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90 lugar ao Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (SICONV)16, sistema este que, aplicável a todo o governo federal, até os dias atuais não vem sendo utilizado no âmbito do FNDE. Em que pese a relevância do assunto, não cabe em nosso foco a discussão sobre o SICONV, mas é preciso considerar que, embora ele tenha ocupado espaço no tema de sistemas para gestão das transferências voluntárias, e também prestação de contas, não chegou a consolidar-se como uma alternativa no âmbito das PEEs. O Relatório de Gestão relativo a 2009 deixa clara esta situação: Mesmo diante de todos os esforços, o FNDE não conseguiu viabilizar a utilização do SICONV, devido a todas as especificidades existentes nas transferências voluntárias para a área de educação. E, a fim de não inviabilizar a implementação das políticas públicas educacionais executadas por meio de transferências voluntárias, esta Autarquia decidiu continuar operacionalizando seus convênios por meio dos sistemas corporativos existentes, sem a integração com o SICONV. Há extensos registros de trabalhos realizados, entre 2008 e 2009, de levantamento e desenvolvimento do Sistema de Acompanhamento e Gestão de Prestação de Contas (SIGAP), os quais foram objeto apreciação na fase inicial desta pesquisa. Em análise dos registros relacionados ao SIGAP, percebe-se que tal sistema persistiu em desenvolvimento ao longo das incursões relativas ao SICONV. Porém, conforme evidenciado pela documentação analisada, o FNDE também não obteve êxito na implantação do SIGAP, cuja tentativa de operacionalização ocorreu em meados 2009, sem sucesso, o que fez com que também este sistema cedesse lugar a uma nova proposta. Ainda em 2009 surge o projeto que dá início ao Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SiGPC – Contas Online), tal como percebido atualmente, ou seja, com uma proposta de automatização que visa a otimizar o processo e, com isso, potencializar as análises a ponto de permitir que sejam realizadas de forma padronizada e tempestiva. No Relatório de Gestão relativo a 2010, o FNDE apresenta que: _______________ 16 Parte da discussão sobre o SICONV como inovação no Governo Federal pode ser conhecida em SILVA, Francisco José Pereira. Inovações Tecnológicas no Serviço Público Brasileiro: o caso do Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasses - Portal SICONV. Brasília/DF, 2011. 91 A implantação do Sistema de Gestão de Prestação de Contas – SiGPC possibilitará a solução de problemas críticos, pois, dentre suas diversas funcionalidades, o Sistema agrega funções para: permitir, por meio do módulo “Prestação e Contas Online”, à entidade executora dos recursos registrar a execução e elaborar e enviar ao FNDE a prestação de contas. (FNDE, 2011) No Relatório de Gestão relativo a 2011, o FNDE explicita que “o SIGPC foi desenvolvido pelo FNDE para solucionar um problema histórico, através da automação de todas as fases do rito processual” (FNDE, 2012). Ou seja, o sistema é operacionalizado com vistas ao processamento de todas as fases relacionadas à prestação de contas, prevendo recursos para: 1) elaboração, a remessa e o recebimento de prestações de contas; 2) a análise financeira e técnica; 3) a emissão de pareceres sobre as contas; 4) emissão de diligências; 6) a adoção de medidas excepcionais quando percebido algum prejuízo aos cofres públicos federais; 5) elaboração de relatórios gerenciais e operacionais. Como se percebe, após sucessivas tentativas, o SiGPC – Contas Online representa a atual investida do FNDE, para superar suas carências relativas à avaliação quanto à regularidade do uso dos recursos públicos federais destinados à execução de programas e projetos educacionais. Por meio do SiGPC – Contas Online o FNDE se propõe a adotar medidas muito similares àquelas suscitadas na Decisão nº 0274/1999 do TCU. Naturalmente, o sistema insurge, na década de 2010, com uma roupagem tecnológica que não é comparável a que teria na década de 1990, dadas as evoluções de recursos tecnológicos ocorridos no período, especialmente pela disseminação da internet. De todo modo, não se pretende aqui discutir a tecnologia envolvida, mas se o sistema acompanha as evoluções sociais percebidas ao longo das últimas décadas. Desta forma, o que se pretende agora é verificar se o advento do SiGPC – Contas Online pode ser considerado