoção por estrangeiro
Adoção de nascituro
12.17.1.
Personalidade jurídica
do nascituro
12.18. 12.19.
12.20. 12.21.
Adoção à
brasileira
Adoção de
embriões A
adoção por
homoafetivos
Efeitos pessoais
da adoção
12.21.1
.
Nome
12.21.2. 12.21.3.
A adoção e o poder
familiar Efeitos
patrimoniais da
adoção
12.21.3.1.
12.21.3.2.
Alimentos
Direito
sucessório
12.21.4.
Irrevogabilidade
da adoção
12.22.
O
apadrinhame
nto
Capítulo 13 – Do Poder Familiar
13.1. 13.2. 13.3.
13.4. 13.5.
Breve noção
histórica
Função
Natureza jurídica
Titularidade do
poder familiar
Conteúdo do poder
familiar
13.5.1. 13.5.2. 13.5.3.
13.5.4. 13.5.5.
A representação dos
filhos
Retenção indevida de
filho
Poder familiar e
trabalho
Do usufruto dos bens
dos filhos Da
administração dos bens
dos filhos
13.6. 13.7.
Extinção do poder
familiar A
suspensão do poder
familiar
Capítulo 14 – Do Direito Patrimonial
14.1. 14.2. 14.3. 14.4. 14.5.
14.6. 14.7.
Do regime de bens e sua
natureza jurídica Princípios
gerais
Classificação dos regimes
de bens
O pacto antenupcial
Alteração do regime de
bens
Temor de fraude na
mudança do regime de bens
A práxis da separação de
fachada
14.7.1. 14.7.2.
A retroatividade restritiva do
contrato de convivência O
direito adquirido e a
retroatividade da alteração
14.8. 14.9.
Do regime obrigatório da
separação de bens Da
administração dos bens e
dos bens reservados
14.10. 14.11.
Da reivindicação dos
bens comuns Do
regime legal de bens
14.11.1. 14.11.2.
Bens de caráter
próprio Bens de
caráter comum
14.12.
Regime da comunhão
parcial
14.12.1. 14.12.2.
Fundos privados de
pensão
Bens que ingressam na
comunhão parcial
14.12.2.1. 14.12.2.2. 14.12.2.3.
14.12.2.4.
A título oneroso
Por fato eventual
Doação, herança ou legado
Benfeitorias e acessões e
incremento patrimonial societário
14.12.2.4.1.
Valorização das quotas sociais
ou ações de uma empresa
14.12.2.5. 14.12.2.6.
Frutos civis e naturais
O fundo de comércio
como fruto civil
14.12.2.6.1. 14.12.2.6.2.
A clientela dos profissionais
liberais e as sociedades simples
O aviamento da clientela dos
profissionais liberai
14.12.2.7. 14.12.2.8.
14.12.2.9. 14.12.2.10.
Aquisição com causa anterior
Partilha de quotas
Partilha de quotas no juízo
cível e não de família Dívidas
dos cônjuges
14.13.
Do regime de
comunhão universal
14.13.1.
Bens excluídos da
comunhão universal
14.13.1.1. 14.13.1.2. 14.13.1.3.
14.13.1.4. 14.13.1.5.
Bens doados ou herdados com
incomunicabilidade Bens
gravados de fideicomisso
Dívidas anteriores ao
casamento
Doações antenupciais
Os bens dos incisos V a VII do
art. 1.659 do CC
14.13.2. 14.13.3.
Comunicação dos frutos e
administração dos bens
Extinção da responsabilidade
e do regime de bens
14.14.
Do regime de participação
final nos aquestos
14.14.1.
Na Costa
Rica
14.14.2. 14.14.3. 14.14.4. 14.14.5.
14.14.6. 14.14.7. 14.14.8. 14.14.9.
14.14.10.
14.14.11. 14.14.12. 14.14.13.
14.14.14. 14.14.15. 14.14.16.
14.14.17.
Na Alemanha
Na França
Na Espanha
No Brasil
Características do regime de
participação final nos aquestos
Aquisição onerosa
Separação e termo inicial de partição
dos aquestos Má administração
Risco de fraude na divisãodos bens
conjugais
A ideia da liquidação antecipada
Medidas cautelares no regime de
participação final nos aquestos
Regime de compensações
Dívidas pessoais
Irrenunciabilidade do direito à
meação
Regras de liquidação
Disposição hereditária
14.15. 14.16.
Do regime da
separação de bens
Mantença da família
14.16.1.
Compensação econômica
(alimentos compensatórios)
14.17. 14.18. 14.19. 14.20.
A separação obrigatória de
bens
A separação convencional
de bens
Os bens adquiridos durante
a separação de fato Da
fraude na partilha
14.20.1. 14.20.2. 14.20.3.
14.20.4. 14.20.5. 14.20.6.
14.20.7. 14.20.8. 14.20.9.
O lastro matrimonial
A presunção de
comunidade
A separação e seu efeito na
partilha A autonomia
privada
A fraude
A fraude societária
A fraude pela mudança do
tipo social A fraude pela
interposta pessoa física A
boa-fé
14.20.10. 14.20.11.
14.20.12. 14.20.13.
14.20.14. 14.20.15.
14.20.16. 14.20.17.
14.20.18.
A fraude no casamento do
Código Civil A fraude nos
regimes de bens
A fraude na união estável
A outorga do convivente
A indenização pela
inoponibilidade Uma
solução argentina
A fraude pela formação de
dívidas A prova da fraude e
da simulação A anulação da
partilha e decadência
14.21.
Do usufruto e da
administração dos bens dos
filhos menores
14.21.1.
Bens excluídos do
usufruto
14.22.
Da usucapião
familiar pelo
abandono do lar
Capítulo 15 – Dos Alimentos
15.1. 15.2.
Conceito
Espécies de
alimentos
15.2.1. 15.2.2.
15.2.3.
Quanto à sua
natureza Quanto
à causa jurídica
Quanto à
finalidade
15.2.3.1. 15.2.3.2. 15.2.3.3. 15.2.3.4.
15.2.3.5. 15.2.3.6. 15.2.3.7.
Alimentos provisórios
Alimentos em tutela provisória
Alimentos da tutela antecipada
A fungibilidade do parágrafo único
do artigo 305 do CPC de
20Pressupostos para a concessão da
tutela antecipada Tempo de duração
da tutela antecipada
Da consagração da tutela antecipada
para provimento alimentar
15.2.4.
Quanto ao momento em
que são reclamados
15.2.4.1.
Alimentos pretéritos
e futuros
15.3.
Características da
obrigação alimentar
15.3.1. 15.3.2. 15.3.3.
Direito personalíssimo
Transmissibilidade
Divisibilidade
15.3.3.1.
Litisconsórcio na ação
de alimentos
15.3.3.2.
