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Descrição da tabela:
Estado teológico ou fictício
(fundamentado em superstições místico-religiosas)
Estado metafísico ou abstrato
(em que tudo se explica pela fantasia)
Estado científico ou positivo
(em que o homem, senhor absoluto do saber e dono 
inquestionável de sua razão, atinge a verdade plena a partir da 
ciência que tão sabiamente conhece e maneja).
A ideia da “digna submissão” foi acatada no geral pela produção poética brasileira, parnasiana ou não. No 
momento que antecede o Parnasianismo propriamente dito, há uma adesão ao movimento cientificista-
positivista, mas há uma confusão que mistura influências de Baudelaire, preocupações político-sociais da 
“Nova ideia” (reformismo, socialismo, messianismo, cientificismo), ecos da questão Coimbrã, e o 
Parnasianismo propriamente dito.
O primeiro livro quase-parnasiano teria sido as Fanfarras de Teófilo Dias, que misturam um pouco de 
Baudelaire (sensualidade, erotismo, neuroses do gozo) com um Parnasianismo incipiente. Sílvio Romero 
proclama uma volta ao lirismo puro, sem o sentimentalismo romântico, o que seria um progresso: “em nossa 
literatura, voltar ao poético é progredir” (ROMERO, 1878, p. 1632). O crítico coloca-se contra a poesia científica, 
pessimista, socialista. Segundo Sergio Peixoto, “Na luta pela construção de uma literatura brasileira, Sílvio 
Romero deixou-se guiar pelos postulados de Taine, o historiador literário da moda, para quem a raça, o meio e 
o momento condicionariam o estado moral de uma época e o artista por ela determinado.” (PEIXOTO, 1999, p. 
146)
Nesse contexto, o parnasianismo reinstaurou o reino da poesia e do poeta, tornando-os algo nobre, 
cultuando a arte-pela-arte (herança do Romantismo), eliminando o utilitarismo. Théophile Gautier foi seu 
primeiro grande defensor, estabelecendo uma complicada relação burguesia-arte, em que um precisava do 
outro, mas em que o artista desprezava o burguês, sem prescindir dele. Segundo Peixoto,
“Nobre e aristocrata, o poeta parnasiano, rejeitando a excessiva lamúria 
que os românticos tanto cultuaram, e que passara a ser símbolo de 
passividade em face das necessidades urgentes de renovação poética, viu, 
então, no culto à perfeição do verso, agora masculamente contido pela 
razão, uma forma de atingir esse mundo superior e aristocrático (...) 
(PEIXOTO, 1999, p.161-2). 
O poeta parnasiano assumiu, assim, a “digna submissão” dos postulados positivistas, sujeitando-se à 
forma perfeita que ele buscava. A ideia geral é a de que o Parnasianismo é uma espécie de máquina de fazer 
versos, um estilo um tanto alienado, mas o legado mais importante desse movimento é “a confiança, 
geralmente clara e otimista, no poder da palavra poética e, consequentemente, a poesia vista como fim 
plenamente alcançável” (PEIXOTO, 1999, p. 163). Pode-se, portanto, chegar à perfeição, pelo domínio 
completo da palavra. 
Para os poetas parnasianos, a poesia deve cultivar e preservar a expressão 
perfeita, a ciência e o respeito da língua, as rimas ricas, a elevação, nobreza, 
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