o momento da “implantação de um sistema confiável de controle e exame dos resultados alcançados”, conforme suscitado. Além disso, é preciso verificar, dado que insurge tardiamente, se alinha-se com os novos paradigmas que exercitamos atualmente, bem como se está qualificado para contribuir para o fortalecimento da accountability no campo das PPEs. 92 5.2 O SIGPC – CONTAS ONLINE: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS O SiGPC – Contas Online nasce no intuito de sobrepor-se ao modelo anterior utilizado para recebimento das prestações de contas, que era caracterizado pelo envio por meio postal de documentação, ou seja, o detalhamento do uso dos recursos era consignado em relatórios e formulários, em alguns casos acrescidos de cópia de documentos, tais como notas fiscais e extratos bancários. A documentação era enviada ao FNDE, onde era recebida e autuada em um processo de prestação de contas e submetida a uma análise preliminar mínima, onde se avaliava a pertinência de encaminhar o processo para análise: se a documentação configurava minimamente uma prestação de contas, então, ficava arquivada, até que os setores responsáveis tivessem condições de realizar a análise. E, como já dito, essa espera perdurava, em média, por 5 anos. Pelo novo modelo, elemento precípuo é eliminar o papel como intermediário, não simplesmente no intuito de reduzir custos materiais, mas especialmente para fazer com que as prestações de contas sejam compostas por dados, ao invés de documentos. Essa preocupação deve-se ao fato de que, com o auxílio de recursos tecnológicos, estes dados poderão ser criticados, comparados entre si, bem como com outras bases de informação, a fim de automatizar substancialmente a análise das prestações de contas e, com isso, reduzir o lapso entre a execução e a avaliação. Pelos termos da Resolução CD/FNDE nº 2/2012 o FNDE expressa sua ambição de automatizar totalmente a análise dos dados recebidos, com base em critérios parametrizados, baseados na legislação aplicável a cada caso, sendo que apenas casos de exceção seriam submetidos a análise por técnico especializado. Para melhor compreender esta pretensão, é preciso conhecer detalhadamente algumas das principais características proposta para este novo modelo. O objetivo do SiGPC – Contas Online, conforme definido na Resolução CD/FNDE nº 02/2012, é: Promover a gestão do processo de prestação de contas dos recursos transferidos aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios e às entidades privadas sem fins Lucrativos. (BRASIL, 2012) 93 Para cumprir este objetivo com melhores resultados do que o modelo ao qual sucede, o SiGPC – Contas Online é caracterizado por ser um sistema que opera conectado à rede mundial de computadores, cujas funcionalidades devem abranger: 1) registro de dados, a elaboração, a remessa e o recebimento de prestações de contas; 2) a análise financeira e técnica; a emissão de pareceres sobre as contas, inclusive pelos conselhos de controle social; 3) a emissão de diligências; 4) a elaboração de relatórios gerenciais e operacionais; 5) o acompanhamento dos prazos; e 6) a recuperação de créditos, quando constado algum prejuízo causado aos cofres públicos federais em razão dos mau uso dos recursos. Até o presente momento, a implementação do sistema alcançou apenas o item 1 descrito acima, estando pendente a implementação dos demais, o que prejudica a apresentação pormenorizada das características para além daquelas previstas na normaque regula o uso do sistema. A composição da prestação de contas, por meio do Sistema, é feita pelo registro das informações previstas nas normas que instituíram cada um dos programas, devendo os dados serem suficientes para: 1) elaboração do Relatório do Cumprimento do Objeto e dos benefícios alcançados, declarando a realização dos objetivos a que se propunha a transferência; 2) elaboração da relação de bens ou serviços; 3) elaboração da relação de despesas e pagamentos, com a indicação do respectivo credor; 4) conciliação bancária; 5) outras demonstrações da execução dos recursos; e 6) anexação, quando for o caso, de cópias de documentos digitalizados/escaneados, como por exemplo extrato bancário, Guia de Recolhimento da União (GRU), Termo de aceitação definitiva de obra, entre outros. A lista apresentada pela Resolução CD/FNDE nº 02/2012 inclui outros elementos, tais como fotos, recibos e, de