Da solidariedade nos
alimentos do idoso
15.3.4. 15.3.5. 15.3.6.
15.3.7. 15.3.8. 15.3.9.
15.3.10.
15.3.3.2.1.
Condicionalidade
Reciprocidade
Alternatividade
Imprescritibilidade
Irrepetibilidade
Incompensabilidade
Irrenunciabilidade
O título executivo
extrajudicial dos alimentos
do idoso
15.3.10.1. 15.3.10.2. 15.3.10.3.
15.3.10.4. 15.3.10.5. 15.3.10.6.
15.3.10.7. 15.3.10.8.
A validade histórica da renúncia
alimentar
Renúncia expressa
A disponibilidade alimentar no
vigente Código Civil A renúncia
aos alimentos no Projeto de Lei n.
6.960/2002 A irrenunciabilidade
alimentar
O indevido retrocesso
A compensação como nova forma
de acordo alimentar A renúncia
alimentar à luz do atual Código
Civil
15.3.11.
Impenhorabili
dade
15.4.
Obrigação alimentar de tios,
sobrinhos, primos e parentes afins
15.4.1.
Os alimentos na
família reconstituída
15.5. 15.6. 15.7.
Obrigação alimentar
entre ascendentes e
descendentes Os
alimentos na guarda e
na tutela do eca Os
alimentos do nascituro
15.7.1.
Dos alimentos
gravídicos
15.8. 15.9. 15.10.
Os alimentos dos relativamente
incapazes A representação pelo
Ministério Público nos
alimentos O constrangimento
da ação ou da execução
alimentar
15.10.1. 15.10.2.
O abuso do direito
Falta de alimentos como
violência doméstica
15.11. 15.12.
Alimentos e
prestação de contas
Alimentos com a
maioridade civil
15.12.1.
Maioridade civil e exercício
abusivo do direito de alimentos
15.13. 15.14.
Dever de sustento e obrigação
Formas alternativas de eficácia do
pagamento dos alimentos
15.14.1. 15.14.2. 15.14.3. 15.14.4.
15.14.5. 15.14.6.
O protesto dos alimentos
A constituição de capital
Astreintes
O abandono material e a prisão
descontínua Perda do poder
familiar
Medidas executivas atípicas
15.15.
Dos alimentos
entre parentes
15.15.1.
Alimentos na guarda
compartilhada
15.16. 15.17. 15.18.
15.19. 15.20. 15.21.
15.22.
Dos alimentos dos
avós
Da transmissão
hereditária do dever
alimentar Dos
alimentos dos
cônjuges
Alimentos dos
conviventes
Igualdade e
independência
econômica Dos
alimentos na
homoafetividade
Rubrica alimentar
15.22.1.
15.22.2.
15.22.3.
15.22.4.
15.22.5.
15.22.6.
Alimentaçã
o
Habitação
Educação
Saúde
Vestuário
Lazer
15.23. 15.24.
Base de incidência dos
alimentos Pensão intuitu
familiae e intuitu
personae
15.24.1.
Alimentos em espécie ou
in natura
15.25.
Dos alimentos
transitórios
15.25.1.
A duração dos
alimentos transitórios
15.26.
Alimentos
compensatórios ou
compensação
econômica
15.26.1. 15.26.2.
A pensão alimentícia e
a compensação
econômica Alimentos
compensatórios e
compensação
econômica
15.26.3. 15.26.4. 15.26.5.
Outras diferenças entre obrigação de
alimentos e compensação econômica
Responsabilidade objetiva no Direito de
Família
A duração da compensação econômica
15.27.
A restituição dos
alimentos
15.27.1. 15.27.2. 15.27.3.
O abuso do direito nos
alimentos
Do abuso do direito nas
relações de família Uma
solução argentina para a
fraude alimentar
15.28. 15.29.
Da renúncia e da
exoneração dos alimentos
Perda do crédito alimentar
por novo relacionamento
15.29.1. 15.29.2.
Conduta irregular
da ex-mulher
Comportamento
indigno
15.30.
A desconsideração da personalidade
física e jurídica nos alimentos
15.30.1. 15.30.2. 15.30.3.
Sua incidência processual
A desconsideração ativa
A desconsideração ativa inversa e a
quebra do sigilo fiscal, contábil e
bancário
15.31. 15.32. 15.33. 15.34.
A oferta de alimentos
A majoração e redução dos alimentos
e sua atualização automática
Cessação da obrigação de prestar
alimentos
A execução de alimentos
15.34.1. 15.34.2. 15.34.3.
15.34.4. 15.34.5. 15.34.6.
Do cumprimento da
sentença
Aplicação de multa
A defesa no cumprimento
da sentença Sentença para
ser cumprida
Do cumprimento da
sentença nos alimentos
Do procedimento
expropriatório
15.35. 15.36.
Da execução
internacional dos
alimentos A
intributabilidade da
pensão alimentícia
15.36.1. 15.36.2. 15.36.3.
15.36.4.
A participação da mulher nas
atividades econômicas A
coabitação
Alimentos entre cônjuges
A função social da família
15.36.5. 15.36.6. 15.36.7.
15.36.8.
A necessidade de uma política
de proteção familiar O mínimo
existencial
Renda e proventos
A tributação familiar
15.36.8.1.
A condição de
dependente
15.36.9. 15.36.10. 15.36.11.
15.36.12. 15.36.13.
A capacidade colaborativa
O imposto de renda sobre a
pensão alimentícia A
ausência de acréscimo
patrimonial A pensão
alimentícia como encargo
de família Os alimentos e
seu caráter indenizatório
Capítulo 16 – Do Bem de Família
16.1. 16.2. 16.3.
16.4.
Bem de família
Conceito de bem de
família O advento da
Lei n. 8.009/1990 O
bem de família do
Código Civil
16.4.1. 16.4.2. 16.4.3.
16.4.4.
Objeto do bem de
família voluntário Valor
do bem de família
voluntário
Procedimento de
constituição e efeitos
Das isenções
16.5.
Extinção do bem
de família
Capítulo 17 – Da União Estável
17.1. 17.2. 17.3.
17.4. 17.5. 17.6.
17.7.
Antecedentes
históricos
A Constituição
Federal de 1988 A
Lei n. 8.971/1994
A Lei n. 9.278/1996
O projeto de Lei n.
2.686/1996 Origem
e definição
A expansão das
uniões livres
17.7.1. 17.7.2.
17.7.3.
Motivos
econômicos
Motivos sociais
Motivos legais
17.7.4. 17.7.5. 17.7.6.
Motivos ideológicos
Motivos raciais e religiosos
Outras causas de
disseminação da união
estável
17.8.
Pressupostos de
configuração da união
estável
17.8.1.
Diversidade de
sexos
17.8.2.
17.8.1.1.
Coabitação
União
homoafetiva
17.8.3. 17.8.4. 17.8.5.
17.8.6. 17.8.7. 17.8.8.
Prazo para constituição
Existência de precedente
casamento Convivência
pública
Continuidade
Com objetivo de
constituir família
Inexistência de
impedimento
matrimonial
17.9. 17.10. Conceito de união
estável
Direitos e deveres dos conviventes
17.10.1. 17.10.2.
17.10.3. 17.10.4.
17.10.5. 17.10.6.
17.10.7.
Lealdade
Respeito
Assistência
Dever imaterial
Guarda, sustentoe
educação dos filhos A
coabitação como dever
natural O nome na
união estável
17.11.
Contrato de
convivência
17.11.1. 17.11.2. 17.11.3. 17.11.4.
17.11.5. 17.11.6.
A retroatividade restritiva do
contrato de convivência A
mudança do regime de bens na
conversão em casamento Regime
de bens
Conversão em casamento
Usufruto e direito real de
habitação
Contrato de namoro
17.12.
Concubinato e
relações paralelas
17.12.1. 17.12.2.
O olhar discordante
O concubinato e a
monogamia
17.12.3. 17.12.4.
17.12.5. 17.12.6.
Do concubinato de
boa-fé
O concubinato e a
doação
O concubinato e a
deixa testamentária
O concubinato e a
previdência social
17.13.
Dissolução da
união estável
Capítulo 18 – Tutela
18.1. 18.2. 18.3. 18.4. 18.5.
18.6. 18.7. 18.8. 18.9. 18.10.
18.11.
Conceito
Menores submetidos à tutela
A tutela no Direito Romano
A tutela no Estatuto da
Criança e do Adolescente
Modalidades de tutela
Tutela testamentária
Tutela legítima
Tutela dativa
Tutela funcional
Exclusividade da tutela
Incapazes de exercer a tutela
18.11.1.
Idoneidad
e
18.12. 18.13.
Designação do
convivente como tutor
Escusa dos tutores
18.13.1. 18.13.2. 18.13.3. 18.13.4.
18.13.5. 18.13.6. 18.13.7. 18.13.8.
Mulheres casadas
Maiores de sessenta anos
Aqueles que tiverem sob sua
autoridade mais de três filhos
Enfermidade
Habitação distante
Os que já exercerem tutela ou
curatela
Militares em serviço
Aos que não forem parentes do
menor
18.14. 18.15.
Prazo de escusa e
decisão judicial Do
exercício da tutela
18.15.1. 18.15.2.
Do exercício da tutela quanto à
pessoa do tutelado Do exercício
da tutela quanto ao patrimônio
do tutelado
18.15.3.
A administração dos bens
e a tutela conjunta
18.16.
Atribuições
do tutor
18.16.1.
Atos de competência do tutor sujeitos
à prévia autorização judicial
18.17. 18.18.
18.19. 18.20.
18.21. 18.22.
18.23. 18.24.
18.25. 18.26.
Vedações ao
tutor
Garantia da
tutela
O protutor
Responsabilidade
do juiz
Remuneração do
tutor
Responsabilidade
do tutor Bens do
tutelado
Prestação de
contas Cessação
da tutela
Das funções do
tutor
Capítulo 19 – Da Curatela
19.1. 19.2. 19.3. 19.4.
19.5. 19.6. 19.7.
Da curatela
Conceito
Pessoas sujeitas à
curatela Curatela do
nascituro
Velhice
Curatela no Direito
Romano
Enfermidade ou
deficiência mental
19.7.1.
Intervalos lúcidos
19.8. 19.9. 19.10. 19.11. 19.12. 19.13. 19.14.
19.15. 19.16. 19.17.
Aqueles que, por causa transitória ou
permanente, não puderem exprimir sua
vontade Deficientes mentais
Ébrios habituais
Os viciados em tóxicos
Os pródigos
Autocuratela
Ação de interdição
Das disposições comuns à tutela e à curatela
Pessoas habilitadas ao exercício da curatela
Curatela conjunta
19.18.
19.19.
19.20.
19.21.
Bibliografia
Efeitos jurídicos da
sentença de interdição
Levantamento da interdição
Cessação da curatela
Da tomada de decisão
apoiada
Capítulo 1
INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA
1.1.
O DIREITO DE FAMÍLIA E O CÓDIGO CIVIL
Em meados de agosto de 2001 foi aprovada a redação final do vigente Código Civil brasileiro,
que, sancionado sem vetos pelo Presidente da República, resultou na Lei n. 10.406, de 10 de janeiro
de 2002. Surgiram muitas críticas ao texto aprovado por votação simbólica na Câmara dos
Deputados, despontando entre os seus opositores Caio Mário da Silva Pereira, ao destacar que o
texto consolidado se revelava muito tímido e divorciado do progresso social, em troca do
comodismo das soluções passadistas.1
Francisco José Cahali2também não demonstrou maior ânimo com o livro familista codificado
para as próximas gerações, vaticinando que muitas das disposições do então novo Código apenas
reproduziam a legislação precedente, ou a simples confirmação das regras vigentes, embora escritas
em outros termos.
As críticas apresentadas ao Código Civil foram pontualmente rebatidas por Miguel Reale, que,
em 1960, fora convidado pelo Ministro da Justiça Luis Antonio da Gama e Silva, no governo do
Presidente Costa e Silva para redigir o Projeto do novo Código Civil, em decorrência do falecimento
de Francisco Campos. Miguel Reale assumiu a coordenação do Projeto e foi nomeada, a 23 de maio
de 1969, uma Comissão Revisora e Elaboradora do Código Civil, constituída pelo próprio Miguel
Reale; pelo Ministro José Carlos Moreira Alves; Agostinho de Arruda Alvim; Sylvio Marcondes;
Erbert Chamoun, Torquato Castro e, encarregado do livro de Direito de Família, o jurista Clóvis do
Couto e Silva.3 Aos contestadores do neófito Código Civil, Miguel Reale respondeu não haver
qualquer sentido afirmar-se que, em razão do longo tempo transcorrido, o Código já nasceria
superado, pois teriam sido aproveitadas todas as oportunidades para sua atualização e complemento,
tanto quando da passagem do Projeto pela Câmara dos Deputados como no Senado Federal.4
Observou em suplemento, que todas as mudanças substanciais surgidas no curso do tempo
transcorrido entre a criação da Comissão encarregada da elaboração do novo Código Civil,
aprovação e sanção presidencial do então denominado Projeto n. 634/1975 ocupou 26 anos de
“progressiva e incessante atualização”.5
Em que pese a relevância dos argumentos do Professor Miguel Reale, efetivamente, o Código
Civil entrou em vigor com induvidosas defasagens e isso ficou muito claro quando trazida à
memória a longa trajetória percorrida pelo Projeto de Lei n. 634/1975 do Código Civil brasileiro,
cuja tramitação legislativa no Congresso Nacional demorou vinte e seis anos, intercalando andanças
entre a Câmara dos Deputados e o Senado, e em cujo período a sociedade brasileira realmente
testemunhou significativas tranformações sucedidas no campo do Direito de Família e em especial
no comportamento social da família brasileira depois de reescrito o Direito e depois de alterada a
conduta social, que revisou os conceitos de ética e de moral entre cada integrante da célula familiar
da multifacetária sociedade brasileira, originariamente modelada à luz dos cânones da Igreja
Católica e dos valores configurados a partir de uma visão patrimonial da família.