forma geral, qualquer outro documento comprobatório da aplicação dos recursos. Entretanto, as opções disponíveis no sistema restringem-se a possibilidade de envio dos elementos arrolados acima. Depois de inseridas as informações pelos usuários do sistema, delegados pelos responsáveis pela prestação de contas, o Sistema gera os relatórios que antes eram construídos em formulários físicos e enviados por meio postal. Além disso, as informações que compõem a prestação de contas são submetidas a críticas parametrizadas no sistema e, sendo constatada alguma inconsistência ou insuficiência, é apresentado o Relatório de Ocorrências, que indica aos responsáveis as possíveis falhas, para que se providencie a correção, se for o caso. 94 Após afastadas ou avaliadas as ocorrências, o responsável por prestar contas deve providenciar o envio da prestação de contas, momento em que os dados são submetidos ao FNDE ou ao conselho social incumbido da análise, o que ocorre, em ambos os casos, por meio do SiGPC – Contas Online. Após o envio, o sistema emite comprovante de entrega da prestação de contas, o qual é identificado por meio de Registro Individualizado de Operação (RI), que representa uma espécie de certificação digital da prestação de contas. Com o RI, os demonstrativos da prestação de contas podem ser consultados no sítio do FNDE, onde é possível conferir sua autenticidade, sendo possível sua cópia em arquivo digital ou impressão. Após receber as prestações de contas, o FNDE se propõe a proceder à análise das informações recebidas no intuito de avaliar se as despesas realizadas com os recursos transferidos estão em conformidade com as normas e se o que foi executado está de acordo com o objeto previsto, bem como se os resultados convergem para o objetivo preestabelecido. Tal análise se dará: [...] mediante processamento automático, examinará a prestação de contas sob o aspecto financeiro, segundo os padrões legais e técnicos aplicáveis à análise financeira. Em seguida, remeterá os resultados à área responsável pela análise técnica específica, para manifestação quanto ao atingimento do objeto e do objetivo da transferência. (BRASIL, 2012) Embora o posicionamento acima leve a crer que a intenção do FNDE é de automatizar apenas a análise financeira, a própria Resolução CD/FNDE nº 02/2012 evidencia a pretensão de automatização completa da análise, pois trata como exceção o caso em que for percebida: [...] a necessidade de manifestação dos responsáveis pelas análises financeira e técnica ou do ordenador de despesa, sem que a conclusão tenha sido gerada por processamento automático efetuado pelo sistema. (BRASIL, 2012) Nos casos em que houver previsão de emissão de parecer por conselho social antes do recebimento dos dados pelo FNDE, quando o responsável pela comprovação do bom uso dos recursos fizer o envio da prestação de contas, ela será submetida não ao FNDE, mas sim ao respectivo conselho. O colegiado, por sua vez, fica incumbido de deliberar sobre o que lhe foi apresentado, registrar e enviar o 95 parecer conclusivo, que comporá as informações a serem recebidas e analisadas no âmbito do FNDE17. Todo este trâmite deve ocorrer por meio do sistema. Ao proceder à análise das prestações de contas, se foram identificadas quaisquer inconsistências ou irregularidades no uso dos recursos, segundo os critérios parametrizados no sistema, serão emitidas notificações aos responsáveis, o que se prevê que ocorra por meio do próprio sistema, onde o responsável conhecerá o teor da notificação e terá possibilidade de retificar os dados ou, ainda, adotar as medidas necessárias para solver os problemas encontrados, dentre as quais a devolução do recurso no caso de ter sido identificado qualquer espécie de dano aos cofres públicos federais. Em casos excepcionais, onde não ficar comprovada a ciência dos responsáveis por meio do sistema, estão previstas notificações por outros mecanismos. Depois de concluídas as análises e após transcorridos os prazos de eventuais notificações, o FNDE emitirá parecer conclusivo sobre as contas, segundo os padrões legais e técnicos aplicados à matéria e parametrizados no SiGPC – Contas Online, a partir dos quais deve ser gerado o posicionamento pela aprovação das contas, com ou sem ressalvas, ou pela não aprovação, quando não comprovado o uso dos recursos de acordo com o previsto. Antes de passarmos a análise do