Assim ficou registrado pelas marchas e contramarchas na provação e aprovação do divórcio,
instituto admitido com inúmeras limitações, para ser gradativamente ampliado, sobrevindo no meio
familiar brasileiro questões relacionadas com a igualdade dos filhos e cônjuges, alargamento das
formas legais de constituir família, como o reconhecimento constitucional da união estável e,
sobretudo, pela completa revisão do Direito de Família.
Tendo como marco inicial a Carta Federal de 1988, o Direito de Família passou a ser balizado
pela ótica exclusiva dos valores maiores da dignidade e da realização da pessoa humana,
semdesconsiderar os notáveis avanços da ciência, permitindo a pesquisa certeira da identidade
genética para investigação da paternidade ou da maternidade.
À vista de tantas alterações sociais, legais e científicas, Caio Mário da Silva Pereira disse ter o
legislador perdido a oportunidade de tratar de temas da maior importância, como ocorreu no campo
da fertilização assistida.
Mais uma vez rebatendo tais críticas, escreveu Miguel Reale, ser “próprio de um Código
albergar somente questões que se revistam de certa estabilidade, de certa perspectiva de duração,
sendo incompatível com novidades ainda pendentes de estudos. O projeto deve se limitar, por
conseguinte, àquilo que é da esfera civil, deixando para a legislação especial a disciplina de assuntos
que dela extrapolem”.6
E quando questionado pelo fato de que o novo Código Civil teria, por exemplo, se olvidado de
versar sobre os direitos do nascituro fertilizado in vitro, o Professor Miguel Reale respondeu que:
“Novidades como o filho de proveta só podem ser objeto de leis especiais. Mesmo porque
transcendem o campo do Direito Civil.” E concluiu ser função do Código dar tão só “guarida aos
institutos e soluções normativas já dotados de certa sedimentação e estabilidade, deixando à
legislação aditiva a disciplina de questões ainda objeto de fortes dúvidas e contrastes, em virtude de
mutações sociais em curso, ou na dependênciade mais claras colocações doutrinárias, ou ainda
quando fossem previsíveis alterações sucessivas para adaptações da lei à experiência social e
econômica.”7
O Direito de Família integra o Livro IV da Parte Especial do Código Civil, cujo texto original
fora redigido pelo jurista Clóvis do Couto e Silva, e no qual ocorreu o maior número de alterações,
na ordem de 42% das emendas aprovadas, tudo com o propósito de adaptar os seus dispositivos à
tutela da nova diretriz do direito familista brasileiro, e que no curso destes últimos anos vem sendo
progressivamente alterado com o intuito de se aproximar cada vez mais dos princípios
constitucionais vigentes e de uma efetiva autonomia privada no campo das relações do Direito de
Família, devendo, quem sabe, para ficar definitivamente em sintonia com as mais avançadas
legislações familistas do mundo ocidental, abrir caminho para uma paulatina autodeterminação
também no âmbito das relações verticais de família.
1.2.
A DESCODIFICAÇÃO DO DIREITO DE FAMÍLIA
Toda essa longa gestação até a aprovação final do Codex em vigor aguçava proposições de
descodificação do Código Civil, por ser preferível a consolidação de leis que complementem cada
segmento da sociedade civil. Caio Mário da Silva Pereira argumentava que “a celeridade da vida
não pode ser detida pelas muralhas de um direito codificado”.8
Noutro texto concluía9 ser mais “lógico, mais científico e mais prático reformar o Código Civil
por segmentos de que, por vaidade ou preconceito, refazê-lo por inteiro, posto que imperfeito e
superado”.
Foi a hipótese exatamente verificada com a demora transcorrida na edificação do Código Civil
brasileiro, ao tramitar durante vinte e seis anos, contados da criação do Projeto n. 634/1975, até ser
sancionado; e, embora o texto tivesse absorvido no Livro de Direito de Família uma quantidade
expressiva de emendas, mesmo assim não permitiram pudesse restar recepcionado como um Código
moderno, verdadeiramente atualizado e coerente com as mudanças sociais ocorridas ao largo dessas
quase três décadas de uma ebulição social, cujo efeito profetizou Caio Mário da Silva Pereira que:
“Em poucos anos uma legislação mais prática, mais realista e mais sensível às inovações do
progresso voltar-se-á para o Código resultante do Projeto em discussão e o tomará nas mãos para
refazer o trabalho sob o mesmo argumento de sua rápida vetustez.”10
E, justamente diante da complexidade das transformações verificadas na realidade sociocultural
brasileira, frente aos novos arranjos e composições familiares que se materializaram sem que a Lei
tivesse tempo de prever e proteger seus direitos, foi que o Instituto Brasileiro de Direito de Família
(IBDFAM), atento às transformações apanhadas dessa nova realidade social, se empenhou em
trabalhar, em um primeiro momento, na construção do Projeto de Lei n. 2.285/2007, para reescrever
o Direito de Família e assim criar o Estatuto das Famílias, cujo projeto foi então encabeçado pelo
Deputado Federal Sérgio Barradas Carneiro, que se encarregou de apresentá-lo ao Congresso
Nacional. De acordo com a exposição de motivos apresentada pela Comissão de Sistematização do
Estatuto das Famílias, cuja composição fora formada por Giselda Maria Fernandes Novaes
Hironaka; Luiz Edson Fachin; Maria Berenice Dias; Paulo Luiz Netto Lôbo, Rodrigo da Cunha
Pereira; Rolf Madaleno e Rosana Fachin, “o Estatuto das Famílias, além de incorporar vários
projetos de lei específicos que tramitavam no Congresso Nacional, buscava soluções para conflitos e
demandas familiares, a partir de novos valores jurídicos como o afeto, o cuidado, a solidariedade e a
pluralidade”.
Essa mesma distância sentida entre o texto codificado e a realidade social vivenciada pela
família brasileira foi destacada na justificativa elaborada pelo Deputado Sérgio Barradas Carneiro ao
debutar então, no Congresso Nacional o Projeto de Lei n. 2.285/2007 (Estatuto das Famílias),
quando, aludindo ao Código Civil de 2002 destacou haver “a doutrina especializada demonstrado à
saciedade a inadequação da aparente nova roupagem normativa que tem gerado intensas
controvérsias e dificuldades em sua aplicação” e que submetia ao Congresso Nacional o presente
projeto de lei, denominado Estatuto das Famílias, convencido de que ele traduz os valores
consagrados nos princípios emergentes dos artigos 226 a 230 da Constituição Federal e protege as
variadas entidades familiares presentes na moderna sociedade brasileira.
O IBDFAM, entidade que congrega perto de 12.000 profissionais e estudiosos do Direito das
Famílias, entre advogados, magistrados, membros do Ministério Público, defensores públicos,
psicólogos, psicanalistas, antropólogos, professores, pedagogos, sociólogos e outros profissionais,
promoveu nova revisão sistemática do Livro IV da Parte Especial do Código Civil e elaborou novo
projeto de lei, com a denominação de “Estatuto das Famílias”, colacionando os valores consagrados
nos princípios e garantias constitucionais, cujo encaminhamento ao Senado Federal foi confiado ao
Senador Eduardo Suplicy. Este é identificado no Senado Federal como Projeto de Lei do Senado
(PLS) n. 470/2013, de autoria da Senadora Lídice da Mata e tendo recebido parecer favorável do
Senador João Capiberibe e estando ainda em tramitação legislativa.
1.3.
A ORGANIZAÇÃO JURÍDICA DA FAMÍLIA
A Constituição Federal de 1988 realizou a primeira e verdadeira grande revolução no Direito
de Família brasileiro, a partir de três eixos:11 a) o da família plural, com várias formas de
constituição (casamento, união estável e a monoparentalidade familiar); b) a igualdade no enfoque
jurídico da filiação, antes eivada de preconceitos; e c) a consagração do princípio da igualdade entre
homens e mulheres.
E, se nestes três eixos ampara-se a vigente codificação do Direito de Família brasileiro,
compete examinar detidamente o texto aprovado e da sua análise meticulosa conferir se se trata de
obra final e acabada, ou se, como insistentemente tem ecoado pela doutrina familista nacional,
apenas nos defrontamos com a reprodução dos dispositivos já preexistentes e que em algumas
passagens chegam a representar um retrocesso aos avanços anteriormente alcançados pelo esforço
reiterado dos estudiosos e da jurisprudência brasileira.
Para Euclides Oliveira e Giselda Hironaka,12 o originário Projeto de Lei n. 634/1975 apenas foi
realinhado com a ordem constitucional, nada mais sendo feito pelo Senado Federal, que se omitiu de
dar um passo mais ousado.
De qualquer forma, diante das novas evidências surgidas depois do advento do Código Civil de
2002, já não é mais possível ficar simplesmente contemplando os frágeis mecanismos de proteção
das famílias nacionais, como tampouco seria aceitável virar as costas, como fez a Constituição
Federal, para os diferentes arranjos que compõem o mosaico familiar da sociedade mundial e não é
nada diferente no Brasil, especialmente depois da edição da Lei n. 12.010, de 03 de agosto de 2009
– Nova Lei da Adoção – ao programar expressamente na legislação brasileira as novas referências
familiares que ultrapassam o rol taxativo da Carta Federal de 1988, cujo modelo claramente
superado, abarca apenas a família matrimonial, a família formada pela união estável e a família
monoparental. E, notadamente, depois da histórica decisão do Supremo Tribunal Federal em face da
ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 4.277/2009 e à ADPF (Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental) 132/2008, que, por votação unânime, julgou procedente a ação, com
eficácia erga omnes e efeito vinculante, para dar ao artigo 1.723 do Código Civil interpretação
conforme à Constituição Federal, e dele excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento
da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como “entidade familiar”,
entendida como sinônimo perfeito de “família”, tratando o Conselho Nacional de Justiça de editar,
posteriormente, a Resolução n. 175, de 14 de maio de 2013, para vedar às autoridades competentes
de se recusarem a habilitação,celebração de casamento civil ou de conversão de união estável
emcasamento entre pessoas do mesmo sexo.
Embora seja verdade que a Constituição Federal foi revolucionária ao expandir o conceito
oficial de família e permitir o reconhecimento de outros modelos de relação familiar que não
fossemobrigatoriamente ligados ao casamento, e diante dessa realidade estender à união estável e à
família monoparental o mesmo braço protetor destinado ao matrimônio (CF, art. 226), não é possível
desconsiderar a pluralidade familiar e de cujo extenso leque o Estatuto da Criança e do Adolescente,
com a incorporação dessa filosofia pluralista, reuniu em texto escrito o reconhecimento oficial de
diferentes modelos de núcleos familiares: como a família natural, a família ampliada e a família
substituta.13
Haveria evidente equívoco imaginar pudesse o texto constitucional restringir sua proteção
estatal exclusivamente ao citado trio de entidades familiares (casamento, união estável e relação
monoparental), olvidando-se de sua função maior, de dar abrigo ao sistema democrático e garantir a
felicidade através da plena realização dos integrantes de qualquer arquétipo de ente familiar,
lastreado na consecução do afeto, pois, como prescreve a Carta Política, a família como base da
sociedade, tem especial proteção do Estado (CF, art. 226) e um Estado Democrático de Direito tem
como parte integrante de seu fundamento e existência a dignidade da pessoa humana (CF, art. 1°,
inc. III), que sob forma alguma pode ser taxada, restringida ou discriminada e prova disto foi a
consagração do reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal da união homoafetiva como
entidade familiar, regulamentando o CNJ o casamento entre pessoas do mesmo sexo por meio da
Resolução n. 175/2013.
A família contemporânea encontra sua realização no seu grupo e, dentro deste grupo familiar,
cada um de seus integrantes encontra na convivência solidária e no afeto o valor social e jurídico
que
a família exerce no desenvolvimento da sociedade e do Estado.
1.4.
A DIVERSIDADE FAMILIAR
A Carta Política de 1988 começou a desconstruir a ideologia da família patriarcal, edificada
em uma família monogâmica, parental, centralizada na figura paterna e patrimonial e que reinou
absoluta na sociedade brasileira, herdada dos patriarcas antigos e dos senhores medievais.14
Relevantes as observações de Sérgio Resende de Barros quando chama a atenção de o patriarcalismo
haver principiado a asfixia do afeto, primeiro com a prática de casamentos de conveniência, que se
somaram aos motivos patrimoniais e políticos. Nessa perspectiva o casamento passou do afetivo
para o institucional e de propósitos econômicos, centrados no modelo de um pai e uma mãe com
seus filhos, mas todos sob o poder supremo do marido, provedor da segurança e economia da
família.15 A família do passado não tinha preocupações com o afeto e a felicidade das pessoas que
formavam seu principal núcleo, pois eram os interesses de ordem econômica que gravitavam em
torno daquelas instâncias de núcleos familiares construídos com suporte na aquisição de patrimônio.