sistema, vale destacar que embora haja a previsão de que casos excepcionais serão submetidos à análise de técnico especializado, não há qualquer indicativo de quais critérios serão utilizados para diferenciar os casos em que o parecer conclusivo será gerado por regras padronizadas, configuradas no sistema, e os casos que serão submetidos a avaliação específica. De modo geral, depreende-se que serão submetidos à apreciação de análise por especialista designado para tal, no caso servidor público imbuído da competência de análise, os casos em que as regras configuradas no sistema não apresentarem resultado conclusivo. Outro ponto em aberto e também instigante é a forma como se dará o acesso público às prestações de contas. Na Resolução CD/FNDE nº 02/2012 está previsto o acesso público a relatórios específicos após a conclusão da análise pelo FNDE. _______________ 17 O registro de parecer pelos conselhos inicialmente estava previsto para ser realizado no próprio SiGPC – Contas Online. Porém, está em curso a implementação de sistema específico destinado a facilitar a relação entre o FNDE e os conselhos, bem como destes com os responsáveis pelas prestações de contas, no qual será feito o registro do parecer. Porém, considerando que se altera o sistema e não a sistemática, não adentrarei a esta questão. 96 Porém, há também a previsão de que serão gerados automaticamente pelo sistema os relatórios que demonstram a execução de recursos transferidos a partir do início de 2012, em razão da vigência da Lei nº 12.527/2011, conhecida como Lei de Acesso à Informação (LAI). Na prática, até o momento, o cidadão comum não possui qualquer possibilidade de acesso aos dados registrados no sistema, sendo este um ponto ainda em aberto. 5.3 ANÁLISE DO SIGPC – CONTAS ONLINE Para melhor situarmos a análise a ser desenvolvida, primeiramente, será feito breve resgate cronológico dos eventos associados à implantação do SiGPC – Contas Online, bem como dos agentes públicos alcançados pela sistemática. Tais informações, embora não imprescindíveis à análise objetiva do sistema, serão primordiais para as conclusões, especialmente quando consideramos que o fator tempo já foi identificado como determinante para a viabilidade da accountability. 5.3.1 Cronologia da implantação do sistema e progressão de seu alcance Como já dito, o Sistema de Gestão de Prestação de Contas foi instituído como meio obrigatório para cumprimento das obrigações quanto à comprovação do adequado usodos recursos transferidos pelo FNDE para execução de programas ou projetos educacionais. Esse fato é resultado daquilo que em 07 de julho de 2010 foi submetido à avaliação da gestão da Autarquia sob o título de “Proposta de Implementação de Prestação de Contas Online”. Precisos sete meses depois, em 07 de fevereiro de 2011, concluiu-se a tramitação da proposta pela Diretoria Financeira, pela Procuradoria Federal no FNDE e pelo gabinete da Presidência da Autarquia, retornando à Coordenação- Geral de Contabilidade e Acompanhamento de Prestação de Contas (CGCAP), área responsável pelo projeto e pela gestão do sistema. Na iminência de completar-se um 97 ano da proposta, o sistema foi disponibilizado na internet em 02 de fevereiro de 2012, conforme previsto na Resolução nº 2/2012. As funcionalidades disponíveis no início de 2012, quando o sistema foi disponibilizado, eram ainda mínimas, restritas à habilitação dos responsáveis pelas instituições que haveriam de utilizá-lo: governos municipais, secretarias estaduais de educação, governos dos estados federados, do Distrito Federal e instituições privadas sem fins lucrativos. A partir disso, em síntese, podem-se registrar os seguintes fatos: Quadro 7: Cronologia da implantação do SiGPC – Contas Online CRONOLOGIA DA IMPLANTAÇÃO DO SIGPC – CONTAS ONLINE Período Disponibilidade Março/2012 Primeiras opções para registro de prestação de contas, exclusivamente do PDDE, na execução feita pelas Unidades Executoras Julho/2012 Opções para registro das prestações de contas do PNATE e PDDE relativos a 2011 Setembro/2012 Possibilidade de envio das prestações de contas do PNATE e PDDE relativos a 2011 Novembro/2012 Opções para registro parcial da prestação de contas do PNAE, relativo a 2011 Dezembro/2012 Opções para registro de prestações de contas de convênios do programa Caminho da Escola Dezembro/2012 Encerramento do prazo para envio das prestações de