Mesmo os modelos de entidades familiares lembrados pela Constituição Federal de 1988 não
abarcam a diversidade familiar presente na contemporânea sociedade brasileira, cujos vínculos
provêm do afeto (feitos um para o outro), mas não qualquer afeto, explica Sérgio Resende de Barros,
mas “um afeto especial, representado pelo sentimento de duas pessoas que se afeiçoam pelo
convívio diuturno, em virtude de uma origem comum ou em razão de um destino comum, que
conjuga suas vidas tão intimamente, que as torna cônjuges quanto aos meios e aos fins de sua
afeição, até mesmo gerando efeitos patrimoniais”.16
Prossegue Sérgio de Barros Resende: “O afeto é que conjuga. Apesar da ideologia da família
parental de origem patriarcal pensar o contrário, o fato é que não é requisito indispensável para
haver família que haja homem e mulher, nem pai e mãe. Há famílias só de homens ou só de
mulheres, como também sem pai ou mãe. Ideologicamente, a atual Constituição brasileira, mesmo
superando o patriarcalismo, ainda exige o parentalismo: o biparentalismo ou o monoparentalismo.
Porém, no mundo dos fatos, uma entidade familiar forma-se por um afeto tal – tão forte e estreito,
tão nítido e persistente – que hoje independe do sexo e até das relações sexuais, ainda que na origem
histórica não tenha sido assim. Ao mundo atual, tão absurdo é negar que, mortos os pais, continua
existindo entre os irmãos o afeto que define a família, quão absurdo seria exigir a prática de relações
sexuais como condição sine qua non para existir a família. Portanto, é preciso corrigir ou, dizendo
comeufemismo, atualizar o texto da Constituição brasileira vigente, começando por excluir do
conceito de entidade familiar o parentalismo: a exigência de existir um dos pais.”17
É fácil compreender a importância do afeto na formação dos vínculos familiares, especialmente
diante do texto constitucional assentado no seu artigo 1°, inciso III, com a cláusula geral de tutela da
personalidade, onde a dignidade humana é valor fundamental da República. Dessa sorte de ideias a
família, dentre outros grupos sociais, lembra Gustavo Tepedino, “deve ter o seu regulamento interno
adequado ao pleno desenvolvimento da personalidade humana, não lhes sendo consentido impor (...)
normas de conduta que não se coadunam com os princípios acima referidos. As comunidades
intermediárias têm a sua razão de ser e sua justificativa no papel que representam para a promoção
da pessoa humana...”18
A nova família foi desencarnada do seu precedente elemento biológico para ceder lugar aos
vínculos psicológicos do afeto, consciente a sociedade que, na formação da pessoa humana, os
valores como a educação, o afeto e a comunicação contígua guardam muito mais importância do
que o elo da hereditariedade.19 A família que foi repersonalizada a partir do valor do afeto, não de
qualquer relação afetiva, como pudesse alguém argumentar, mas de um afeto especial e
complementar de uma relação de estabilidade, coabitação, intenção de constituir um núcleo familiar,
de proteção, solidariedade e interdependência econômica, tudo inserido em um projeto de vida
emcomum,20 conforme exterioriza o artigo 1.511 do Código Civil, ao explicitar que a comunhão
plena de vida é princípio geral e ponto de partida para o completo desenvolvimento pessoal dos
partícipes de cada um dos diversificados modelos de famílias.
Contudo, como bem observa Marco Túlio de Carvalho Rocha, embora esses vínculos de
coabitação, elos culturais, genéticos e jurídicos e até mesmo afetivos, e a própria dependência
econômica sejam elementos importantes na identificação da constituição de uma entidade familiar,
não são, no entanto, essenciais à caracterização da família, porque existem grupos familiares que
deles podem prescindir.21
Por isso não é admissível preordenar espécies estanques de unidade familiar e destiná-las como
emissárias únicas da proteção estatal, quando a sociedade claramente acolhe outros dignificantes
modelos de núcleos familiares e demonstra que aquelas previamente taxadas não espelham todo o
alicerce social da família brasileira.
Muito mais quando Caio Mário da Silva Pereira alertava ser a família hodierna reconhecida
pela Convenção Internacional dos Direitos da Criança – ONU/1989 (Decreto n. 99.710/1990) como
um “núcleo fundamental da sociedade e meio natural para o crescimento e bem-estar de todos os
seus membros e, em particular, as crianças”.22
Razão assiste a Renata Barbosa de Almeida e Walsir Edson Rodrigues Júnior, quando afirmam
ser dada ao sujeito a liberdade de formar ou não sua família, sem qualquer imposição ou adesão aos
modelos preexistentes, em um inadmissível elenco fechado e injustificado. Aceitar essa limitação
seria retroceder ao próprio tempo em que o casamento era a única opção de formação familiar,23 e tal
restrição ou retrocesso nem mesmo a Carta Federal permite concluir quando o Texto Maior
reconhece existirem outros núcleos familiares dissociadosdo modelo matrimonial, e se mudaram os
paradigmas do passado devem ser estabelecidos os padrões do presente, tomando de antemão a
relevância jurídica dos vínculos de afeto, ou como expõe Belmiro Pedro Welter, que vê na família
atual uma linguagem tridimensional, genética, (des)afetiva e ontológica.24
E, se a família tem atualmente outro perfil que se alargou para além das fronteiras enlaçadas
pela Constituição Federal com o casamento (CF, art. 226, § 1°); a união estável (CF, art. 226, § 3°) e
a família monoparental, representada pela comunidade formada por qualquer dos pais com seus
descendentes (CF, art. 226, § 4°), cumpre então localizar essas famílias denominadas plurais e
concluir sobre suas formações e seus efeitos, devendo-se ter todo o cuidado de não fazer desaparecer
a união estável por sua subsunção pelo casamento ou de desaparecer o casamento por sua absorção
pela união estável, diante da tese de repercussão geral do STF, nos REs 878.694 e 646.721, Tribunal
Pleno, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, julgados em 10 de maio de 2017.25
1.4.1.
A família
matrimonial
O casamento identifica a relação formal consagrada pelo sacramento da Igreja, ao unir de
forma indissolúvel um homem e uma mulher e cujos vínculos foram igualmente solenizados pelo
Estado, que, durante largo tempo, só reconheceu no matrimônio a constituição legítima de uma
entidade familiar, marginalizando quaisquer outros vínculos informais.
Para triunfo do casamento era importante o princípio da monogamia, que não tem texto
expresso no ordenamento jurídico brasileiro, mas surgiu no período de transição entre a fase média e
a fase superior da barbárie, baseado na predominância do homem e na certeza da paternidade de
seus filhos, assim conferindo maior solidez aos laços conjugais, embora ao homem sempre fosse
tolerado o direito à infidelidade,26 de sorte que ao morrer o homem teria a certeza de estar
transmitindo sua riqueza e por herança aos seus filhos, e não aos filhos de qualquer outro. O
discurso de adoção ao princípio da monogamia acompanhou o longo percurso da cristandade do
matrimônio monogâmico, indissolúvel e destinado à procriação o único espaço da sexualidade.27
Somente no casamento existiria a legítima descendência, onde os filhos eram presumidamente
conjugais e não sofriam as discriminações da prole preterida, subdividida em filhos ilegítimos,
espúrios, naturais e incestuosos. Honrada seria a mulher do casamento, cuja imagem social se
manteria íntegra e ilibada.
Com o passar dos tempos e a evolução dos costumes sociais, a união estável foi posta
constitucionalmente ao lado da família do casamento, a merecer a proteção do Estado e figurar
como essencial à estrutura social, sendo que o casamento, diferentemente da união estável, dispõe de
todo um complexo de dispositivos no Código Civil destinados à sua formal, precedente e legítima
constituição e sua eventual dissolução.
1.4.2.
A família
informal
Disse Friederich Engels que a família progride na medida em que progride a sociedade, que vai
se modificando porque a família é produto do sistema social e a cultura da época irá refletir no
sistema.28 A família informal é uma resposta concreta a essa evolução e ela já foi sinônima de
família marginal, muito embora figurasse como panaceia de todas as rupturas matrimoniais enquanto
ausente o divórcio no Direito brasileiro, ela serviu como válvula de escape para quem, desquitado,
não podia casar novamente porque o matrimônio era um vínculo vitalício e indissolúvel.
Denominado concubinato, em 1988 foi alçado à condição de entidade familiar com o advento da
vigente Carta Federal, trocando sua identidade civil pela expressão consolidada de união estável.
Enquanto viveu à margem da lei, o concubinato procurou lentamente seu caminho ao
reconhecimento e consagração de uma típica espécie legítima de constituição familiar, primeiro,
logrou ver judicialmente reconhecidos direitos que comparavam a mulher concubina à serviçal
doméstica, concedendo-lhe, com a ruptura do concubinato, uma indenização por serviços prestados,
e se ela de alguma forma tivesse contribuído com recursos próprios para a aquisição de bens
registrados em nome do concubino, por analogia ao Direito Comercial podia reivindicar a divisão
dos bens comuns em valor proporcional ao montante de seus efetivos aportes financeiros, pois seu
vínculo afetivo era equiparado a uma sociedade de fato.
A Carta Política de 1988 resgatou a dignidade do concubinato e passou a denominá-lo união
estável, mas não tratou o legislador constituinte de apagar as marcas do preconceito e da histórica
censura às relações informais de uma união marginal que, embora socialmente tolerada, já mereceu
no período colonial brasileiro a condição de crime passível do degredo e do cárcere. Claro que os
tempos e a legislação constitucional não reservaram tamanha ojeriza cultural à união estável, mas,
ao estabelecer que a relação informal possa a qualquer tempo ser convertida em matrimônio (CF, art.
226, § 3°), com efeito, que fez parecer existir uma espécie de segunda categoria de entidade familiar,
com uma nem tão velada preferência pela instituição do casamento.
As estatísticas mostram um acentuado crescimento e até mesmo a superação numérica de
relacionamentos estáveis em detrimento do casamento civil, e estudos sociais e jurídicos
apontamdiversas causas tidas como responsáveis pelo constante crescimento das famílias informais
e, não obstante a importância desse crescimento das entidades familiares informais, mas que cada
vez mais estão se formalizando por meio de contratos escritos de uniões estáveis, e do ponto de vista
legal até a manifestação do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário 878.694 e
646.721, sob a relatoria do Ministro Luís Roberto Barroso, em 10 de maio de 2017, ainda subsistiam
gritantes diferenças entre as duas principais famílias constitucionais, do casamento e da união
estável, mas que foram minimizadas com a tese de que “É inconstitucional a distinção de regimes
sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado,
tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002” e
se esta tese de repercussão geral não implicou em equiparação absoluta entre casamento e união
estável, porque diferenças continuam existindo entre os dois institutos jurídicos, representou o início
de uma nova e ampla discussão sobre a liberdade de as pessoas constituírem suas famílias.
1.4.3.
A família
monoparental
Famílias monoparentais são usualmente aquelas em que um progenitor convive e é
exclusivamente responsável por seus filhos biológicos ou adotivos. Tecnicamente são mencionados
os núcleos monoparentais formados pelo pai ou pela mãe e seus filhos, mesmo que o outro genitor
esteja vivo, ou tenha falecido, ou que seja desconhecido porque a prole provenha de uma mãe
solteira, sendo bastante frequente que os filhos mantenham relação com o progenitor com o qual não
vivam cotidianamente, daí não haver como confundir família monoparental com lugar
monoparental. Com respeito à sua origem, as famílias monoparentais podem ter diversos pontos de
partida, advindas da maternidade ou paternidade biológica ou adotiva e unilateral, em função da
morte de umdos genitores, a partir do divórcio, nulidade ou anulação do casamento e da ruptura de
uma união estável.29 As causas desencadeadoras da monoparentalidade apontam para a natalidade de
mães solteiras, inclusive por técnicas de inseminação artificial, até mesmo post mortem e motivos
ligados a uma prévia relação conjugal (não necessariamente oriunda do casamento, mas da
conjugação de interesses em uma vida comum), com separação de fato, divórcio, nulidade ou
anulação do casamento, ou viuvez.
Segundo Demian Diniz da Costa, é fundamental a ideia de formação monoparental constituída
por um homem e uma mulher, sem cônjuge, que vivem em união livre, ou casais com posterior
separação e com a presença de filhos. Até os 25 anos o filho é considerado dependente econômicode seus genitores e até essa idade subsiste uma família monoparental.30
A Constituição Federal albergou a família monoparental no § 4° do artigo 226, mas nada foi
reservado na legislação infraconstitucional com vistas à regulamentação dos direitos e obrigações
decorrentes dos vínculos monoparentais,31 não obstante os principais efeitos jurídicos já
tenhamprevisão legal por resultarem das consequências práticas da viuvez, separação ou ausência de
convivência dos pais, e de suas responsabilidades legais provenientes do poder familiar, próprio do
vínculo de filiação.
1.4.4.