contas do PDDE e PNATE, sendo registrado o recebimento de 70% das prestações de contas devidas Janeiro/2013 Possibilidade de envio das prestações de contas de convênios do programa Caminho da Escola Janeiro/2013 Possibilidade de envio das prestações de contas do PNAE Fevereiro/2013 Opções para registro em envio das prestações de contas relativas a 2012 DATAS FUTURAS Março/2013 Fim do prazo para envio das prestações de contas de convênios do Caminho da Escola e do PNAE Abril/2013 Fim do prazo para envio das prestações de contas relativas a 2012 Em aberto Opções para registro e envio de prestações de contas dos demais programas; Opções para registro e envio do parecer dos conselhos de controle social; Recursos para análise das prestações de contas Opções para acesso pelos órgãos de controle interno e externo e pela sociedade Fonte: sítio do FNDE (www.fnde.gov.br) e documentação do SiGPC – Contas Online Uma inferência primordial da relação acima é que, em um primeiro momento, evidencia-se prejuízo temporal. Ou seja, prestações de contas que pelo modelo anterior seriam enviadas pelas entidades ainda no início de 2012, puderam ser enviadas apenas no último trimestre do ano, ou mesmo, como é o caso do PNAE, 98 somente no início de 2013, além de outras que seguem aguardando disponibilização do sistema. Para melhor ponderação da cronologia exposta, vale observarmos a progressão da abrangência de uso do sistema. Desde que foi instituída a obrigatoriedade de prestação de contas pelo SiGPC – Contas Online, houve o seguinte crescimento no número de instituições que se habilitaram para utilizar a ferramenta: Gráfico 2: Evolução das Instituições Habilitadas no SiGPC – Contas Online Fonte: SiGPC – Contas Online Percebe-se inicialmente uma acentuada ampliação do número de usuários do sistema, tendendo à estabilização. Mas é preciso verificar se disso resulta uma efetiva abrangência em termos de agentes ou instituições. Para isso, relembrando a estrutura de controle discutida no Capítulo III, tracemos uma sistematização dos atores associados a essa sistemática, indicando as relações de controle no que tange à execução de recursos federais destinados à execução de programas e projetos educacionais: 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 02/12 03/12 04/12 05/12 06/12 07/12 08/12 09/12 10/12 11/12 12/12 01/13 Nº de Instituições Habilitadas Nº de Instituições Habilitadas 99 Figura 2: Diagrama de responsabilidades pela função de controle Fonte: Sistematização feita com base nas informações contidas no Capítulo III do presente trabalho. No diagrama acima, interessa especialmente perceber que o FNDE é tanto controlado quanto responsável pelo controle de um mesmo recurso, vez que ao receber os créditos financeiros está se responsabilizando pela sua gestão e, em razão disso, assume a obrigação de prestar contas ao TCU, bem como se submete a ser auditado por este e pela CGU. Quando o FNDE repassa os recursos não se isenta da responsabilidade que lhe alcança, mas a estende àqueles que passaram a gerir estes mesmos recursos. Ao colocar-se na posição de concedente, a Autarquia coloca-se também na posição de responsável por ações de controle deste mesmo dinheiro, ou seja, ocupa a posição em que deveria ser accountable e coloca-se também na posição em que deve ser accounting, exercendo ambos os papéis e em relação aos mesmos recursos, ainda que em momentos distintos. Por outro lado, TCU, CGU e Ministério Público Federal, possuem incumbências de controle dos recursos tanto quando geridos pelo FNDE quanto depois de descentralizados. Ou seja, tais instituições atuam no controle da gestão por diversos atores. Os conselhos do controle social, por sua vez, atuam no controle dos recursos enquanto geridos por estados ou municípios e suas unidades executoras, mas não possuem incumbência de controle sobre a gestão feita pelo próprio FNDE e, em regra, também não têm atuação que alcance as instituições privadas sem fins lucrativos. É importante visualizar claramente as abrangências de ação para qualificar as inferências. Por exemplo, considerando o número de instituições habilitadas e o diagrama apresentado na figura 2, é instigante o fato de que, ao final de janeiro de CGU Ministério Público Federal Conselhos do Controle Social Estados e Municípios Unidades Executoras (Conselhos Escolares) Instituições Privadas (sem fins lucrativos) TCU 1 - FNDE