A família
anaparental
Existem diferentes liames sociais cujos vínculos foram acolhidos pela Carta Política de 1988,
ao adotar um modelo aberto de entidade familiar digno da proteção estatal. Ao lado da família
nuclear construída dos laços sanguíneos dos pais e sua prole está a família ampliada, como uma
realidade social que une parentes, consanguíneos ou não, estando presente o elemento afetivo e
ausentes relações sexuais,32 porque o propósito desse núcleo familiar denominado anaparental não
tem nenhuma conotação sexual como sucede na união estável e na família homoafetiva, mas estão
juntas com o ânimo de constituir estável vinculação familiar. Nesse arquétipo, a família anaparental
está configurada pela ausência de alguém que ocupe a posição de ascendente, como na hipótese da
convivência apenas entre irmãos.33 Observam Renata Almeida e Walsir Rodrigues Júnior não existir
família anaparental onde ausente a pretensão de permanência, por maior que sejam os vínculos de
afetividade do grupo, como, por exemplo, em uma república de estudantes universitários, cujos
vínculos não foram construídos com a intenção de formar uma família e certamente serão desfeitos
com o término do curso. Havido como entidade familiar anaparental, esse núcleo que se ressente da
presença de uma relação vertical de ascendência e que pode reunir parentes ou pessoas sem qualquer
vínculo de parentesco, mas com uma identidade de propósitos,34 não foi contemplado pelo
reconhecimento legal de efeitos jurídicos na ordem sucessória, e até mesmo no âmbito de alimentos.
Evidentemente pode alcançar os efeitos de uma sociedade de fato se demonstrada a aquisição
patrimonial pelo efetivo esforço comum, mas na atualidade não existe qualquer possibilidade legal
de presumir esse esforço comum tão somente pela ostensiva e duradoura convivência, como por
igual, não existe qualquer previsão de direito alimentar, embora o Código Civil reconheça essa
obrigação entre os parentes e irmãos, que são credores e devedores de alimentos por serem irmãos, e
não por constituírem uma relação familiar anaparental.
Contudo, essa entidade familiar anaparental tem direito à impenhorabilidade da sua moradia
como bem de família, não por se tratar de uma entidade familiar, mas porque toda e qualquer
moradia que sirva de residência exclusiva a uma ou mais pessoas é protegida contra a penhora por
dívidas, excetuadas as ressalvas da Lei n. 8.009/1990.
1.4.5.
A família
reconstituída
A inquestionável dinâmica dos relacionamentos sociais quebrou a rigidez dos esquemas típicos
de família, especialmente aquela centrada exclusivamente no casamento e permitiu se
desenvolvessem novos modelos familiares, com famílias de fato ou do mesmo sexo, paralelas ou
reconstituídas, enfim, e como visto, simplesmente não há mais como ser falado em um único modelo
de família, restando incontroverso o pluralismo familiar, não sendo por outra razão que a doutrina
defende a utilização da expressão famílias para caracterizar a multiplicidade dessas entidades, no
lugar apenas da legítima família conjugal, certificada exclusivamente pelo casamento.
A partir do casamento podem surgir e é comum que surjam diferentes ciclos familiares
experimentados depois da separação, ficando a prole com a mulher em uma nova conformação
familiar, dessa feita uma entidade monoparental. Seguindo sua trajetória de vida e, sobrevindo ou
não o divórcio, ela se casa novamente ou estabelece uma união estável e passa a constituir uma nova
família, que não tem identificação na codificação civil, e passou a ser chamada de família
reconstituída, mosaica ou pluriparental. A família reconstituída é a estrutura familiar originada em
um casamento ou uma união estável de um par afetivo, onde um deles ou ambos os integrantes
têmfilhos provenientes de um casamento ou de uma relação precedente.35
Muitas das famílias refeitas evitam a coabitação contínua e estável para impedir os conflitos e
desinteligências entre o novo companheiro e os filhos da primeira relação, ou mesmo entre os filhos
de ambos os parceiros que reconstruíram suas vidas afetivas depois da separação de uma família
anterior. Mesmo assim, nessas relações existem vários intercâmbios e atividades comuns, inclusive
formas de apoio econômico e financeiro, porém, sem o difícil compromisso de uma convivência
cotidiana.36
Entre os anglo-saxões as famílias recompostas são chamadas de stepfamily, de onde a palavra
step provém de steop, que, em uma acepção antiga, significava “desamparado, abandonado, órfão”,
enquanto os franceses as denominam famille recomposée, ao passo que na língua espanhola e
portuguesa não existe qualquer denominação para essas espécies de famílias, que terminam sendo
definidas como “novas famílias depois do divórcio”, ou “segundas famílias” como arremedo de
“segundas núpcias”, enquanto na área psicossocial, prosseguem Grosman e Martínez Alcorta, são
designadas como “famílias reconstituídas”, “famílias recompostas”, “famílias mescladas”37 e no
Brasil são mais conhecidas como famílias mosaicas ou pluriparentais.
Com a disseminação dos divórcios e até mesmo das dissoluções das inúmeras uniões estáveis
vão surgindo as figuras dos padrastos e das madrastas, dos enteados e das enteadas, e que ocupam os
papéis domésticos dos pais e mães, dos filhos e das filhas e dos meio-irmãos que são afastados de
uma convivência familiar e que passam a integrar uma nova relação familiar proveniente dos
vínculos que se formam entre um dos membros do casal e os filhos do outro, pois, como explica
Waldyr Grisard Filho, são essas pessoas que constituem o eixo central das famílias reconstituídas.38
Embora o § 1° do artigo 1.595 do Código Civil reconheça a existência jurídica do parentesco
entre madrastas e padrastos, enteados e enteadas e estenda os vínculos de afinidade aos irmãos do
cônjuge ou companheiro, com exceção da Lei n. 11.924, de 17 de abril de 2009, qualquer outro
dispositivo legal cria, reconhece ou estabelece qualquer relação de direitos e de deveres entre os
parentes por afinidade e pelo contrário, existe muito preconceito com os termos de madrasta e
padrasto, cujas palavras são ligadas a pessoas más e que se tornaram os novos parceiros do pai (a
madrasta) ou da mãe (o padrasto) ao tomarem o lugar do outro genitor que morreu ou se separou de
fato ou se divorciou.
Tem toda razão Silvia Tamayo Haya quando afirma existir uma visível aversão social e jurídica
pelas figuras dos padrastos e das madrastas e que essa hostilidade histórica é responsável pela
dificuldade que se verifica com a entrada no cenário legal e jurídico desses novos sujeitos de
responsabilidade.39
O Direito de Família e o vigente Código Civil não se prepararam para regulamentar os diversos
efeitos decorrentes das famílias reconstituídas. O legislador brasileiro ainda não se apercebeu que
existe uma diferença fundamental entre a titularidade e o exercício da responsabilidade parental,
cujos conceitos por serem distintos, mas de igual relevância, enuviam a compreensão de que pode
existir mais de uma pessoa no exercício da responsabilidade parental, como sucede com relação ao
padrasto ou à madrasta que têm um dever de zelar pelo hígido desenvolvimento da formação moral
e
psíquica do enteado que está sob sua vigilância direta, e essa é uma realidade que não pode ser
ignorada pelo legislador nacional e, embora tenha dado tímidos passos com a edição da Lei n.
11.924/2009, mais nada foi recepcionado pela legislação

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